CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

HÉLIO FONTES – VIDEIRA-SC

Caro Editor:

Um adjutório destinado à desembestada da Chupicleide e os mascotes do JBF, Polodoro e Xolinha.

E votos de um ótimo feriado para a redação inteira.

R. Vossa generoso adjutório já está na conta do Complexo Midiático-Fuxicatório Besta Fubana, meu caro amigo e leitor.

Chupicleide se mijou, Polodoro rinchou e Xolinha latiu!!!

Foi uma alegria da peste aqui na redação!

Gratíssimo do fundo do coração a todos vocês que nos ajudam a manter essa gazeta escrota avuando pelos ares.

Grato também a Salatiel Moura, José Affonso e Márcia Granja.

E, para embelezar a nossa tarde de sexta-feira, minha querida amiga Irah Caldeira, uma grande artista mineira radicada aqui em Pernambuco, interpretando a composição “Sem Segredo“, da autoria de Ermano Morais.

Abraços para todos e um excelente final de semana prolongado!!!

DEU NO JORNAL

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

PEDRO MALTA - REPENTES, MOTES E GLOSAS

PRAGAS DE PATATIVA DO ASSARÉ E UMA DUPLA EM CANTORIA

Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, Assaré-CE (1909-2002)

ROGANDO PRAGAS – Patativa do Assaré

Dizia o velho Agostinho
que este mundo é cheio de arte
e se encontra em toda parte
pedaços de mau caminho
um pessoal meu vizinho,
sem amor e sem moral,
atrás de fazer o mal,
para feijão cozinhar,
começaram a roubar
as varas do meu quintal.

Toda noite e todo dia
iam as varas roubando
e eu já não suportando
aquela grande anarquia
pois quem era eu não sabia
pra poder denunciar,
com aquele grande azar
vivia de saco cheio,
até que inventei um meio
pra do roubo me livrar.

Eu dei a cada freguês,
com humildade o perdão
e lancei a maldição
em quem roubasse outra vez
e com muita atividez
na minha pena peguei,
umas estrofes rimei
sobre as linhas de uns papéis
rogando pragas cruéis
e lá na cerca botei.

Deus permita que o safado,
sem vergonha ignorante,
que roubar de agora em diante
madeira do meu cercado,
se veja um dia atacado
com um cancro no toitiço,
toda espécie de feitiço
e em cima do mesmo caia
e em cada dedo lhe saia
um olho de panariço.

O santo Deus de Moisés
lhe mande bexiga roxa
saia carbúnculo na coxa,
cravo na sola dos pés,
sofra os incômodos cruéis
da doença hidropisia
icterícia e anemia
tuberculose e diarreia
e a lepra da morfeia
seja a sua companhia.

Deus lhe dê reumatismo
com a sinusite crônica
a sezão, o impaludismo
e os ataques da bubônica,
além de quatro picadas
de quatro cobras danadas
cada qual a mais cruel
de veneno fatal
a urutu, a coral
jararaca e cascavel.

Eu já perdoei bastante
o que puderam roubar,
para ninguém censurar
que sou muito extravagante
mas de agora por diante,
ninguém será perdoado,
Deus queira que cão danado
um dia morda na cara
de quem roubar uma vara
na cerca do meu cercado.

E o que não ouvir o rogo
que faço neste momento
tomara que tenha aumento
como correia ao fogo,
dinheiro em mesa de jogo
e cana no tabuleiro
e no dia derradeiro,
a vela pra sua mão,
seja um pequeno tição
de vara de marmeleiro.

* * *

A grande dupla de poetas repentistas Geraldo Amâncio e Ivanildo Vilanova

* * *

O SERTÃO EM CARNE E ALMA

Ivanildo Vilanova

Uma tarde de inverno no sertão
É um grande espetáculo pra quem passa
Serra envolta nos tufos de fumaça
Água forte rolando pelo chão
O estrondo da máquina do trovão
Entre as nuvens do céu arroxeado
O raio caindo assombra o gado
Atolado por entre as lamas pretas
Rosna o vento fazendo pirueta
Nas espigas de milho do roçado.

Geraldo Amâncio

No sertão quando o chão está molhado
Corre água nas veias de um regato
Pula a onça da furna corre o gato
Um cavalo galopa estropiado
Um garrote atravessa o rio de nado
Uma cobra se acua com um cancão
A cantiga saudosa do carão
Faz lembrar o lugar que fui nascido
Entre as telas do filme colorido
Que Deus fez pra o cinema do sertão.

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CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

MAURÍCIO ASSUERO – RECIFE-PE

Prezado Papa,

hoje no Cabaré do Berto, o nobre Peninha vai completar outras histórias sobre seu magnífico acervo musical.

Semana passada fizemos um estimativa de vídeos, sem contar os áudios, que Peninha divulgou na sua coluna do Jornal da Besta Fubana e a conta é simples:

365 vídeos/por ano x 10 anos o que dá, no mínimo, 3650 vídeos diferentes.

O encontro foi tão bom que convidamos esse mestre para uma segunda rodada, que será hoje, a partir das 19h30.

Para entrar na sala, basta clicar aqui.

Por favor, divulgue no JBF.

Abraços e até lá.

R. Não é “por favor divulgue”.

É minha obrigação divulgar!

O encontro da última sexta-feira foi extraordinário.

Vamos repetir a dose hoje.

Às sete e meia da noite estaremos todos reunidos  na sala do Cabaré, competentemente gerenciado por Vossa Cabarelia.

Toda a comunidade fubânica está convocada.

Até mais tarde!

DEU NO X

A PALAVRA DO EDITOR

É 21 DE ABRIL

Sexta-feira, feriado, fim de semana prolongado.

A data de hoje me trouxe à lembrança um improviso do meu saudoso compadre Tira-Teima, grande embolador, poeta e cantador.

Um ícone da cultura nordestina.

O fato assucedeu-se no século passado, nos anos 70.

A gente estava tomando umas lapadas num boteco.

Eu andava sempre com um gravador de pilha, registrando tudo que ele falava.

Aí ele fez este improviso que está seguir e que trago na lembrança até hoje.

Dom Pedro Alves Cabral
Em abril de 1500
Amontou-se num jumento
E quebrou um cocho de pau
Mas o vento estava mal
E o céu da cor de anil
A 21 de abril
Estando de bola quente
Tomou mais uma aguardente
Mas descobriu o Brasil.

DEU NO X

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

WELLINTON MALTA – FORTALEZA-CE

SAUDADE DE UM TURISTA DA TERRA

“Seu moço, eu vim do Recife
Cidade pequena porem decente
Onde o rio Capibaribe, se junta com o Beberibe
Pra formar o Oceano Atlântico”

(Gilvan Chaves, monólogo Sou do Recife, Grav. Cid – 1977)

Pois é meus e minhas, provocado e insultado por um amigo, também pernambucano ausente e saudoso como este escriba, que vive exilado no Piauí há mais de 40 anos, chamado Sebastião Ramalho, que sem nenhuma viadagem pelo meio, eu quero um bem danado, resolvi falar um pouco da saudade das coisas da minha terra. Eu hoje me sinto um turista na minha cidade, estou fora há mais de 40 anos.

Nascido em Tejipió, ou seria Tijipió?, na Rua Aprigio Guimarães, que eu nunca soube quem foi, e criado, como diria Arnaud Rodrigues, com cuscuz e tabefe. De cara me vem a memória aquela coisa magnífica composta por Antônio Maria…. “Ai ai saudade/ saudade tão grande/ saudade que eu sinto do clube das pás dos vassouras/ passistas traçando tesouras/nas ruas repletas de lá”….. Eita pau…

Lá pelo meio da música fala em Haroldo Fatia, que é nada mais nada menos que o famoso Haroldo Praça, amigo do meu avô, já falecido, que foi por muitos anos gerente da Viana leal e ambos torcedores do América, aliás os únicos. Tive o prazer de conhecê-lo no prédio onde minha falecida mãe morou, ele era pai da vizinha, e sempre ia visita-la. Haroldo foi uma reserva moral do jornalismo pernambucano, e ainda hoje faz muita falta

É meus amigos, saudade é um bicho danado, que entra, se aboleta na sala do coração, e como visita chata não quer mais ir embora, nem adianta botar vassoura atrás da porta. Seria eu um pernambucano verdadeiro? (existe por acaso algum falso?) na minha modesta opinião, Pernambucano verdadeiro, é quem viveu como eu (apesar do pouco tempo) a cidade intensamente, e eu tenho uma saudade lascada de muita coisa.

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SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO