DEU NO X

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CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

PIXOTE – LIMEIRA-SP

Caro Editor,

Segue em anexo o comprovante de depósito do meu dízimo.

O primeiro deste ano de 2023.

Outros virão.

Cumpri minha obrigação fubanesa.

Muito sucesso para essa página porreta.

Saudações fraternais.

R. O competente profissional de informática Bartolomeu, que cuida da hospedagem e da assistência técnica a essa gazeta escrota, está muito feliz mesmo.

Isso porque ele já sabe que o pagamento dele neste mês de janeiro está garantido.

Sem falar da alegria de Chupicleide, que fez um vale hoje cedo pra tomar suas cachaças logo mais no final de expediente.

Tudo graças à força de vocês leitores!

Muito obrigado pelas doações dos fubânicos Violante Pimentel, Áurea Regina, Manuel M. Sabino, Expedito Mateus e Helena de Souza.

E, pra alegrar a nossa sexta-feira, a saudosa dupla Elis Regina e Adoniran Barbosa interpretando “Tiro ao Álvaro”, uma música de autoria do talentoso compositor paulista.

Um excelente final de semana para todos os nossos leitores!

DEU NO X

PEDRO MALTA - REPENTES, MOTES E GLOSAS

GRANDES MESTRES DO REPENTE

Dois ícones da cantoria nordestina de improviso: Lourival Batista, o Louro do Pajeú (1915-1992) e Severino Pinto, o Pinto de Monteiro (1895-1990)

* * * 

Uma cantoria de Pinto do Monteiro e Lourival Batista

Pinto do Monteiro

É certo, meu camarada
O que você tá dizendo
Eu costumo andar assim
Sujo e cheio de remendo
Mas ninguém diz onde eu passo:
“Pinto ficou me devendo.”

Lourival Batista

De ninguém ando correndo
Pois não faço maus papéis
Não devo, o que compro pago
Desde o perfume aos anéis
Seja chapéu pra cabeça
Ou sapato para os pés.

Pinto do Monteiro

E os duzentos e dez
Que tu tomaste a Armando?
Por uns quatro ou cinco dias
O tempo foi se passando
Já faz quatro ou cinco meses
Ó ele ali esperando!

* * *

Uma cantoria de Sebastião da Silva e Moacir Laurentino:

Moacir Laurentino

No inverno estou feliz,
trabalhando o meu dia,
olhando o saguim na mata,
que saltita, canta e pia,
e o passa-sebo furando
a casca da melancia.

Sebastião da Silva

No calor do meio dia,
escutar uma peitica,
deitado em colchão de folha
debaixo da oiticica,
quanto mais o sol esquenta
mais bonito o sertão fica.

Moacir Laurentino

A água desce na bica
quando chove em fevereiro,
no terreiro o peru roda,
fuça um porco no aceiro,
e a água desce do corgo
com basculho pra o barreiro.

* * *

Uma cantoria de Silveira e Diniz Vitorino

Silveira

Tu não faz a metade do que faço
Quando eu pego um cantor se acaba o nome
Nesse dia os cães não passam fome
E urubus festejam no espaço
Deixo o corpo do pobre num bagaço
Exposto ao monturo seu despojo
Cantor fraco eu só mato de arrojo
E a folia se arrancha na ossada
Sai a alma gritando abandonada
E o diabo não quer porque tem nojo.

Diniz Vitorino

No momento que eu me aperreio
Com o peso esquisito do meu braço
Não existe prisão feita de aço
Que com o murro eu não parta pelo meio
No momento que acabo com o esteio
Que alguém pra fazer gasta um ano
Tiro telha, quebro ripa, envergo cano
De metal ou de aço bem maciço
Você morre e não faz este serviço
Só faz eu porque sou paraibano.

Silveira

Dei um murro na venta de um poeta
Que a cabeça rodou fez piruetas
E passando por todos os planetas
Foi parar no reinado de um profeta
Nisto um santo que viu ficou pateta
A cabeça do vate estava um facho
Uma alma gritou ô velho macho
E são pedro gritou o que é isso?
Disso um anjo que estava junto a cristo
É silveira zangado lá embaixo.

Diniz Vitorino

Eu ja fui no inferno urgentemente
E entrei numa poeta lá por trás
E peguei um irmão de satanás
E um primo, um irmão e um parente.
Pra mostrar que eu sou cabra valente
Dei um tapa no diabo carrancudo
E peguei outro diabo cabeludo
Dei-lhe tanto que o cabra ficou calvo
Se você morrer hoje já ta salvo
Que o que tinha de diabo eu matei tudo.

* * *

CANTORIAS E FOLGUEDOS NORDESTINOS

DEU NO JORNAL

A NOVA MINISTREIRA LULOSA

 Daniela do Waguinho, deputada do Partido “União Brasil”, apareceu na política em 2017 e hoje, embora poucos saibam quem ela é, se tornou a deputada federal mais votada do Rio de Janeiro e chefe do Ministério do Turismo no governo Lula (PT).

Recentemente, a Folha de São Paulo revelou que o grupo político da nova Ministra do governo petista mantém vínculos com um ex-policial militar preso sob a acusação de ser líder de uma milícia na Baixada Fluminense.

Após a revelação de indícios que revelam ligação de Daniela com o preso acusado de integrar uma milícia carioca, o Ministro da Justiça, Flávio Dino, tentou minimizar o caso, dizendo que “políticos têm foto com todo mundo”.

Condenado por Homicídio e chefiar uma Milícia, o ex-PM Juracy Alves Prudêncio voltou aos holofotes com a indicação de Daniela como participante do governo Lula.

“Jura” fez campanha para Daniela quando ela concorria ao seu primeiro mandato, em 2018, conforme informou a Folha, e também foi nomeado, em 2017, como assessor na Prefeitura de Belford Roxo, comandada pelo marido de Daniela.

Em nota, a assessoria de Daniela Waguinho disse:

“Daniela salienta que compete à Justiça julgar quem comete possíveis crimes.”

O patrimônio da Ministra declarado à Justiça Eleitoral aumentou 62% entre 2018 e 2022: de R$ 450.817,66 em 2018 para R$ 733.291,33 – sendo R$ 180 mil em dinheiro vivo.

* * *

Gostei da expressão “possíveis crimes” que a bandida luleira usou na justificativa pra este absurdo.

Ela está no lugar certo, no governo certo.

Esse nosso país não é mesmo para amadores.

É pra arrombar a tabaca de Xolinha!!!

DEU NO X

DEU NO JORNAL

O MILICIANO E A MINISTRA DO DESCONDENADO

Terceiro miliciano tem laços com ministra do Turismo

Desta vez, trata-se de Fabinho Varandão; ele é réu na Justiça sob a acusação de comandar milícia que controla TV e internet pirata em Belford Roxo

A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, tem laços políticos com pelo menos três pessoas condenadas ou réus por liderar milícias em Belford Roxo, berço político dela, no Rio de Janeiro.

O caso mais recente foi divulgado nesta quinta-feira (5).

Desta vez, trata-se de Fábio Augusto de Oliveira Brasil, o Fabinho Varandão (foto abaixo).

Ele é réu na Justiça sob a acusação de comandar milícia que controla TV e internet pirata, assim como venda de botijões de gás, em dez bairros de Belford Roxo.

Varandão participou de eventos da campanha de reeleição de Daniela Carneiro à Câmara dos Deputados nas últimas eleições, em outubro passado.

Ele, inclusive, participou de um comício.

* * *

Nada de causar espanto.

A associação entre uma participante do gunverno petralha e a bandidagem é um fato normal, corriqueiro.

Uma ministreca do Ladrão Descondenado fazendo pose ao lado de um bandido não é coisa de causar surpresa a ninguém.

É corriqueiro, é normal, é rotina.

O próximo empreendimento de Fabinho Varandão deverá ser abrir uma agência de turismo em Belford Roxo.

E vamos viajar nas asas da alegria e da felicidade, minha gente!!!

CARLITO LIMA - HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA

UMA HISTÓRIA DE AMOR

No longínquo ano de 1963, eu tinha 23 anos, Tenente do Exército Brasileiro servindo na Bahia, passei as férias de verão, como de costume, em Maceió. Certo dia, minha irmã Rosita convidou-me para visitar o acampamento das Bandeirantes (escoteiras), com mil recomendações para que eu não me enxerisse com as jovens. Quando olhei aquela galeguinha de 15 aninhos, não pude deixar de cantar uns versos da ciranda cochichando em seu ouvido: “Oh menininha você é tão bonitinha… Engraçadinha… Vou me casar com você…”

Anos depois, já como capitão no 20º BC em Maceió, cursava a Faculdade de Engenharia. Solteiro, bonito, com outros amigos, éramos os donos, os boêmios da cidade.

Até que num dia de carnaval em 1969 encontrei aquela bandeirante bonitinha que havia retornado de estudos dos Estados Unidos. Ao me deparar com a galeguinha, senti um relâmpago no corpo que chegou ao fundo da alma, me apaixonei inesperadamente. Logo se cumpriu a premonição da ciranda cantada em seu ouvido. No dia 9 de janeiro de 1970 na Catedral Metropolitana de Maceió casei-me, feliz da vida, com Vânia.

A despedida de solteiro foi no Bar do Miltinho na praça 1º de maio, quando era do povo. Uma noitada maravilhosa e alegre. O bar se encheu de amigos, colegas da faculdade, empresários, militares, pescadores, políticos, amigas, até um padre. De repente chega Téo Vilela com uma Banda de Pífano, cantando: “A minha turma que bebe um pouquinho… no bar do Miltinho… até o sol raiar”.

Entrei na Catedral lotada pelos braços de Dona Zeca, fardado de Capitão. A Banda de Música do 20º BC tocou belas músicas durante a cerimônia elegante. Depois da cerimônia, ao sair da Igreja, os colegas do Exército fizeram a abóbada de aço com as espadas cruzando no ar, uma tradição no casamento militar.

Passaram-se 53 anos daquele casamento alegre, bem humorado. É preciso boa dose de amor e de tolerância para se passar 53 anos juntos. Nada é fácil, não houve céu de brigadeiro o tempo todo. Apareceram algumas turbulências e até rotas de colisão. Durante todo esse tempo nós construímos um belo patrimônio: três filhos e três netos, além de genro e nora.

Nesses anos de convivência tornei-me admirador dessa professora que aos 40 anos resolveu enfrentar um vestibular de Direito, formou-se e montou um escritório de advocacia. Essa advogada passou quase dois anos sem folga, sem sábado e domingo, estudando e passou no concurso de Promotor de Justiça. Essa mulher atarefada que arranja tempo para dedicar-se aos filhos e aos netos. Essa mulher que trabalha com amor e alegria e possui uma felicidade intrínseca e encantadora. Essa mulher forte que não se deixa pisar. Essa mulher que gosta de bons livros, de bons filmes, teatro, música, show e da cultura popular. E incentiva minhas loucas invencionices. Essa mulher animada que cai no passo atrás de um bloco de frevo nos dias de carnaval. Essa mulher que gosta de viajar perambulando pelo mundo, Cartagena, Praga, Berlim, Nova York, Barra de São Miguel, Paraty, Lisboa. Essa mulher que nunca deixou de ser professora, ensinando aos netos, dando palestras nas Igrejas e nas Festas Literárias do Brasil afora. Essa mulher que move montanhas defendendo seus direitos, como uma loba defende seus filhotes. Essa alegre mulher que ama as colegas de colégio e infância e conserva o carinho de suas amigas em encontros e almoços, aproveitando essa bonita e última fase madura da vida.

Essa menina que um dia encontrei em flor de seus 15 anos num acampamento de Bandeirantes, e eu Tenente, cantei pra ela: “Ôh Galeguinha você é tão bonitinha… engraçadinha… vou me casar com você”. Sou um homem privilegiado, a única pessoa no mundo que a conhece profundamente, sua gentileza, sua bondade, sua perseverança, sua força. Essa minha mulher-amante, foi e é a timoneira do barco de nossas vidas. Ela aprendeu a remar com o tombo do navio, com o balanço do mar. Navegar foi preciso. Essa mulher segurou forte o leme durante os maremotos. Hoje navegamos apenas em calmaria, enxergando, ao longe, outros mares, um porto final além do horizonte.

A inexorabilidade do tempo é fatal, qualquer dia desse eu parto para o além do horizonte. Quando eu não estiver mais a seu lado deixarei lembranças e quero que saiba que ela foi a razão do meu viver. Amar para mim, foi uma religião. Em seus beijos eu encontrei o calor e a paixão.

É uma história de um amor que me fez compreender todo o bem e todo o mal. Quando eu for embora, que se lembre de mim com alegria, cantando: “Já não estás mais a meu lado coração…”.