JOSÉ DOMINGOS BRITO - MEMORIAL

OS BRASILEIROS: João Pernambuco

João Teixeira Guimarães nasceu em 2/11/1883, em Petrolândia, PE. Músico e primeiro compositor a criar um repertório de choros escritos especialmente para violão. Conhecido como “Poeta do Violão”, é coautor do clássico “Luar do Sertão”, junto com Catulo da Paixão Cearense, e de Sons de Carrilhão entre outros clássicos da música brasileira.

Filho de Teresa Vieira e Manuel Teixeira Guimarães, começou a tocar viola na infância, quando vivia no Recife, e foi influenciado pelos cantadores e violeiros de rua. Aprendeu a tocar violão com cantadores sertanejos como Bem-te-vi, Mandapolão, o cego Sinfrônio e Fabião das Queimadas. Em 1904, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi morar com uma irmã. Trabalhou em diversas atividades, incluindo a função de “calceteiro”, o operário que calça ruas. Pouco depois foi tocar na casa do senador Pinheiro Machado, que se tornou seu admirador e lhe arrumou um emprego como contínuo num almoxarifado, um serviço menos arriscado para as mãos de um violonista, propiciando-lhe mais tempo livre para se dedicar à música.

Em seguida mudou-se para uma pensão no centro da cidade e passou a conviver com vários amigos músicos violonistas, onde tocava e cantava músicas de sua terra. Vem daí o apelido João Pernambuco. Na pensão viviam Pixinguinha e Donga e era frequentada pelo violonista Sátiro Bilhar e pelo poeta Catulo da Paixão Cearense. Em 1908 já era considerado entre os grandes chorões e compôs, junto com Catulo, Engenho de Humaitá, que deu origem à toada Luar do Sertão. (1914). Mais tarde, Catulo registrou a música sem a coautoria de João Pernambuco. Mas, na disputa judicial Heitor Villa-Lobos, Pixinguinha e Almirante depõem a seu favor, passando a ter seu nome creditado.

Além de tocar, também cantava e montou o “Grupo Caxangá“, em 1914, com 7 integrantes, entre os quais Pixinguinha e Donga, lançando moda no Rio com sua caracterização sertaneja. Em 1916 montou o grupo “Troupe Sertaneja”, apresentando-se em São Paulo e Porto Alegre. Mais tarde, em 1922, integrou o grupo dos “Turunas Pernambucanos” e dos “Oito Batutas”, ao lado de Pixinguinha. De 1928 até 1935, morou num casarão da Av. Mem de Sá, que abrigava muitos músicos em concorridas rodas de choro, frequentada por gente como Villa-Lobos, que lhe arranjou um emprego como contínuo na Superintendência de Educação Musical e Artística (SEMA).

Suas composições eram de tal densidade e profundidade, que permaneceram na memória musical do País, como a música Sons de Carrilhões. Alguns músicos deixaram registrado depoimentos sobre sua obra: “Bach não se envergonharia em assinar os estudos de João Pernambuco” (Villa-Lobos); “João Pernambuco está para o violão assim como Ernesto Nazareth está para o piano” (Mozart de Araújo); “Dificilmente se encontra um violonista brasileiro, seja ele músico erudito ou popular, que não tenha em seu repertório alguma música do João… a mais legítima expressão do jeito brasileiro de tocar violão” (Maurício Carrilho). Foi João Pernambuco quem introduziu o chapéu de couro nordestino no cenário cultural brasileiro, cf. se vê na foto do verbete, a foto do verbete mostra que, antes de Lampião, ele já dobrava a aba frontal do chapéu pra cima

Faleceu em 16/10/1947, ano em que musicou os versos de Castro Alves, Canção do violeiro. Seu legado é composto por mais de 100 obras entre cocos, toadas, emboladas, choros e valsas. Sua presença na música brasileira é fundamental, visto que ele chegou ao Rio de Janeiro na época em que a cidade passava por um processo de modernização inspirado nas reformas urbanas que ocorrem em Paris. Na época o que prevalecia aqui era a música instrumental estrangeira e de ópera, particularmente a italiana. Os músicos populares eram vistos apenas nas salas de cinema e no teatro de revista.

Assim, a música popular passa a ser cada vez mais frequente, sobretudo com a ampliação das gravações fonográficas. Segundo os historiadores, neste contexto João Pernambuco se destaca pela divulgação de gêneros como a toada sertaneja e a embolada e por meio de sua atividade como professor de violão. É um dos protagonistas da geração que sistematizou o choro, um gênero musical próprio do Brasil. O violonista erudito Turíbio Santos tem se dedicado a recolher, publicar e tocar as composições de João Pernambuco desde 1970 e diz-se que seu arranjo para Sons de Carrilhão é uma virtuose.

Leandro Carvalho é outro violonista empolgado com sua obra. Em 1999 gravou o CD João Pernambuco, o poeta do violão pela gravadora Eldorado. No ano seguinte gravou o CD Descobrindo João Pernambuco pela gravadora Ritornelo Records e fez um mestrado na UFPE, com orientação de Ariano Suassuna, enfocando as obras do compositor. Pouco depois foi lançado por Baden Powell o CD João Pernambuco e o sertão, com uma coletânea especial. Como biografia sucinta, temos João Pernambuco: arte de um povo – de José de Souza Leal e Artur Luiz Barbosa, publicado pelo MEC/FUNARTE, em 1982.

DEU NO X

FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES - SEM OXENTES NEM MAIS OU MENOS

A FALTA QUE NELSON RODRIGUES FAZ

Atualmente, nos quatro cantos do país, a criticidade construtiva se encontra num dos mais baixos índices da História do Brasil, com as exceções que merecem entusiásticos aplausos, com destaque para o Jornal da Besta Fubana, coordenado pelo escritor Luiz Berto, que açoita sem dó nem piedade gregos e troianos, artistas e abiscoitados.

Entretanto, nos tempos atuais está fazendo uma falta danada um pernambucano que sabia como ninguém chicotear os bagos e os cus dos parangolés mentais, cretinos, fingidos, assassinos e genocidas, que ainda se fingiam de vítimas nos cenários pátrios.

Sabia bem, Nelson Rodrigues, a validade do pensar do economista sueco Gunnar Myrdal – “O pior subdesenvolvimento é o mental” -, bem como tinha consciência da reflexão do saudoso economista paraibano Celso Furtado – “O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos retângulos. Mas será que o triângulo é retângulo?”.

As últimas pesquisas brasileiras comprovam um brutal crescimento do analfabetismo funcional, produto direto de uma alfabetização capenga e uma ausência gigantesca do ensino dos cálculos aritméticos mais elementares, comprovando uma debilidade do ensino dos primeiros saberes por parte de professores também vítimas de um Curso de Pedagogia sem um mínimo de criatividade metodológica. Área muitas vezes frequentada por gente sem um mínimo cultural, recheada de mimimis e outras estrovengas mentais, tudo superado há muito tempo. Parecendo alunos sempre situados numa Caverna de Platão, apenas voltados para sombras, jamais vinculados a uma realidade amplamente evolucionária, sempre vitimados por salários de poucos reais, a mercê de estrepolias populistas de governantes fingidamente preocupados com o saber infantil e de empresários sabidões.

Para os leitores deste jornal fubânico, despertador de horizontes libertários, escolhi alguns pensares do Nelson Rodrigues, buscando favorecer um despertar militante de uma cidadania que ilustre gregos, troianos, negros, brancos e pardos, o gênero sexual não sendo levado em consideração, tampouco o pertencimento às áreas urbanas e rurais dos quatro cantos de um Brasil que necessita deixar de ser nulamente rabolátrico e densamente analítico. Encarecemos uns instantes de reflexão sobre cada frase do Nelson Rodrigues, individualmente, em família ou pequenos grupos, favorecendo uma enxergânca cívica capaz de sair do apenas futebol cbdbóstico para as instâncias verdadeiramente cidadãs, nunca autofágicas. Ei-las:

a. Toda unanimidade é burra.

b. A mulher que apanha e continua fiel não é séria, é burra.

c. Um subdesenvolvido não pode manter a sua dignidade sem o protesto. É o protesto, repito, que o salva, que o redime e que o potencializa.

d. O Brasil precisa se convencer de que não é um vira-latas.

e. Um idiota está sempre acompanhado de outros idiotas.

f. O canalha é sempre um cordial, um ameno, um amorável.

g. O justo, o correto, o exemplar é que assumíssemos a nossa ignorância e a confessássemos, lisamente.

h. Enquanto o homem não amar para sempre, continuaremos pré-históricos.

I. Estamos numa época em que as patifarias do sexo são promocionais.

m. Como é triste e, mesmo, vil a nudez que ninguém pediu, que ninguém quis ver, e que nenhum desejo explique.

n. Qualquer idiota sobe num paralama de automóvel, esbraveja e faz uma multidão.

o. Uns morrem de fome; outros vivem dela, com generosa abundância.

p. Há sujeitos que nascem, envelhecem e morrem sem ter jamais ousado um raciocínio próprio.

q. Lavra por aí um outro tipo de obsessão. Sim, todo mundo quer ser “jovem”,

r. Desde Noé e antes de Noé, jamais um idiota ousaria ser estadista.

s. O Brasil continua sendo aquele Narciso às avessas que cospe na própria imagem.

t. O canalha, quando investido de liderança, faz, inventa, aglutina e dinamiza massas de canalhas.

u. Sempre digo que o adulto não existe. O que há de adulto, no homem, é uma pose.

v. Não há pior degradação do que viver pelo hábito de viver, pelo vício de viver, pelo desespero de viver.

x. Nada mais pornográfico, no Brasil, do que o ódio e a admiração.

z. Cochichamos o elogio e berramos o insulto.

Com apenas o alfabeto acima, chegamos a uma conclusão irreversível: o Nelson Rodrigues era realmente um pernambucano muito arretado de ótimo. Afirmo e ponho fé.

DEU NO X

PENINHA - DICA MUSICAL