
Arquivo diários:15 de maio de 2022
DEU NO X

DEU NO X

QUE ÍNDIO IMBECIL
JESUS DE RITINHA DE MIÚDO

AH, SE DEUS…
Por que eu não nasci flor
Pequena e delicada
De pétala fina e rosada
E de singular olor?
Se Deus fizesse o favor
De em flor me transformar
Quem sabe eu fosse ficar
Em tua orelha, bem presa,
Usando a tua beleza
Para a minha enfeitar.
Ah, se Deus…
E quem pudesse olhar
Eu por trás da tua orelha
Perceberia a parelha
Que só Deus pôde criar.
Talvez fosse divagar
A história que ali se dava
Eu de ti me aproveitava
Inalando o teu bom cheiro?
Ou tu vieste primeiro
E com prazer me cheiravas?
Ah, se Deus…
A PALAVRA DO EDITOR

FEIJÃO DE CORDA
DEU NO X

VÁ LÁ E RECUPERE SUA BICICLETA ROUBADA
DEU NO X

OS AMIGOS PAGAM TUDO
JOSÉ RAMOS - ENXUGANDOGELO

DEUS PÔS AS MÃOS NA TRANSPOSIÇÃO DO VELHO CHICO
Transposição do Velho Chico mudou a paisagem
Jovem turista hospedado no hotel cinco estrelas, escolhe uma mesa vazia próxima da piscina, e senta. Chama o Garçom, e diz:
– Me veja uma água Perrier!
Atencioso, o Garçom se curva para o jovem, e responde:
– Um momento apenas, senhor!
Diferente em tudo, de como e quando minha avó Raimunda ordenava:
– Meu fio, bote os cambitos no jumento e vá buscar um “camim” d´água, prumode eu lavá essas coisas que tão no girau!
E lá ia eu sem direito a resmungar, pois com certeza um pedaço de rapadura eu ganharia na volta e, na “boquinha da noite”, deitado com a cabeça na perna dela, eu ainda ganhava de bônus uns “cafunés”. Daqueles que a gente escuta o dedo estalar.
Distante daquela cena doméstica, tudo era desolador. Milho e feijão semeados que não nasceram. Manivas de mandioca ressecadas e nem mesmo a maliça (erva daninha espinhosa e sensível) crescera.
Na capital, os políticos diziam que faziam tudo para melhorar aquela situação. Como? Rezariam para São José ou enviariam carta para São Pedro, pedindo chuva?
Só chuva resolveria a situação. Melhor dizendo: só água melhoraria aquela situação que a seca transformara os roçados em cenas tristes e cheias de carcaças de animais mortos de sede.
A seca dizimou muitas gerações nordestinas
Toda noite, o rádio anunciava na Voz do Brasil, que era calamitosa a situação do sertão da Paraíba, Pernambuco e Piauí. Os municípios cearenses de Icó e Barro perdera parte da sua população. A fuga para escapar da seca era diária e constante.
Cena comum, era olhar as estradas repletas de pessoas carregando pertences em fuga. Dormindo ao relento, pedindo socorro nas igrejas e até acampando sob as árvores que encontravam pelas estradas em busca de nada.
Na realidade, procuravam a esperança. E quem espera, um dia alcança. Mas, ninguém conseguia ficar parado. Era o flagelo total.
Crianças caminhavam léguas transportando água
Havia a desconfiança de que alguém ganhava com aquilo. Chamavam de “a indústria da seca”. Começaram a aparecer os caminhões-pipas. A indústria e a comercialização de cisternas e o transporte d´água em maior quantidade. Era a confirmação de que alguém estava ganhando com a seca.
Era chegada a hora de acreditar nos videntes. Um dia alguém dissera que, não demoraria muito, o sertão viraria mar.
Só um Messias para tanger o bezerro de ouro, acalmar o povo faminto e levar esperança de que, “a mão de Deus seria colocada para aplacar aquela penosa e secular situação.
Eis, finalmente, que Deus usou suas mãos e conduziu o Messias.
A água da transposição está garantindo a boa agricultura
O milagre seria chamado de “transposição”. A “transposição” do Rio São Francisco, outrora imaginada por Dom Pedro, relembrada pelo então ministro Andreazza e, sejamos honestos, iniciada durante os governos petistas. Com inúmeras falhas que não puderam ser corrigidas por conta do superfaturamento, a obra foi aos poucos sendo abandonada. O povo perdera sua importância – e suas vidas também.
Eis que, no dia 1 de janeiro de 2019, Jair MESSIAS Bolsonaro assume a Presidência da República e começa montar sua equipe técnica de trabalho. Tarcísio Freitas, o nome do anjo que, demonstrando competência e seguindo sempre a orientação divina, inicia a obra da transposição salvadora.
Horas, dias, meses e os primeiros trechos começaram a ser inaugurados. A água salvadora estava chegando e se misturavam com as lágrimas de alegria, que por anos foram de lamentos e tristeza pelas vidas perdidas.
Os campos e serras, antes vermelhos pelo barro ou cinzento pela seca, como uma pintura de Vincent van Gogh, em milagre, ficaram verdes. Verdes e produtivos como nunca haviam sido.
Acabaram as fugas. As famílias se fixaram nas suas glebas e recomeçaram na construção das suas vidas e se vangloriando da produção de alimentos para si e para o mundo.
Graças à transposição.
Petrolina desenvolve cultura da uva e do vinho gerando empregos
O solo, antes ressequido, agora é verdejante. O interior nordestino que já recebe a água da transposição, já não é mais o “polo da seca”. Ali, agora, há trabalho. Há vida. Há produção e há uma dose enorme de felicidade.
DEU NO X

SUPREMA IMBECILIDADE
JOSÉ DOMINGOS BRITO - MEMORIAL

OS BRASILEIROS: Patativa do Assaré
Antônio Gonçalves da Silva nasceu em 5/3/1909, em Assaré, CE. Poeta, compositor, cantor, violeiro e improvisador (repentista). Considerado um dos principais representantes da música popular nordestina do século XX, recebeu o epiteto “Patativa do Assaré” devido ao fato de sua poesia cantada se comparar à beleza do canto dessa ave.
Nascido numa família pobre e vivendo da agricultura de subsistência, ficou cego olho direito, aos 4 anos, deviddo ao sarampo. Aos 8 anos, com morte do pai, passou a trabalhar no sustento da família. Aos 12 frequentou a escola local, onde foi alfabetizado em 6 meses. Aos 16 anos comprou sua primeira viola e passou e cantar repentes com apresentações em festas e feiras. Aos 20 mudou-se para Belém e foi “descoberto” pelo folclorista e jornalista José Carvalho de Brito, correspondente do jornal Correio do Ceará. Apresentando-o com “Patativa”, publicou alguns poemas no jornal e no seu livro O caboclo do Pará e o matuto cearense, um capítulo sobre o jovem violeiro. Pouco depois retornou ao Ceará e incoporou o topônimo Assaré ao nome. “Patativa” é um passáro cantador conhecido na região.
Em meados de 1956, frequentava a feira de Crato e participava de um programa da Rádio Araripe, declamando seus poemas. Aí teve contato com José Arraes de Alencar, que gostou dos poemas e incentivou a edição de seu primeiro livro Inspiração nordestina, em 1956. Mais tarde saiu uma 2ª edição ampliada com o título Cantos do Patativa. Mais um lançamento se deu em 1988, com a coletânea de poemas Ispinho de fulô. Ao todo lançou 12 livros, alguns deles em pareceria ou organizado por Geraldo Gonçalves de Alencar. A fama vai se alargando no encontro com outro ícone nordestino: Luiz Gonzaga gravou sua toada A triste partida e deu o titulo ao seu novo LP em 1965.
Mais tarde, em 1973, Fagner gravou o poema O vaquêro com o nome Sina, sem lhe dar o crédito. Porém retratou-se e tornaram-se amigos, vindo a autorizar Fagner gravar Vaca estrela e boi fubá, em 1980, cantada em dupla com Luiz Gonzaga. Em 1970 lançou uma nova coletânea Patativa do Assaré: novos poemas. O livro que o tornou mais conhecido viria em 1978 com Cante lá que eu canto cá, apresentado na programação cultural do encontro da SBPC-Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em 1979. No mesmo ano se apresentou no Teatro José de Alencar, num espetáculo produzido por seu conterrâneo Fagner, que editou o show e lançou o LP Poemas e canções pela gravadora CBS.
A partir daí ficou conhecido no meio intelectual e estudantil, com presença constante em eventos artisticos. No mesmo ano lançou seu primeiro disco “Poemas e canções”, produzido por Fagner. A amizade entre o poeta e o cantor foi consolidada em apresentações, como no Festival de Verão de Guarujá e no Memorial da América Latina, em 1981. Neste ano esteve no programa “Som Brasil”, da TV Globo, apresentado por Rolando Boldrin. Em 1985 Chico Buarque de Holanda, Milton Nascimento e Fagner musicam seu poema Seca d’água, em solidariedade aos flagelados das enchentes no Nordeste. No mesmo ano, o Banco do Estado do Ceará lançou um disco com seus poemas. Em 1989 foi lançado o LP Canto Nordestino, produzido por Rosemberg Cariry. Seus últimos lançamentos foram o livro Aqui tem coisa e o LP 85 anos de poesia, em 1994. Faleceu em 8/7/2002.
Não obstante a popularidade alcançada, costumava dizer que nunca buscou a fama, nem teve intenção de se tornar um profissional da poesia. Manteve a família de 9 filhos como agricultor e passou toda a vida em Assaré. Era dotado de um grande poder de memória e não escrevia seus poemas. Tal capacidade se manteve até mais dos 90 anos recitando os poemas, que se distinguiam pela oralidade no sotaque carregado. Sua obra, quando transcrita para meios gráficos, perde boa parte do significado expresso verbalmente (voz, entonação, pausas, expressões faciais…). Já na oralidade ficam realçados a ironia, veemência, hesitação…
No entanto, ele sabia criar versos nos moldes camonianos, incluindo sonetos na forma clássica. Ele mesmo diferenciava seus versos em linguagem culta daqueles em linguagem popular, que chamava de “poesia matuta”. Mais tarde deixou de fazer cantorias com seus versos para concentrar-se apenas na poesia: “Eu deixei de ser violeiro, porque nunca tive prazer em cantar ao som da viola. (…) minha ideia de versejar estava muito acima dessa nossa poesia de viola, que podemos dizer é uma poesia mais ou menos corriqueira. (…) sempre gostei de escrever meus versos, a atualidade, a marcha da vida”.
Foi homenageado diversas vezes com premiações, títulos e comendas: diploma de “Amigo da Cultura”, outorgado pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (1982); recebeu títulos de doutor honoris causa de 6 universidades; cidadão honorário de Fortaleza (1982) e Rio Grande do Norte (2000); prêmio Ministério da Cultura na categora Cultura Popular (1995); nomeação de duas bibliotecas públicas no Piauí e a rodovia ligando Assaré a Antonina do Norte entre outras homenagens. Em 1999 foi inaugurado o “Memorial Patativa do Assaré” em sua cidade.
No ano de seu centenário (2009), o projeto Patativa do Assaré Encanta em Todo Canto percorreu num caminhão 95 cidades do Ceará com o objetivo de difundir a poesia popular. Alguns livros e biografias dão conta de seu legado: O metapoema em Patativa do Assaré: Uma introdução ao pensamento literário do poeta, de Francisco de Assis Brito, da Faculdade de Filosofia de Crato (1984); Filosofando com Patativa, de Jesus Rocha, pela Stylus Comunicações (1991); Patativa do Assaré: as razões da emoção, de Cláudio Henrique Sales Andrade, pela Editora UFC (2004).
WELLINGTON VICENTE - GLOSAS AO VENTO

BEBENDO E PENSANDO NELA
É só ver você passando
Que meu coração dispara.
Mote deste colunista
O anjo de arco e flecha
Flechou nossos corações
Vendo as suas intenções
Fechei rapidinho a brecha
Pra não ficar com a pecha
De sonhador babaquara
Já “vazei na braquiara”
Pra não ficar lamentando
É só ver você passando
Que meu coração dispara.
Suas mentiras constantes
Chamaram a minha atenção
Preparei meu coração
Contra futuros levantes
Seus modos tão relutantes
Ao diálogo cara a cara
Vi que o amor que eu sonhara
Já nasceu se ultimando
É só ver você passando
Que meu coração dispara.
Tento esquecer os momentos
Tão bons que passamos juntos
Tão variados assuntos
Sobre os nossos sentimentos
Hoje os meus ressentimentos
Nem mesmo a cachaça sara
Pelo jeito a Sapupara
Vai acabar me acabando
É só ver você passando
Que meu coração dispara.