O comportamento humano é cheio de manias e esquisitices. Há pessoas que quando não tem problemas, arranjam. A felicidade bate à porta, mas elas estão sempre chutando o balde e jogando a felicidade fora.
Pois bem. Valter e Amarílis formavam um casal perfeito, pois o fator que os unia era o amor. Ele sempre dizia confiar piamente na esposa. Entretanto, não gostava de vê-la produzida, isto é, com roupas sensuais, maquiagem, unhas e cabelos feitos, pois ficava enciumado. Amarílis era belíssima e o marido tinha consciência de que era muito feio.
Ele desconhecia o ditado popular que diz:
“Quem ama o feio, bonito lhe parece”.
Mesmo contrariada, Amarílis era a própria Amélia do compositor Mário Lago, aquela “que era mulher de verdade”. Além de muito bonita, era extremamente virtuosa e simples. Muito feio, baixinho e gordo, Valter era servidor público federal e ela era “do lar”, para sua tranquilidade. O casal tinha dois filhos e a família era feliz.
Levavam uma vida simples. Iam muito ao cinema, e aos domingos iam à Missa das 19 horas.
Amarílis chamava a atenção de todos e causava muita inveja às mulheres. Era morena clara, olhos cor de mel, alta, corpo escultural e cabelos castanhos, lisos e longos.
Aos domingos pela manhã, o casal costumava ir à praia, com os dois filhos pequenos. Quando Amarílis ficava de maiô, todos os olhares convergiam para ela. Os motoristas eram muito gentis e paravam, espontaneamente, para que o casal e os filhos atravessassem a rua. Faziam isso para apreciar a beldade que desfilava à frente deles.
Em todas as conversas com os amigos, Valter tinha a mania, quase neurose, de falar da beleza da sua mulher e da sua feiura. Achava que ela merecia ter casado, com um homem bonito igual a ela. Tinha complexo de feiura e isso o incomodava muito. Ele mesmo, sem querer, despertava o interesse dos amigos por Amarílis.
Certo dia, visitando um amigo, Valter, sempre repetitivo, confessou sentir-se o homem mais infeliz do mundo, por ter uma esposa tão bonita. Disse-lhe que preferia ter se casado com uma mulher feia.
Esse amigo, dessa vez, perdeu a paciência e retrucou:
– Por que você não se separa logo dela e acaba com essa lenga-lenga? Arranje uma mulher feia como você! Parece que o que você quer mesmo é ser CORNO!
Valter nunca mais tocou nesse assunto e se afastou dos amigos.
Violante,
Uma belíssima crônica que os leitores fubânicos têm oportunidade de ler neste feriado. Acredito no ditado popular: “Quem ama o feio, bonito lhe parece”. Conheço alguns homens feios casados com mulheres belas. Elas são ciumentas por mais incrível que isso possa parecer. Para provar o meu argumento, compartilho estas estrofes do poeta popular Bosquim glosando sobre o mote:
Um homem feio provoca
Mais ciúme que um bonito
Eu vou provar um tal fato
Se for preciso eu repito
Que a mulher de um homem feio
Zela dele com aflito
Isso não é discrepância
Nem sobra de ignorância
Nem muito menos um mito
Não é caso de fofoca
Um homem feio provoca
Mais ciúme que um bonito.
A mulher de um homem feio
Vive sempre em conflito
Mas não é com ele não
Com ele não tem atrito
Mas vive só na sofrência
Com medo da concorrência
Isso lhe causa agito
Não lhe convém uma troca
Um homem feio provoca
Mais ciúme que um bonito.
Geralmente o homem feio
Tem um coração restrito
Por isso que sua amada
Tem por ele favorito
Quer ele sempre na mão
Como se fosse um cão
Se pudesse usava apito
Preso tal fio na roca
Um homem feio provoca
Mais ciúme que um bonito.
Mulher que perde homem feio
Emagrece qual mosquito
Vive só na roedeira
Com os olhos no infinito
Não quer aceitar palpite
Lhe falta até o apetite
Enjeita até peixe frito
Mete a cara na ipioca
Um homem feio provoca
Mais ciúme que um bonito.
Por qual motivo não sei
De tal assunto descrito
Eu só sei que isso é fato
Nem é moda, nem é rito
Como a bela e a fera
A mulher um dia espera
Um príncipe lá do Egito
Pra agarrá-lo qual judoca
Um homem feio provoca
Mais ciúme que um bonito.
Saudações fraternas,
Aristeu
Olha ai o chifre fazendo milagres.
Obrigada pela presença, prezado Maurício Assuero! Realmente, o medo de chifre fez milagre! rsrs… Um abraço!
Obrigada pelo generoso comentário, prezado Aristeu Bezerra! Realmente, “quem ama o feio, bonito lhe parece”, como diz a sabedoria popular.
A beleza interior, composta pela inteligência, bondade e firmeza de personalidade, o tempo não apaga. Ela complementa e, às vezes, até substitui a beleza física.
Obrigada por compartilhar comigo os versos do poeta popular Bosquim, glosando sobre o mote:
“Um homem feio provoca
Mais ciúme que um bonito!” Adorei!!!
Violante Pimentel