
Arquivo diários:13 de maio de 2022
DEU NO X

PEDRO MALTA - REPENTES, MOTES E GLOSAS

ZÉ LIMEIRA, O POETA DO ABSURDO (I)
Capa da 5ª edição de Zé Limeira, O Poeta do Absurdo, da autoria de Orlando Tejo
* * *
Quando Dom Pedro Segundo
Governava a Palestina
E Dona Leopoldina
Devia a Deus e o mundo
O poeta Zé Raimundo
Começou castrar jumento
Teve um dia um pensamento:
“Tudo aquilo era boato”
Oito noves fora quatro
Diz o Novo Testamento!
Um dia Nossa Senhora
Se encontrou com Rui Barbosa
Tiraram um dedo de prosa
Viraram e foram se embora
Judas se enforcou na hora
Com uma corda de cimento
Botaram os filhos pra dentro
Foi pra arca de Noé,
Viva a princesa Isabé,
Diz o Novo Testamento.
Pedro Álvares Cabral
Inventou o telefone
Começou tocar trombone
Na porta de Zé Leal
Mas como tocava mal
Arranjou dois instrumento
Daí chegou um sargento
Querendo enrabar os três
Quem tem razão é o freguês
Diz o Novo Testamento.
Um sujeito chegou no cais do porto
E pediu emprego de alfaiate
Misturou cinturão com abacate
E depois descobriu que estava morto
Ligou seu rádio no focinho de um porco
E afogou-se num chá de erva cidreira
Requereu um diploma de parteira
E tocou numa ópera de sinos…
Eram mãos de dezoito mil meninos
E não sei quantos pés de bananeira.
Eu já cantei no Recife
Na porta do Pronto Socorro
Ganhei duzentos mil réis
Comprei duzentos cachorro
Morri no ano passado
Mas este ano eu não morro…
Sou casado e bem casado
Com quem não digo com quem
A mulher ainda é viva
Mas morreu mora no além
Se voltar um dia à Terra
Vai morar no pé-da-serra
Não casa com mais ninguém.
Lá na serra do Teixeira
Zé Limeira é o meu nome,
Eurico Dutra é um grande
Mas vive passando fome
Ainda antonte eu peguei
Na perna dum lubisome.
Minha mãe era católica
E meu pai era católico
Ele romano apostólico
Ela romana apostólica
Tivero um dia uma cólica
Que chamam dor de barriga
Vomitaro uma lumbriga
Do tamanho dum farol
Tomaro Capivarol
Diz a tradição antiga.
Minha avó, mãe de meu pai
Veia feme sertaneja
Cantou no coro da Igreja
O Major Dutra não cai
Na beira do Paraguai
Vovó pegou uma briga
Trouve mamãe na barriga
Eu vim dentro da laringe
Quage me dava uma impinge
Diz a tradição antiga.
Zé Limeira quando canta
Estremece o Cariri
As estrêla trinca os dente
Leão chupa abacaxi
Com trinta dias depois
Estoura a guerra civí
Aonde Limeira canta
O povo não aborrece
Marrã de onça donzela
Suspira que bucho cresce
Velha de setenta ano
Cochila que a baba desce!
Quem vem lá é Zé Limeira
Cantor de força vulcânica
Prodologicadamente
Cantor sem nenhuma pânica
Só não pode apreciá-lo
Pessoa senvergônhanica.
DEU NO JORNAL

FRACASSOS À VISTA
Luís Ernesto Lacombe
O presidente da Argentina, Alberto Fernández
Eles conhecem profundamente os principais problemas do país e do mundo. E, claro, têm a solução para todos eles. A verdade lhes pertence, ainda que construída em sonhos, em projetos delirantes, que não têm como dar certo. Há uma coleção de fracassos, resultados visíveis que são péssimos, há fatos que não podem ser ignorados… As fórmulas dos “sabedores de todas as coisas” não se sustentam, são falhas, mofadas, têm sido testadas há mais de um século. Resumidamente, o que conseguiram foi cuspir no capital privado, nos geradores de riqueza e manter os pobres na pobreza, dependentes da mão “salvadora e protetora” do Estado.
É tão difícil assim olhar para a China, Coreia do Norte, para Cuba, Venezuela, Argentina e entender que não há caminho para povo algum num Estado inchado, espaçoso, gordo? Um Estado que se pretende pai, e basicamente impõe castigos. Um Estado tutor, controlador, sufocante. E parece tão simples olhar o que deu certo no mundo. Países que apostaram na liberdade econômica, que promoveram um bom ambiente de negócios, que descartaram a burocracia, o peso estatal, que pulverizaram o Estado gastador, fomentador de crescimento e desenvolvimento, que seguiram premissas do liberalismo, com respeito a princípios morais, esses países, sim, deram certo. São eles que ocupam os primeiros lugares na lista de nações com maior índice de desenvolvimento humano.
Esse índice nem existia quando a Argentina figurava entre os países mais ricos do mundo, lá no início do século passado. O que Alberto Fernández conseguiu, desde sua posse em 2019, foi exatamente aquilo que pessoas com senso crítico e olhar para o mundo real tinham previsto… A inflação está fora de controle, é uma das maiores do mundo, as taxas de juros batem recordes, a pobreza só cresce. A crise argentina avança e já é comparada à da Venezuela. Não tinha como ser diferente. Um Estado intervencionista será sempre um desastre. Aumentam os gastos, aumentam os investimentos, as dívidas, sem resolver um problema sequer, muito pelo contrário, agravando o quadro. Mais subsídios, mais programas sociais, mais gasto público, menos desenvolvimento, menos progresso.
Aqui no Brasil, há pré-candidatos à Presidência da República indicando para o país os caminhos desastrosos que Venezuela e Argentina estão percorrendo. Esses políticos têm uma visão social predominante, que é falsa, equivocada. Não é possível que continuemos a ignorar a realidade, desprezando todas as evidências que derrubam os planos fajutos daqueles que se atribuem uma superioridade moral. Thomas Sowell já perguntou: “Por que acreditar em uma visão particular cujas evidências contrárias são ignoradas, suprimidas ou desacreditadas?”; “Por que alguém busca não pela realidade, mas por uma visão?” O que Argentina e Venezuela dizem em voz alta aos brasileiros é: não venham por aqui, ou terão apenas fracasso político, econômico, social e moral.
A PALAVRA DO EDITOR

PREOCUPADA?
CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

MAURÍCIO ASSUERO – RECIFE-PE
Prezados Editodos,
hoje o Cabaré do Berto vai ser dedicado a fuxicagem, fofocas.. só conversar “miolo de pote”.
Estou viajando, a trabalho, e minha conexão não está fácil.
Foi uma “sorte” ter atendido sua ligação porque cada número as tentativas de ligações que fiz “telefone fora de área ou desligado”.
Assim, vamos fuxicar hoje para não perder o costume.
Para participar basta clicar aqui.
Das 19h30 às 20h30.
E as portas se abrirão às 19h25, horário de Brasília.
R. Ótimo. Excelente ideia.
Uma reunião só pra fuxicar, falar da vida alheia e gozar com a cara do próximo.
Me contaram umas histórias tuas, do Adônis e do Maurino…
Deixa pra lá.
De noite a gente se encontra e conversa.
Em plena sexta-feira 13.
Vôte!
Vai ser uma reunião educada, pacífica e civilizada como sempre.
CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

RODRIGO DE LEON – PELOTAS-RS
DEU NO X

QUEM PODERIA IMAGINAR UMA COISA ASSIM…
DEU NO X

FALOU O DESOCUPADO
CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

OSNALDO PEREIRA DE ARAUJO – BRASÍLIA-DF
Caro Guru,
Acabo de receber os dois exemplares do seu livro “A Prisão de São Benedito“.
Agora é só degustar a leitura.
Grato pela sua intervenção junto à Editora Bagaço.
R. Meu caro, fico satisfeito de saber que você recebeu pelos correios os volumes adquiridos à Editora Bagaço, que atualmente detém os direitos de todos os meus títulos.
Agora vou torcer pra que goste da leitura.
E vou aproveitar a oportunidade pra me amostrar e fazer um comercial dos meus produtos.
Este meu livro de crônicas, A Prisão de São Benedito, já está na sexta edição.
Na verdade, todos os meus títulos têm mais de uma edição. O que é uma coisa muito gratificante para quem escreve.
O Romance da Besta Fubana, lançado em 1984, está na quarta edição.
Este romance, à época do seu lançamento, foi resenhado nos principais órgãos da imprensa brasileira, entrou na lista dos mais vendidos em vários estados e recebeu dois prêmios de Melhor Livro do Ano:
– Prêmio Literário Nacional, Instituto Nacional do Livro
– Prêmio Guararapes, União Brasileira de Escritores
Na foto abaixo, este editor inxirido recebendo um dos prêmios na sede da Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, em 1984
Sugiro aos meus estimados leitores uma passada na página da Editora Bagaço, na seção que trata dos meus livros.
Uma passagem sem qualquer compromisso. Só pra dar uma olhada.
Para isto, basta clicar aqui.
Um grande abraço pra você, meu caro Osnaldo, e um excelente final de semana para toda a comunidade fubânica.
CARLITO LIMA - HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA

A FEIOSA DA PITANGUINHA
Rosa, Hortência e Margarida, as três, nome de flor, filhas da professora Jacira e de Seu Jeremias, funcionário público exemplar, morreu inesperadamente de um infarto em sua caminhada matinal subindo a Ladeira da Moenda, no bairro da Pitanguinha, perto da casa de Djavan. Um grande choque para família e amigos.
Ulisses, amigo irmão de Jeremias, inconsolável e prestativo tentou consolar a viúva desde o cemitério. Como dispõe de tempo, seu trabalho é uma sinecura na Assembleia Legislativa, tratou dos papéis da pensão da viúva. Foi um longo trabalho nos cartórios e repartições. Passaram-se quase três meses nesse vai e vem, o que consolidou uma amizade, um bem querer entre os dois. Jacira apesar de sessentona é conservada, bonita e desejável. Os dois terminaram se entendendo num motel da praia de Jacarecica. Passaram mais de um ano encontrando-se furtivamente, até que resolveram contar à família. Afinal Ulisses é um homem livre, divorciado, sem filho. Mesmo sem a aprovação unânime da família, Ulisses juntou seus trapos e foi morar na casa da bela coroa Jacira, viúva de seu amigo Jeremias, cujo retrato colorido enfeita a parede da sala, sorrindo aos visitantes.
As filhas mais novas, Hortência e Margarida já estavam casadas quando o pai morreu, viviam com seus maridos e filhos em apartamentos perto da orla. Jacira ficou morando na casa da Pitanguinha com a filha Rosa e seu problema. Apesar de um corpo escultural, um traseiro atraente, Rosa é feiosa, tem a boca troncha e alguma dificuldade em falar, problema advindo de um parto complicado. Ela cresceu e estudou numa escola da Pitanguinha, sofreu humilhação, zombaria, o que hoje chamam de bullying. Obviamente tem complexo de inferioridade e de feiura. Penou muito na escola e na rua. Durante a adolescência teve vontade de se matar algumas vezes. Rosa sempre aguentou calada sua amargura. Fez vestibular e formou-se em Assistente Social, a profissão que poderia ajudar aos outros, foi sua decisão.
Mesmo feia teve namorados quando descobriu um dom de nascença: deslumbrar, enfeitiçar um homem na cama. Operária do amor, ela cria instintivamente mais posições que o Kama Sutra; os namorados se extasiavam. Certo engenheiro propôs casamento, ela recusou, não queria ter decepção amorosa. Assim foi vivendo. Rosa fez concurso, e em pouco tempo, era uma das melhores funcionárias da Secretaria de Educação. Tem o prazer em chegar na hora e trabalhar com dedicação. Sente-se compensada com o trabalho.
Quando Jeremias morreu, Rosa, quase quarentona, morava com eles na casa da Pitanguinha, tinha um quarto bem cuidado e trancado. Sentiu muito a morte do pai a quem tinha uma verdadeira paixão. Dona Jacira, mais seca, entretanto, adora a filha feiosa. Rosa quando soube da ligação amorosa entre Jacira e Ulisses, compreendeu a necessidade de a mãe ter um companheiro, não criou problemas como as outras filhas criaram. Jacira trouxe Ulisses para morar em sua casa. Rosa se deu bem com o “padrasto”. Ulisses lhe tem atenção e carinho especial. Ela gosta de servir uísque e preparar tira gosto para ele e amigos nos fins de semana na calçada de casa. Certo dia, Ulisses trouxe uma novidade. Contou cochichando, com certo receio, o assunto era tabu, ninguém comentava.
– Rosinha, eu conheci um doutor cirurgião plástico, mesmo sem consentimento mostrei-lhe sua fotografia. Ele afirmou convicto que poderá com uma cirurgia plástica dar um jeito em sua boca, não ficará normal, mas vai melhorar bastante a aparência. Você topa?
No dia seguinte Rosa foi à consulta com o doutor, fez os exames necessários, raspou suas economias do banco e submeteu-se à operação delicada de longa duração. Dentro de um mês, foram retiradas as ataduras de seu rosto. Ela ao se olhar no espelho irradiou sua alma de felicidade. Não que estivesse bonita, havia melhorado bastante sua feição.
Rosa tornou-se amiga íntima e confidente de Ulisses. O tempo passou e a amizade entre os dois se estreitou cada vez mais, até que certo dia aconteceu o inevitável. Agora, um ou dois dias na semana eles passam momentos num motel. Rosa, lascívia, ótima no serviço, capricha no que sabe fazer de melhor; deixa Ulisses extasiado, relaxado, feliz, depois de uma tarde de amor. Jacira desconfia, tem quase certeza; generosa, faz que nada sabe e deixa a vida repartir seu homem com a filha sofrida, Rosa, a feiosa da Pitanguinha.