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O GADO DE FIDEL CASTRO

Guilherme Macalossi

Foi o político e diplomata Charles Maurice de Talleyrand quem melhor descreveu a conduta da família Bourbon: “Não aprenderam nada, nem esqueceram nada”. Se referia aos erros e escolhas que os monarcas franceses cometeram no passado, antes de sua deposição, e que voltaram a praticar imediatamente após serem reinvestidos no poder. Amplamente utilizada ao longo da história para outros personagens e ocasiões, serve como uma luva também para Lula e o PT. A postura do ex-presidente e de seu partido em relação a Cuba e as recentes manifestações ocorridas no país é reveladora de uma tara pelo arbítrio de esquerda que jamais foi perdida, apesar da tentativa de se aproveitarem da delinquência política do bolsonarismo para se reapresentarem como defensores da liberdade e da democracia.

Em entrevista para a Rádio Bandeirantes, Lula fez questão de diminuir a importância do ato público com participação massiva da sociedade cubana. Reduziu tudo a uma mera “passeata” que teria contado inclusive com a participação do “presidente”. Tentou comparar o contexto desse protesto com outros que são comuns em países livres. “Eu cansei de ver faixa aqui: fora Lula, xinga a Dilma, xinga o PT. Eu cansei de ver faixa. Eu cansei de ver faixa: fora Bolsonaro, fora Collor, fora FHC. Isso tem em todo o mundo”. Trata-se de uma mentira. Não tem em todo o mundo. Em Cuba não tinha até poucos dias atrás. Esse movimento é inédito em décadas. E não está a se tratar de uma democracia, onde as pessoas se sentem seguras para expressar seu descontentamento, e sim de um regime de exceção, no qual as forças oficiais do regime prendem de forma arbitrária ao menor sinal de crítica.

Lula chegou ao ponto de tentar relativizar a violência da ditadura cubana. “Agora, você não viu nenhum soldado ajoelhado no pescoço de um negro matando ele”, disse, fazendo referência ao caso George Floyd, nos EUA. Mas, ao contrário do que diz, as imagens que circulam das manifestações mostram meganhas infiltrados entre os civis agindo de forma truculenta, para dizer o mínimo.

Com seus erros e acertos, a democracia e o sistema jurídico americano, e também de outros países, atuam para mitigar as idiossincrasias, as injustiças e os crimes, inclusive aqueles perpetrados por agentes de Estado. O policial que matou Floyd foi preso. E em Cuba, com suas prisões políticas? Há integrantes das forças militares presos por excesso de violência? Pode alguém preso recorrer a advogado, como fez Lula quando investido pela Lava Jato? Há uma Suprema Corte que conceda Habeas Corpus, como teve Lula quando preso pela Lava Jato? Que direito possuem aqueles mantidos em calabouços, aqueles enterrados anonimamente após fuzilamento sumário ou os que precisaram fugir para buscar melhores condições de vida? As comparações despropositadas feitas pelo líder do PT dizem menos sobre Cuba e mais sobre sua própria moral. Estamos diante de alguém que, ao contrário do que diz e propala, não gosta e não compreende o que é o Estado Democrático e de Direito.

A pobreza em Cuba é resultante de um conjunto de fatores, todos eles intimamente ligados ao modelo econômico e político imposto pelos comunistas que estão no poder desde a metade do século passado. Por certo, o embargo americano (mais uma sinalização do que qualquer coisa), é anacrônico e contraproducente. Dá, inclusive, argumentos de verossimilhança para que o regime possa se vitimizar ante a comunidade global. Mas atribuir a ele a razão da decadência social do país é má-fé pautada pela propaganda do governo de Havana.

Tentando contornar a crise interna, o ditador Miguel Díaz Canel, tratado irresponsavelmente por parte da imprensa como “presidente”, deu a letra: os atos seriam contra o “bloqueio americano”, não contra o comunismo. Lula, o PT e outros grupos e líderes de extrema-esquerda trataram de dar curso a essa narrativa, reforçando o coro antiamericano. Nenhuma palavra de censura à natureza do governo, nenhuma palavra sobre censura, nenhuma palavra sobre violações de direitos humanos.

Os simpatizantes brasileiros da ditadura cubana tentam se apresentar como ferrenhos legalistas, militantes diligentes da liberdade de expressão e da alternância de poder. É um carapaça política que será utilizada eleitoralmente em 2022. A situação em Cuba e a grita em favor do Estado de Exceção companheiro escancaram o que são de verdade: gado do Fidel Castro.

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CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

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TERCEIRO NO PÓDIO

O Brasil ultrapassou os EUA e é o terceiro país do mundo a mais aplicar doses de vacinas por dia, na média móvel semanal, com quase 1,3 milhão de doses.

China (10,4 milhões) e Índia (4,3 milhões) lideram.

* * *

Brasil é o terceiro lugar no mundo.

Por enquanto.

Medalha de Bronze na disputa da aplicação de vacina.

É o tipo de notícia que não sai no Jornal Nacional.

Nem na grande mídia oposicionista e funerária.

Mas sai aqui nesta gazeta escrota.

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

VIOLANTE PIMENTAL – NATAL-RN

Bom dia, Luiz Berto!

Segue o comprovante da doação.

Grande abraço.

R. Sua doação já está na conta desta gazeta escrota, minha cara colunista.

Não apenas a sua, mas também as doações feitas pelos amigos fubânicos Paulo Ferreira, Hélio Araújo, B. Aleixo e Maria das Neves.

A sacana da Chupicleide já avisou que fará um vale amanhã, sexta-feira, pra encher a cara.

Ela disse que vai tomar todas no Bar Suvaco de Cobra, localizado na comunidade do Entra Apulso, zona sul aqui do Recife.

Vocês são a força que mantém esta gazeta escrota nos ares e que cobrem as despesas com hospedagem e manutenção técnica feita pela empresa Bartolomeu Silva.

Vai voltar tudo em dobro na forma de paz, saúde, tranquilidade, harmonia e longa vida!!!

Além do adiantamento de salário pra Chupicleide, também será providenciada uma ração especial para o nosso jegue Polodoro.

Já que falamos de Polodoro – e pra animar  a nossa quinta-feira -, vamos fechar a postagem com a música Rock do Jegue, na interpretação do saudoso Genival Lacerda.

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E SE FOSSE O CONTRÁRIO?

* * *

Eu fico imaginando se fosse o contrário…

Bolsonaro comprando fogos para uma eventual morte do “historiador e youtuber” Jones Manoel.

Como seriam as matérias na grande imprensa?

Me digam.

DEU NO JORNAL

CUBA: A DITADURA SIMPÁTICA

Memorial em homenagem aos mortos no ataque ao rebocador 13 de Marzo, com cubanos que tentavam fugir do país

Em novembro de 2016, quando o ditador cubano Fidel Castro morreu, o comunista petista Luís Inácio Lula da Silva disse o seguinte: “Para os povos de nosso continente e os trabalhadores dos países mais pobres, especialmente para os homens e mulheres de minha geração, Fidel foi sempre uma voz de luta e esperança”.

Em julho de 1994, quando a pequena Hellen Martínez Enriquez morreu, assassinada por Castro com apenas 5 meses de idade, ninguém disse nada.

Em novembro de 2016, quando Fidel Castro morreu, o socialista tucano José Serra disse o seguinte: “Ele foi muito impactante. Era um herói”.

Em julho de 1994, quando a pequena Xicdy Rodríguez Fernández morreu, assassinada por Castro com menos de 3 anos de idade, ninguém disse nada.

Em novembro de 2016, quando Fidel Castro morreu, a comunista petista Dilma Rousseff disse o seguinte: “Fidel era um visionário que acreditou na construção de uma sociedade fraterna e justa”.

Em julho de 1994, quando o pequeno José Carlos Anaya morreu, assassinado por Castro com aproximadamente 3 anos de idade, ninguém disse nada.

Em novembro de 2016, quando Fidel Castro morreu, o socialista tucano Aécio Neves disse o seguinte: “O presidente Fidel Castro foi, sem dúvida, um dos grandes líderes do nosso tempo”.

Em julho de 1994, quando a pequena Giselle Borges Álvarez morreu, assassinada por Castro com apenas 4 anos de idade, ninguém disse nada.

No sentido horário, a partir do canto superior esquerdo, Hellen, Xicdy, Giselle e José Carlos, vítimas do ataque do governo cubano ao rebocador 13 de Marzo

Todas as crianças citadas acima estão entre as 41 vítimas do massacre do barco “13 de Marzo”, que ontem, 13 de julho, completou 27 anos.

Na madrugada do dia 13 de julho de 1994 – data em que os brasileiros comemorávamos a vitória sobre a Suécia, com gol de Romário, na semifinal da Copa do Mundo daquele ano –, a pequena e vetusta embarcação (com casco de madeira) foi tomada por 72 pessoas desesperadas para fugir da ilha-prisão de Fidel Castro com destino à costa da Flórida.

Ao passar pelo canal de saída do cais, num ponto não muito distante da fortaleza de La Cabaña (onde Che Guevara comandou a execução de milhares de presos políticos), o “13 de Marzo” passou a ser perseguido por três rebocadores modernos (com casco de metal), e acabou saindo de sua rota, atingindo o mar aberto. Sob ordens diretas de Castro, os agentes da repressão, logo apoiados por uma patrulha da Guarda Costeira, dispararam potentes canhões de água contra a tripulação fugitiva, na tentativa de afogá-la. Ignorando as desesperadas tentativas de rendição, e os alertas de que havia crianças no barco, dois dos rebocadores miraram seus resistentes cascos de metal contra a frágil embarcação de madeira, um pela proa, o outro pela popa. O “13 de Marzo” partiu-se em dois e foi a pique.

Desesperadas, as vítimas pediram socorro. Mas os agentes da ditadura comunista não apenas não os ajudaram como fizeram pior, manobrando os rebocadores em alta velocidade na área em que boiavam os náufragos, a fim de os afogar ou ferir com as quilhas. Segundo o relato de um sobrevivente:

“As mulheres e as crianças subiram no teto do barco, para que os tripulantes do rebocador soubessem que estavam prestes a cometer um assassinato. Mas eles não pararam. Em meio a várias manobras, o ‘13 de Marzo’ chocou-se com o rebocador, mas no incidente conseguimos direcionar a proa. Ao sair da baía para o mar aberto, no entanto, havia dois outros rebocadores emboscando-nos por detrás do costão.”

41 cidadãos cubanos morreram no massacre, incluindo 11 crianças, das quais mencionei apenas quatro. Um dia depois do afundamento criminoso, o jornal Granma, diário oficial do Partido Comunista de Cuba, publicou que a embarcação havia soçobrado com “elementos antissociais” a bordo. Castro rendeu homenagens públicas aos tripulantes dos rebocadores, que, segundo o ditador, foram autores de “um esforço verdadeiramente patriótico”. E não permitiu sequer que os corpos fossem resgatados do fundo do mar.

O massacre do “13 de Marzo” é apenas um pequeno (e trágico) exemplo do que, há mais de 60 anos, vem sofrendo a população cubana nas mãos da ditadura comunista. Não surpreende, pois, que essa população esteja hoje tentando desesperadamente se livrar desse jugo. Mas não surpreende também que a esquerda brasileira, tendo à frente Lula e seus comparsas, esteja apoiando a ditadura companheira em seu esforço de reprimir os atuais protestos. Trata-se, aliás, de algo mais que mero apoio. Trata-se de cumprir o papel esperado na retomada, após um período de revés, do velho projeto continental de poder, arquitetado nos anos 1990 no âmbito do famigerado Foro de São Paulo (sobre o qual já escrevi aqui, aqui e aqui). Lula é Miguel Díaz-Canel. Díaz-Canel é Nicolás Maduro. Maduro é Evo Morales. Morales é Alberto Fernández, e assim por diante.

Enquanto isso, a imprensa brasileira, majoritariamente povoada, desde os anos 1970, por adeptos conscientes ou semiconscientes de uma cultura política filocomunista, faz o que dela se espera: doura a pílula da ditadura (essa, sim, verdadeiramente) genocida, que já ceifou a vida de pelo menos 100 mil cubanos – muitos deles executados; outros tantos, vítimas de maus tratos nas prisões políticas; outros, ainda, naufragados em tentativas desesperadas de fugir da ilha.

Nessa longeva tentativa de dourar a pílula (ou, como virou moda dizer hoje em dia, passar pano), tem valido de tudo um pouco: desde sugerir, inacreditavelmente, que a carestia em Cuba ajudou a reduzir o risco de diabetes e doenças cardíacas (quem sabe o Holodomor ucraniano não terá sido também uma medida de saúde pública?); passando pela identificação da causa dos atuais protestos na falta de carisma do ditador cubano (que, aliás, essa imprensa insiste em chama de “presidente”); até a afirmação de que, segundo especialista, o comunismo não tem nada a ver com a repressão aos manifestantes (porque, afinal, a culpa deve ser do Bolsonaro). Como se nota, para muitos dos nossos autoproclamados jornalistas, em Cuba há uma ditadura simpática.

Não duvido que, hoje, essa imprensa sicofanta noticiaria o assassinato de Hellen, Xicdy, José Carlos, Giselle e demais tripulantes do “13 de Marzo” na seguinte linha: “Sem máscaras e sem provas, extremistas de direita roubam patrimônio público e morrem em confronto com a polícia – dizem especialistas”.