Gurinhém/PB.05/05/2022 pic.twitter.com/aWiFeQBIOo
— Tenente Mosart Aragão (@AragaoMosart) May 5, 2022

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Muitas vezes cantei, nos tempos idos,
Acalentando sonhos de ventura;
Então da lira a voz suave e pura
Era-me um gozo d’alma e dos sentidos.
Hoje vejo esses sonhos convertidos
Num acervo de penas e amargura,
E percorro da vida a estrada escura
Recalcando no peito os meus gemidos.
E, se tento cantar como remédio
Às minhas mágoas, ao sombrio tédio
Que lentamente as forças me quebranta,
Os sons que arranco à pobre lira agora
Mais parecem soluços de quem chora
Do que a doce toada de quem canta.
Padre Antônio Tomás de Sales, Acaraú-CE (1868-1941)
Imaginem por uns instantes, só para se ter a ideia de um cataclisma de proporções interplanetárias, o que aconteceria neste País se descobrissem que uma dessas passeatas de motocicleta que o presidente Jair Bolsonaro vive fazendo por aí tivesse recebido uma contribuição de R$ 100 mil saída de algum cofre público.
É melhor nem pensar.
No mínimo, ele seria preso com tornozeleira pelo ministro Alexandre de Moraes, sua chapa seria declarada inelegível pelo ministro Fachin e as instituições entrariam imediatamente em transe.
Mas meter a mão em dinheiro do erário, no Brasil de hoje, só é problema se for coisa da direita; se for da esquerda, não há problema nenhum. Que sossego, não? Ficam salvas as instituições.
O ex-presidente Lula acaba de fazer exatamente isso em sua campanha para voltar à Presidência da República – e é claro que continua sendo tratado como um estadista que vai salvar o Brasil de um futuro negro.
Parece brincadeira: por algum tipo de compulsão incontrolável, nem Lula e nem o PT conseguem ficar mais do que cinco minutos longe de algum tipo de roubalheira. Não chega o que já aconteceu? Não chega.
Eis eles aí outra vez: no desastroso comício do dia 1º. de Maio no Pacaembu, a cantora e militante petista Daniela Mercury recebeu R$ 100 mil da Prefeitura de São Paulo para fazer o show com o qual os organizadores esperavam trazer algum público para aplaudir o candidato.
Não veio ninguém, como se constatou – nem para ouvir Lula, nem para ouvir Daniela. Mas os R$ 100 mil já voaram.
Não foi por falta de aviso! Há quase dois anos a mídia destacava frases do voto do então ministro Marco Aurélio Mello, único a divergir da aberração jurídica que acabou com o Estado de Direito no Brasil. Ali, o desarranjo ético que anulara as funções penais recíprocas de Senado e STF produziu a primeira de suas gravíssimas consequências – o Inquérito do Fim do Mundo.
As cinco frases a seguir foram extraídas de matérias R7 e CNNBrasil em 18/06/2020 e sintetizam os problemas apontados. Em sua divergência, o ministro:
1 – disse ser o referido inquérito “uma afronta ao sistema acusatório no Brasil”;
2 – advertiu que “os magistrados não devem instaurar inquéritos sem prévia percepção dos órgãos de persecução penal”;
3 – criticou o sigilo imposto ao inquérito pelo ministro Alexandre de Moraes: “receio muito as coisas misteriosas”;
4 – sustentou que “ministros devem se manter distantes da coleta de provas e formulação da acusação”
5 – afirmou: “se o órgão que acusa é o mesmo que julga, não há imparcialidade”.
Pois é. Desde então, só quem vendeu a razão no brechó ideológico da esquina não percebe as gravíssimas consequências sobre as quais muito tenho escrito ao longo dos últimos anos. O Brasil não mais se libertou da espiral de abusos de poder presumidas no voto do ministro Marco Aurélio.
Passados menos de dois anos, estamos com meio caminho andado na esteira descrita por Berthold Brecht. O poeta alemão, defensor de uma ideologia que ceifou mais de cem milhões de vidas humana, fez um poema que termina assim:
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
São muitas e visíveis as consequências daquele primeiro mau passo. Os inquéritos que foram sendo abertos devem transmitir aos ministros uma agradável sensação de onipotência, principalmente porque, no fundo, sabem que o presidente da República sempre se manteve como o “homem das quatro linhas da Constituição”. Pertence-lhes o privilégio de extrair da Carta o que querem que ela diga.
A sociedade não é vista, nem ouvida pelos que dela se afastam enquanto “os poderes se agigantam nas mãos dos maus”. A tirania se instala. Não precisa de razões, pois ela é o Alfa e o Ômega, enquanto puder ser.
Por isso, me vem à lembrança o ensino de Xenofonte. Há 24 séculos, ele já sabia que “os tiranos temem os bravos porque podem agir por sua liberdade; temem os sábios porque podem conceber algo; temem os justos porque a multidão talvez deseje ser governada por eles”. E adverte que, “quando, por causa desses medos, o tirano se livra deles, percebe que apenas os injustos, os imoderados e os servis lhe restam para usar”.
Nobre Editor:
Hoje está se completando exatamente um mês que fiz minha doação para o mês de abril.
Segue em anexo o comprovante de depósito do meu dízimo deste mês de maio.
Muito sucesso para a nossa gazeta escrota, minha página predileta.
Saudações fraternais.
R. Meu caro leitor, sua generosa doação já está na conta deste jornaleco escrachado.
Brigadão mesmo!
Teve sorriso, relincho e latido aqui na redação.
Chupicleide, Polodoro e Xolinha estão na maior alegria.
Aproveito a oportunidade para também agradecer as doações feitas esta semana pelos leitores Osnaldo Pereira, Elias Motta, Áurea Regina, Manuel M. Sabino e Helena de Souza.
Vocês são a força que mantém esta gazeta escrota nos ares e que nos ajuda a cobrir as despesas com hospedagem e manutenção técnica feita pela empresa Bartolomeu Silva.
Vai voltar tudo em dobro na forma de paz, saúde, tranquilidade, harmonia e longa vida!!!
Abraços para todos e uma excelente quinta-feira!
O trio fubânico na maior felicidade por conta da generosidade dos leitores