Confere produção??😂😂 pic.twitter.com/J7ipxX6Jho
— Elisa Brom (@brom_elisa) September 3, 2023

Mauro Cid e os presentes de Jair Bolsonaro
A reação perplexa do advogado do tenente coronel Mauro Cid, quando assistia a um programa de televisão e via entrar no ar uma versão totalmente diferente da realidade faz com que a gente volte ao assunto dos presentes recebidos por um Presidente da República.
Vocês devem estar lembrados que o doutor César Bittencourt divulgou um telefonema que ele deu para uma repórter dizendo: olha, o que vocês estão dizendo aí, não aconteceu nada disso no depoimento de Mauro Cid. Não tinha nada a ver com a realidade.
Mas, voltemos aos presentes. Por que a gente está discutindo isso? Primeiro lugar, o artigo quinto da Constituição, num de seus incisos, diz que só há crime se houver uma lei anterior, tipificando esse crime. E uma lei anterior dizendo qual é a pena para esse crime.
* * *
Presidente não é agente público
Não é o caso de presentes presidenciais. A lei fala em agentes públicos, e o Presidente da República não é um agente público. Segundo lugar, havia normas para isso. Havia um decreto, mas o decreto tratou apenas de documentos do Presidente da República. É o Decreto 4.344 de 2002. Falei documentos e também presentes tridimensionais.
O TCU diz que está tratando en passant do assunto de presente presidencial. O ex-presidente Michel Temer numa entrevista à Veja, diz o seguinte, que é muito difícil distinguir o que seja pessoal ou não no presente.
Por exemplo, uma gravata, um relógio que a Presidência da República, o Palácio do Planalto não tem pulso pra usar um relógio, a menos que seja um relógio de parede, relógio de pé, relógio como esse que jogaram no chão lá no Palácio do Planalto, aí é claramente patrimônio nacional. Agora objetos de uso pessoal, já, não existe lei a respeito disso.
* * *
Presidentes costumam receber presentes, diz TCU
Nos últimos dias, eu conversei com o ministro do TCU, Tribunal de Contos da União e com ministro do Superior Tribunal de Justiça. E os dois me disseram a mesma coisa. O máximo que existe foi uma auditoria feita no TCU e olha só o que a auditoria encontrou.
O relator dessa auditoria, ministro Walton Alencar Rodrigues. Ele disse que nos governos Lula e Dilma, de 2003 a 2016, e em 1073 presentes, só 15, foram para o patrimônio. Separou-se 361 camisetas, gravatas, mais bonés, chinelos, perfume e ainda restam 712.
Lula com 568 presentes, nove foram para o patrimônio. Dilma de 114 presentes, seis foram para o patrimônio. E aí a auditoria diz que há falha nos registros, porque tem um setor no Palácio do Planalto. Mas o setor é o arbítrio.
Olha, isso aqui é pessoal? Não, não é pessoal. Olha: esse colar, é pessoal? Não é pessoal? É porque a gente quer vender, então vende isso aí é pessoal, foi para vocês. Eu costumo dizer, perguntem pro potentado árabe, pra quem ele deu, se foi para a República Federativa do Brasil ou se foi para a Senhora Michele, para o Senhor Bolsonaro.
Aí, vejam só, a auditoria diz que de 2010 a 2016 desapareceram 4.564 itens do patrimônio da União localizados na Presidência da República. Dá dois por dia. Isso tá na auditoria do Tribunal de Contas da União. Só para a gente pensar a respeito.
* * *
Dona Dirce foi solta, mas continua prisioneira
Bom, outro assunto, a última prisioneira na cadeia, atrás das grades em presídio, ela continua prisioneira, ela continua tendo que se apresentar toda segunda-feira ao juiz de Rio do Sul, Santa Catarina; tem que usar tornozeleira eletrônica, não pode sair à noite, não pode sair em fins de semana.
Ela é uma vovó de dois netinhos, tem 55 anos, é dona Dirce Rogetti. Está lá, estava quase 8 meses atrás das grades. Uma mulher. Eu imagino o que deva ser de alívio para o Supremo, porque é um ônus muito grande, de algo discutível sobre juiz natural, sobre devido processo legal, sobre essa prisão em massa, sobre tudo isso, né?
Sobre a individualização do delito, sobre as provas, é uma coisa complicadíssima. Eu acho que nós vamos passar muitos anos discutindo esse episódio, de todos os lados. A depredação das sedes dos Três Poderes, a vulnerabilidade da sede dos Três Poderes e a reação do estado brasileiro.
No ano passado, a Ucrânia foi o “assunto do momento” por alguns meses. Quando as coisas começaram a não acontecer do jeito que a midia dizia que ia acontecer, o assunto foi jogado para baixo do tapete. Mas a guerra continua, porque esse danado do bicho-homem que se acha o animal mais inteligente de todos não sabe viver sem guerra. Vamos ver como estão as coisas por lá:
* * *
A realidade na Ucrânia – Por Chuck Baldwin
Aqui está a realidade na Ucrânia: a guerra é um desastre completo, e os neocons americanos que começaram e prolongaram esta guerra para seus próprios propósitos egoístas (do mesmo modo que eles começam todas as guerras dos EUA para seus próprios propósitos egoístas) destruíram ainda outro país e mostraram-se (para quem está prestando atenção) sedentos por sangue, ambições tirânicas e corações sem alma.
Fontes da Ucrânia (não da Rússia), têm alertado que o país está à beira do colapso. Não há absolutamente nenhuma maneira de a Ucrânia ganhar alguma coisa. É por isso que Zelensky está tão desesperado para arrastar a OTAN para a guerra; ele sabe que eles não podem retomar o Donbass nem derrotar a Rússia. Os neoconservadores americanos esperavam enfraquecer a Rússia para que pudessem arquitetar algum esquema para justificar o ataque.
Há rumores por trás da cortina agora que um acordo de paz deve ser fechado ou a Ucrânia entrará em colapso, se suas próprias tropas não se rebelarem e assassinarem Zelensky por sua especulação e massacre de seu próprio povo.
O Wall Street Journal em 23 de julho escreveu: “Oficiais militares ocidentais sabiam que Kiev não tinha todo o treinamento ou armas – de projéteis a aviões de guerra – necessários para desalojar as forças russas. Mas eles esperavam que a coragem e a desenvoltura ucranianas levassem a melhor”.
O fato de isso ter aparecido na imprensa mostra que há descontentamento por trás da cortina. Tudo o que ouvimos até agora são mentiras sobre como a Rússia é fraca e perdedora. Isso é precisamente o oposto da verdade e isso é informação vinda da Ucrânia – NÃO da Rússia. Zelensky manteve uma falsa imagem de vitória apenas para manter o dinheiro fluindo para a Ucrânia. A população da Ucrânia era de cerca de 36 milhões antes da guerra. Pelo menos 500.000 estão mortos e o número real de ucranianos que fugiram de suas casas pode agora ultrapassar 10 milhões. Zelensky destruiu seu país por causa do Donbass, que nunca foi território ucraniano nem ocupado por ucranianos.
A tentativa de Zelensky de fazer a OTAN iniciar outra guerra europeia pela Ucrânia sempre foi pura fantasia. A verdade é: a OTAN é uma casca vazia. A única razão pela qual ainda existe é fornecer uma plataforma para os Estados Unidos travarem suas guerras por procuração na Europa. Sem a ajuda dos dólares dos contribuintes americanos e do equipamento e munições militares dos EUA, a OTAN desapareceria – e é exatamente isso o que deveria acontecer.
Um pequeno punhado de republicanos no Congresso está lutando bravamente para retirar o financiamento dos EUA à guerra na Ucrânia. Eles estão lutando uma batalha perdida, no entanto (pelo menos agora), porque a grande maioria dos republicanos é controlada pelos neoconservadores sedentos de guerra – ou devo dizer famintos por dinheiro, porque nada fornece mais riquezas aos incitadores de guerras do que, bem, a guerra.
E aqueles nos EUA que pensam que a guerra na Ucrânia está prejudicando Moscou, eles também estão vivendo em um mundo de fantasia. A economia russa cresceu desde que os EUA se enfiaram neste conflito. O rublo atingiu seu nível mais forte em sete anos em 2022, e os parceiros comerciais da Rússia se multiplicaram exponencialmente, assim como suas alianças políticas.
Eu sei que a propaganda da mídia ocidental não vai te dizer isso, mas o fato é que a maioria das nações do mundo apoia a Rússia no conflito ucraniano. O envolvimento dos Estados Unidos na guerra na Ucrânia levou milhões de pessoas e dezenas de países à órbita de influência da Rússia.
A Ucrânia é outro exemplo trágico do que acontece com os países quando eles tolamente permitem que egocêntricos e loucos pelo poder assumam o controle de uma nação. Com o tempo, todos esses líderes, se permanecerem no poder, transformarão seus próprios países em desastres completos – ao custo de um número incontável de mortes de seus próprios cidadãos.
É exatamente onde a Ucrânia se encontra hoje.
Lembre-se, também, que tudo isso foi facilitado (e planejado) pelos incitadores de guerras neocons / neoprogressistas em Washington, DC
Sem mencionar que Joe Biden está obcecado em garantir que a guerra na Ucrânia não acabe, porque ele provavelmente sabe que Zelensky tem segredos escondidos contra os Bidens que Joe não pode deixar serem revelados.
“Desastre completo” não se aplica apenas à Ucrânia, mas também à presidência de Joe Biden.
Que trabalho maravilhoso do deputado Nikolas Ferreira, ele consegue atrair uma multidão de jovens. É um exemplo 👊🇧🇷 pic.twitter.com/GvTxTT1ibX
— Luli (@crisdemarchii) September 2, 2023
Roberto Motta
A maioria dos argumentos a favor da liberação ou “descriminalização” das drogas é facilmente rebatida. A desmistificação completa dessas falácias está no capítulo O Tapa na Pantera do meu livro A Construção da Maldade: Como ocorreu a destruição da segurança pública brasileira. Um desses equívocos é a crença de que a liberação das drogas acabaria com o tráfico, como se os traficantes fossem empreendedores de bom coração, que só estão esperando uma oportunidade para abrir uma empresa e contratar seus soldados como funcionários de carteira assinada.
Outros, ingenuamente, defendem liberação combinada com regulamentação. Mas somos o país das regulamentações. Temos, inclusive, leis que proíbem a venda de drogas. Basta ir a qualquer comunidade, favela ou “quebrada” para verificar que essa lei não vale quase nada. Então é preciso perguntar: se o sujeito vende drogas hoje – quando isso é considerado crime – por que esse mesmo indivíduo iria respeitar uma futura regulamentação?
Não faz nenhum sentido.
Quase metade dos cigarros comercializados no Brasil têm origem no contrabando. São cigarros ilegais. Cigarro é uma mercadoria altamente regulamentada. No Brasil também se vende medicamentos falsificados – o sujeito monta uma fábrica para produzir uma embalagem igualzinha à do remédio original, mas, em vez do princípio ativo, a cápsula contém farinha de trigo e açúcar. Existe também um mercado de peças automotivas falsificadas: o “empreendedor” – o criminoso – compra uma peça usada no ferro-velho, ou a retira de um carro roubado, faz uma maquiagem, coloca a peça em uma embalagem igual à de fábrica e a vende como se fosse uma peça nova.
Vivemos em um país onde existem quadrilhas especializadas no furto de combustível de oleodutos. Os tubos são perfurados e a gasolina é transferida para um caminhão tanque e depois vendida para postos.
Estima-se que 17% da criminalidade armada no estado de São Paulo envolva o roubo de equipamentos eletrônicos, principalmente telefones celulares. Uma rede de receptadores está sempre disponível para comprar um celular roubado, pagando na hora, em dinheiro vivo.
Todos esses mercados – de cigarros, medicamentos, autopeças, combustíveis e celulares – são altamente regulamentados. Isso não impede a existência de mercados ilegais dessas mercadorias.
É lógico e evidente que, uma vez estabelecido um mercado de maconha regulado, fiscalizado e taxado, continuará existindo um mercado ilegal de maconha, que não cumpre nenhuma regulamentação e não paga impostos. Esse mercado ilegal – também conhecido como tráfico de drogas – poderá até aumentar, porque um número maior de pessoas experimentará a droga e irá procurar uma alternativa mais barata e mais forte do que a maconha vendida com nota fiscal.
Foi exatamente isso que aconteceu na Califórnia, como mostra uma reportagem do New York Times (que não é propriamente um jornal conservador) publicada em abril de 2019, cuja manchete é “Piorando, Não Melhorando: Mercado ilegal de maconha está crescendo na Califórnia apesar da legalização”. A mesma coisa aconteceu no Canadá: mesmo depois da legalização da maconha, 75% dos consumidores continuavam comprando a droga vendida pelo tráfico.
Resta agora lidar com o principal argumento usado pelos defensores da “descriminalização do porte de maconha para consumo próprio”. Esses defensores alegam que seu objetivo é proteger o dependente químico e evitar que ele acabe na prisão. “Dependência química é uma questão de saúde”, eles dizem, “e deve ser resolvida com tratamento, não com prisão”. A intenção da “descriminalização”, seria, então, proteger o usuário.
Vamos testar se a intenção é essa mesmo?
Eu faço a seguinte proposta: vamos acabar com todas as punições para o usuário. Ficaria liberado o consumo de qualquer tipo de droga, na quantidade que o usuário resolver consumir. Mas há uma condição.
A repressão ao tráfico de drogas tem que ser endurecida ao máximo. As penas para os traficantes seriam aumentadas e aplicadas com total rigor. O criminoso condenado por tráfico de drogas deveria estar sujeito a uma pena mínima de 20 anos de prisão (podendo chegar até 40 anos) sem qualquer possibilidade de progressão de regime ou de qualquer outro benefício.
Nada vai acontecer com alguém flagrado consumindo drogas. Mas o sujeito flagrado traficando drogas tem que ficar em uma cela no mínimo 20 anos. Essa é a proposta: consumo liberado, pena duríssima para o tráfico.
Com as palavra, os defensores da “descriminalização”.
A mudança na política de distribuição de lucros custará caro à Petrobras, com fuga de investidores, e principalmente ao governo, que mata a galinha dos ovos de ouro que só nos últimos três meses garantiria R$ 31,3 bilhões em dividendos aos cofres públicos.
Essa perda é o que o governo deixa de receber, como acionista majoritário, correspondente ao corte de 64,9% na distribuição dos lucros aos acionistas.
No segundo trimestre de 2022, a Petrobras distribuiu US$ 9,7 bilhões (R$ 48 bilhões).
O ex-senador do PT Jean Paul Prates anunciou “mudanças” na política de pagamentos de dividendos, após assumir o comando da estatal.
Após o novo comando da estatal aplicar as “mudanças”, os dividendos despencaram para US$ 3,4 bi (R$ 16,8 bilhões) entre abril e junho.
O governo brasileiro detém direito a receber cerca de 36,6% dos dividendos (lucros) da Petrobras de forma direta e indireta (via BNDES).
Os dividendos distribuídos pela Petrobras bateram recorde no ano passado: R$ 217 bilhões. Quase R$ 80 bilhões para os cofres públicos.
* * *
Vou ficar calado.
Chega se engasguei-se-me quando li essa nota aí de cima.
Deixo os comentários sobre esta acachapante notícia para os especialistas do JBF.
Mãos à obra!
Assustador, não é mesmo? Sempre que esse anúncio aparece no jornal, a matéria suscita em mim a versão cívica de um horripilante alerta meteorológico. Não busco refúgio num abrigo porque não existe algo assim para sinistros desse tipo. A sociedade brasileira, como tenho reiterado à exaustão, está totalmente desprotegida do Estado; invertendo os papéis, é ele que age para contê-la com os fartos meios e poderes à sua disposição. No Brasil, o Estado mata a galinha e a saboreia numa canja, gasta-lhe o ouro e faz travesseiro com suas penas.
A expressão “o STF formou maioria” é uma das muitas arapucas construídas pelas militâncias das redações. Ao afirmar que o STF formou maioria, elas sutilmente sugerem referir um processo democrático. Afinal, foi uma decisão “da maioria”, não foi?
Que maioria é essa? Maioria de onze, noves fora, dois? Placar contado antes da partida? Maioria de um colegiado que se declarou no exercício de função contramajoritária? Por que nunca é contramajoritária em relação à maioria que ele mesmo forma? Ah, pois é. Seria tão bom.
O Supremo, então, formou maioria para definir a quantidade de maconha que distingue o consumidor do traficante. O mesmo com as regras sobre armas e munições, com a “contribuição” que o sindicalizado não quis e não quer pagar, e por aí vai. Deve ser muito prazeroso poder decidir sobre quaisquer temas da sociedade, sair das “quatro linhas”, atravessar as arquibancadas, descer a rampa, estender o poder pelas praças e esquinas do país levando o apito no bolso. Aqui, tudo e todos “dependência” da Corte.
Agora, o STF está formando maioria (já está em quatro a dois), para transformar o Brasil numa concessão indígena aos invasores brancos. Pergunto-me porque, até hoje, ninguém propôs a concessão do título de Primero Invasor e patrono do MST a Pedro Álvares Cabral.
Não vou me debruçar sobre as óbvias consequências nem sobre as obscenas razões pelas quais o Congresso Nacional engole tantos sapos quantos lhe são enviados por seus vizinhos pelo lado direito. Basta olhar o mapa da Praça dos Três Poderes para entender qual o centro do poder. De um lado da praça, o Judiciário; de outro, o Executivo; no centro dela e na perspectiva do Eixo Monumental que atravessa o coração da república, erguem-se, acima de todos, as torres do Congresso Nacional. Este, segundo certo livrinho que talvez ainda circule por aí, é a representação da soberania popular e, se não me engano, tem certa relevância no processo político. O livrinho não fala em ingestão ou digestão de sapos.
Se pulo as consequências óbvias, não me furto de abordar as menos óbvias. O Brasil é um país de fronteiras abertas, solidário, acolhedor. Por suas divisas acolhe, aos milhares, venezuelanos, haitianos, colombianos, bolivianos, uruguaios. Todos são bem-vindos a esta terra de promissão. Sabe quem não é bem acolhido no Brasil, na perspectiva que orienta decisões sobre terras indígenas? Os brasileiros, os desalmados invasores do paraíso perdido. Especialmente os que não subscrevem nem compartilham as teses da esquerda. As mesmas, aliás, que influenciam os vitoriosos placares no STF.
Editorial Gazeta do Povo
Desde a campanha do ano passado até agora, oito meses após a posse, o presidente Lula coleciona várias declarações públicas em assuntos de economia que, juntadas às falas de alguns ministros e parlamentares apoiadores do governo, produzem um conjunto de afirmações cujas partes conflitam entre si e agridem a mais elementar lógica econômica. Entre tantas declarações conflitantes, algumas são repetidas com certa insistência, a começar pela fala de Lula que, enquanto houver pobres, não haveria sentido em fixar teto para os gastos do governo. Essa foi a razão invocada por Lula para propor e conseguir, no Congresso Nacional, a revogação da lei do teto de gastos fixada no governo Temer.
Outra declaração de Lula, repetida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é a de que o déficit público não é um problema e que seu governo iria colocar o pobre no orçamento. Isoladamente, a ideia embutida nas declarações (ajudar os pobres) é positiva e, como objetivo, está correta. Para um pobre que ouve essas declarações, soa como se o governo fosse aumentar os gastos direcionados aos pobres sem se limitar ao teto fixado na lei, que foi revogada. É o mesmo caso do déficit público: as falas sugerem que o déficit será feito porque o governo vai gastar o valor equivalente com os pobres de algum modo e que, por isso mesmo, o déficit não tem consequência negativa.
Houve também declarações públicas do ministro Haddad, que o tempo todo ameaça aumentar impostos existentes ou criar tributos novos, como tributar dividendos, aumentar o imposto sobre herança (que é de competência estadual, não federal), criar imposto sobre grandes fortunas, tributar as empresas off-shore (aquelas que são montadas por brasileiros fora do Brasil) etc. O ministro Haddad, fiel ao estilo do chefe Lula, usa o mesmo argumento: colocar o pobre no orçamento, o que nada mais é que uma frase de efeito, um engodo, como se o orçamento público no Brasil nunca tivesse gastado dinheiro com programas direcionados aos pobres e como se realmente fosse assim que o governo gasta quando aumenta tributos.
Vale lembrar a fala de José Sarney, que assumiu a Presidência da República em 1985, na qual ele reclamava que a carga tributária naquele momento era de 21% sobre o Produto Interno Bruto (PIB), quando poucos anos antes chegara a 25% do PIB, para então concluir dizendo que, se a carga tributária nacional aumentasse quatro pontos e retornasse aos 25% do PIB, o governo venceria a pobreza. Pois a carga tributária cresceu ano a ano e hoje atinge 34% em valor efetivamente arrecadado pelos cofres públicos, sem que nem a miséria nem a pobreza tenham sido extirpadas, e a razão é simples: os aumentos tributários vão para sustentar as corporações mais bem remuneradas no setor estatal, inchar a máquina de governo, dar a servidores benefícios que o resto da população não tem, e fazer gastos que nem de longe melhoram a vida dos pobres e dos miseráveis.
A técnica de lançar declarações disparatadas e dizer que tudo é feito pelos pobres e para os pobres, além de mentirosa e desonesta intelectualmente, tem um propósito: colocar o rótulo de “inimigo dos pobres” na testa de quem argumenta contra as medidas que aumentam gastos, aumentam impostos, fazem déficits e, por consequência, aumentam cada vez mais a dívida pública. Um fenômeno que tem ocorrido com persistência no Brasil é a elevação da carga tributária, que nunca tem sido suficiente para cobrir os aumentos de gastos públicos; por isso, a dívida pública não cessa de crescer.
A combinação de mais impostos, mais déficits e mais dívida gera um conjunto de efeitos negativos de forma a castigar de forma mais cruel justamente aqueles que o governo afirma defender: os miseráveis, os pobres e os assalariados. Não é preciso malabarismo técnico para concluir que a tríade impostos, déficits e dívidas fomenta a inflação, reduz os fundos disponíveis no sistema bancário para financiar os negócios privados, provoca elevação da taxa de juros, diminui os investimentos privados, retrai a capacidade de investimento do governo, freia o crescimento do PIB, enfim, impede o país de crescer de forma saudável com estabilidade de preços, aumento do emprego e elevação da renda por habitante.
Quando esses efeitos chegam, os mesmos políticos populistas que defenderam as medidas responsáveis pelas consequências dedicam-se a xingar os bancos, os banqueiros, o “neoliberalismo” (que ninguém sabe bem o que é), a crise internacional, o Banco Central e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Adicionalmente, eles começam a propor aventuras como o calote na dívida pública interna e na dívida externa, o tabelamento de juros e, de novo, mais aumento de impostos. Em várias oportunidades esse foi o roteiro de campanhas feitas pelo PT e suas entidades-satélites, não esquecendo que a Argentina e seus governos populistas são os mais contumazes em seguir esse figurino desastroso.
O Brasil está às voltas com uma reforma tributária – já aprovada na Câmara dos Deputados, atualmente tramitando no Senado Federal –, cujo efeito em termos de aumento da carga tributária é desconhecido no mínimo por uma razão: as alíquotas do Imposto de Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) serão fixadas posteriormente, em lei complementar, sem que ninguém possa prever o que sairá disso. Historicamente, nunca houve reforma tributária que tenha reduzido a carga tributária e nada indica que será diferente agora. Ainda que ela traga o aspecto positivo de desmontar o hospício tributário brasileiro, as dúvidas são enormes. Neste momento, as atenções se voltam para o Senado Federal, que vem sendo pressionado de todos os lados para aprovar exceções e modificações sobre a estrutura da reforma recebida da Câmara dos Deputados. O país tem de ficar atento para não incorrer no risco de ter elevação substancial da carga de impostos, que hoje já é alta.