Alexandre de Moraes, responda ao povo brasileiro pic.twitter.com/4PIoMO8UAm
— Silas Malafaia (@PastorMalafaia) November 4, 2022

Alexandre de Moraes, responda ao povo brasileiro pic.twitter.com/4PIoMO8UAm
— Silas Malafaia (@PastorMalafaia) November 4, 2022
Leandro Ruschel
Há mais de 20 anos eu ensino pessoas a investir no mercado, em especial no mercado internacional, com base nos EUA, onde resido. Creio que eu possa te ajudar.
Um dos segredos para montar uma carteira resiliente é a diversificação, não só entre diferentes classes de ativos, mas também em diferentes países. Infelizmente, menos de 1% de brasileiros investem fora, deixando seu patrimônio à mercê da instabilidade brasileira.
O ideal para diversificar é efetivamente abrir uma conta no exterior e fazer a transferência de recursos, de pelo menos parte da sua carteira. Nos últimos anos, esse procedimento tem ficado cada vez mais acessível, mesmo para investimentos de baixo valor.
Os EUA são o melhor destino para o movimento, visto que mais da metade de todas as transações financeiras no mundo acontecem no país, que dá acesso a investimentos no resto do planeta. São dezenas de milhares de ações, bonds, ETFs e outros veículos de investimento.
O primeiro passo é abrir uma conta, que pode ser de pessoa física, ou de uma pessoa jurídica. Para investidores maiores, é recomendável investir através de uma empresa que pode ser criada apenas para esse fim, o que gera vantagens fiscais.
Há ainda serviços que facilitam esse processo. Recentemente, a XP abriu a possibilidade de abrir uma conta nos EUA e enviar recursos diretamente pelo seu app, ao toque de um botão, com investimento mínimo de US$ 100.
O exemplo argentino não pode ser esquecido, ainda mais pela proximidade ideológica com o próximo governo. Por lá, há um limite de US$ 200 por pessoa por mês para compras ou investimento em moeda norte-americana. Acima disso, o imposto é mais de 50%!
Por outro lado, não é provável que o próximo governo busque uma política econômica radical, pelo menos no início do mandato. Com vitória apertada, e já enfrentando protestos, além de estarmos em crise global, o caminho mais provável seria uma política econômica pragmática.
Ou seja, não seria salutar pensar em alocar todo o seu patrimônio fora do Brasil. As taxas brasileiras são atrativas e há a possibilidade de contenção do radicalismo esquerdista. De início, o ideal seria uma diversificação de pelo menos 15%-20% do patrimônio, dependendo do caso.
Se você se interessou, preencha seus dados para receber mais informações:
CLIQUE AQUI PARA SABER MAIS.
* * *
Patriotismo é o sentimento de orgulho, amor e devoção à Pátria, aos seus símbolos (bandeira, hino , brasão, riquezas naturais e patrimoniais).
O militar presta serviços à Pátria, e, com o tempo, absorve os hábitos próprios da sua profissão. Acaba se identificando com o quartel, e jamais perderá o jeito de soldado, por mais que o tempo passe.
A influência das armas sobre os militares é tão forte, que eles se reconhecem na rua, mesmo quando vestidos á paisana.
Ao ver, na via pública, um oficial do Exército envergando um jaquetão ou um fraque, a impressão que se tem é de que falta alguma coisa à sua elegância. Por mais correto que ele esteja vestido nas suas roupas apuradas, lembra-nos, sempre, um tigre metido na pele de um urso, ou um leão enfiado, por modéstia, no couro de um elefante. Sentimos a força, a segurança e o respeito que eles impõem, perante a sociedade.
O rigor e o respeito que a farda militar impõe, mostram-se de modo mais acentuado perante os seus subordinados e cidadãos civis.
Absorvido pelo seu mundo de glória, o soldado revela-se em toda a parte e em todas as circunstâncias: no calor das palestras, na energia da vontade, na severidade da vida, na intransigência das atitudes, na disciplina do porte, e, até, ás vezes, no emprego do vocabulário empregado fora do quartel.
Pois bem. O caso do tenente José Porto Brasil é uma comprovação de que o militar guarda dentro do peito, como relíquia, os ensinamentos absorvidos na vida de quartel, A qualquer momento, poderá dar provas dessa verdade.
Militar elegante, bonito, bravo e decidido, o tenente José Porto Brasil utilizava os dias de serenidade da Pátria, passeando pela Avenida principal da capital, quando viu uma tarde, em certa casa de chá, uma bela mulher, que lhe fez acordar tocando alvorada, todos os clarins do coração. Ousado e destemido, pôs-se logo em atividade, para saber quem seria aquela linda criatura, que tanto mexeu com o seu coração. No dia seguinte, já sabia o suficiente para tentar atacar “aquela fortaleza”.
Ficou sabendo do endereço da mulher e se dirigiu até lá. A casa tinha muro alto e portão de ferro, controlado por um porteiro. O tenente viu o portão se abrir e sair um casal, que, segundo o porteiro, eram os donos da casa.
Decepcionado, ao ver que a bela mulher era casada com um homem alto, bonito e elegante, o tenente viu que era impossível atacar a “cobiçada fortaleza”.
No dia seguinte, por curiosidade, dirigiu-se, novamente, à residência da bela mulher, para se convencer de que, realmente, ela era casada com aquele cidadão. Chegou ao palacete, e, nervoso, tocou a sonora campainha. O silêncio era absoluto na casa, e ninguém atendeu. Duas, três, quatro vezes repetiu ele o sinal, mas inutilmente. Quando, desiludido, já batia em retirada, ouviu um chocalhar de corrente no portão. Voltou-se e viu o jardineiro, que abria a grade para dar passagem ao dono da casa, passando, de novo, a corrente no portão.
Atordoado pelo seu pensamento de aventura, e, não menos, pela consciência da sua superioridade de militar, o oficial não teve dúvidas: parou, deu meia volta, e marchou, firme, no rumo do cavalheiro que saíra de casa. Estacaram, pálidos, um diante do outro, dominados pela emoção.
– Que deseja o senhor? – perguntou, com a desconfiança estampada nos olhos, o marido da bela mulher..
Mão no revólver, disfarçando a tempestade que lhe invadia o coração, o tenente respondeu, com voz trêmula::
– A senha!.
E os dois soldados se abraçaram emocionados. Eram velhos amigos, do tempo de quartel, que a vida havia afastado.
Em 28 de outubro de 2002, fui ver o comício da vitória do PT. Seria uma festa e tanto, imaginei. Em campanha desde 1982, quando não passou do quarto lugar da disputa do governo de São Paulo, Luiz Inácio Lula da Silva havia amargado três derrotas em eleições presidenciais. Em 1989, fora vencido por Fernando Collor no segundo turno. Em 1994 e 1998, Fernando Henrique Cardoso o atropelara já na rodada inicial. Só no século 21 a seita da estrela vermelha pôde comemorar a concretização do sonho perseguido anos a fio por seu único deus. Cheguei às imediações do palco armado na Paulista convencido de que testemunharia um Carnaval temporão. Dois ou três discursos bastaram para escancarar o estranho defeito de fabricação: o PT não consegue ser feliz nem mesmo nos momentos de triunfo.
Filho de um político que se candidatou a prefeito de Taquaritinga com menos de 30 anos, exerceu quatro mandatos e morreu no cargo dias depois de virar setentão, nasci e cresci entre discurseiras nas carrocerias de caminhão, santinhos, cartazes e faixas, microfones e caixas de som, cédulas e urnas, foguetórios e aplausos, beijos e abraços, choro convulsivo e ranger de dentes — e nada era mais deslumbrante que o comício da vitória. “É o único dia em que um político é completamente feliz”, dizia Adail Nunes da Silva. “A gente esquece adversários, insultos, brigas, qualquer coisa desagradável ocorrida na campanha. Só lembramos dos que nos ajudaram a ganhar. Não se vê ninguém de mau humor. É pura festa.”
Também nos pequenos municípios paulistas a campanha eleitoral frequentemente roçava o ponto de combustão, as trocas de golpes retóricos provocavam hematomas e ferimentos, de vez em quando se consumava um nocaute. Adail Nunes da Silva sempre foi um homem de bem com a vida, mas num embate eleitoral nada tinha de lorde inglês. Mirava preferencialmente o fígado dos adversários com jabs irônicos e ganchos mordazes. Acusava o desafeto pouco risonho de, no cinema, torcer pelo bandido do faroeste e pelos chifres do miúra no filme que mostrava uma tourada. Quando enfrentou pela primeira vez um devoto de Lula, afirmava que nos comícios do PT a plateia era tão diminuta que, terminado o discurso, o próprio candidato descia do palanque para ampliar a salva de palmas.
Ele batia e levava. Aos 10 anos, pedi ao irmão de 17 que me levasse a um comício do inimigo. Prudente, Flávio repassou a tarefa a um forasteiro amigo que estava de passagem pela cidade. A primeira frase que ouvi foi proferida por um candidato a vereador da tribo ademarista: “O Adail é ladrão, roubou os trilhos da estrada de ferro”. Contei ao meu pai o que ouvira, ele respondeu com uma lição singela: “Quando alguém falar mal da gente, lembre que a gente vive falando mal deles. Isso é coisa de campanha eleitoral”. Terminada a apuração, os derrotados passavam uma semana pescando e os vencedores se esbaldavam no comício da vitória. Essa foi a regra até o nascimento do Partido dos Trabalhadores.
Naquela noite na Paulista, ficou claro que o acervo de exotismos políticos brasileiros incluía a única torcida do mundo que, além de não saber perder, também não sabia ganhar. Em vez de comemorar a vitória do PT, a chamada “militância” prefere festejar a derrota dos outros. Em vez de gargalhar ou flutuar sobre as nuvens em estado de graça, um petista padrão arma a carranca e vaga pelas ruas ou pela internet à caça de gente que rejeite a verdade oficial estabelecida pelo sinuelo do rebanho. O ressentimento parece mais prazeroso que a felicidade. E a celebração colérica atinge o clímax quando arruaceiros anexam ao roteiro quebras de vitrines, depredações de imóveis comerciais e saques de lojas. A festa da violência é afrodisíaca para as velhas vestais que caíram na vida.
Lula foi eleito presidente da República no domingo 30
Neste 30 de outubro em que Lula se elegeu de novo, atiçados pelo palavrório agora permanentemente raivoso do pregador, os participantes da missa negra na Paulista insultaram Jair Bolsonaro, a família Bolsonaro, ministros de Bolsonaro, jornalistas acusados de bolsonaristas, eleitores declarados de Bolsonaro e suspeitos de terem votado em Bolsonaro. Lula foi dispensado de dizer o que pretende fazer no governo: o público preferia ouvir o que Bolsonaro não poderá fazer. As boas notícias na economia foram tratadas como fake news. O ex-presidiário mentiu à vontade, com o desembaraço de quem transformou em boletins do PT veículos de comunicação que perderam a vergonha. Os vencedores não esperavam a brusca mudança na paisagem política do Brasil que conferiu contornos de data histórica ao 2 de novembro de 2022.
Em milhares de cidades, as ruas foram tomadas por manifestantes antilulistas que, pacificamente, formalizaram o nascimento da oposição que o PT nunca teve de enfrentar. Os atos de protestos — alguns portentosos, todos espontâneos — alteraram dramaticamente o jogo. Quando perdia a eleição, o PT nem esperava a posse do adversário vitorioso para tentar despejá-lo do cargo. Entre 1989 e 2022, os intolerantes irredutíveis gritaram “Fora Collor!”, “Fora Itamar!”, “Fora FHC”, “Fora Temer” e “Fora Bolsonaro”. Desta vez, os súditos do chefe do Petrolão ouviram um inesperado e estrepitoso “Fora Lula!”. Sem multidões a mobilizar, tiveram de suportar em casa a barulheira que apenas começou.
Caro Editor,
Segue em anexo o comprovante de depósito do meu dízimo deste mês de novembro.
Cumpri minha obrigação fubanesa.
Muito sucesso para essa página porreta.
Saudações fraternais.
R. Meu caro leitor, sua generosa doação já está na conta deste jornaleco escrachado.
Brigadão mesmo!
Chupicleide, Polodoro e Xolinha estão na maior alegria. Teve sorriso, relincho e latido aqui na redação.
Foi uma zuada da peste!
Aproveito a oportunidade para também agradecer as doações feitas esta semana pelos leitores Esdras Serrano, Manuel M. Sabino, Expedito Mateus e Helena de Souza.
Vocês são a força que mantém esta gazeta escrota nos ares e que nos ajuda a cobrir as despesas com hospedagem e manutenção técnica feita pela empresa Bartolomeu Silva.
Vai voltar tudo em dobro na forma de paz, saúde, tranquilidade, harmonia e longa vida!!!
E não esqueçam: amanhã é sábado!!!
João Pereira da Luz, o João Paraibano (1952-2014)
João Paraibano
A noite parindo o dia
Não tem filme mais bonito
Parece que as mãos de Deus
Sem provocar dor nem grito
Arranca o dourar do sol
Do ventre do infinito.
Me lembro da minha mãe
Dentro do quarto inquieta
Passando o dedo com papa
Nessa boca analfabeta
Sem saber que um dedo rude
Tava criando um poeta.
Faço da minha esperança
Arma pra sobreviver
Até desengano eu planto
Pensando que vai nascer
E rego com as próprias lágrimas
Pra ilusão não morrer.
Branca, preta, pobre e rica,
toda mãe pra Deus é bela;
acho que a mãe merecia
dois corações dentro dela:
um pra sofrer pelos filhos;
outro pra bater por ela.
Já nasci inspirado no ponteio
Dos bordões da viola nordestina
Vendo as serras banhadas de neblina
Com uma lua imprensada pelo meio
Mãe fazendo oração de mão no seio
E uma rede ferindo um armador
Minha boca pagã cheirando a flor
Deslizando no bico do seu peito
Obrigado meu Deus por ter me feito
Nordestino, poeta e cantador…
* * *
Louro Branco
Cantador como eu ninguém num fez
Deus deixou pra mandar muito depois
Que se cabra for grande eu dou em dois
E se o cabra for médio eu dou em três
E se for bem pequeno eu dou em seis
Que a minha riqueza é bem total
Cantador como eu não nasce igual
Que ou nasçe mais baixo sou mais estreito
Repentista só canta do meu jeito
Se for fora de série ou genial.
* * *
Expedito de Mocinha
Eu nasci e me criei
Aqui nesse pé de serra
Sou filho nato da terra
Daqui nunca me ausentei
Estudei, não me formei
Por que meu pai não podia
Jesus, filho de Maria
De mim se compadeceu
Como presente me deu
Um crânio com poesia!
* * *
Diniz Vitorino
Vemos a lua, princesa sideral
Nos deixar encantados e perplexos
Inundando os céus brancos de reflexos
Como um disco dourado de cristal
Face cálida, altiva, lirial
Inspirando canções tenras de amor
Jovem virgem de corpo sedutor
Bem vestida num “robe” embranquecido
De mãos postas num templo colorido
Escutando os sermões do Criador.
* * *
Chico de Assis
Quem nasceu com pouca sorte
Com nada se acostuma
Uns têm castelos de areia
Outros castelos de espuma
As dádivas já são contadas
Feliz de quem ganha uma.
* * *
Pinto do Monteiro
Adeus, “Monteiro’ de merda,
Eu nunca mais volto em tu…
Cheguei gordo, volto magro,
Bem vestido e volto nu…
Criei ferrugem nos dentes
E teia de aranha no cu.
* * *
Elísio Felix da Costa (Canhotinho)
Eu canto pra todo mundo
Com minha vocação santa
Cantando também se chora
Chorando também se canta
A minha mágoa secreta
Confessar não adianta.
* * *
Luiz Ferreira Lima (Liminha)
Quando eu quis ela quis e nós juntamos
Nossas vidas para sempre num abraço
E até hoje não há briga e nem cansaço
Que nos faça esquecer que nos amamos
Onde estou ela está e nós estamos
Mais ardentes do que fogo abrasador
Com seu corpo curvilíneo e sedutor
Ela tira meu estresse e desengano
Não há seca que resseque o oceano
Nem feitiço que acabe o nosso amor…
Caro Papa.
Estamos todos traumatizados com esse outubro terrível que acabamos de passar.
Não convidei ninguém para participar do Cabaré, mas quem quiser participar desse momento de fuxico, é só entrar na sala clicando aqui.
Às 19h30 estarei na porta….
Abraços
R. Tá certo, meu caro amigo e gerente cabarelístico.
Mais uma sexta-feira para rever os amigos e jogar conversa fora.
Sete e meia da noite estaremos todos lá no Cabaré.
Contamos com a presença dos queridos leitores fubânicos.
Até mais tarde!
Ministro Roberto Barroso, vice-presidente do STF
O Brasil continua a caminhar, agora com passo mais rápido, para uma situação de desordem. O encerramento de uma eleição presidencial é sempre o fim da guerra e o começo da paz, sobretudo se é você quem ganha. Não no Brasil de hoje. A eleição acabou, Lula, a esquerda e o STF ganharam – mas em vez de uma volta à normalidade o que está se vendo, por parte dos ganhadores, é a promoção das tensões, o esforço para eliminar adversários e o avanço das ações totalitárias. Lula disse em seu primeiro discurso depois da eleição que quer governar o país “para todos”, e não apenas para os que votaram nele. Seria excelente se ele tivesse realmente essa intenção – e os meios práticos para fazer o que promete. Mas os primeiros dias que se seguiram à proclamação dos resultados pelo TSE indicam o contrário de uma pacificação geral. O ambiente é de reforço do regime de exceção criado pelo alto judiciário nos últimos anos – e da emergência, em torno do novo presidente, de um PT e uma esquerda mais extremistas, mais violentos e mais empenhados do que nunca em demolir com a sua “democracia popular” – a única que aceitam – a democracia das liberdades públicas, dos direitos individuais do cidadão e do respeito à lei.
O movimento dos caminhoneiros, que bloqueou estradas por todo o Brasil em protesto contra o resultado das eleições (veja matéria nesta edição) foi, sem dúvida, um fator de agitação – e, além disso, uma agressão clara ao direito de ir e vir, ao impedir o uso das mesmas estradas para todos os cidadãos. O consórcio esquerda-mídia-judiciário, naturalmente, explodiu em indignação automática contra esses “atos antidemocráticos” e contra o que descreveu como a “conivência” do governo com os caminhoneiros. Mas não é aí que está o foco da infecção. De um lado, e em meio a exigências histéricas de repressão ao movimento, o presidente da República acabou tendo a atuação mais efetiva de todas para acalmar os ânimos, ao pedir o fim dos bloqueios e o cumprimento da lei. De outro, os indignados com as ameaças à “democracia” são exatamente os mesmos que continuam a desrespeitar as leis e a bloquear o funcionamento normal dos mecanismos democráticos — ou os que lhes dão apoio.
Caminhoneiros bloqueiam a Rodovia Castello Branco, na altura do quilômetro 26, em Barueri, na Grande São Paulo, em protesto contra a derrota à reeleição do presidente Jair Bolsonaro – 1//11/2022
O que pode haver de democrático na atuação do ministro Alexandre de Moraes em relação aos caminhoneiros? O ministro, na sua condição oficial de presidente do TSE, expediu ordens, exigiu providências, ameaçou a Deus e a todo mundo com punições extremadas. Mas a eleição não acabou? O seu dever funcional não está encerrado? Qual a lei que permite ao chefe da “justiça” eleitoral se intrometer em greve de motorista de caminhão? Ou em qualquer coisa que não tenha a ver com as suas funções legais de organizador da votação e da apuração dos votos? Como faz com o seu inquérito perpétuo contra tudo o que ele considera “atos antidemocráticos”, Moraes parece estar criando a eleição sem fim – continua a baixar decretos como fez sem parar durante a campanha eleitoral. Se ele se permite a entrar no movimento dos caminhoneiros, que deve ser tratado – e foi – com os instrumentos legais em vigor, porque não entraria na lei do zoneamento urbano, no horário de funcionamento da alfândega ou naquilo que lhe der na telha? Ninguém iria dizer nada, a começar pelos seus colegas de STF; não disseram agora, não disseram em seus três anos de inquérito ilegal e não vão dizer nunca. O ministro Moraes criou um governo paralelo no Brasil. Imaginou-se que seu propósito era tirar o presidente Bolsonaro da presidência e colocar Lula no seu lugar. Conseguiu, junto com os seus colegas, aquilo que pretendia. Qual o sentido de continuar fazendo, depois das eleições, o que tem feito até agora? Perseguir os opositores do futuro governo Lula? Isso é desordem – um passo a mais na caminhada que começou quatro anos atrás, quando a esquerda e o STF não admitiram a vitória de Bolsonaro nas eleições e 2018 e lançaram o projeto de sabotar seu governo e de impedir a sua reeleição.
O ministro Moraes, naturalmente, não é o único a operar esse governo paralelo. Um dos seus acionistas mais agressivos é o ministro Luís Roberto Barroso. Ele está empenhado, cada vez mais, em impor aos cidadãos obrigações que não existem nas leis. Serve-se de seu cargo no STF para desapropriar os poderes do Congresso e para escrever legislação por conta própria. Pior que tudo, está socando em cima da população o modelo pessoal de Brasil que tem em sua cabeça. Não é o Brasil que está definido na Constituição Federal, ou no resto do sistema legal em vigência no país. Como outros colegas, Barroso acredita que esse estado de coisas está “errado”, que nem o Legislativo e nem o Executivo têm capacidade para consertar os erros e que cabe ao STF, portanto, a tarefa de “melhorar” a sociedade. É a “justiça propositiva”, ou “ativismo judicial”. O Brasil, de acordo com os seus princípios, tem de se comportar como o ministro Barroso e os colegas acham que deve, e não como a lei determina; o único desenho que serve é o desenho deles mesmos, excluindo-se todos os demais. E quem está em desacordo com o desenho dos ministros? Não teria o direito de argumentar que só o Congresso, onde é representado, tem autorização para decidir como a sociedade brasileira deve ser? Não, não tem direito a nada. Tem apenas de obedecer aos ministros e viver no país que eles querem.
O último ataque feito por Barroso às instituições e ao sistema legal do Brasil é um despacho que revoga, para efeitos práticos, o direito à propriedade privada da terra – rural e urbana, pelo que deu para entender. Ele vinha cozinhando a coisa já há tempo; assim que foi proclamada a vitória de Lula, anunciou a sua decisão. A partir de agora, os juízes não podem mais dar sentenças de reintegração de posse, devolvendo aos seus legítimos donos propriedades que foram invadidas – mesmo nas ações em que já se decidiu a desocupação das áreas. Tribunais de justiça estaduais e tribunais regionais federais devem instalar “imediatamente” comissões de “conflitos fundiários”, que passam a fazer “inspeções judiciais” e “audiências de mediação” antes de qualquer decisão que determine a devolução da área ocupada a seus proprietários. As “comunidades afetadas” têm de ser ouvidas e o seu “direito à moradia” tem de ser “respeitado”; não pode haver, “de forma nenhuma”, separação dos membros de uma família. Ou seja: de hoje em diante, segundo Barroso, o cidadão que teve a propriedade invadida não pode pedir que a justiça devolva o que lhe pertence legalmente; tem de negociar o seu direito com o invasor, dentro das tais “comissões”. Também não pode se defender por conta própria. E se o MST, ou os movimentos de “sem teto” não quiserem sair, ou se não for feito acordo nenhum na “comissão” durante os próximos 25 anos? Não se sabe.
O ministro Luís Roberto Barroso, durante conferência sobre liberdade de expressão e democracia em evento da FGV Direito SP e FGV Editora em São Paulo – 2/5/2022
É tudo absolutamente ilegal. Que lei permite ao STF fazer uma coisa dessas? Quem autorizou o ministro ou o STF a criarem regras que mudam o exercício do direito de propriedade? As “comissões” de que fala o despacho não existem na legislação brasileira; só existem no mundo mental de Barroso. Quem vai estabelecer quantos membros elas devem ter, quem serão eles, quais os procedimentos que se devem seguir, que prazos tem de ser cumpridos? Quem tem sua propriedade invadida faz o que, enquanto isso tudo não se resolve? A alegação, da pior qualidade, é que a propriedade tem de se subordinar a uma “função social”. E por acaso são os ministros do STF que decidem qual é a “função social” disso ou daquilo? É uma alucinação. O direito à propriedade faz parte das chamadas “cláusulas pétreas” da Constituição – aquelas que não podem ser mudadas nem com a aprovação de um projeto de emenda constitucional. Está entre os direitos fundamentais do cidadão brasileiro, estabelecidos no artigo 5 da lei fundamental da nação. Mas e daí? Para o STF não existe cláusula de pedra, ou de qualquer material – a única coisa que vale é a vontade dos ministros. É democracia, isso? Como pode haver democracia num país em que o alto judiciário dá a si próprio o direito de mandar em tudo? Não pode; só pode haver tumulto.
No mesmo momento em que ministro Moraes cria o estado de eleição perpétuo e o ministro Barroso revoga o direito à propriedade privada tal como ele é definido em lei, o PT se agita para jogar mais combustível na fogueira da desordem. Sua última ação é mexer com os militares. As Forças Armadas estão quietas desde que o general João Figueiredo encerrou o seu mandato como presidente da República, em 1985. De lá para cá, nunca mais interferiram em nada; não deram um pio durante os governos Lula-Dilma, não criaram problema nenhum para o regime democrático, não colocaram o mínimo obstáculo para a normalidade da campanha eleitoral ou para a volta de Lula à presidência. Têm agido de forma estritamente profissional e apolítica – não se sabe, francamente, o que estariam fazendo de errado, ou por que teriam de mudar alguma coisa. Mas o PT, mal encerrada a votação, já começa a inventar um “problema militar” no Brasil; na verdade, quer mudar os fundamentos que regem as Forças Armadas para transformá-las numa parte do aparelho petista, como um departamento qualquer lotado de companheiros” e obediente em tudo aos donos do governo.
Os militares, hoje, são a última barreira que separa o Brasil de uma ditadura esquerdosa, do modelo Venezuela-Cuba-Nicarágua, e garante as liberdades constitucionais para o cidadão brasileiro. O PT, já há muito tempo, quer eliminar esse estorvo aos seus projetos – acha que nunca conseguirá mandar 100% no Brasil enquanto as Forças Armadas forem o que são hoje. Agora, ainda a dois meses da posse de Lula, já falam em “reforma” do Exército, Marinha e Aeronáutica. Querem criar uma “Guarda Nacional” que substituirá Exército como a principal força armada do país e servirá de milícia para executar ordens do governo. Falam em eliminar o artigo 142 da Constituição, que prevê intervenção militar em caso de ameaça às instituições. Propõem um “comando político” para o Exército, e a substituição do atual sistema de promoções dos oficiais, baseado em critérios objetivos de mérito, por um modelo em que o governo nomeia quem sobe de patente. Pretendem mudar os currículos das academias de formação de oficiais – e fazer a “integração” das Forças Armadas brasileiras aos exércitos da “América Latina”, com o consequente rompimento de seus pontos de contato com o sistema de defesa dos Estados Unidos.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, abraça o presidente eleito, Lula (PT), durante um almoço nesta segunda-feira, 31
O que pode sair de bom disso aí? Rigorosamente nada – de novo, como no caso do STF, é uma agressão grosseira ao que está escrito na Constituição, e um fator de agitação pura e simples para a normalidade da vida nacional. Qual o problema concreto do Brasil que essas mudanças vão resolver? O que o brasileiro vai ganhar de útil com qualquer uma delas? Quem, a não ser o PT, tem o mínimo interesse em alguma dessas mudanças? Essa é, mais que qualquer outra, a questão central no Brasil de hoje – a ameaça objetiva à manutenção da democracia, através da anulação das regras constitucionais e da promoção da desordem. Com certeza, há preocupações sérias com a gestão da economia, com a volta da corrupção (agora garantida oficialmente pelas decisões do STF) e com a retomada do processo de destruição da Petrobras e outras estatais. Mas é a liquidação do regime democrático que aparece como o pior de tudo. O PT, a esquerda e o STF, mais a mídia em peso, estão falando há quatro anos que Bolsonaro é o maior perigo que jamais surgiu para a democracia brasileira; a única salvação era votar em Lula. Pois aí está: não há mais Bolsonaro nenhum, e querem continuar violando a lei para salvar as “instituições”, o estado de direito e todas as virtudes presentes sobre a face da Terra. É muito cedo, obviamente, para dizer que o governo Lula vai ser assim ou assado; ele não anunciou, sequer, os nomes dos seus principais ministros, nem deu alguma pista decente sobre o que pretende fazer, fora a declaração sobre um Brasil de “todos”. Sabe-se, com certeza, que a política fundamental de Lula é cuidar dos seus próprios interesses; se for bom para ele, qualquer coisa serve. Também é certo que nunca presidiu o país com um PT tão extremista como o de hoje, nem com um Supremo que se comporta como esse, e nem com uma mídia que está à esquerda de ambos. Se achar que o seu melhor interesse não está aí, a coisa tenderia a se acalmar. Se achar que a “democracia popular” lhe dará a chance de não sair nunca mais do governo, vai apostar tudo na desordem.