Marizete, professora de um colégio estadual, estava em casa, lendo uma revista sobre Saúde. Chamou-lhe a atenção um artigo de um médico, alertando para os males que a rotina de um casamento desgastado poderia provocar no casal. Nisso, Sérgio, seu marido, telefonou-lhe, pedindo que caprichasse no jantar, pois seu chefe e a esposa iriam jantar com eles.
Isso acontecia sempre e Marizete não aguentava mais a bajulação do marido com o intragável chefe. O homem era um chato de galochas, esnobe e cansativo. Só contava grandeza, e a esposa não ficava atrás.
É impressionante, como alguns casais, que apenas se suportam, conseguem manter as aparências durante tanto tempo, não querendo enxergar que o amor acabou. Um casamento não se acaba num dia. O desgaste é diário, e, como diz o ditado popular, não adianta querer “tapar o sol com a peneira”.
O casamento de Marizete e Sérgio estava nesse rol. A mulher, então, decidiu entrar de férias e fazer uma viagem com duas amigas, para respirar uns dias, aliviada e longe do marido. Ele que se virasse sozinho, comesse em restaurante e fizesse o que bem quisesse. Ela não aguentava mais a rotina. Cinco anos de casados e sem filhos, sentia que o amor que existia entre eles, da sua parte, tinha se evaporado no tempo e no espaço. Da parte dele, talvez ainda existisse amor e fidelidade.
As três amigas compraram passagens de avião para a Argentina, e Marizete só avisou ao marido no dia da viagem. Não disse para onde ia. Disse-lhe que não aguentava mais a rotina do casamento. Sentia-se estressada e precisava viajar, a conselho do seu terapeuta.
Sérgio perguntou se ela estava querendo a separação, mas a resposta foi negativa. Queria, apenas, se divertir um pouco com as amigas e esfriar a cabeça. Foi muito franca com ele e disse-lhe que a rotina, para ela, estava sendo pior do que se ele tivesse uma amante.
Mostrando-se muito contrariado, Sérgio perguntou-lhe se estava sendo traído. A mulher ficou indignada e disse que jamais o trairia.
O marido mostrou-se triste e se despediu da mulher com um beijo e um abraço. Recomendou-lhe que não esquecesse que era uma mulher casada.
Ao retornar da viagem, Marizete teve uma desagradável surpresa: Sérgio tinha tirado tudo o que era dele do apartamento.
Segundo o porteiro do prédio, no mesmo dia em que Marizete viajou, Sérgio voltou do trabalho na companhia de uma bonita jovem. Pela manhã, os dois saíram, levando duas malas.