DEU NO JORNAL

SEM INTERMEDIÁRIOS

Alexandre Garcia

A passeata de motos em São Paulo, no último sábado, revela uma caraterística do atual presidente da República: a de não perder contato com a população. Ele tem saído de Brasília praticamente todas as semanas, para todos os cantos do país, em viagens de inauguração, inspeção, celebração, confraternização – enfim, por vários motivos, mas o principal é sentir o povo. Onde quer que vá, causa demonstrações. A de sábado foi uma reunião de motociclistas e motos como nunca se viu neste planeta.

A região mais visitada tem sido a do Nordeste. Esteve, há duas semanas, nos confins do noroeste brasileiro, na região da Cabeça do Cachorro, onde conviveu com brasileiros cujos ancestrais já estavam aqui quando Cabral chegou, e inaugurou uma ponte de madeira, recém refeita. Tem feito isso às quintas e sextas-feiras e alguns domingos ainda aproveita para visitar de moto a periferia de Brasília.

Outro dia escrevi aqui sobre os males de quem se isola na bolha de sua atividade e fica alienado do Brasil real. Não é o caso do presidente, que em campanha eleitoral percorreu o país inteiro. E depois de eleito, não se recolheu aos palácios da Alvorada e do Planalto. Continua percorrendo o país, sondando, ouvindo, aprendendo, sentindo. Costuma entrar no boteco, na padaria, na sinuca, pede licença para entrar nas residências – onde gosta de conferir o abastecimento da geladeira.

Aí se entende porque o porta-voz ficou ocioso e acabou tendo o cargo extinto. O presidente não tem intermediários. Nunca teve. Ganhou a eleição sem marqueteiro. E continua porta-voz de si próprio, se expressando e deixando seus recados nos encontros quase diários com as pessoas que vão esperá-lo à saída ou entrada do Palácio Alvorada, residência oficial. Sem demagogia e muito menos paternalismo. Contato direto, espontâneo, com todos, inclusive com essa multidão recordista de motociclistas que foi por conta própria. Por isso, seu gabinete no palácio não é ilha da fantasia. E o contato com o povo, sem intermediários, o imuniza dos áulicos de corte.

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JESUS DE RITINHA DE MIÚDO

HOMO HOMINI LUPUS

Eu moro em Nova Parnamirim. Logo a Avenida Ayrton Senna é o meu melhor corredor.

Do penúltimo sinal para frente, sentido indo para o centro, é revoltante a quantidade de crianças nos sinais.

E cada dia elas estão em maior quantidade e menores no tamanho físico. Algumas de tão pequenas mal se equilibram sobre as pernas; porém, já aprenderam o símbolo universal do mendigar dinheiro: o polegar um pouquinho afastado do indicador.

Revolto-me não contra elas, ou contra seus pais escorados nos troncos de árvores, passivos e impotentes ante a fome, sob a miséria. Coitados! Essa gente é a verdadeira massa esquecida e vítima dos gananciosos e corruptos do nosso país. Dos assassinos e coveiros da esperança alheia.

Revolto-me na verdade contra os governantes nos três poderes: executivo, legislativo e judiciário.

Tanto municipais, quanto estaduais e federais.

Enquanto brigam pela razão e se acusam entre si para esconderem falhas e responsabilidades de seus governos, fazem vista grossa, desprezam e deixam à própria sorte aqueles por quem arrotam um cuidado mentiroso em seus discursos hipócritas.

Homo homini lupus” (O homem é o lobo do próprio homem). O dramaturgo romano Plautus (254-184 a.C.) já sabia disso há dois milênios! Thomas Hobbes (1588-1679), em seu clássico Leviatã, repetiu a sábia sentença milênio e meio depois. Nada havia mudado.

De Hobbes para os nossos dias o tempo contou três séculos e meio. E nesse ínterim, entre a pena de Plautus e o smartphone na minha mão, apenas a forma de saquear, escravizar e humilhar a dignidade do semelhante mudou.

E mudou para pior, porque agora é em silêncio.

LICANTROPIA SOCIAL

Enquanto o mundo caminha
De tristeza em tristeza
Eu sinto que a natureza
Do ser humano definha.
A humanidade mesquinha
Por terríveis divisões
Não procura soluções
P’ra fome do povo pobre
E ao mesmo tempo encobre
A ganância dos barões.

Eu encontro corações
Se dizendo preocupados
Com a dor dos desamparados,
Com a fome dos milhões.
Mas, de dentro das mansões
Nada fazem diferente
Eu tenho dó dessa gente
Sendo escrava da avareza
Vivendo a pior pobreza
De um coração prepotente.

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SEVERINO SOUTO - SE SOU SERTÃO

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