DEU NO X

PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

A VOZ DA TÍLIA – Florbela Espanca

Diz-me a tília a cantar: “Eu sou sincera,
Eu sou isto que vês: o sonho, a graça,
Deu ao meu corpo, o vento, quando passa,
Este ar escultural de bayadera…

E de manhã o sol é uma cratera,
Uma serpente de oiro que me enlaça…
Trago nas mãos as mãos da Primavera…
E é para mim que em noites de desgraça

Toca o vento Mozart, triste e solene,
E à minha alma vibrante, posta a nu,
Diz a chuva sonetos de Verlaine…”

E, ao ver-me triste, a tília murmurou:
“Já fui um dia poeta como tu…
Ainda hás de ser tília como eu sou…”

Florbela Espanca, Vila Viçosa, Portugal (1894-1930)

DEU NO X

DEU NO JORNAL

DEU NO JORNAL

TORRANDO BILHÕES

O Banco Central torrou mais de US$ 30 bilhões (R$ 190 bilhões), desde o dia 19, para tentar conter a alta do dólar, após o fracasso do pacote fiscal e da verborragia do presidente e do ministro da Fazenda.

* * *

Verborragia do descondenado e do seu ministreco Malddad.

E isto dito, tá dito tudo.

Não é preciso falar mais nada.

JOSÉ RAMOS - ENXUGANDOGELO

NOSSO MODO DE FALAR E OS APELIDOS ENGRAÇADOS

Nesta última postagem do ano de 2024 vamos dar uma volta nas nossas origens e relembrar fatos que fortaleceram nossos laços de amizade e de família.

Antes, porém, um fato que aconteceu na semana do Natal – e que, infelizmente ninguém, inclusive nós, moveu uma palha. E vida que segue.

O fato: Sem entrar no mérito da questão, pois não conheço o assunto com profundidade – mas aprendi na vida que, a quem acusa cabe o ônus da prova – pela primeira vez neste Brasil, desde 22 de abril de 1.500, uma autoridade civil indicada por alguém eleito pelo povo, sem julgamento e outros que tais, mandou para a cadeia (mesmo sendo numa unidade militar), um general quatro estrelas que, ao meu reles entendimento, estaria substituindo ao antigo e extinto status de marechal. Junto com esse general, fazem parte do grupo sem julgamento e sem o devido processo legal, alguns coronéis.

Mas, o que me chamou a atenção foi o fato dessa prerrogativa constitucional pertencer exclusivamente ao STM (Superior Tribunal Militar). E mais: presos e proibidos de receberem visitas, inclusive de familiares – embora saibamos que o atual Presidente da República não teve o cerceamento desse privilégio. Até dizem que foi lá, no cárcere, que conheceu a atual “viça-presidenta” com quem teria usufruído da lua de mel.

Pois, como ceia posta do Natal, o “executor” da ordem de prisão, de forma pública e para o mundo tomar conhecimento, determinou ao alto comando do Exército, um prazo de 48 horas para que fosse dada uma resposta para a “desobediência” do seu ato. Tudo isso acompanhado pelo silêncio sepulcral do STM, que não se atreveu a “dar o pio” sequer. Todos “ca-la-dos”!

Pergunto: Será que João Baptista Figueiredo, Newton Cruz e Golbery do Couto e Silva estão fazendo falta e se submeteriam a isso?

Quem já leu algum livro ou assistiu alguma palestra de Ariano Suassuna, emérito nordestino que sempre fez questão de usar o palavreado nordestino, certamente poderá pensar que isso é tudo. Não é.

Mesmo nordestinos, mesmo sotaque, mas o significado das palavras e de muitas coisas são diferentes. No Ceará, graviola é graviola mesmo, mas no Maranhão graviola é jacama.

O homossexual no Ceará é baitola, em Pernambuco é frango, na Bahia é chibungo – mas todos têm prazer de queimar a rosca (que em todo Nordeste significa fazer cópula anal – veja que não escrevi “fazer sexo”, por entender que isso não é sexo. É depravação, embora eu não queira, nem de perto, ter o direito de contesta quem prefere fazer. Afinal, a rosca não é minha.

Saiba que, quando alguém recebe um soco ou um safanão em São Paulo ou Rio, no Maranhão alguém tomou foi um bogue. A sova vira uma surra de cipó de marmeleiro.

No Ceará, cutucar vira catucar e alguém que foi cutucado na altura das costelas, foi catucado no vazio. Galinha caipira no Ceará e Maranhão, é a mesma galinha da roça no sul e sudeste. Preparada (cozida) ao molho pardo, para o nordestino é galinha à cabidela.

Mas, o bom mesmo vira mais mió, e ninguém quer trocar o seu oxente pelo okay de ninguém. E a vida segue a galope para os nordestinos que são diferentes dos nortistas.

Todo nordestino tem um apelido. E, quem fica zangado, o apelido “pega” com força. Mas, muitos não têm (têm mas poucos sabem e falam) sobrenomes. Zé, é mais conhecido como Zé de Dora ou Zé de Doca; Miguelzinho de Luciano; Chica de Gumercindo, e por aí vai.

Na minha não tão distante (de Fortaleza) Queimadas, Boanerges teve a infelicidade de nascer com os dois pés tortos, ambos virados para dentro. Teve dificuldade para conseguir calçados e viveu e morreu como “Pé de bater banha”!
Outro, quando jovem teve um pequeno derrame facial e ficou com os lábios defeituosos e virados para o lado direito. Passou a ser conhecido como “Boca de cuchiço”!

Gertrudes nasceu com as canelas muito finas, mas teve a compensação de, ao ficar adulta, ficar com os seios volumosos, tipo que usava soutien pontuação 48.

Ficou conhecida como “Gegê dois bezerros”. Essa comprava briga com quem a chamasse por esse apelido.

FINALMENTE, este amigo de vocês, nascido e batizado José, por ser filho de Alfredo, virou “Zé do Alfredo” e está catucando vocês para que todos sejam felizes ao lado dos familiares nesse ano que se aproxima.

NOTA: As fotos não têm qualquer relação com o texto. Apenas quero desejar que todos tenham na passagem do Ano Novo e por todos os mais 365 que se aproximam, uma mesa farta em todos os momentos.

DEU NO X

WELLINGTON VICENTE - GLOSAS AO VENTO

PERSPECTIVAS

Que o ano que se avizinha
Me traga sabedoria.

Mote de Ronaldo Barbosa

Pra se viver nesse mundo
Que ta virado ao avesso
Eu só quero o que eu mereço
Digo isso lá do fundo
Sentimento bem profundo
Quero paz e alegria
Saúde no dia a dia
E uma boa vizinha
Que o ano que se avizinha
Me traga sabedoria.

Cabal Abrantes

Faz tempo que eu capoto
Nos anos que vão passando!
Vejo a velhice chegando
Nas rugas que já me noto,
Eu já tombei minha moto,
Já dei PT no meu Kia,
Perdi uma loteria,
No jogo tudo o que eu tinha,
Que o ano que se avizinha
Me traga sabedoria.

Melchior SEZEFREDO Machado

Tudo que é livro já li
Decorei a tabuada
O que sei é quase nada
Só aquilo que vivi.
Pouco que eu aprendi
Foi sempre no dia a dia
Criando alegoria
Na mente pequenininha.
Que o ano que se avizinha
Me traga sabedoria.

Novo Abrantes

Fiz algumas más ações
No ano que agora finda,
Nas igrejas de Olinda
Fiz diversas confissões
E obtive os perdões
Diante da sacristia
O padre da freguesia
Disse: -Vá ser coroinha!
Que o ano que se avizinha
Me traga sabedoria.

Wellington Vicente

JOSÉ DOMINGOS BRITO - MEMORIAL

OS BRASILEIROS: Oswaldo Aranha

Oswaldo Euclides de Sousa Aranha nasceu em Alegrete, RS, em 15/2/1894. Advogado, diplomata e político. Personagem destacado na política brasileira na década de 1930, no governo Vargas, e nas relações do Brasil com os EUA. Presidiu a Assembleia Geral da recém-criada ONU, em 1947, atuando no Plano de Partilha da Palestina, que criou o Estado de Israel. A tradição de se manter a abertura da reunião anual da ONU, por um brasileiro, é mantida até hoje.

Filho de Luísa Jacques de Freitas Vale Aranha e Euclides Egídio de Sousa Aranha, fazendeiro e coronel da Guarda Nacional, teve os primeiros estudos no Colégio dos Jesuítas de São Leopoldo e no Colégio Militar do Rio de Janeiro, concluído em 1911, aos 17 anos. Ingressou na Faculdade Nacional de Direito, mas antes de se formar, foi para a França em tratamento da saúde e passou uma temporada em Paris. Aproveitou a estadia para aprofundar estudos na área jurídica e, de volta ao Brasil, retomou o curso de Direito, concluído em 1916. Na universidade manteve intensa atividade política junto a alguns nomes que se destacariam mais tarde no cenário nacional.

Retornou ao Rio Grande do Sul e instalou banca de advogado em Uruguaiana, em 1917, aos 24 anos. Aí atuou até 1923 e ficou conceituado em questões relacionadas com transações de terra e gado. Nessa época travou amizade com o advogado Getúlio Vargas, com quem chegou ter clientes em comum. Em 1923, quando explodiu a luta fratricida entre “chimangos” (aliados de Borges de Medeiros, presidente do estado) e “maragatos” (opositores à sua quinta reeleição), chegou a pegar em armas a favor do sistema republicano de Borges de Medeiros. Em 1925 foi prefeito de Alegrete, cidade fundada por seu avô. Além de Porto Alegre, foi a única cidade do Estado a contar com luz elétrica nas ruas, calçamento e rede de esgotos. Com sua peculiar diplomacia conseguiu apaziguar os conflitos entre as famílias separadas pelos conflitos entre os chimangos e maragatos, de 1923.

Em 1924 foi lecionar direito internacional na Faculdade de Direito de Porto Alegre e participou dos combates aos movimentos armados, incluindo a “Coluna Relâmpago”, em fins de 1926, visando impedir a posse de Washington Luiz na presidência da República. Nesse combate, foi atingido no pé e teve o calcanhar esfacelado. Sempre atuante na política, foi candidato pelo PRR-Partido Republicano Rio-grandense, e eleito para a Assembleia de Representantes do estado. Mas não chegou a assumir o cargo, pois logo seria eleito também para a Câmara Federal, em maio de 1927, ocupando o lugar de Vargas, que foi indicado para o Ministério da Fazenda.

Na Revolução de 1930, agia nos bastidores para organizar o levante armado e negociou com a Junta Governativa Provisória a entrega do Governo a Getúlio Vargas e foi nomeado Ministro da Justiça. No ano seguinte assumiu o Ministério da Fazenda, consolidando a dívida externa brasileira. Como foi alijado do processo político na escolha do interventor em Minas Gerais, pediu demissão do cargo em 1934 e foi assumir a embaixada brasileira nos EUA. Ficou impressionado com a democracia estadunidense e tornou-se amigo do presidente Franklin Roosevelt. Em 1937 não aceitou os rumos da política de Vargas, com o Estado Novo, e entregou o cargo de embaixador. No entanto, aceitou o cargo de Ministro das Relações Exteriores; combateu a tendência germanófila do governo e buscou maior aproximação com os EUA. Sob sua direção o Itamaraty passou por uma grande reforma administrativa.

Na II Guerra Mundial, destacou-se na criação da ala pan-americanista, defendendo a aliança com os EUA e contra o ministro da Guerra Eurico Gaspar Dutra, partidário de uma aproximação com a Alemanha. Presidiu a “Conferência do Rio”, em 22/8/1942, quando o Brasil rompe as relações com os países do Eixo, anunciando o estado de beligerância com a Alemanha Nazista e a Itália. Foi uma vitória de suas convicções pan-americanistas. Pouco depois se demitiu de cargo de chanceler, após o fechamento da Sociedade dos Amigos da América, da qual era vice-presidente, em 1944. Alguns analistas viam-no como candidato natural nas eleições de 1945, mas a falta de uma base política e a fidelidade a Vargas fizeram com que não disputasse as eleições.

Em 1947 voltou à cena política como chefe da delegação brasileira na recém-criada ONU-Organização das Nações Unidas e presidente da Assembleia Geral, que votou o “Plano de Repartição da Palestina, culminando na criação do Estado de Israel. Tal feito rendeu-lhe eterna gratidão dos judeus e sionistas por sua atuação. Foi homenageado com seu nome dado a ruas em Tel Aviv, Bersebá, Ramat Gan e uma em Jerusalém. Em 1953 voltou a ocupar a pasta da Fazenda, promovendo reformas na área econômica, enfrentando a crise do final do governo Vargas. Com a morte de Vargas, retirou-se do governo e só voltou no governo Juscelino Kubitschek (1956-61), retornando à ONU na frente da delegação brasileira e fechando sua carreira política.

Faleceu em 27/1/1960 e dentre as diversas homenagens que recebeu em vida, consta o prato carioca “Filé à Oswaldo Aranha”, um filé alto temperado com alho frito, acompanhado de batatas portuguesas e farofa de ovos. Certamente era um “bon gourmet”. Em 2020 entrou no “Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria”. No ano seguinte, seu neto Pedro Correa do Lago prestou-lhe uma homenagem com o lançamento do livro Oswaldo Aranha – Uma fotobiografia, pela Ed. Capivara. É detentor de diversas biografias, com destaque para Oswaldo Aranha: a Estrela da Revolução, de Aspásia Camargo, lançada pela Ed. Mandarin em 1996; Oswaldo Aranha: uma biografia, de Stanley Hilton, lançada pela Ed. Objetiva em 1994 e Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro, de Sérgio Eduardo Moreira Lima, lançada pela Ed. da Fundação Alexandre Gusmão em 2017.

DEU NO JORNAL

QUAL SERÁ A AGENDA ECONÔMICA PARA 2025?

Editorial Gazeta do Povo

Fernando Haddad anuncia pacote fiscal e promete uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos 2 anos

Uma das tarefas principais do governo é – ou deveria ser – definir uma agenda econômica para o ano de 2025, com indicação dos rumos do governo e qual será a política econômica, com suas ações, gastos, fontes de recursos e resultados esperados. A rigor, a política econômica é o conjunto de ações e medidas discricionárias pelas quais se dá a intervenção do Estado na economia, especialmente a política fiscal (orçamento de receitas e gastos públicos), política monetária (ação do governo sobre moeda, crédito e taxa de câmbio) e política social (programas de saúde, educação, seguridade social, previdência e distribuição de renda etc.).

O planejamento governamental deve considerar o ambiente político, econômico e social construído ao longo do tempo e a realidade nacional existente nos últimos meses do ano atual. No Brasil, tem sido comum a elaboração de planos governamentais irreais e inviáveis pela não consideração da base sobre a qual o país funcionará nos períodos seguintes. Na estratégia de gestão empresarial, um dos modelos de planejamento usados pelos gestores começa com o desenho do pano de fundo no qual está contida a estrutura da organização, seus produtos, seu mercado, atividades, objetivos, propósitos, metas, receitas, despesas, investimentos, fontes de recursos e os resultados desejados ao fim do ano seguinte e anos posteriores. Com as devidas adaptações, esse é um modelo aplicável ao país como um todo e às estruturas governamentais.

Olhando o Brasil por esse prisma, o pano de fundo sobre o qual a nação brasileira viverá em 2025 começa com algumas realidades estruturais e algumas conjunturais, entre as quais se destacam: 1) o Brasil continua um país pobre, a julgar pelo Produto Interno Bruto (PIB) por habitante, que está em torno de US$ 11,3 mil (pelo critério de paridade de poder de compra); 2) a infraestrutura geral (o capital físico) é insuficiente, envelhecida e carente de modernização tecnológica; 3) a produtividade econômica é baixa (produto por hora trabalhada); 4) no caso da indústria, a produtividade está estagnada há pelo menos quatro décadas; 5) o setor público consolidado (União, estados e municípios) está com déficit primário problemático (o resultado primário é igual às receitas tributárias menos os pagamentos de aposentadorias e programas sociais sem contrapartida, e menos os gastos com pessoal, investimentos, custeio da máquina estatal, custeio dos serviços públicos, e não considera os juros da dívida pública); 6) a carga tributária é alta, em torno de 34% do PIB; 7) a inflação não está fora de controle, embora com viés de alta; 8) a dívida pública está bastante elevada, ameaçando passar de 80% do PIB; 9) a taxa básica de juros termina o ano com forte elevação; 10) as contas externas estão em situação confortável; 11) a taxa de câmbio subiu muito no fim do ano e está alta, basicamente em função dos juros elevados, da alta dívida pública e dos déficits fiscais.

Embora a lista de 11 realidades acima não contenha todo da economia brasileira, ela serve de base para o entendimento da situação e dos limites do país. O fato é que há problemas sérios que podem frustrar a tentativa de sucesso econômico no ano que vem. Uma agenda econômica é importante para mostrar as estratégias, políticas e medidas para combater as fragilidades e indicar como será possível avançar. Porém, para construção de uma agenda confiável, as autoridades maiores do país, sobretudo o presidente da República e seu ministro da Fazenda, devem informar a nação sobre o que pretendem e parar com discursos e declarações que desestimulam investimentos, inibem negócios e fomentam a fuga de capitais para o exterior.

Quanto a definir objetivos gerais para o país, não é algo difícil e deve começar com os seguintes: aumentar o PIB a taxas superiores às taxas de aumento da população; ampliar o nível de emprego; aplicar forte programa de controle das contas públicas; reduzir de forma consistente e duradoura os déficits fiscais; e reduzir a dívida pública como porcentual do PIB. O êxito desses cinco objetivos é condição necessária para viabilizar demais objetivos e metas, porém o êxito de qualquer plano depende da realização de certas condições, sobretudo a melhoria do ambiente institucional e a redução da insegurança jurídica.

Vale registrar que também é necessário reduzir as incertezas, especialmente quanto à reforma tributária que não se sabe qual será em seus detalhes, mas já indicou os setores castigados com mais tributos, como é o caso do setor de serviços materiais e profissionais que fazem parte do grande setor de serviços responsável pela maior parcela do PIB da nação. Os pontos aqui abordados não esgotam uma agenda econômica, que deve abordar outros temas, mas são pontos essenciais para criar previsibilidade e estímulo ao crescimento econômico e o desenvolvimento social. O governo deve isso ao país.