CARLOS EDUARDO SANTOS - CRÔNICAS CHEIAS DE GRAÇA

ORGULHO DA GENTE PORTUGUESA

Meu saudoso amigo Carlos Leite Maia escreveu páginas que tive a honra de inserir algumas, no livro comemorativo dos 90 anos do Clube Português do Recife, que será lançado em dezembro próximo.

A Capital de Pernambuco se refazia dos terríveis efeitos da Revolução de 30, quando foi deposto o Presidente da República, Washington Luiz.

A cidade via com agradável surpresa as ruas novamente calmas, sem a agitação dos comícios políticos e discursos inflamados. Os jornais circulavam sem suas colunas inteiras em branco, pois antes eram censurados rigorosamente.

Tais fatos fizeram parte do panorama cultural do decênio em que foi fundado o Clube Português do Recife, aquela urbe ainda provinciana, como se querendo ser ainda a Cidade Maurícia.

O Recife se remodelava e novas ideias associativas completavam-se entre as classes. das mais abastadas àquelas de menor poder econômico. Comerciantes portugueses formavam seleto grupo que influiria bastante na modernização da cidade.

Projetaram a fundação do Clube Português do Recife, fato de grande significação na primeira década do progresso de Pernambuco, após as turbulências da Revolução de 1930.

Concentraram-se, na oportunidade, cidadãos nascidos em Portugal, no Recife residentes, para a criação de uma nova sociedade que os agrupasse a fim de promover melhor convívio social e esportivo.

O calendário marcava 1922. O momento atraiu ideias de denodados homens de empresa, dentre eles Eduardo Alberto Simões, o jornalista Simões Coelho e outros, todos portugueses, que iniciaram uma intensa e vigorosa campanha, tendo como objeto fundar um clube de grande relevância.

Visava-se agregar pessoas de significativa categoria empresarial e senso de sociedade, para a fundação de um clube de verdade, adquirindo-se, para isso, um terreno e a construção de uma sede sócio esportiva compatível com as necessidades da cidade.

Os líderes portugueses entenderam que o instante era propício à materialização do projeto, pois o Recife dava sua arrancada para o progresso, colocando-se no conceito das maiores metrópoles brasileiras.

Reunidos os valores para as primeiras iniciativas patrimoniais, a ideia já estava sólida. Convoca-se, então, a Assembleia Geral da Fundação do Clube Português do Recife e reunidos no Gabinete Português de Leitura, à Rua do Imperador Dom Pedro II, 290, bairro de Santo Antônio, aqueles que seriam os fundadores.

Estava solenemente criado o Clube Português do Recife que em 15 de fevereiro de 1936 inaugurava sua sede, na Avenida Conselheiro Rosa e Silva, 172, no bairro das Graças.

Demonstrou-se, assim, em Pernambuco, o maior orgulho da gente portuguesa.

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