ROQUE NUNES – AI, QUE PREGUIÇA!

Como um bom caeté não poderia deixar de tratar de um assunto que chega a ser unanimidade em Pindorama, é democrática, atrai para si todos os olhares, chega a ser quase reverenciada, seja pela quantidade, qualidade e forma: a bunda.

A bunda é, em princípio, ingrata com o seu dono, pois, por mais que se lave, sempre estará na oposição dos ditos bons cheiros humanos, ou aqueles cheiros que mais lhes agradam. Aliás, tive uma amiga que defendia a tese que, se não fossem nossos constantes banhos, uso de cremes, perfumes, emolientes, esfoliantes, sabonetes, xampus, o macho da espécie Homo sapiens ainda conseguiria sentir o cheiro da fêmea, o natural, quando esta entrasse em período fértil, ou, traduzindo para o português popular, o macho ainda sentiria o cio feminino. Mas, isso, são lá elocubrações dela, e não minhas.

E, minha mente safadosa já pensou, àquela época, o macho da espéciesair farejando tudo quanto for bunda fêmea e se deleitando com os odores e dizendo… esta está, essa ali, não. Essa tá quase, aquela ali ainda falta seus etcéteras e tal. Aquela falta mais guarnição, aqueloutra é perfeita. Ah, bandido que sou. E esse texto está quase escorregando para o terreno da patifaria bundística.

A bunda é algo que Deus Pai, Nosso Senhor a distribuiu de forma equânime (Violante vai ao delírio com esse verbete, aposto!), entre todos os seus filhos, mas, e sempre existe um mas, alguns foram mais gulosos, outros mais preguiçosos, indo daí que uns têm uma aBUNDÂncia, enquanto outros, parecem ter substituído por maracujá de gaveta, a fim de ter o que mostrar.

Nas minhas andâncias e observâncias – quase sou um vagamundo, ou melhor, um flâneur, para usar a língua de Baudelaire -, já notei como a bunda é o centro das atenções, seja em feira livre, em xofis center, nas ruas, nas igrejas, em clubes, e, principalmente nas praias. Tenho uma amiga, loiraça legítima, brancona, bem polaca que tem um amassador de sofá do tipo que merece um óscar e ser aplaudida em pé. Soutro dia, em minhas vagamundices, encontrei-a, dando sopa na rua, e, de dentro do carro, soltei meu grito de “independença”….. loira boazuda, sobe!!!! A coitada até hoje não sabe quem a elogiou, e muito menos sabe que as adjacências eram secundárias, o elogia foi para a sua bela bunda, ou calipígia.

Dizem que se o ser humano andasse nu, se acostumaria com a nudez do outro e deixaria de lançar olhos gulosos, principalmente para a bunda – estou falando no caso pindoramense -. Acho isso um desserviço e uma desumanidade. Iria tirar 95% da graça de se andar, de se passear e de se sonhar com aquilo que não nos pertence. Cada um deve cuidar da sua bunda!

E, as taponas então? Como ficariam? Para aqueles homens que gostam de chegar em casa, ver aquela suculência ajeitada, e dar uma certeira, límpida e cheia tapona na bunda da mulher, namorada, caso, cacho, ou rolo. Não, meus caros caetés. Deixem a bunda com pano e roupa. Não nos tirem esse raro prazer da vida.

Apesar de ser orgulho e “preferença” a bunda não deixa de denegrir também. É uma parte da anatomia humana versátil, flexível e adaptável. Mandar ir “coçar a bunda”, chamar alguém de “bundão”, “bunda mole”, e outros adjetivos demonstra como a bunda, no nosso vocabulário é versátil. Não falo do português de Portugal, pois lá bunda é cu. Assim mesmo, sem a conotação escatológica que nos, indiaida de todas as nações damos a esse vocábulo. Aliás, se alguém for um dia a Portugal e ser informado que, para entrar no país é necessário tomar uma “pica no cu”, fique tranquilo, é só uma injeção na bunda.

Se bem que, na atual conjuntura essa expressão vem ganhando novos contornos, novos significados abaixo da linha do Equador, com tanto fresco assim o querendo, mas com outro significado. Mas, deixa isso pra lá. Afinal bunda é igual a gosto, cada um tem o seu e ninguém tem nada a ver com isso.

A bunda atrai os olhares e os desejos desde o tempo das cavernas. Na Grécia antiga chegou ao seu auge com artistas se esmerando em apresentar “estautas” com bundas perfeitas, sendo retomado essa expressão artística no Renascimento. Muitos adolescentes de minha época ficaram com o braço direito forte ao ver aquelas estátuas, passando depois para revistas e periódicos especializados no assunto, afinal bunda também é arte, e Carlos Zéfiro que o ateste. Além de ser a “Shangri-lá de muitos marmanjos hoje em dia, que só vão à praia, ou balneário, ou clube com piscina só para ficar avaliando a bunda alheia.

Há aquelas feitas, em que se pagam fortunas para um cirurgião plástico meter ali silicone e sair desfilando pelas aí. Esse tipo de bunda artificial não me interessa. Acho-as feias e incômodas, principalmente se a bolsa de silicone não encontra um jeito certo de ficar. Essas bundas ora estão de ponta cabeça, ora quadrada, ora olhando para o infinito, ora para o inferno, e por aí vai.

Bunda que se preze tem que ser natural, até mesmo para aquelas que foram disprivilegiadas desse apetrecho fundamental na figura humana. A anatomia diz que o glúteo – assim é o nome do músculo que liga o íleo à coxa -, é uma evolução que permitiu ao ser humano poder ficar em posição ereta, e que deixa ereto homens, de mamando a caducando quando passa toda jeitosa em qualquer rincão, ou biboca de Pindorama. Eu acredito que o amigo Carlito Lima, nosso “Velho Capita”, dada à sua formação militar possa responder essa. Ao ver toda dengosa, rebolativa, fico logo em pé e bato continência.

São uns murunduns que fazem o gaudio de homens, mulheres, e principalmente adolescente espinhento que vive todo amarelo e fraco por causa da bunda. Mas, há bundas e bundas. Num país em que a bunda abunda – dizem que uzamericanus gostam de peitos, mas não tenho certeza -, a maioria das brigas, seja onde for, não é por causa de ciúme da moça, mas sim, por causa de ciúme da bunda.

Eu mesmo, na minha sem-vergonhice latente e congênita, ao ver uma bela bunda, prego meu olhar venenoso nessa parte subalternista. Já aconteceu até o caso de levar um beliscão da nossa amiga de confraria, a Renata Duarte, para parar de olhar para a parte ofendida de uma bunda que não era a minha. Coisas da vida! Que posso fazer, se zoiudo do jeito que sou, sinto quase um magnetismo irresistível ao ver uma bunda que abunda.

O Inesquecível Luiz Gonzaga até fez uma música para a bunda… se não me engano ela diz… “Zé Matuto foi à praia/só pra ver como é que é/mas ficou ruim da bola, de ver tanta rabichola/nas cadeiras das muié”….Mestre Lua, pernambucano arretado, sabia como elogiar uma bunda! Já, bunda de carnaval eu não gosto, pois justamente, o que meu caráter deformado e libertino quer é poder imaginar, flutuar, deixar a mente correr solta . Ver, tira toda a graça, toda essa energia primordial dos adoradores bundalísticos e bunditícios de Pindorama.

Mas, deixo aqui minha homenagem a todos os bundistas, pois em um país onde a bunda abunda e superabunda, poder gozar e deleitar-se em ver uma calipígia bunda e depois tomar uma tapona no pé do ouvido, por causa do merecido elogio, é melhor que ser cego, se bem que a vantagem do ceguinho é ver a bunda em Braille.

2 pensou em “A BUNDA ABUNDA

  1. O que abunda não prejudica, dizia John Lenon, um maconheiro lá de Jururubimbinha. E o fessô Roque Nunes, quase um vagamundo, ou melhor, um flâneur, veio abundante encantar a chuvestina terça-feira com calipígio bundalelê…

    Me fez o Nunes, de abundante saber, levar meu pensamento à juventude e rever Ritinha Najura, a quenga de derriére nota mil, que dava torcicolo na molecada de Jururbimbinha com o sacolejar de ancas. Olha que coisas mais lindas, mais cheias de graça poetariam e talvez punhetariam Jobim e Vinicius se a vissem passar a caminho do mar ao lado da amiga loiruda do Roque.

    “Nunca levei um pé na bunda”, disse a Waldvogel, que possivelmente tem um belíssimo amassador de sofá. O Sancho não pode dizer o mesmo. kkk

    “Há momentos para sexo suave e gentil e para umas boas palmadas na bunda. O tipo de sexo em que você puxa o cabelo e agarra as orelhas”, apelou e foi fundo o Ricky Martin.

    E, já que o ano é eleitoral, o Dahmer alerta: “Um povo que vota nas coxas acaba tomando na bunda”. Tem gente que gosta; gosta tanto que morde a fronha… kkkk

    Valeu, rei do Roque ou Roque do Rei…

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