Neste ano de 467 d.S. (depois do Sardinha), ou 2023 d. C (depois de Cristo), como os ocidentais preferem chamar, estava bispando as redes sociais, assuntando as comemorações do dia da independência do Brasil – Pindorama para os nativos caetés como eu, e bugres das demais nações botocudas -, e percebi o que todo mundo percebeu e comentou: a falta de povo nas ruas para aquilo que se chama de data cívica, ou o marco de separação política entre Brasil e Portugal, lá no longínquo ano de 1822, ainda que o decreto de independência tenha sido assinado pela Princesa Regente, Dona Maria Leopoldina, da casa de Habsburgo. Como todo brasileiro gosta de fantasiar, creditaram ao príncipe cagão, Dom Pedro e à data 7 de setembro, o marco da independência.
Explico o cagão. Dizem as más línguas que o príncipe Dom Pedro estava com a maior diarreia quando as cartas das Cortes Portuguesas e a carta de dona Maria Leopoldina chegaram a ele. Essas mesmas más línguas dizem que ele estava se obrando em uma moitinha quando leu as cartas, subiu no seu jumento – isso mesmo, quele quadro do Pedro Américo é apenas uma fantasia que quis comparar Pedro a Napoleão, montando em um cavalo garboso -, e gritou o seu famoso “Independência, ou morte!”. Mas, a independência já era favas contadas desde o dia 2. Ou seja, o Brasil deve sua liberdade a uma mulher que adotou esta terra como sua e a amou com um amor incontido, a ponto de ir contra a sua própria família, na Áustria, e assinar o decreto de emancipação do país.
Mas o 7 de setembro deste ano de 2023, confesso, arrepiou-se-me até os cabelinhos que ficam perto do ossinho do mucumbu, justamente pelas contradições evidentes que foram mostradas pelos meios de comunicação, sejam os domesticados a custo de verbas “più grassa”, ou aquelas ovelhas rebeldes que ainda não receberam um cala boca em dinheiros, ou em ordem judicial. E, pelo andar da carruagem, ainda neste ano receberão, vindo do Executivo, na forma de verba publicitária, ou do judiciário, na forma de decisão monocrática para não tratarem sobre determinados assuntos. Só faltam escrever: “de ordem superior fica proibido….”. Só isso, porque o resto, nada mais nos desassemelha a uma Cuba, Coreia do Norte, ou Venezuela, em termos de autoritarismo.
O presomente, digo, presidente de plantão, em um discurso um dia antes do fatídico sete de setembro disse que essa data foi apropriada pelos militares e que pretendia devolvê-la ao povo. Estranho! O que se viu no dia sete foi justamente o seu contrário. Faltava povo e sobrava militares das três Frouxas Armadas, seja no palanque de “otoridades”, ou mesmo nas ruas desfilando. Mal sinal. Como dizia o saudoso general Reinaldo Melo de Almeida, “isso é fumaça de cacique”. Alguma coisa errada não está certa, ou existe algo fora do lugar.
Já disse e repito, e Violante Pimentel pode atestar isso de escritura lavrada e passada em cartório. Não faço exercício de futurologia, mas sei muito bem ler o passado. E o passado de ontem me deixou com um gosto não muito bom de banana verde na boca, ou de macaúba passada. E esse gosto está justamente na falta de povo na dita data cívica. Até parecia aqueles desfiles que ocorriam na União Soviética debaixo de um frio de menos 30 graus. Só que lá, quem não comparecesse iria quebrar pedra na Sibéria por uns trinta anos, para aprender a ser cidadão.
Os meios de comunicação, sejam os adestrados, ou os rebeldes foram unânimes em mostrar a falta de povo nesse evento tão decantado e louvado. Mesmo anunciando que o governo iria distribuir pão com mortadela, um ki-suco, e uns trocados para a indiaiada, além de coagir servidores da nação a participarem do evento, sob pena de perderem a boquinha de um cargo público, ainda assim o recado parece ter sido dado de forma clara e objetiva. Foi um vexame de proporções oceânicas. Penso até que a raiva deles é que aqui não existe uma cidade como Yakustky, na Sibéria, onde, quando muito faz calor chega a menos 19 graus Celsius, mas geralmente a temperatura fica entre menos 35 e menos 60 graus Celsius. Se houvesse, iria faltar oca para deportar tanto Nhambiquara que ousou deixar de participar daquele evento e demonstrar que é cidadão de fato.
O que se viu no desfile da oca federal foi um palanque em que o presomente, a primeira gastadeira do país, estavam rodeados de melancias, de espertalhões, de políticos que estão cagando e andando para o país e de uma plateia amestrada a soldo de uns caraminguás que saiu das burras de todos os otários pagadores de impostos. Ainda assim, não foi suficiente para não se deixar de fazer comparações com aquela feita no ano de 2022. E, digo que essa comparação me arrepia, não por causa de um patriotismo rastaquera, ou um ufanismo acaciano. Já disse, sou caeté. O meu negócio é o honorável Bispo e suas carnes. O que passa fora de minha taba, faço igual aos meus doguinhos. Cago e ainda dou umas patinhadas de terra em cima, para aliviar o cheiro.
Mas, o recado foi dado, e, apenas se existir brasileiro, ou canalha demais, ou ingênuo demais, é que não vai perceber. Como eu não acredito na segunda hipótese, ainda que acredite no Anhangá, no Curupira e na Mãe-D’água, ainda assim, não sou canalha, muito menos ingênuo. E, para aqueles que não o compreenderam em toda a sua extensão, este foi o recado dado: Governo sem apoio popular não dura muito tempo! Até o final desta quadra de 2023 acontecimentos bastantes interessantes ainda virão, para o bem, ou para o mal de Pindorama. Quem viver verá, ainda que seja apenas uma análise vagabunda e descompromissada com os fatos, como o que estou fazendo.