
Arquivo diários:6 de abril de 2023
DEU NO JORNAL

CÍCERO TAVARES - CRÔNICA E COMENTÁRIOS

VANDALISMO É BARBÁRIE
Estátua de Liêdo Maranhão, ícone da sexologia popular, jogada no chão
Erguida no Circuito da Poesia, Praça Dom Vital, em janeiro de 2017, localizado em frente ao Mercado São José, Recife Antigo, lugar preferido do escritor Liêdo Maranhão para colher suas observações populares, estátua simbolizando o grande pesquisador foi alvo de destruição por bárbaros.
Na época, o Monumento que homenageou o grande pesquisador, vilipendiado por vândalos, foi recolhido pela Empresa de Serviços e Limpeza Urbana (Emlurb) e passou por reparos. De acordo com o órgão o serviço de reparação foi feito e o grande sociólogo do povo, do sexo e da miséria, ou o homem é sacana, reina absoluto no mesmo local da Praça Dom Vital, observando a evolução do comportamento do povo, movido pelo sexo e a sacanagem.
Hoje no Recife existem mais de 16 estátuas espalhadas pelo centro da cidade, que compõem o Circuito da Poesia. Entre os homenageados, está o compositor Capiba, ícone do frevo, os cantores Chico Science, que fez a revolução manguebit, com o caranguejo no rock, Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, cuja estátua já foi alvo de vandalismo, o escritor Ariano Suassuna, também alvo de vandalismo, e os poetas Manoel Bandeira e João Cabral de Melo Neto, ambos instalados à margem do Capibaribe, na Rua da Aurora, junto do Galo da Madrugada, que reina, majestoso, na cabeça da Ponte da Conde da Boa Vista.
Liêdo Maranhão (1925-2014), grande nome de cultura popular recifense, em frente ao Mercado de São José
DEU NO JORNAL

TODOS OS DEMITIDOS ESTÃO COM FUTURO GARANTIDO
JESSIER QUIRINO - DE CUMPADE PRA CUMPADE

PENSAMENTO SERTANEJO
DEU NO JORNAL

É SÓ SEGUIR O CONSELHO DA VACA PEIDONA
PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

SONHADOR – Cruz e Sousa
Por sóis, por belos sóis alvissareiros,
Nos troféus do teu Sonho irás cantando
As púrpuras romanas arrastando,
Engrinaldado de imortais loureiros.
Nobre guerreiro audaz entre os guerreiros,
Das ideias as lanças sopesando,
Verás, a pouco e pouco, desfilando
Todos os teus desejos condoreiros…
Imaculado, sobre o lodo imundo,
Há de subir, com as vivas castidades,
Das tuas glórias o clarão profundo.
Há de subir, além de eternidades,
Diante do torvo crocitar do mundo,
Para o branco Sacrário das Saudades!
João da Cruz e Sousa, Florianópolis-SC, (1861-1898)
DEU NO X

ESTAMOS NA FRENTE!!!
LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

BOAS INFLUÊNCIAS
DEU NO X

UM MINISTRECO BABACA: TÁ NO GOVERNO CERTO
Prove que você é totalmente desqualificado em 52 segundos aproveitando uma barbaridade para fazer política: pic.twitter.com/ldssdJHmiF
— The Investor (@leiatheinvestor) April 5, 2023
ROQUE NUNES – AI, QUE PREGUIÇA!

ESPERÁVAMOS O QUÊ?
Esta segunda-feira passada participei de uma Audiência Pública na Câmara de Vereadores aqui da gloriosa Campo Grande/MS. Com um título bem apropriado buscava debater a insegurança nas escolas, a violência contra professores e alunos e meios de se propor ações de curto, médio e longo prazo para tentar minimizar essa violência. Ouvi trinta e cinco “otoridades” e especialistas na área, cada um falando mais platitudes do que outra. Era como se eu tivesse “ocupado” uma horta, de tanta abobrinha que ouvi.
Findo o ciclo das ditas autoridades, abriu-se para a platéia, só perguntas por escrito. Mas, acho que houve alguma iluminação para o presidente da sessão e ele abriu espaço para cinco perguntas orais. Acredito que foi a deixa que eu precisava, e também vejo, neste espaço, um fórum correto para fazer a mesma questão: Esperávamos o que? Sim! Esperávamos o que como corolário de tudo o que vem ocorrendo nos últimos vinte anos deste século? Eu explico, meus caros caetés.
Desde a última metade de 1990, mas, mais especificamente de 2000 para cá a sociedade brasileira, para adequar-se a uma pseudoinclusão começou a negociar com seus princípios. A cada pedaço que ela entregava a fim de não excluir, não machucar, não discriminar aqueles que se achavam vítimas, alvos de uma sociedade machista, patriarcal, heteronormativa – sei lá o que essa estrovenga significa -, avançava uma pauta de desconstrução dessa mesma sociedade. Negociava-se com valores inegociáveis, cedia-se as bases da arquitetura social em nome de uma suposta inclusão que, na verdade, não inclui ninguém, apenas separa e enfraquece essa mesma sociedade.
E, a cada passo atrás o abismo ficava mais próximo de nossos pés. E, então, partiu-se para o projeto de banimento, principalmente nas escolas, o principal alvo dessa política de destruição da sociedade. Primeiro baniu-se as atividades cívicas. Utilizou-se como argumento de que essa atividade era resquício da ditadura, que impedia o livre pensamento de professores e alunos. O resultado é que o conceito de pátria, de nação, de sociedade coesa em torno daquilo que nos simboliza se perdeu. Daí dá para entender porque vemos pessoas fazendo da bandeira pano de chão, ou mesmo papel higiênico, ou ainda queimando a bandeira como se fosse apenas um pedaço de pano qualquer. Peguem qualquer pessoa com até 20 anos e peça a ela para cantar o Hino Nacional inteiro. Não sabem. Peçam para que citem ao menos duas datas nacionais importantes. Total silêncio.
Em seguida partiu-se para o banimento de Deus, nas escolas. Não se podem mais nem fazer a oração universal porque isso viola o dito estado “laico”. Aliás, os combatentes dessa ideologia falam sobre a laicidade do estado, mas não sabem o que é isso, como se iniciou e porquê ele existe. Promotores públicos, doídos com a religiosidade do povo brasileiro inundaram tribunais para que estes determinassem a retirada de símbolos religiosos, menções religiosas e cultos de dentro da escola, pois isso feria o dito estado laico. Não questionaram a sociedade se isso estava de acordo com sua vontade.
O terceiro passo foi o banimento da família. Esse pilar essencial de qualquer sociedade, de qualquer ajuntamento humano foi banido das escolas. Não se pode mais comemorar o dia dos pais, o dia das mães. Hoje só se pode falar no dia do “cuidador”. A desculpa, sem pé e nem cabeça é que existem muitos casais que não são heteronormativos – olha a palavra de novo – que não se sentem “representados” na comemoração desses dias. Ora, meu senhor, quem precisa de cuidado é planta. Criança precisa de pai e mãe. E isso não importa se o casal é hétero, gay, bi, trans, ou mesmo um casal de tatu bola, ou jaguatirica. A criança e o adolescente precisa do referencial família, até mesmo para poder cristalizar e compreender esse conceito em um plano histórico e sociológico mais amplo. Criança e adolescente precisam compreender que, assim como existem uma estruturação de sociedade, essa se inicia na família.
Logo em seguida baniu-se o conceito de autoridade de segurança. Nessa ideologia implantada goela abaixo e aceita como natural, o policial é sempre um criminoso e o bandido é sempre uma vítima da sociedade. Só respondo a esse tipo de gente. Meu ovo! Esse discurso quer nos fazer crer que a força policial, por si só gera violência, mas marotamente esquecem que a figura da autoridade de segurança é um elemento de dissuasão. Vá um criminoso para a porta de uma escola a fim de praticar um ato. O simples fato de ver um policial, ou mesmo um guarda civil armado faz ele pensar duas vezes se vale a pena o risco do seu ato. Entretanto, os apoiadores dessa ideologia funesta querem nos fazer crer que violência se combate com rosas, abraços e coral cantando “Imagine” para que tudo fique em paz.
A última tentativa de banimento está ocorrendo neste instante em todo o país. Querem banir a Língua Portuguesa das escolas e substituí-la por uma aberração lingüística chamada “linguagem neutra”, com a mesma desculpa asinina de inclusão. É um movimento continuado e forte e que nós estamos naturalizando. Sou professor de Língua Portuguesa há 32 anos e todas as vezes que vou a qualquer evento em que se usa essa aberração eu me sinto insultado. Para mim, professor de Língua Portuguesa, é um insulto e um desserviço à sociedade, pois zomba de meus anos de estudos e de meus anos de trabalho com gerações para que ela domine a forma Culta da Língua. Porque o trabalho do professor de Língua não é só repetir o que Gramática Normativa traz, mas estudar e aperfeiçoar o processo de comunicação e de expressão através da Língua,seja ela falada, ou escrita, ou qualquer outra forma de comunicação.
O mais interessante é que, quem defende esse tipo de aberração quer que ela seja implantada em escolas para pobre, sempre para os outros. Para elas, não Se filhos essas pessoas têm, buscam as melhores escolas, onde eles vão aprender e dominar a forma culta da Língua. É uma estratégia de domínio. Manter o pobre sempre pobre, e se a língua dele for a menos formal possível e com menos capacidade de interpretação e compreensão da mensagem, melhor ainda.
Mas, o que me assusta é ver um silêncio ensurdecedor da Academia Brasileira de Letras, das Faculdades de Letras de todo o país e mesmo das universidades, que por serem, ainda acredito, centros de excelências, deveriam ser as primeiras linhas de defesa da “Inculta e Bela”. Mas o que se observa é um mutismo quase cúmplice na dilapidação de um patrimônio da qual somos herdeiros, mas não proprietários. Tentar explicar como funciona a língua para os defensores dessa aberração é perda de tempo e de paciência, pois o objetivo é esse mesmo: destruir a Língua como uma identidade que transcende barreiras e fronteiras físicas.
E, de destruição e banimentos, a sociedade está aceitando negociar, e está negociando seus princípios, anulando as suas bases civilizatórias e caminhando certo para a sua autodestruição. Casos como a da professora assassinada em SP e agora a monstruosidade que ocorreu em Blumenau são apenas consequências desse processo de banimento e negociação de princípios. Acaso a sociedade achava que poderia negociar valores que são inegociáveis e sair impune, sem arcar com as consequências de seus atos? Esperávamos o que? Ao negociar com os fundamentos que no tornaram civilizados abrimos as portas para atos brutais como vimos esta semana. Abrimos a porta do tártaro para que monstros agissem livremente.
Naquela Audiência citei Ivan Karamazov como fecho final de minha fala e também quero deixar esse mesmo exemplo aqui. Ao contrário do que muitos dizem, Ivan não afirmou o que disse como uma licença para agir sem limites, mas tangencialmente fez uma severa crítica à sociedade de seu tempo: Deus morreu! É tudo permitido?