J.R. GUZZO

LULA NA EUROPA: DÁ GOSTO FAZER CAMPANHA ASSIM

Lula na Europa

O ex-presidente Lula – ex-presidiário, ex-chefe de palanque em comício de operário, ex-portento mundial (“he’s the man”, disse Barack Obama em sua então augusta posição), e virtual candidato a presidente da República – está de viagem pela Europa em cumprimento a mais um dos seus deveres de marketing eleitoral. É sempre melhor circular por Paris, alavancado por olhares de adoração de toda aquela gente que faz o tipo “europeu de esquerda”, do que amassar barro no interior da Paraíba – mas aí é que está: toda campanha também tem os seus momentos de vida boa.

Para Lula, que enfrenta um tempo de chuva e frio por aqui – onde não pode sair na rua com medo de vaia -, este passeio de milionário pela Europa, com tudo pago e tratamento cinco estrelas, é o que poderia acontecer de mais gostoso no momento. Durante uns dias, pelo menos, ele vai viver uma das fantasias preferidas da esquerda de país rico – a de que Lula é um herói da classe operária, que nunca cumpriu pena por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, nunca se meteu com empreiteiro de obra e nunca teve ministro que delatou crimes de ladroagem no governo e devolveu dinheiro roubado.

Onde mais Lula pode viver esse tipo de conto de fadas? Só mesmo lá, onde 30 anos de propaganda na mídia e a necessidade de criar heróis populares vindos de terras distantes (Mandela, etc.), fizeram dele uma espécie de santo padroeiro de tudo aquilo que a esquerda europeia mais gosta. Lula, por lá, é o homem que “acaba com a pobreza” (embora, por alguma razão, nunca tenha acabado com os pobres). Defende os índios. Salva os quilombolas, os transgêneros e as “mulheres”. Faz reforma agrária. É o protetor das florestas, das nascentes e da ararinha-azul. Combate, com as próprias mãos e o risco da própria vida, o “capitalismo selvagem”.

Quem não gosta de cair de cabeça nesse tipo de Terra do Nunca, onde só tocam a sua música e é proibida a entrada de realidades? Em Paris, por exemplo, logo em Paris, ele vai ter uma recepção de Papa. A prefeita municipal, justo ela, é uma devota arrebatada – deu o nome de “Marielle Franco” a uma praça da cidade, para se ter uma ideia de quem é a peça, e da festança que vai armar para Lula e a admiração sem limites da mídia. Lava-Jato? O que é isso? Não existe Lava Jato em Paris. Campanha eleitoral assim dá gosto de fazer.

DEU NO X

DEU NO X

JOSÉ PAULO CAVALCANTI - PENSO, LOGO INSISTO

CONVERSAS DE ½ MINUTO (14)

Mais conversas da terrinha, em livro que estou escrevendo (título da coluna).

* * *

ANTONIO CEZAR PELUSO, ministro do Supremo. No Tavares Rico (criado, em 1784, pelos irmãos Tavares – Manoel e Joaquim, claro), o restaurante preferido por Eça de Queiroz. Com ele, o desembargador (de São Paulo) Luiz Carlos Azevedo. Recebe cardápio e, querendo agilizar os pedidos, pergunta ao maître

– O senhor teria outro?

– Não.

Apontou um, em mesa próxima,

– Estou vendo aquele ali.

– Pois é o mesmo.

* * *

GLEIDE BEIRÓ, artista plástica. Entrou numa cabine telefônica, em Lisboa, e anotou as instruções do cartaz:

1. Tire o fone do gancho.

2. Ponha no ouvido.

3. Disque um número de cada vez.

E ficou sem entender como poderia discar 9 números ao mesmo tempo.

* * *

INSULTOS. O amigo Manuel Fonseca lembra (O Pequeno Livro dos Grandes Insultos) uma boa coleção dos que se dizem, por lá. Segue, aqui, só um exemplo.

– A cagar fiz um cigarro,
A cagar o acendi,
A cagar o fumei todo,
A fumar caguei para ti.

* * *

JOSÉ BRANDÃO, arquiteto no Porto. Chegou em casa encharcado, por conta de uma tempestade. E a empregada, assim que o viu, informou

– Está a chover lá fora.

Com desejos de esganar a coitada, se conteve e respondeu apenas

– Muito.

* * *

Dom JOSÉ TOLENTINO (CALAÇA DE) MENDONÇA, cardeal. A mãe teve Covid, na Madeira. Liguei

– Como está sua mãe?

– Muito bem, o Homem lá de cima gosta dela.

– Também, com um procurador como o senhor…

* * *

ONÉSIMO TEOTÓNIO ALMEIDA, da Universidade de Brown (Estados Unidos). O professor Aníbal Pinto de Castro, catedrático da Universidade de Coimbra, pergunta se leu um livro qualquer.

– Não.

– Pois é, Onésimo. Você só lê obras de alto gabarito intelectual!

– Ó Aníbal, não diga isso, você sabe que já li toda sua obra!

* * *

RENATINHO MAIA, empresário. Ana, sua mulher, na Padaria Portuguesa.

– Um café médio, por favor.

– Senhora, médio não há. Temos pequeno e grande.

– Grande.

– A senhora quer cheio ou meio cheio?

DEU NO JORNAL

CONVITE FEITO

“Moro teve uma boa largada no primeiro discurso público. Além de abocanhar pedaço importante do eleitorado de Bolsonaro, ele tem a chance também de impedir que os eleitores decepcionados com o presidente se voltem para o voto nulo ou até mesmo para Lula”.

Merval Pereira

* * *

Acabei de enviar mensagem pro Merval, este ilustre e brilhante colunista d’O Globo.

Fiz um convite pra ele ser colunista desta gazeta escrota.

Ele irá deliciar os nossos leitores, postando no JBF notícias feito essa aí de cima.

Tem gente que vai se mijar-se de tanto se rir-se.

BERNARDO - AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS

VIOLANTE PIMENTEL - CENAS DO CAMINHO

A DEMORA

Muitas coisas que almejamos na vida, às vezes, demoram tanto a florescer, quanto o Bambu-Chinês, uma planta da família das “gramíneas”, nativa do Oriente – Sul da China, que demora cinco anos para desabrochar.

Depois de plantada a semente do Bambu-Chinês, não se vê nada, exceto um diminuto broto, a partir do bulbo.

Durante cinco anos, todo o crescimento é subterrâneo, mas, uma maciça e fibrosa estrutura de raiz que se estende, horizontalmente, pela terra está sendo construída. Então, no final do quinto ano, o Bambu-Chinês floresce e passa a crescer, podendo atingir até a altura de vinte e cinco metros.

Às vezes, chegamos a perder a esperança de que o nosso ideal, um dia, seja alcançado. Sentimo-nos injustiçados, diante de sonhos que se perdem no tempo e no espaço. Às vezes, a pessoa trabalha, investe seu tempo integral na conquista de um lugar ao sol, e não vê o mínimo resultado. E o homem chega a desacreditar da sorte.

Entretanto, chega o dia em que, como por milagre, aparece uma luz no fim do túnel, como sinal de que nem tudo está perdido.

Tal qual o Bambu-Chinês, alguns sonhos precisam ser perseguidos, sem que se perca a fé no amanhã.

As pessoas podem não estar percebendo, que o seu esforço está sendo recompensado, e não imaginam a complexa estrutura, que está se formando no seu interior, onde a semente foi plantada.

Talvez, no presente momento, você esteja se perguntando por que as coisas não estão acontecendo, de acordo com os seus anseios. Você estuda, investe, planeja e se sente frustrado, por não ver o resultado do seu esforço.

Então, quando esses sentimentos negativos invadirem seus pensamentos e a dúvida invadir seu coração, lembre-se do Bambu-Chinês, e continue se esforçando para atingir o seu ideal.

Nunca se esqueça de que, para ascender ao Céu, o Bambu-Chinês tem a sabedoria de esperar o momento certo, porque precisará estar amparado por uma base sólida, que dará todo o suporte ao seu desenvolvimento.

Assim, também acontece com as pessoas. Você pode nem estar enxergando a complexa estrutura que está se formando no seu interior. Mas, tenha a certeza de que a semente já foi plantada.

Permita-se vivenciar o caminho com alegria e acredite que o seu crescimento está acontecendo.

Crescer é um processo que demanda tempo e paciência. Por isso, não entregue os pontos. Insista, persista e não desista dos seus sonhos!

Quando menos esperar, você vai se deparar com o seu próprio Bambu-Chinês, pronto para ser contemplado, e poderá mostrar ao mundo a beleza da sua essência.

DEU NO X

MAGNOVALDO BEZERRA - EXCRESCÊNCIAS

OS LITROS DA PANELA

Dona Rita era a Supervisora do restaurante da Vicsa, uma divisão da Villares em São Bernardo do Campo, nos idos da década de 80, uma época em que a Dilma ainda não estocava mandioca (ou só fazia uso dela ao vento, sei lá). Tinha seus quarenta e tantos anos então.

Era uma fêmea sui generis, apesar de não pertencer a nenhum grupo LGBTDSPQPXF?+. Tinha orgulho em apregoar que o único homem com quem teve algum contato físico foi seu irmão, em um abraço arrochado no Natal de um ano já perdido no passado. Ninguém mais. Tenho minhas dúvidas sobre se tudo isso aconteceu por uma firme decisão em manter sua preciosa virgindade para oferecer ao Senhor quando desencarnasse ou se a sua estampa física não incentivava nenhum cavalheiro a tentar alguma aproximação menos protocolar.

Dona Rita fazia uma sopa e um feijão com sabores inigualáveis, e a tradição de oferecer essas suas preciosidades culinárias aos dirigentes da empresa começou com o antigo Diretor que a contratou. A comida “convencional” era feita pelos cozinheiros, mas a sopa e o feijão eram feitos somente por ela, pessoalmente, agora para todos os mensalistas, uma tradição que ela começou quinze anos antes e da qual tinha muito orgulho.

Com o crescimento da empresa também aumentou o número de funcionários mensalistas, e agora já estavam em um número tal que obrigava Dona Rita a repetir a receita três vezes, utilizando as mesmas panelas, situação essa que consumia muito tempo e não permitia que ela gerenciasse de maneira correta seus funcionários, sendo isso uma causa frequente de atrasos no serviço do restaurante. Dona Rita não era capaz de multiplicar por três a receita. Assegurava que não era a mesma coisa.

A Diretoria resolveu, então, modernizar a cozinha do restaurante e impor uma gerência mais profissional, determinando a compra de duas panelas de pressão industriais para agilizar o processo de produção. Bem que gostariam de trocar a nossa Supervisora também, mas seu tempo de casa era um obstáculo, já que sua indenização seria elevada.

Coube a este escrivinhador que fuxica com vosmecê a tarefa de especificar os equipamentos.

Lógico, o primeiro parâmetro seria determinar a necessária capacidade das panelas. E aí entrou a infalível – será? – geometria. Foram medidos os volumes de uma terrina de sopa, o volume médio de uma porção de feijão com seu respectivo caldo, a quantidade de água que é necessária para cozinhar arroz, etc. Calculando a quantidade de refeições servidas, à qual foi adicionado um extra para os esganados de plantão, perdas por evaporação e uma previsão de aumento futuro de 20%, além da aplicação do “coeficiente de cagaço”, cheguei à conclusão que duas autoclaves de 100 litros cada uma eram suficientes. Mas, por via das dúvidas, mostrei os cálculos, as fotos e as especificações dos equipamentos para Dona Rita. Recebi sua aprovação. Assinou comigo a requisição de compra.

Duas semanas depois chegaram as duas unidades.

Dona Rita nem deixou descarregar o caminhão. Bateu o pé: as panelas eram muito pequenas.

Impasse arretado. Chamem o Engenheiro, esse infeliz que não sabe fazer conta de contas contadeiras.

– Que aconteceu, Dona Rita?

– Essas panelas são muito pequenas.

– Mas a capacidade é de 100 litros. Olhe aqui: p x diametro2 ÷ 4 x blá, blá, blá…

– Esse seu cálculo não serve pra nada. Quero aquelas panelas de 100 litros grandes, esses 100 litros de suas contas são muito pequenos.

E não houve aritmética capaz de mudar os conceitos geométricos de Dona Rita.

A empresa fornecedora aceitou de volta as duas panelas de 100 litros e vendeu duas de 200 litros cada, cobrando, claro, um precinho extra além da tabela para cobrir gastos administrativos.

DEU NO X