J.R. GUZZO

Num país onde está em vigor há dois anos um inquérito supremo para combater “atos antidemocráticos”, com prisão de gente, incluindo deputados federais, bloqueio de recursos financeiros dos acusados e poderes de AI-5, é extraordinário que nenhuma das nossas autoridades superiores tenha se interessado até agora por um ataque grosseiro à democracia feito por um dos candidatos à Presidência da República nas eleições de 2022 – justamente aquele que, segundo os institutos de pesquisa de opinião, já ganhou a eleição de lavada.

O candidato é Lula e o seu ataque à democracia é a promessa, mais uma vez, de acabar com a liberdade de imprensa neste país se for eleito – acabar na prática, no mundo das ações concretas, com a desculpa de que vai “melhorar” a integridade da comunicação social no Brasil. Melhorar o quê? Lula não diz nada a respeito, não em voz alta. Apenas se declara insatisfeito com a imprensa brasileira tal como ela é hoje – muito direitista, no seu modo de ver as coisas, desligada dos interesses do “campo popular” e, mais do que tudo, insatisfatória no apoio incondicional que ele se julga no direito de receber.

É sabido, há 500 anos, que ninguém jamais melhorou a qualidade da imprensa, nem a tornou mais justa ou mais honesta, escrevendo decretos bem-intencionados sobre o assunto. O que acontece, na vida real, é exatamente o contrário: toda vez que o governo se mete a fazer regras para os meios de comunicação, as liberdades saem perdendo – não se conhece um único caso em que tenham ganhado. É por isso, exatamente, que regimes democráticos não mexem nessas coisas – e é por isso, da mesma forma, que elas são a primeira coisa em que as ditaduras querem mexer. Lula está querendo há muito tempo.

Desde o seu primeiro governo, tentou criar o “controle social dos meios de comunicação” – nome de fantasia para a censura, a punição a jornalistas e a liquidação da imprensa livre. Deu errado – e ele próprio diz que esse foi um dos piores erros que praticou. Agora, com a eleição no bolso – segundo a promessa das pesquisas – volta à sua velha obsessão.

Seu último surto foi uma entrevista coletiva dada dias atrás, na qual comunicou ao País o novo “marco regulatório” (depois de ouvir essa história de “marco regulatório”, Lula nunca mais largou o osso) que está querendo socar na imprensa brasileira.

Não será, segundo diz, uma “regulamentação” como a que existe em Cuba ou na China – ele chama de “regulamentação” duas das máquinas de censura mais iradas que já se viu na história da humanidade. Que alívio, não é mesmo? Então não vai ser desse jeito. De que jeito, então? Segundo o candidato, vai ser “como a imprensa inglesa”, “como a imprensa alemã”. Que raio quer dizer isso? Quais são os “modelos” da Inglaterra ou Alemanha? Por acaso ele lê jornal alemão? Conversa. O que Lula pretende é deixar a imprensa sob o comando do governo e dos “movimentos sociais” que ele controla.

Na mesma oportunidade, aliás, Lula deixou claro o que realmente quer para os meios de comunicação brasileiros – o esquema que existe hoje na Venezuela, onde a liberdade é zero e o governo manda em cada palavra que chega até o público. Foi uma necessidade. Imaginem que Chávez, coitado, sofreu o diabo com a imprensa venezuelana – ele, que chegou ao poder através de um golpe militar e criou uma ditadura que dura até hoje. “Eu vi como a imprensa destruía o Chávez”, conta Lula. Como assim, “destruía”? Destruída foi a imprensa: a ditadura Chávez-Maduro acabou com todos os jornais, tevês e emissoras de rádio do país. A única voz que existe, hoje, é a do governo.

Pregar isso, no Brasil de hoje, não é um ato antidemocrático.

7 pensou em “A IMPRENSA DE LULA

  1. A guerra já foi declarada e Lulla está do lado do STF, que o livrou das condenações que já havia tido em 3 instâncias e limpou sua ficha, a ponto de poder participar e ser considerado “favorito” das pesquisas da imprensa.

    Dia 7 de setembro todos os brasileiros que têm condições devem ir à Brasília ou à Paulista. quem não puder, vai à sua cidade mesmo. É contra esta ameaça, real, que estamos lutando.

    • Já não sei se será a única forma (o voto), mas com certeza é a melhor.
      Não há diferença entre a intenção de Lulla de criar o controle (censura) social da mídia e o que faz Jair Bolsonaro, direcionando dinheiro público para a imprensa amiga, excluindo quem critica seus absurdos. Outra violência contra a liberdade de opinião foi a coação do Presidente da Caixa em cima dos bancos contra o manifesto da FEBRABAN. O que existe de errado? O General Pazuelo pode discursar em cima do carro de som, os bancos não podem emitir sua opinião. Estamos entre um ignorante corrupto e um corrupto ignorante.

      Que em 2022, possamos escolher os representantes e governantes pelo voto. Na democracia o eleitor pode derrubar governante imprestável e corrupto sem dar tiro, sem matar ninguém.

      • Prezado C. Eduardo (Se for mesmo este o seu nome),

        Pois para essa escória de humanidade, a minha solução preferencial é, primeiro a bala, depois a forca ou guilhotina.

        Deixar ao sabor do voto, com a quantidade de primatas disfarçados de Homo Sapiens que temos em nossa população, feito o senhor, juntamente com as “honestíssimas” urnas do Barroso, só dá na merda que estamos presenciando.

        Quanto ao presidente da Caixa dizer que sairia da Febraban, caso o manifesto choramingando pela redução na mamata dos bancos fosse adiante, faz parte do jogo.

        O senhor deve ser ou muito mané, ou muito mal intencionado. Provavelmente os dois, e em altíssimo grau!

        • Caro Adônis, concordo contigo em todas as suas palavras. Os Bancos da Febraban viram seu lucro diminuir a 20% do que foi nos anos Lulla. Natural que estejam com fome. A Caixa, ao contrário teve em 2 anos o Lucro que não teve nos últimos 20.

          Quanto a dar dinheiro para a imprensa amiga, não sabia que o JBF estava nadando no dinheiro do Governo Federal e o Berto estava escondendo o leite.

          Agora eu dou uma sugestão, não dê adjetivos ao C. Eduardo, pois ele se ofende e deixa de frequentar este espaço, ao qual ele é muito útil. Aqui demonstra muita coisa, se é que v. me entende.

          Abraço

          • João Francisco, não sei porque o resultado dos bancos causa esse fetiche tanto nos petistas como nos bolsonaristas de hoje. Os petistas passaram a vida condenando os bancos e os bancos continuaram ganhando dinheiro durante o tempo do corrupto incompetente e agora continuam performando bem, com o incompetente corrupto, exceção ao ano de 2020, que foi excepcional para todos. Os resultados publicados do primeiro semestre de 2021 estão ainda melhores do que em 2019, que foram maiores do que 2018, 2017.
            Parabéns a Caixa Econômica pelos bons resultados não recorrentes. O Pedro Guimarães está disposto, como os petistas, a fazer o diabo para reeleger Bolsonaro.
            Quanto as ofensas eu acho absolutamente dispensável. Não ofendo quem pensa diferente de mim e acho que xingamentos apenas demonstram a falta de argumentos mais educados e inteligentes para o debate.

            Um grande abraço.

        • “juntamente com as “honestíssimas” urnas do Barroso, só dá na merda que estamos presenciando”

          Até que enfim vejo o seu reconhecimento de que estamos numa enorme merda com esse governo miliciano. Num desgoverno sem programa, improvisando todo dia, com o Brasil a deriva. Inflação ameaçando sair de controle, desemprego “estável”, sem energia, sem as reformas prometidas, as privatizações, etc e etc.

          Parabéns, está no caminho certo. Assim como tiramos o corrupto incompetente, vamos tirar o incompetente corrupto pelo voto. Sem bala, sem guerra.

          Vamos votar certo dessa vez, eu também votei errado em 2018.

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