ALEXANDRE GARCIA

DEMOCRACIA E ALIENAÇÃO

Praça dos Três Poderes e Esplanada dos Ministérios, em Brasília

Praça dos Três Poderes e Esplanada dos Ministérios, em Brasília

O Datafolha perguntou a pouco mais de 2 mil pessoas, em 147 municípios, que regime preferem: democracia ou ditadura. Pois 140 disseram preferir ditadura, e 360 responderam que “tanto faz”. O resultado da pesquisa revela que apenas 71% preferem democracia, 7% preferem ditadura e 18% não se importam com o tipo de regime. Se a pesquisa representar a população brasileira, temos apenas 71 em cada 100 brasileiros com mais de 16 anos a preferir a democracia. Creio que, mesmo desses, não sejam todos os que realmente saibam o que é uma democracia, mesmo porque neste país a prática da democracia ainda é um arremedo. Democracia, por aqui, é mais rótulo que prática.

Os que estão satisfeitos com a “democracia” brasileira pensam assim porque não conhecem a prática e nunca a exerceram. Só poder votar não é democracia, embora seja um sinal dela. Na democracia tem de haver contato entre o representante e o representado, o que é raro por aqui. O eleitor logo esquece em quem votou. Não acompanha a atuação do seu vereador, deputado ou senador. E ainda há chefes de Executivo que, depois de eleitos, se distanciam de seus eleitores e se vingam dos que votaram em seu adversário. Nos Legislativos, os debates estão parecidos com brigas escolares, tal a puerilidade e ausência de argumentos. Os assuntos são abstrações, bobagens em geral, longe das grandes questões.

Uma nação não se valoriza e nem se torna respeitada se seus representantes agem como figuras caricatas, que conseguiram votos de quem não se importa com o destino de seus filhos e netos, como esses 18% para quem tanto faz democracia como ditadura. Os 7% a favor de ditadura certamente não sabem o que é uma ditadura, onde o povo não tem voz nem liberdade. No entanto, esses eleitores contribuem para, com seu voto, dar mandatos a pessoas que não estão dispostas a pensar nos direitos alheios, apenas nos seus interesses, em geral financeiros.

Quando se escolhe um homem público para gerir nossos impostos e a prestação de serviços públicos para todos, idealmente o escolhido deveria ser altruísta, desprendido, disposto ao sacrifício pessoal. No entanto, o que vemos são pessoas enriquecendo depois de eleitas e conseguindo privilégios para seus amigos e parentes. Acontece na democracia, mas é muito pior numa ditadura. Churchill disse que “a democracia é a pior forma de governo, exceto por todas as outras formas que já foram tentadas na história”. Só que para praticar democracia aqui no Brasil é preciso ensinar o que é democracia e mostrar as consequências da alienação.

DEU NO X

RODRIGO CONSTANTINO

SÓ EM DITADURAS NÃO SE PODE CRITICAR AUTORIDADES

Gilmar Mendes

O ministro do STF, Gilmar Mendes, entrou com uma representação na Polícia Federal contra um homem que o abordou no aeroporto de Lisboa. Ele foi identificado como Ramos Antonio Nassif Chagas, servidor do INSS. O homem disse a Gilmar: “Você e o STF são uma vergonha para todo o Brasil e para todo o povo de bem; infelizmente, um país lindo como o nosso está sendo destruído por pessoas como você”.

Trata-se claramente de uma opinião pessoal, que qualquer democracia protege como liberdade de expressão. Se o ministro se sentiu ofendido em sua honra, há mecanismos legais para um processo. Mas os advogados de Gilmar vão pedir uma investigação criminal. Segundo o ministro, a abordagem teve a intenção de intimidá-lo e “desestabilizar o funcionamento da instituição”.

Aqui já estamos na seara de regimes tirânicos. Nestes é que toda crítica ou opinião contrária ao sistema vira automaticamente “ataque às instituições”, passível de punição criminal e uso da polícia. A PF virou uma polícia política a serviço dos ministros do STF. Os policiais agem como capangas para intimidar críticos dos ministros, o que só ocorre em ditaduras como a de Putin, Xi Jiping ou Maduro.

E a coisa está sendo banalizada. Segundo a revista Oeste, o brasileiro Alexandre Kunz, que confrontou o ministro Barroso durante uma palestra em Oxford, foi intimado pela PF e deve prestar depoimento virtual. Kunz mora na Inglaterra há mais de dez anos e tem passaporte britânico. Segundo a PF, o processo tramita em sigilo no STF. Em suas redes sociais ele postou: “Fui intimado pela PF!! Qual animal eu perturbei? (seguido dos desenhos de uma baleia e uma lula). Nem no Brasil eu moro. Vergonha”.

Flavio Gordon comentou: “Mandar a polícia federal ir atrás de críticos é um claro ABUSO DE AUTORIDADE. É crime contra a administração pública”. João Luiz Mauad também escreveu sobre os casos:

A mesma PF, que há pouco decidiu arquivar o inquérito sobre o imbróglio no aeroporto de Roma, porque os “crimes contra a honra” não se encaixam em nenhuma das hipóteses de extraterritorialidade jurisdicional previstas na lei brasileira, agora resolveu “investigar” dois outros casos semelhantes. Eu coloquei as aspas porque está claro que o objetivo não é investigar, afinal as cenas estão gravadas em vídeo, mas intimidar as pessoas para tentar evitar que novos casos semelhantes ocorram. Em outras palavras: suas excelências estão incomodadas com esse tipo de abordagem. Não seria surpresa se, de agora em diante, interpelar autoridades em público, inclusive no exterior, passasse a ser considerado, também, crime contra a democracia…

Ironicamente, no aniversário do contragolpe militar de 1964 que impediu a vitória comunista no país, Gilmar Mendes comentou: “A luta contra o abuso de poder é também a luta da memória contra o esquecimento. Hoje e sempre, é preciso recordar o golpe de 1º de abril de 1964 e suas gravosas consequências para o desenvolvimento institucional do Brasil. É fundamental que, ao registrarmos a passagem dessas seis décadas, rememoremos as violências e as violações cometidas, a fim de que tal estado de coisas jamais se repita. Ditadura nunca mais!”

Seria até cômico, não fosse tão trágico. Enquanto isso, pressionado pelo mundo todo e até pelo companheiro Lula num teatro chinfrim, Maduro diz que a Venezuela tem o melhor sistema eleitoral do planeta. Agora sim, ele vai finalmente ser punido por Fake News em algum inquérito do nosso STF. Afinal, todos sabemos que o sistema venezuelano é o segundo colocado, já que o melhor mesmo é o nosso. Podem perguntar para o Barroso…

DEU NO X

DEU NO JORNAL

JOSÉ DIRCEU NO SENADO

Leandro Ruschel

ImagemJosé Dirceu participa de ato no Senado pela “defesa da democracia”; faz sentido

Ele foi treinado por Cuba para militar no Brasil pela implementação de uma ditadura comunista. Vivendo na clandestinidade ao longo da década de 70, contou à esposa quem era no dia seguinte à aprovação da Lei da Anistia (79), abandonando a família e voltando à Cuba para desfazer a cirurgia plástica que havia o ajudado a esconder sua identidade.

Nas décadas de 80 e 90 ajudou a construir o PT, sendo um dos seus principais estrategistas, chegando ao cargo de Ministro Chefe da Casa Civil com a eleição de Lula, em 2002. Ele era cotado para ser o sucessor de Lula, quando explodiu o escândalo do Mensalão, que acabou levando à sua renúncia e cassação do seu mandato como deputado federal, em 2005.

Em 2012, foi condenado pelo Supremo por corrupção ativa como um dos líderes do esquema de compra de votos no Congresso. Teve uma segunda condenação, por formação de quadrilha, revertida por um questionável recurso de embargos infringentes.

Foi preso em novembro de 2013 para cumprir a sentença, mas solto por decisão do ministro Barroso em outubro de 2014, para cumprir o resto da pena em casa.

Voltou a ser preso em agosto de 2015, na operação Lava Jato, por desvios na Petrobras. Foi condenado a 23 anos por corrupção passiva, vantagem indevida e lavagem de dinheiro em maio de 2016.

Em março de 2017, foi condenado novamente em outro caso investigado pela Lava Jato, por corrupção e lavagem de dinheiro, agora a 11 anos.

Em abril de 2018, o TRF-4 aumentou suas penas para 30 anos de prisão. Após julgamento do seu último recurso em segunda instância, ele voltou a ser preso em junho do mesmo ano. Em maio de 2019, ele foi solto pelo Supremo por um Habeas Corpus de ofício (!) apresentado pelo ministro Dias Toffoli, numa votação 3×2, em que votaram pela soltura Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski.

Resumindo, além de ser um corrupto condenado 3 vezes, Dirceu passou a vida defendendo a implementação de uma ditadura de esquerda. Hoje, foi convidado para uma ato “pró-demcracia” no Senado brasileiro.

Em seu discurso, disso que “a democracia brasileira está em risco porque não se fizeram reformas estruturais para proporcionar uma democracia social”. Ele explica que democracia social seria “desconcentrar a renda, riqueza e a propriedade”, eufemismo para a expropriação. Ou seja, deixa claro que continua sendo um comunista.

Enquanto Dirceu, corrupto condenado e apologista de ditaduras é tratado como “defensor da democracia” no Congresso, senhoras de 70 anos e outras pessoas comuns são condenadas a 17 anos de cadeia, em processos sumários, por “tentativa de golpe de estado”, por protestar contra um sistema que protege tipos como Dirceu e seus companheiros.

Não é possível deixar mais claro o que está acontecendo no Brasil.

COMENTÁRIO DO LEITOR

VÃO PEDIR PENICO

Comentário sobre a postagem VISITA DE MACRON REFLETE A HIPOCRISIA DA GUERRA EUROPEIA CONTRA O AGRO BRASILEIRO

Roque Nunes:

Pode até parecer coisa de louco o que vou falar.

Basta deixar de vender para a União Europeia.

Se eles boicotam nosso agro por causa da extrema competência do agricultor brasileiro.

Só parar de vender para eles.

Eles precisam do agro brasileiro, e não o seu contrário.

Deixem de vender.

Em uma semana pedem penico.

RLIPPI CARTOONS

DEU NO X

DEU NO JORNAL

PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

HINO À RAZÃO – Antero de Quental

Razão, irmã do Amor e da Justiça,
Mais uma vez escuta a minha prece.
É a voz dum coração que te apetece,
Duma alma livre, só a ti submissa.

Por ti é que a poeira movediça
De astros e sóis e mundos permanece;
E é por ti que a virtude prevalece,
E a flor do heroísmo medra e viça.

Por ti, na arena trágica, as nações
Buscam a liberdade, entre os clarões;
E os que olham o futuro e cismam, mudos,

Por ti, podem sofrer e não se abatem,
Mãe de filhos robustos, que combatem
Tendo o teu nome escrito em seus escudos!

Antero Tarquínio de Quental, Ponta Delgada, Portugal (1842-1891)