PELEJA DE DOIS POETAS FALANDO DE VIOLÊNCIA – Pedro Paulo Paulino
No sítio Bandeira Branca
Numa noite de viola,
Dois famosos repentistas
Puxaram pela cachola,
Pra falar da violência
Que o nosso Brasil assola.
Mangabeira e Curió,
Cada qual o mais batuta,
Para cantar qualquer coisa
Essa dupla não reluta,
Mais ou menos como segue
Foi começada a disputa.
* * *
Mangabeira
Há quem diga que museu
É que vive do passado.
Mas neste mundo moderno,
Cada vez mais avançado,
Vejo o homem mais confuso,
Como um velho parafuso
Por si próprio desgastado.
Curió
Com a ciência a seu lado
E a tecnologia,
Descobertas importantes
A gente vê todo dia,
Mas o homem não supera
Dentro dele a besta-fera
Do crime e da covardia.
Mangabeira
Com tanta sabedoria,
Com toda a sua potência,
O homem não se supera
Nessa brutal violência
Que de maneira infeliz
Domina todo o país,
Com a total resistência.
Curió
O crime e sua influência
Em nossa sociedade
É matéria tão comum
Que virou banalidade.
Perante a situação,
Hoje em dia o cidadão
É quem vive atrás da grade.
Mangabeira
Não se tem mais liberdade,
O povo vive acuado,
Para proteger a casa
De ferro eu vivo cercado;
Do portão para a janela
Nossa casa virou cela,
E o bandido solto ao lado.
Curió
Hoje, o crime organizado
Toma conta do Brasil,
A polícia não se entende,
Militar com a civil:
Enquanto a revolta assola
A política usa pistola,
O ladrão usa fuzil.
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