Quem hoje está inseguro
Amanhã pode estar bem
Após uma tempestade
A bonança sempre vem
Como as coisas boas passam
As ruins passam também.
Rogério Menezes
Se o pranto é irmão do riso
Nascido do mesmo amor
Tanto me faz estar rindo
Como sentindo uma dor
Que o sofrimento é da vida
Como o perfume é da flor.
Job Patriota (1929-1992)
Já passei por sofrimento,
Por tristeza e ameaça,
Pelas queixas e as dores
E herança da nossa raça;
Porém cantando repente,
Todo sofrimento passa.
Sebastião da Silva
Pode o homem ter riqueza
E cair por consequência.
Depois de ficar sem nada
Precisa ter paciência
Pra que suas próprias mãos
Não tirem sua existência.
Cicinho Gomes
Lute por seus ideais
Mesmo em batalhas perdidas
Procure acertar as voltas
Olhando os erros das idas
Passando gel sobre as dores
Sem reclamar das feridas.
Rubens do Valle
Parabéns, Aristeu, pela excelente postagem, “A DOR NOS VERSOS DOS REPENTISTAS”.
Gostei, imensamente, de todas as sextilhas selecionadas por você, de diversos autores repentistas.
Entre todas, destaco:
“Quem hoje está inseguro
Amanhã pode estar bem
Após uma tempestade
A bonança sempre vem
Como as coisas boas passam
As ruins passam também.
Rogério Menezes”
Uma ótima semana, com muita saúde e Paz!
Violante Pimentel Natal (RN)
Violante,
Grato por seu excelente comentário. Você destacou os versos do repentista Rogério Menezes, então, vou fazer uma minibiografia desse talentoso cantador de viola.
O poeta repentista Rogério Meneses, nasceu no Sítio Glória, em Imaculada, município da Paraíba, divisa com o Estado de Pernambuco, em pleno sertão nordestino. Ele conta que teve muito influência dos repentistas Moacir Laurentino, Sebastião da Silva, Sebastião Dias, João Paraibano, Geraldo Amâncio e Ivanildo Vilanova. A primeira vez que se apresentou, foi porque faltou um cantador, e assim surgiu a grande oportunidade. De lá pra cá, não largou a viola, nem deixou de fazer versos.]
Ainda jovem foi para Caruaru, estudar. Lembra que até a redação do vestibular ele fez em verso, com o tema: O Brasil de hoje. O que virou uma marca, pois até hoje todo discurso que fez, faz em verso. Além de poeta, Rogério Meneses também é radialista, e trabalhou em várias emissoras do Nordeste. Levando seus versos por toda região. Também trabalhou na TV Pernambuco, com o programa Canto dos Violeiros e Cantoria na TV.
Aproveito esse espaço democrático do Jornal da Besta Fubana para compartilhar um decassílabo desse genial poeta que brilha no admirável mundo do repente:
Eu adoro uma noite de forró,
Vaquejada, repente e serenata
Eu odeio essa história de gravata
Que parece uma corda em meu gogó.
O mais belo e mais rico paletó
Eu por ele não troco o meu gibão
Meu cavalo eu não dou num avião
Que eu nasci foi pro chão e não pro ar
Não existe cidade pra mudar
Os costumes que eu trouxe do sertão.
Desejo uma semana plena de paz, saúde e alegria
Aristeu
Obrigada, Aristeu, por me transmitir os dados biográficos do poeta e repentista Rogério Meneses! Foi gratificante conhecer a origem desse exímio cantador de viola.e a brilhante trajetória que ele vem cumprindo no mundo do repente… í
Adorei o decassílabo, da autoria dele, que você compartilhou comigo.
Muito grata!
Uma semana plena de paz, saúde e alegria para você também.
Violante
Muito bom o artigo selecionar a dor nas sextilhas desses grandes repentistas. Uma estrofe que me chamou a atenção foi a de autoria de Job Patriota: Se o pranto é irmão do riso/Nascido do mesmo amor/Tanto me faz estar rindo/Como sentindo uma dor/Que o sofrimento é da vida/Como o perfume é da flor.
Vitorino,
Muito obrigado pelo seu comentário formidável. Aproveito a sextilha escolhida para escrever um pequeno texto sobre Job Patriota (1929-1992), um poeta e repentista que deixou um legado poético de grande valor para o nosso repente e poesia popular.
Job Patriota(1929-1992)) nasceu no Sítio Cacimbas, pertencente a então Vila de Umburanas, hoje Itapetim, Pajeú, no sertão pernambucano. Na época em que Job nasceu, município de São José do Egito. Em Umburanas nasceram por coincidência, alguns nomes que imortalizaram e acendeceram toda região do Pajeú: Os irmãos Louro, Dimas e Otacílio Batista, Rogaciano Leite, poeta- repentista de fama, além de grande tribuno, jornalista, compositor.
Aproveito a ocasião para compartilhar um decassílabo desse genial poeta e repentista, cujos os versos estão na memória dos amantes do repente:
Mesmo sem beber um trago
Sinto que estou delirando
Tal qual cisne vagando
Na superfície de um lago
Se não recebo um afago
Vai embora a alegria
A minha monotonia
Não há no mundo quem cante
Sou poeta delirante
Vivo a beber poesia!
Saudações fraternas,
Aristeu
Quanta beleza nos versos sobre a dor! O interessante é que não gostamos de sofrer, entretanto aprendemos com a sabedoria da poesia popular, o repente e a literatura de cordel que existe necessidade de enfrentar os desafios da nossa vida. A alegria é valorizada pela tristeza, a presença pela ausência e o afeto pela indiferença. Assim constitui como é complexo viver… O assunto abordado, hoje, por certo atingiu o objetivo de mostrar versos bem feitos. A estrofe que me impressionou foi a de Sebastião da Silva: Já passei por sofrimento,/Por tristeza e ameaça,/Pelas queixas e as dores/E herança da nossa raça;/Porém cantando repente,/Todo sofrimento passa.
Messias,
Agradeço o seu admirável comentário com observações importantes sobre a dor. Concordo com a necessidade de não se deixar abater com o sofrimento. Devemos usar a resiliência que é a capacidade do indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas – choque, estresse, algum tipo de evento traumático, entre outros. Aproveito esse espaço democrático do Jornal da Besta Fubana para compartilhar um trecho de uma peleja entre Sebastião da Silva e Moacir Laurentino glosando o mote:
NORDESTE SÓ É NORDESTE
DO SÃO FRANCISCO PRA CÁ
Sebastião da Silva
Acho linda as melodias
de Sivuca, o sanfoneiro,
do sertão ao chão brejeiro,
as produções e poesias,
do fole de Abdias,
filho de Taperoá,
Genaldo, do Ceará,
caboco, cabra da peste.
Nordeste só é nordeste
do São Francisco pra cá.
Moacir Laurentino
Irrigaram Petrolina,
embora com pouca chuva,
hoje em dia a sua uva
tem mais que na Argentina,
os frutos têm vitamina,
da uva a maracujá,
de Pau D’Arco a Camará,
do Mororó do Agreste.
Nordeste só é nordeste
do São Francisco pra cá.
Sebastião da Silva
Manuel Xudu, violeiro,
filho dessa região,
dos poemas de Cancão,
das estrofes de Granjeiro,
também Pinto de Monteiro,
de Silvino Pirauá,
Odilon Nunes de Sá,
poeta pra todo teste.
Nordeste só é nordeste
do São Francisco pra cá.
Moacir Laurentino
Nordeste que não enrica,
não é terra valorosa,
que só tem planta verdosa,
juazeiro e oiticica,
o sul da gente critica,
Rio Grande e Paraná,
mas do jeito que ele está,
é sujeito à fome e peste.
Nordeste só é nordeste
do São Francisco pra cá.
Saudações fraternas,
Aristeu