J.R. GUZZO

CUBA E O VELHO LULA DE SEMPRE

No poder, Lula se confraternizava com o ditador Raúl Castro, assim como fez com Fidel: cúmplice da ditadura cubana

Circula pela praça, desde que apareceu a necessidade de se criar um candidato capaz de salvar “a democracia” e impedir que o Brasil caia “no fascismo” a partir das eleições presidenciais de 2022, uma dessas mentiras fundamentais que fazem da vida política nacional a desgraça mal resolvida que ela é. O ex-presidente Lula, segundo o conto do vigário que está sendo formatado na elite de Terceiro Mundo que manda neste país, virou, de repente, um sujeito equilibrado, responsável, moderadíssimo e distante dos extremos esquerdistas que comandam as ideias e a ações do seu entorno. Ninguém mais qualificado, portanto, para fazer um governo de centro, etc., etc., etc.

Esse é o Lula que vão ficar lhe mostrando até o dia da eleição; o grande problema é que ele não existe. O que existe, na vida real, é o mesmo Lula piorado e que vem piorando desde que deixou a Presidência da República e presenteou o País com cinco anos e meio de Dilma Rousseff. Podem até estar fazendo força para ele ficar com uma cara de estadista sereno, tipo Dom Pedro II, mas não adianta – assim que aparece uma chance de se exibir como realmente é, o ex-presidente não resiste. Não há o que fazer. É coisa de temperamento, como na piada do escorpião.

Desta vez, e mais uma vez, foi Cuba – sempre Cuba, parece uma ideia fixa do homem – que fez Lula rodar a baiana e exibir o que está mesmo no seu atual coração. Como se sabe pelo noticiário, onde os fatos tiveram o direito de existir durante o tempo limitado que lhes foi concedido, milhares de cubanos foram à rua para protestar contra o excesso de calamidades que o governo comunista joga em cima deles neste momento. Não há comida. Não há remédios. Não há energia elétrica. Não há emprego. Não há internet. Não há eleição. A economia recuou 11% em 2020, quase quatro vezes mais que no Brasil. A única resposta do governo a tudo isso foi baixar a borracha, encher as prisões e prometer mais violência ainda.

De que lado fica Lula, esse Lula civilizado, engomado e limpinho que querem vender como o único brasileiro qualificado para nos livrar da extrema-esquerda e também da extrema-direita? Fica contra o povo cubano que está sendo espancado na rua e enfiado na cadeia – e a favor da repressão de um governo violento, corrupto e incompetente em estágio terminal. É a Cuba de sempre. É o Lula de sempre.

O argumento do ex-presidente em favor da mais antiga ditadura da América Latina, e uma das mais agressivas de hoje em qualquer parte do mundo, é uma demonstração perfeita de como funciona a sua cabeça. Cuba está em ruínas não por causa de um governo que manda em absolutamente tudo há 62 anos seguidos, diz Lula, mas por culpa dos Estados Unidos. Como assim? Os americanos aplicam um bloqueio econômico a Cuba, e toda a desgraça vem daí. Se fossem bons com o governo comunista da ilha, que há seis décadas faz questão de denunciar o “capitalismo” e ficar contra os Estados Unidos em tudo, os cubanos seriam um povo rico. Uma “Holanda”, segundo Lula.

O ex-presidente, como se vê por aí, continua pensando com a arrogância ignorante de que tanto se orgulha. Não lhe ocorre, nem por um minuto, que a Holanda é uma das sociedades que estiveram na origem do capitalismo, 400 anos atrás; para ser “uma Holanda”, Cuba teria de ser governada como a Holanda – e não como o regime comunista que tem sido desde 1959. Também não lhe interessa que há 199 outros países no mundo, além dos Estados Unidos, com quem os cubanos poderiam estar comerciando e se tornando ricos – ou será que toda a sua perfeição socialista depende do capitalismo americano? É essa a cabeça de Lula – para Cuba e para o Brasil.

COMENTÁRIO DO LEITOR

CUBA NÃO SAI EM LUGAR NENHUM. SÓ NO JBF ! ! !

Comentário sobre a postagem EXCELENTE SUGESTÃO

C Eduardo:

Nem no Granma tem tanta noticia sobre Cuba.

Quem diria o assunto preferido do JBF.

* * *

“A revolta dos cubanos contra miséria e falta de liberdade deixou os canhotos pirados”

XICO COM X, BIZERRA COM I

AGENDA CHEIA

Meu amigo relaciona as tarefas do dia. São coisas que já faço há muito tempo. Mato o mato e rego a flor desde que o cão era menino. E olha que o cão já está na boa idade. Mas cumpro minha rotina diária falando sozinho e repetindo as sílabas difíceis da palavra felicidade. Seco as garrafas de dor e as encho de um verde-água que lembra a ausência. Mas a saudade é da boa e deixo que ela prevaleça sobre qualquer pensamento ruim. Vadio por estradas coloridas e converso com todos os besouros que encontro e, às vezes, brinco de roda com as borboletas preguiçosas que só pensam em voar. Elas querem me ensinar a arte do voo, mas tenho medo de altura e prefiro não arriscar. Um dia, talvez, aprenda e saia plainando por aí pelo alto do mundo. Terminadas as tarefas do dia, imitando o meu amigo, aprumo o corpo na rede vermelha e me embrulho com um lençol de cambraia branquinho e cheiroso para não permitir, de jeito nenhum, a fuga dos sonhos bons. Por via das dúvidas, aviso aos Deuses que moro aqui, logo depois da ladeira onde o sol inventa a luz. É longe, mas é bem ‘pertim’. A Paz nunca erra o endereço.

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DEU NO X

ALEXANDRE GARCIA

A NÃO NOTÍCIA DE PAZUELLO SOBRE A CORONAVAC

Pazuello cumprimenta um dos participantes da reunião em que a compra da Coronavac com intermediária teria sido negociada

Eu queria falar sobre essa narrativa e dessa não notícia do ex-ministro Pazuello e que deu manchetes em jornal.

Eu fico boquiaberto com esse novo jornalismo que está aí.

“Pazuello negocia pelo triplo do preço vacina Coronavac”, não negociou, não teve triplo do preço, não aconteceu nada. O secretário-geral recebeu uma comitiva de Santa Catarina, que teve lá uma oferta de vacinas e ele [Pazuello] foi chamado lá para apertar a mão do pessoal que estava visitando o ministério. Falou: “Olha, tudo bem, vai ter um memorando aqui, muito obrigado à vocês, vamos negociar e tal”. Aí ele saiu dali e foi ver o tal memorando e disse: “não dá né, com esse preço aí de U$$ 28 não dá”.

A própria empresa declara que não houve resposta para a oferta deles, não aconteceu nada. Se fosse no meu tempo de repórter do jornal do Brasil, 50 anos atrás, se eu fosse levar um assunto desse para o meu chefe de redação, ele olharia pra mim e diria assim: “Teve memorando? Não. Assinou o memorando? Não. Onde está o preço? O ministro falou em preço? Não. Foi comprada a vacina? Não.” Aí o chefe me diria assim: “Então não temos notícia, vai fazer outra coisa”. Só que no jornalismo de hoje isso vira notícia. A não notícia, o não acontecimento.

Uma conversa que não resultou em nada vira notícia. Isso virava notícia no meu tempo em colunista social, fofoqueiro e tal. Hoje não, hoje é diferente. É lamentável uma coisa dessas.

* * *

Mídia calada sobre o voto impresso

Outro assunto é essa história do voto auditável, que agora entrou em recesso e só volta a ser discutido em agosto. Depois que o relator desta comissão especial que examina a emenda constitucional que torna o voto comprovado colheu o depoimento de um hacker, que está preso e cumprindo pena por ter invadido sistemas, ele disse: “não, eu entrei no sistema da Justiça eleitoral, é bem fácil entrar”.

Isso confirma o depoimento de peritos da Polícia Federal, dado no Supremo, dizendo que é fácil entrar em uma urna eletrônica, de descobrir a senha, o código, descobrir até a ordem de votação, portanto abrir o segredo do voto. Aliás, ontem fez aniversário o voto secreto na Inglaterra, que começou em 1872.

Aqui o voto é tão secreto que a gente não fica sabendo como ele é apurado. Antigamente a gente sabia, agora não. A gente acompanhava, os fiscais dos partidos acompanhavam.

Hoje o fiscal do partido não consegue acompanhar nada, porque a gente não sabe como é feito lá dentro, na conversa do mundo digital. A apuração é um ato administrativo, portanto sujeito a transparência e que está prevista na Constituição.

Por algum motivo os ministros do Supremo já derrubaram três leis que tratavam disso: lei do PMDB, de Roberto Requião, Lei do PCdoB, e do PDT, de Brizola Neto e Flávio Dino, e lei do partido do deputado Bolsonaro também. A Dilma chegou a vetar e a maioria da Câmara e do Senado derrubou o veto, sendo 368 deputados e 56 senadores.

Hoje está todo mundo silente, por quê? Porque não querem que o eleitor saiba como o voto é apurado? É muito estranho isso, mais estranho pra mim que sou jornalista é o silêncio da mídia sobre isso.

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

ARISTEU BEZERRA - CULTURA POPULAR

ALGUMAS DAS MELHORES FRASES LYA LUFT

“A vida não tece apenas uma teia de perdas, mas nos proporciona uma sucessão de ganhos. O equilíbrio da balança depende muito do que soubermos e quisermos enxergar.”

“Lembro-me do passado, não com melancolia ou saudade, mas com a sabedoria da maturidade que me faz projetar no presente aquilo que, sendo belo, não se perdeu.”

“Não queremos perder, nem deveríamos perder: saúde, pessoas, posição, dignidade ou confiança. Mas perder e ganhar faz parte do nosso processo de humanização.”

“E se eu tivesse perguntado? E se ele tivesse me dito? Se eu tivesse merecido saber? Isso me atormentou por longo tempo. Eu me sentia muito culpada. Hoje, acredito que não saber é o que torna a vida possível.”

“Todo velho é bom só por ser velho. Ao contrário, se não acumularmos bom humor, autocrítica, certa generosidade e cultivo de afetos vários, seremos velhos rabugentos que afastam família e amigos.”

“Seja como for, não sou saudosista. Acho esquisito falar ‘no meu tempo’, porque nosso deve ser o hoje. Somos tão fixados no mito da eterna juventude que, depois dos 30 anos, nem o tempo é mais nosso, somos exilados da própria vida.”

“Perder, dói! Não adianta dizer não sofra, não chore; só não podemos ficar parados no tempo chorando nossa dor diante das nossas perdas.”

“Acho que a vida é um processo… É como subir uma montanha. Mesmo que no fim não se esteja tão forte fisicamente, a paisagem visualizada é melhor.”

“Com as perdas, só há um jeito: perdê-las. Com os ganhos, o proveito é saborear cada um como uma boa fruta de estação.”

“Pois viver deveria ser – até o último pensamento e derradeiro olhar – transformar-se.”

“A gente precisa continuar acreditando: que vale a pena ser honesto. Que vale a pena estudar. Que vale a pena trabalhar. Que é preciso construir: a vida, o futuro, o caráter, a família, as amizades e os amores.”

“Carregamos muito peso inútil. Largamos no caminho objetos que poderiam ser preciosos e recolhemos inutilidades. Corremos sem parar até aquele fim temido, raramente nos sentamos para olhar em torno, avaliar o caminho, e modificar ou manter o nosso projeto pessoal.”

“Os nossos sonhos e sustos sopram em nossos ouvidos quando menos esperamos.”

“Eu não sabia o que na madureza aprenderia: que todas as coisas quando acabam são substituídas por outras, que a vida não se reduz, mas cresce. E é em tudo um milagre.”

“Talvez seja utopia, mas se eu não deixar que se embote a minha sensibilidade, quando envelhecer, em vez de estar ressequida, eu terei chegado ao máximo exercício de meus afetos.”

“A quatro mãos escrevemos o roteiro para o palco de meu tempo: o meu destino e eu. Nem sempre estamos afinados, nem sempre nos levamos a sério .”

“Porque entre o sim e o não é só um sopro, entre o bom e o mau apenas um pensamento, entre a vida e a morte só um leve sacudir de panos – e a poeira do tempo, com todo o tempo que eu perdi, tudo recobre, tudo apaga, tudo torna simples e tão indiferente.”

“A maturidade me permite olhar com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranquilidade, querer com mais doçura.”

“Que a gente possa ser mais irmão, mais amigo, mais filho e mais pai ou mãe, mais humano, mais simples, mais desejoso de ser e fazer feliz. “

“Se achar que não valho nada, serei nada. Deixarei que os outros falem, decidam, vivam por mim. Porém, se acreditar que apesar dos naturais limites e do medo todo eu mereço uma dose de coisas positivas, vou lutar por isso. Vou até permitir que os outros me amem.”

“Eu sabia que era preciso tempo. Cada perda tem sua hora de acabar, cada morto seu prazo de partir, e não depende muito da vontade da gente.”

Lya Fett Luft nasceu em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, no dia 15 de setembro de 1938. Sua produção literária reúne poesias, ensaios, contos e romances. Foi também tradutora e professora universitária. Em 2013, recebeu o prêmio Machada de Assis, da Academia Brasileira de Letras, com a obra “O Tigre na Sombra”, eleita a melhor obra de ficção de 2012 na categoria romance.

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