À memória de Artur Rimbaud
Manhã de primavera. Quem não pensa
Em doce amor, e quem não amará?
Começa a vida. A luz do céu é imensa…
A adolescência é toda sonhos. A.
O luar erra nas almas. Continua
O mesmo sonho de oiro, a mesma fé,
Olhos que vemos sob a luz da lua…
A mocidade é toda lírios. E.
Descamba o sol nas púrpuras de ocaso.
As rosas morrem. Como é triste aqui!
O fado incerto, os vendavais do acaso…
Marulha o pranto pelas faces. I.
A noite tomba. O outono chega. As flores
Penderam murchas. Tudo, tudo é pó.
Não mais beijos de amor, não mais amores…
Ó sons de sinos a finados! O.
Abre-se a cova. Lutulenta e lenta,
A morte vem. Consoladora és tu!
Sudários rotos da mansão poeirenta…
Crânios e tíbias de defunto. U.
Alphonsus de Guimaraens, Ouro Preto-MG (1870-1921)