CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

WELLINGTON VICENTE - GLOSAS AO VENTO

REFÚGIO

Eu faço da poesia
Um reduto onde me acampo,
Para o meu ser vagar solto
Feito a luz de um pirilampo,
Bebendo orvalhos de amor
Na pétala da flor do campo.

Jr. Adelino

A minha emoção estampo
Em casa raiar do dia
Recebendo satisfeito
Tudo quanto Deus envia
E segurando nos punhos
Da rede da Poesia.

Wellington Vicente

DEU NO X

FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES - SEM OXENTES NEM MAIS OU MENOS

MEDO E DESEJO, ATORES SEMPRE PRESENTES

Nascido em 24 de janeiro de 1950 em Angers, pequena cidade a oeste da França, Jean-Yves Leloup é um teólogo, filósofo, terapeuta transpessoal, escritor e padre da Igreja Ortodoxa Grega. Tendo escrito inúmeros livros, dedica-se essencialmente à temática da espiritualidade cristã, mantendo diálogos fraternais com outras tradições religiosas, a exemplo do budismo. Em suas obras, trata sobre meditação e oração, sobre o amor, a paz, a morte e sobre as lições que podem ser apreendidas da tradição cristã oriental, que são comumente esquecidas pela parte ocidental, como o ensino dos antigos padres gregos e do Hesicasmo, uma tradição milenar que ensina a meditação e a oração no cristianismo. Leloup também é fundador de uma instituição que estuda as civilizações e dirige o Colégio Internacional dos Terapeutas.

O pensamento de Jean-Yves Leloup é inseparável de sua biografia. Sendo criado em um ambiente ateu, onde se acreditava que tudo o que existia era o mundo material e que nada havia depois da morte. Um dia, Leloup foi diagnosticado com morte cerebral através de uma ressonância magnética. Ele relata que, durante sua morte física, viu-se fora de seu corpo olhando para ele e que visitou um lugar onde tudo era silencioso. Assim, ao retomar à consciência, concluiu que ela podia habitar fora do corpo, em uma localidade onde reinaria infinita paz.

Por causa dessa experiência de quase morte, Leloup foi estudar Filosofia, buscando respostas para o que lhe havia acontecido. Em uma viagem a Istambul, começou a perceber os ícones de Jesus e Buda, pintados em igrejas e mesquitas. E questionava-se sobre Jesus Cristo e sobre sua singular característica de, conforme a tradição cristã, ser a síntese perfeita entre o divino e o humano, o tempo e a eternidade, e ainda ser compaixão, paz, lucidez e completude. Encontrou então, ainda em Istambul, um lugar pertencente à Igreja Grega, onde teve contato com um padre ortodoxo que o enviou para o Monte Athos, onde Leloup afirma ter, finalmente, encontrado o cristianismo.

O pensamento de Jean-Yves Leloup é poético, universalista e multidimensional. De acordo com Marie de Solemne, estudiosa de sua obra, a força das palavras de Leloup são sistematicamente alimentadas de uma só vez por três sementes: a filosófica, a psicanalítica e a espiritualidade. Por sua característica universalista, o pensamento de Leloup aceita pressupostos da astrologia, afirmando que o ser humano é uma parte do universo e que, portanto, é dependente dos astros. Assim, Leloup acredita que o homem é uma mistura de natureza e aventura, de modo a não ser radicalmente determinado pelos astros, o que o faz negar qualquer forma de determinismo.

Um de seus temas recorrentes é o deserto, que simboliza o silêncio, de onde vem e para onde volta a palavra e o vazio, de onde vem o mundo e para onde ele volta. Nele, entramos em contato com a origem de todas as formas. E também acredita Leloup que a ressurreição é algo possível. Ao ser perguntado sobre Deus, Leloup afirma que sua imagem é a imagem que cada um faz d’Ele, de acordo com a experiência particular, de modo que cada um tem sua religião de acordo com seu nível de compreensão. Assim sendo, para Leloup, a imagem de Deus pode mudar em cada mente, de acordo com o desenvolvimento de sua maturidade intelectiva.

Acredito piamente que o Jesus da História e o Cristo da fé devem ser amplamente reinterpretados e mutuamente reintegrados, favorecendo amanhãs evangelizadores mais fraternais e nunca dogmáticos, sempre solidários com os menos favorecidos, para que todos tenham vida plena e muito abundante nos quatro cantos do mundo.

PENINHA - DICA MUSICAL