DEU NO JORNAL

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

RODRIGO CONSTANTINO

O PAPAGAIO DE PUTIN

É conhecido nos filmes a figura do papagaio de pirata, aquele bicho que fica no ombro do marginal só repetindo o que o chefe fala. Todo pirata que se preza possui um papagaio para reforçar suas mensagens para a tropa. Putin é um pirata, que pretende tomar de assalto um país inteiro. E Putin tem seu papagaio. Chama-se Lula.

Os Estados Unidos criticaram o Brasil depois de o presidente Luiz Inácio Lula Silva dizer que o país estava encorajando a guerra na Ucrânia. Em conversa com jornalistas, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que Lula “repete a propaganda russa e chinesa como papagaio sem olhar para os fatos”. Afirmou também que os comentários do presidente brasileiro “foram equivocados”.

A ficha da esquerda americana começa a cair. Lula não é um aliado ocidental, e nunca foi. Ele tem sua agenda própria, como disse o Washington Post. E ela é ligada aos interesses do eixo do mal, liderado por China e Rússia.

A Casa Branca, comandada por Joe Biden, acabou interferindo de maneira indevida em nossa eleição, para “salvar a democracia”. Ou seja, o esquerdista Biden ajudou a eleger o esquerdista Lula achando que ele era um típico democrata, um tucano, e ignorou o histórico radical comunista do petista. Agora está colhendo o fruto podre do que plantou.

O porta-voz da chancelaria do governo da Ucrânia, Oleg Nikolenko, convidou nesta terça (18) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a viajar ao país para “entender as reais causas” da guerra travada pela Rússia e “suas consequências para a segurança global”. O convite vem dias depois de Lula dar declarações de que o conflito teria uma responsabilidade compartilhada pelos dois países.

Em uma postagem no Facebook, Nikolenko diz que assiste “com interesse” os esforços do Brasil para encontrar uma solução para acabar com o conflito. No entanto, critica a declaração de Lula “pela qual a vítima e o agressor são tratados na mesma escala de pesos”, e de que os Estados Unidos e países da União Europeia incentivam a guerra.

“A Ucrânia não precisa ser convencida de nada. A guerra é travada em solo ucraniano e causa sofrimento e destruição indescritíveis. Mais do que ninguém no mundo, esforçamo-nos para acabar com a agressão russa com base na Fórmula da Paz proposta pelo Presidente Zelensky”, diz Nikolenko.

Os ucranianos lutam por sua liberdade básica. Com todos os seus defeitos, o Ocidente globalista tenta ajudar o povo ucraniano a barrar as pretensões imperialistas de Putin. O Brasil do papagaio Lula, porém, resolve repetir as ladainhas do ditador russo. O Brasil virou um pária mundial.

RLIPPI CARTOONS

PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

BUDISMO MODERNO – Augusto dos Anjos

Tome, Dr., esta tesoura, e…corte
Minha singularíssima pessoa.
Que importa a mim que a bicharia roa
Todo o meu coração, depois da morte?!

Ah! Um urubu pousou na minha sorte!
Também, das diatomáceas da lagoa
A criptógama cápsula se esbroa
Ao contato de bronca destra forte!

Dissolva-se, portanto, minha vida
Igualmente a uma célula caída
Na aberração de um óvulo infecundo;

Mas o agregado abstrato das saudades
Fique batendo nas perpétuas grades
Do último verso que eu fizer no mundo!

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos, Cruz do Espírito Santo-PB (1884-1914)

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

ALEXANDRE GARCIA

PROPAGANDA ENGANOSA

Eleição municipal de 2020 deixa lições para a disputa presidencial de 2022.

Existe crime de opinião no Brasil? Nove entre dez juristas vão dizer que não. Que a Constituição, em cláusula pétrea, garante a liberdade de opinião, vedado o anonimato. No entanto, nos dias de hoje, foi criado no Supremo, com a omissão da mídia, o crime de opinião, não previsto nas leis brasileiras, que tem sido tratado com mais rigor que os chamados crimes comuns. Esclareça-se que caluniar, difamar e injuriar não é manifestação de opinião. Criticar aqueles que estão a nosso serviço nos três poderes não é uma permissão, mas um dever de todo cidadão atento, pagador de seus impostos, mandante de todos os mandatários postos no poder por seu voto. Se não for assim, não é democracia. Se deputados, senadores e vereadores não representarem seus eleitores, não é democracia; se prefeitos, governadores e presidente da República não prestarem serviços para a origem de seu poder, não é democracia; se juízes não forem escravos, mas senhores das leis que são chamados a aplicar, não é democracia.

O Brasil passa por um vale das trevas. Os criminosos comuns estão cada vez mais cheios de regalias e poder. A opinião crítica dos cidadãos está cada vez mais ameaçada por prisões arbitrárias e sem o devido processo legal. Estou em Portugal há quase duas semanas e talvez isso me aguce a comparação entre a pátria-mãe e a ex-colônia. Portugal está organizado, limpo, fácil de viver, com segurança pessoal, patrimonial e jurídica. É o melhor destino turístico dos europeus; só o Algarve recebe o mesmo número de turistas estrangeiros que o Brasil inteiro. Responsabilidade dos nossos governantes, nossos legisladores, nossos juízes, nossos eleitores. A natureza nos deu tanto e nós fizemos tão pouco…

Agora nosso Executivo quer fazer uma política externa de colônia, escolhendo de quem sermos escravos; nossos legisladores não sabem que seu único senhor é o eleitor e nossos magistrados mais altos se julgam ungidos para estar acima da Constituição. O plenário do Congresso não é a cabeça de um juiz do Supremo. Nem o Congresso está jungido a poder algum que não seja o povo. O povo que vive mal se conforma porque nunca conheceu o bem-estar, um país que respeite o cidadão, que lhe dê a segurança de sacar dinheiro de madrugada num caixa eletrônico numa ruela escura; em que as pessoas se respeitem e respeitem suas cidades como sua própria casa. No Brasil, estamos sempre esperando o assalto, o furto, o vigarista, porque é o país onde o crime compensa – que o diga André do Rap.

O vice-prefeito de Porto Alegre, Ricardo Gomes, fez um libelo magnífico no Fórum da Liberdade, lembrando que em 1215 a Magna Carta das Liberdades já estabelecia que ninguém será preso ou privado de sua propriedade, ou exilado, ou de alguma maneira destituído, a não ser por julgamento legal de seus pares. Pois 808 anos depois, no Brasil, não há quem exija o juiz natural, a liberdade de opinião, a ausência de censura, o direito à remuneração pelo seu trabalho, a imunidade parlamentar, o direito de reunião sem armas e o devido processo legal. Sem isso, “Estado Democrático de Direito” é apenas rótulo de propaganda enganosa.

DEU NO JORNAL

DEU NO X

BEM NO OLHO DO FURICO DE BOCA-DE-TABACA!!!

JOSÉ PAULO CAVALCANTI - PENSO, LOGO INSISTO

PRESENTES…

Fernando Pessoa começa poema (O marinheiro) dizendo “Falar no passado ‒ isso deve ser belo, porque é inútil e faz tanta pena…”. Seja como for, e mesmo inútil, esse caso do presente das joias me leva a dois momentos de um passado que passou. A eles, pois, recordar é viver.

1. A Câmara dos Deputados decidiu providenciar um novo Regimento Interno. E o secretário da mesa diretora, deputado Waldir Pires ‒ depois seria ministro da Previdência no governo Sarney e governador da Bahia (1987/1989) ‒ pediu que redigisse minuta para ser votada. Em razão só de nossa amizade. Sem nenhuma remuneração pelo trabalho, não custa lembrar. Fiz isso a partir de regimentos entre si muito semelhantes, nos países do Primeiro Mundo. Sem inventar novidades. Apenas escolhendo as melhores regras, nas boas democracias. Sobretudo em relação à moralidade no exercício da função pública. Inclusive proibindo que parlamentares pudessem ter emissoras de rádio e televisão. Já é assim, na Constituição; só que no mundo real, por interpretação muito discutível do próprio Congresso Nacional, acabaram esses parlamentares apenas sem poder ocupar cargos de direção nas empresas. E quem quiser saber quantas estações foram deferidas a parlamentares, pelos governos (de direita ou de esquerda, civis ou militares, tanto faz), vai se assustar. Ali vale a Regra de São Francisco, é dando que se recebe.

Outra providência foi também vedar que parlamentares (como empresas controladas por eles ou familiares) pudessem firmar contratos com o governo. Especialmente tomando grana em bancos públicos. Outra farra. Até perceber, nas conversas tidas, que Deputados estavam querendo outra coisa, um Regimento de Etiquetas. Não pode falar alto, dizer palavrões, distratar colegas, por aí. Foi o que disse ao dep. Waldir Pires. E completei indicando que, se assim fosse, bastaria cortar os 18 primeiros artigos e começar o Regimento pelo art. 19. Respondeu que iria votar como entreguei. Até hoje. Palavras ao vento.

Ocorre que um dos artigos que redigi era, precisamente, o dos presentes. E o que vale (valia, naquele tempo, não deve ter mudado), nos países democráticos, é não poder exceder 10%, no valor, dos salários dos Deputados. O mesmo com almoços, jantares, viagens, lembranças. Exceção apenas com presentes de natureza claramente pessoal, como um quadro retratando o deputado. Mas, mesmo assim, apenas quando não houvesse interesse, de quem oferece o presente, em nenhum projeto que estivesse em votação na Câmara. Era (é) uma boa regra. E deveria valer não só para Deputados Federais. Além deles também para Vereadores, Deputados Estaduais, Prefeitos, Governadores, Senadores, Ministros e, sobretudo, Presidentes da República.

2. Agora o outro caso. Chegam, na minha sala, dois velhinhos. O caso era simples. Adotaram uma criança de meses, nascida em Portugal. E este filho, já homem feito, agora os sustentava. Mas cometeu dois pequenos delitos (já nem lembro quais). Foi então definido, em interpretação fria dos regulamentares, que deveria ser deportado. O desespero dos dois decorria do fato de que o rapaz estava sendo devolvido à terra natal, onde não conhecia ninguém. Quando sua vida estava já estruturada por aqui. Até empresas tinha. E, sem seu filho perto, como sobreviveriam esses velhos? Pedi que o caso fosse reestudado com atenção; e a recomendação que depois recebi, no ministério, foi que melhor seria não extraditar. Devendo por aqui mesmo cumprir pena. E permanecer no Brasil, depois. Aceitei a decisão (com alívio) e disse aos velhos, que logo comunicaram essa boa nova ao filho.

Por conta de algum problema nas comunicações, essa decisão não chegou à Polícia Federal. E no avião da TAP estavam já o extraditado, algemado, tendo ao lado um policial federal que o acompanharia para que fosse entregue às autoridades portuguesas. Só que o jovem, surpresa para todos, subiu na poltrona e começou discurso dirigido aos outros passageiros: “Absurdo, a extradição foi revogada e a polícia não quer respeitar a decisão”, por aí. Resultado, o avião todo ficou ao lado do rapaz, exigindo que a Polícia Federal confirmasse aquilo que havia dito. Verificado o erro, permaneceu mesmo no Brasil.

Dias depois, os velhos foram de novo à minha sala. Para agradecer. A mulher havia bordado, ela própria, uma toalha de mesa. Era presente. Renda fina. Foi a forma deles de dizer obrigado. E tomei uma decisão lamentável. Respondi que não poderia receber, pois o valor excedia os 10% de meu salário (ainda tinha na memória aquele Regimento da Câmara dos Deputados que redigi). E o olhar de frustração, ou lamento, ou só tristeza enorme da velha dói em mim, até hoje, como flecha. Pudesse voltar o passado e, perdão, teria aceito o presente. Claro. Mesmo que, depois, entregasse ao ministério para por em alguma mesa de lá. E seguiu a vida. E cada qual no seu caminho. E não eram joias. E era só uma toalha. E nem era tão cara.