DEU NO X

FALA, ARTHUR VIRGÍLIO!

DEU NO X

RESPIRAÇÃO DIFÍCIL

Em meio à crise no sistema de saúde do Amazonas, as polícias Civil e Militar apreenderam 33 cilindros de oxigênio que estavam escondidos em um caminhão, no bairro Alvorada, na zona centro-oeste de Manaus, na tarde de ontem (14).

Uma denúncia anônima informou sobre a movimentação estranha no caminhão, que estava parado no local, e cilindros estavam sendo retirados para veículos particulares.

* * *

E pelos bilhões que aparecem na tabela do Portal de Transparência, órgão do governo federal, ainda devem ser apreendidos muitos cilindros na capital amazonense.

Tá difícil de respirar em Manaus!

COMENTÁRIO DO LEITOR

POEMA MUSICADO

Comentário sobre a postagem CANTIGA PARA NÃO MORRER – Ferreira Gullar

Edison Xavier:

Poema musicado por Raimundo Fagner.

* * *

Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento

BERNARDO - AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS

CARLITO LIMA - HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA

CINEMA, A EMOCIONANTE ARTE DE CONTAR HISTÓRIA

Quando a televisão apareceu os derrotistas previram o fim do cinema e da rádio, mal sabiam da força de comunicação e de informação que tinham e têm até hoje os filmes e as rádios, claro que mudaram as tecnologias, a poderosa televisão também mudou para sobreviver e continuar com a forte concorrência.

Em Maceió nos anos 50 havia vários cinemas. O mais moderno e movimentado era o Cinearte na Rua do Comércio, centro da cidade. No bairro da Pajuçara o Cine Rex era a distração das adjacências. Perto do Mercado reinava o Cine Ideal. Esses três cinemas pertenciam a um senhor conhecido na cidade, morador da praia de Pajuçara numa casa bem colorida, estilo art nuveau, infelizmente derrubada pela devastação imobiliária. Pressionado pela concorrência esse senhor vendeu-os à maior rede nacional de cinema, Luiz Severiano Ribeiro. No bairro da Ponta Grossa, Moacir Miranda, um amante do cinema, chegou a rodar alguns filmes, presenteou os moradores com o aprazível Cine Lux, o maior cinema da cidade. Como também a família Voss construiu o Cine Plaza no bairro do Poço. Além desses citados havia o Cine Royal por trás do Teatro Deodoro e o Cine Sururu, um “poeira” em Bebedouro, ao ar livre, no quintal da casa do proprietário; o espectador além de comprar ingresso levava sua cadeira. Quando chovia suspendia a seção. Esses eram nossos templos da maravilhosa Sétima Arte, assistíamos ao que havia de melhor em arte cinematográfica depois de um ou dois anos de sua estreia nos cinemas do Sul Maravilha.

O Cinearte, o mais antigo, nas décadas de 20 e 30 teve o primeiro nome, Cine Floriano, mudou para Capitólio e finalmente Cinearte. No final da década de 50 era obrigatório o uso de paletó para assistir às soirées (noite). Filmes em preto e branco, tela quadrada, cadeiras de madeiras, muitos ventiladores; ao escurecer as portas laterais eram abertas para amenizar o calor. Foi a época de grandes filmes: “Rebeca, a Mulher Inesquecível”; o clássico “Casablanca”, e as chanchadas nacionais de Oscarito e Grande Otelo.

Aos domingos pela manhã no Cine Ideal era vez dos filmes de cowboys, Roy Rogers, Zorro, e outros heróis. Imperdíveis eram as séries que terminavam sempre com o mocinho em situação de perigo e o indelével final escrito: “Voltem na próxima semana”.

As sessões da tarde, as matinês, eram geralmente cheias de alunos fugidos das aulas. Nas chiques soirées do Cinearte, o jovem comparecia interessado no filme e nas paqueras, ao encontrar no saguão com alguma paquera cochichava em seu ouvido pedindo para guardar o lugar. Quando o filme começava se a cadeira ao lado estivesse vaga, era o sinal, o rapaz sentava-se, era início de namoro. A moça só deixava segurar a mão. Beijar, depois de dois meses.

Havia um bom programa depois do filme, passear pela Rua do Comércio olhando vitrines das grandes lojas: A Brasileira, A Radiante, Lojas Tupy, Nova Aurora e tomar um sorvete na Gut-Gut, Danúbio ou DK1. Geralmente retornava para casa caminhando de mãos dados recebendo a brisa fresca da Avenida da Paz.

Certa época houve uma modernização nas instalações dos cinemas em todo o Brasil: poltronas acolchoadas e ar condicionado. Como também nova tecnologia nos filmes: tecnicolor e o cinemascope. Foi a época de grandes filmes americanos românticos: “Suplício de Uma Saudade”, “Pic-Nic”, “Vertigo”, “Tarde Demais para Esquecer”, “Candelabro Italiano”. Uma revolução que os cinemas de Severiano Ribeiro ofereceram ao Brasil. Apenas aqui em Maceió, o Cinearte continuava com cadeiras de madeiras, ventiladores, sem o mínimo conforto. Foi quando houve uma atitude de cidadania encabeçada pelos estudantes de Direito, fizeram manifestações, assinaram crônicas, nada abalou à administração do cinema. Até que resolveram partir para ação. Planejaram um movimento pacífico chamado de FILA BOBA. Os estudantes faziam uma enorme fila em todas as sessões, cada estudante ao chegar ao guichê perguntava pelo preço do ingresso, ouvia a resposta, não comprava, imediatamente saía da fila dando lugar ao próximo e entrava novamente no final da fila. Dessa maneira pouca gente conseguiu entrar no cinema.

Os estudantes queriam apenas a melhoria de conforto que a Luiz Severiano Ribeiro proporcionou nos cinemas do Brasil. A notícia chegou aos jornais, rádios e televisão, começou a se espalhar por toda cidade, os estudantes de engenharia, medicina e odontologia aderiram. A FILA BOBA aumentou, dobrava dois quarteirões na Rua do Comércio. Depois de uma semana de boicote, sem baderna, sem vandalismo, sem clientela, o Cinearte fechou para reforma. Reabriu meses depois com o nome de São Luiz, com poltronas estofadas, ar condicionado, cinemascope. Foi uma bela vitória da cidadania e da inteligência. Os Shoppings acabaram com os cinemas de bairros oferecendo salas superconfortáveis. Porém, nesse tempo de pandemia as salas fechadas, estamos nos valendo dos serviços de “streaming” na televisão. Eu assisto pelo menos a um filme por dia. E viva o cinema, a mais linda arte de contar história.

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

GOIANO BRAGA HORTA – PETRÓPOLIS-RJ

Caro Berto,

Ontem à noite tivemos o prazer de assistir a Neide Nascimento, presidente da Associação de Poetas e Prosadores de Tabira e ficamos impressionados com a capacidade de uma pequena cidade do interior de Pernambuco, com seus trinta mil habitantes, produzir tanta cultura.

Ficamos sabendo da Missa do Poeta, realizada ali há mais de trinta anos, atraindo turistas e, principalmente, recebendo e distribuindo cultura.

Tivemos notícia de algo extraordinário, que foi a criação de uma Escola de Poesia, que Neide esclareceu que não existe mais; porém, ainda lá se realizam oficinas onde se pode aprender a fazer poesia.

Muitos pensam que é fácil produzir versos, mas a verdade é que nem mesmo os versos livres, que não dependem de rima nem de métrica, são para os iluminados, essa espécie de gente que nasce com a poesia no sangue – mas mesmo esses privilegiados podem melhorar se tiverem a oportunidade de estudar a técnica de versejar.

Assim como a música, é verdade que tem quem nasce para alcançar as estrelas, mas a verdade é que mesmo quem não tem o dom especial, a genialidade, pode se tornar bom músico e bom poeta, se dedicar-se e tiver quem possa ajudá-lo a aprimorar sua arte.

Outra coisa incrível que ficamos sabendo é que lá existe uma chamada Mesa de Glosas. E Neide explicou que as pessoas se sentam à mesa e vão produzindo versos a partir de um tema. Até aí, muita gente poderia arriscar-se a participar, mas… tem um porém: as poesias são feitas de improviso, sem caneta nem papel.

Para ficar melhor, Neide recitou um poema do jegue, que lhe valeu uma censura quando foi declamá-lo em uma escola e a interromperam e não deixaram continuar, ao passo que em uma sacristia pôde dizer sem a menor objeção um que fala da falsa impressão que a conversa de um casal idoso tinha no quarto ao lado de um hotel: o final é surpreendente e eu não vou dar “spoiler” (que palavra chique…).

Bem, quem veio veio, quem não veio perdeu, foram para mais de vinte telespectadores se encantando… não! Ninguém morreu! Só mesmo de rir!

Mais de vinte é conta de mentiroso, na verdade, anotamos 1.267.895 pessoas conectadas no Cabaré do Berto, transmitido pela TV Fubana, sendo que tendo-se esgotadas as conexões, pela perda de força do sinal devido ao acúmulo de gente acessando ao mesmo tempo, 637.328 pessoas ficaram de fora, o que foi lamentável mas foi avisado antes que só seria feita a devolução de dinheiro para quem pagou.

Um registro importante: antes eram raras as presenças femininas nesses encontros. Até a hora em que tive de sair, 20h30m, porque é aniversário de um de meus netos e já estava atrasado, registrava-se o comparecimento de quatro representantes do belo sexo na memorável tertúlia. Como estava em evidência a aprazível Tabira, acho de bom tom trazer alguma curiosa informação sobre a culta cidade:

Em 1865, Tabira era uma fazenda de propriedade do Sr. Gonçalo Gomes dos Santos, que por iniciativa própria, formou uma pequena feira, com o objetivo de atender os moradores da região. O sucesso alcançado foi tamanho que deu início à formação de uma povoação, recebendo inicialmente o nome de Madeira, depois Toco do Gonçalo, em virtude de haver no meio da feira um toco que servia ao talho da carne para venda ao público, posteriormente Espírito Santo até 1939, quando passou a denominar-se Tabira, em homenagem ao grande guerreiro indígena Tabira, que segundo a lenda, em um combate, foi atingido por uma flecha no olho, e retirando-a com bravura, continuou lutando até vencer seus inimigos!

Salve Tabira!

Que ela continue, das mãos de Neide e demais amantes das artes, jorrando cultura para o progresso civilizatório do nosso Brasil.

Agora é aguardar a próxima quinta-feira, dia 21 de janeiro de 2021, quinta-feira, para o próximo redevú às 19 horas e 30 minutinhos.

R. Meu caro amigo Goiano: pela quantidade de colunistas e leitores que nós temos, ainda acho muito pouco a patota que costuma participar das nossas reuniões às quintas-feiras.

Lamento demais, lamento muito. O número de amigos presentes poderia ser bem maior.

Será que estamos perdendo público pra televisão, pras novelas e pros noticiários policiais das sete e meia da noite?

Não sei se é isto mesmo, mas desconfio.

Ou talvez seja só mesmo descuido dos amigos, que se esquecem de ligar a telinha e dar o clique no link que é a sede da nossa assembleia.

Ou preguiça, talvez.

Num sei…

Já o leitor Josman, em comentário feito ontem, disse o seguinte:

“O cabaré do Berto tem que ser na sexta feira ou na quarta feira pra não concorrer com a live do presidente cabra macho”.

E eu fiquei aqui matutando se o fubânico Josman tava colocando em dúvida a minha macheza…

Vôte!!!

Bom, essa questão do dia da reunião é da alçada do fubânico Maurício Assuero, o gerente do cabaré e criador da plataforma que sedia o evento. Um cabra competente que merece os nossos aplausos.

O fato é o seguinte: quem não aparece por lá, não faz nem ideia do que está perdendo!

São abordados os temas mais variados e diversos, fala-se de tudo e de todos. O cacete corre solto.

Os últimos encontros foram simplesmente maravilhosos, cheios de vida, de comunicação, de interação, de fraternidade e de troca de experiências e conhecimentos.

A reunião de ontem, com a palestra da talentosa e inspirada Neide Nascimento, um dos maiores nomes da poesia popular nordestina da atualidade, foi um acontecimento extraordinário, um momento relevante de cultura e muita poesia.

Sem contar a safadeza que foi declamada em versos e provocou tantos risos!!!

Na próxima quinta, dia 21, tem mais!!!

VIOLANTE PIMENTEL - CENAS DO CAMINHO

O CIRCO

Há décadas, na minha querida Nova-Cruz (RN), uma vez por outra chegava um Circo, que armava perto da nossa casa, na Rua Barão do Rio Branco. O mais alinhado deles era o Circo Copacabana.

Nessa época, não havia televisão e a distração do povo, à noite, era se sentar nas calçadas para conversar. Com a chegada do Circo, a monotonia da cidade era quebrada e se notava o semblante alegre das pessoas.

À estreia, a cidade em peso comparecia, incluindo o Prefeito, o Delegado, o Juiz de Direito, o Promotor e o Médico, todos com suas respectivas famílias.

No Circo Copacabana, o espetáculo era divido em duas partes. A primeira era composta de atrações de palco e picadeiro. Aí se incluíam palhaços, trapezistas, equilibristas e malabaristas. No palco, cantores maravilhosos e a grande sanfoneira Alda Lima, que do seu instrumento de trabalho arrancava as mais belas canções, cantando e encantando a plateia.

A segunda parte do espetáculo circense era uma peça de teatro da melhor qualidade, drama ou comédia, onde os artistas se revelavam grandes atores. Foi no palco do Circo Copacabana, que assisti, pela primeira vez, “O Ébrio”, “Coração Materno”, “A Megera Domada” (de William Shakespeare), “O Solar dos Urubus”, “A Canção de Bernadete”, “Marcelino Pão e Vinho”, “A Paixão de Cristo” “O Burguês Fidalgo” (de Molière), e outras grandes peças que fazem parte da dramaturgia brasileira.

Os Circos antigos, apesar da falta de luxo, tinham muito mais valor cultural do que os atuais, pois incentivavam a arte da dramaturgia, encenando peças de importantes autores, nacionais e internacionais. O apresentador, geralmente, era o dono do Circo. Com a emoção estampada no rosto e na voz, solenemente, ele anunciava a segunda parte do espetáculo e a peça teatral a ser encenada, dizendo o nome do autor.

Os aplausos eram estrondosos!!!

Nessa época, em Nova-Cruz, não havia violência. Essas doces lembranças se referem a um tempo feliz, quando a maldade ainda não tinha nascido!

Ainda meninota, assisti no Circo Copacabana, na companhia dos meus pais e irmãs, a uma comédia engraçadíssima, que minha Mãe sempre relembrava e da qual nunca esqueci. O nome era “O Solar dos Urubus”.

Começava com vários homens de capa preta, dançando em forma de trenzinho, ao som de “Olhe a Conga”: “Olhe a conga/Olhe a conga/ Mulher bonita de mim não zomba.”

A história se passava num bordel decadente, transformado em Palácio, mas conhecido como “Solar dos Urubus”, por atrair muitos urubus ao telhado, uma vez que, nas imediações, havia um matadouro público. Localizado numa ilha fictícia, chamada Bananal, era lá que estava instalada a capital do País. Ali, abundavam melancias, bananas e abacaxis.

O regime político que ali imperava era um confuso regime monárquico.

O palácio era habitado pela família real e frequentado por ministros, generais, conspiradores, um esfaqueador, compositores, maestros, professores e músicos. Pelas ruas, havia muitos vendedores ambulantes, lavradores, amantes do rei e o povo em geral.

A ilha era cercada de tubarões por todos os lados e em todos os sentidos. Lá, se desenrolava uma verdadeira aventura política de capa e espada, reunindo humor e aventura.

Os filhos do Rei eram ingênuos, quase abobalhados, e tinham o raciocínio lento. O mais velho, Luan, queria, porque queria, ser arqueiro. Vestia-se de Guilherme Tell (um herói lendário do início do século XIV, de disputada autenticidade histórica, que se pensa ter vivido no cantão de Uri, na Suiça) e, quase todos os domingos, mandava amarrar um homem a uma cadeira, com uma fruta na cabeça, nos jardins do Solar, onde o povo podia assistir à sua demonstração de “arco e flecha”. Começou com uma maçã, fruta nobre e antiga, que já existia, até mesmo, no paraíso. Como a fruta era pequena, ele sempre errava o alvo e atingia o homem.

Pela sequência de “erros” cometidos, o Rei ordenou-lhe que usasse uma fruta maior como alvo.

Cachos de banana, abacates e abacaxis foram usados, terminando com melancias. De nada adiantou.

Em busca de fortes emoções, Luan exigiu que, a partir daquele dia, com a ordem do Rei, fosse amarrado à cadeira, não mais um homem do povo, mas o Primeiro Ministro.

E numa manhã de domingo, para mais um desastroso espetáculo de “arco e flecha”, nos jardins do Solar dos Urubus, estava o Primeiro Ministro amarrado à cadeira, com uma melancia na cabeça.

O povo assistia a esse “espetáculo”, sob grande tensão, sabendo que o abobalhado herdeiro do trono não acertaria o alvo, nem pra remédio.

Na outra extremidade do jardim, estava o “arqueiro”, vestido de Guilherme Tell, esticando um bonito arco, pronto para disparar a flecha. Entretanto, ao ser disparada, a flecha atingiu o coração do homem amarrado, provocando-lhe uma grande explosão de sangue. A morte do Primeiro Ministro foi imediata. A melancia permaneceu intacta.

Friamente, Luan disse para o Rei, que havia falhado, mais uma vez.

O pai o repreendeu, dizendo-lhe que procurasse praticar um esporte diferente, que não pusesse em risco a vida humana.

O filho chorou, acusando o pai de estar tirando o seu estímulo, certamente, por querer transformá-lo num jogador de futebol, e também de ter esquecido de que o esporte, a caça, a competição e a luta faziam parte da boa educação de um herdeiro do trono.

Protestando, o Rei lembrou ao filho, que, naquele dia, tinha sido morto o sexto Primeiro Ministro da Corte, vítima da sua inabilidade como arqueiro. E isso poderia desencadear uma crise no país.

O rapaz respondeu que ninguém precisava saber dos seus “pequenos insucessos” e que o Rei deveria pôr a culpa no povo. E que nada o faria desistir do seu esporte favorito, o “arco e flecha”.

Contemporizando, o Rei ordenou-lhe que usasse uma fruta ainda maior. No caso, só faltava uma jaca, coisa que o rapaz detestava. E ele explodiu de raiva.

Então, o pai lhe permitiu usar como alvo qualquer outra fruta, desde que fosse na cabeça de um homem do povo. Mas, ele não aceitou, alegando que um homem do povo não lhe daria qualquer emoção, pois não valia nada.

Cedendo à imposição do filho, o Rei sugeriu que, nessa nova fase de exercícios de “arco e flecha”, ele usasse, amarrado à cadeira e com uma melancia na cabeça, o Ministro da Educação. O rapaz não gostou da ideia, dizendo que ali em Bananal, o Ministro da Educação não servia para nada.

E tudo continuou na mesma algazarra.

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

MAGNOVALDO SANTOS – PALM COAST – ESTADOS UNIDOS

MEU IRMÃO E A RAPADURA

Pois bem, nos idos de 1950 morávamos na Bolívia, quando meu pai trabalhava na construção da Estrada de Ferro Brasil Bolívia. No acampamento dos trabalhadores, em casas desmontáveis de madeira, minha mãe usava seus maravilhosos dotes culinários para fazer doces, bolos, pães e rapaduras para vender aos vizinhos.

Uma de suas especialidades era a rapadura de leite, receita nordestina, quadradinhas com cerca de 10 centímetros de lado per capita cada um, como diria Ibrahim Sued. Esses pedaços do céu eram uma tentação irresistível para meu irmão e eu, moleques desavergonhados e gulosos, e exerciam sobre nós uma atração maior que mulatas para os portugueses.

Tais rapaduras eram deixadas, quando ainda pastosas, em formas para serem secas e daí desformadas e vendidas.

Minha mãe tinha a justificável desconfiança que algumas rapaduras vez ou outra criavam pernas ou asas e sumiam sem deixar rastro na terra ou no céu. Mas faltava-lhe o flagrante definitivo sobre tal mistério envolvido no milagre do desaparecimento.

A oportunidade chegou.

Uma bela tarde, rapaduras secando, a velha declarou alto e bom som que iria tirar uma soneca, palavras maravilhosamente bem recebidas e que atiçaram em meu irmão o desejo do furto. Ela deve ter cochilado com os dois olhos abertos e deixado o radar das orelhas ligado em situação de alerta. Não deu outra. Meu irmão foi pego com a mão na massa (ou com a massa na boca, sei lá) e de nada adiantou alegar que foi uma tentação momentânea do Asmodeu, que invadiu sua alma!

No final do dia meu pai chegou do trabalho e foi posto a par do ignóbil ato.

Agarrou meu irmão pelo pescoço, fê-lo (que língua a nossa!) sentar-se em uma cadeira, entregou-lhe uma rapadura inteirinha com a mão esquerda e, segurando um cinto de couro cru com a destra, ordenou-lhe que a comesse inteirinha. Na hora eu pensei que esse tipo de castigo era uma bênção, já que comer tal delícia era o que buscávamos.

Não sei se você já tentou comer uma rapadura inteirinha de uma só lapada, mas garanto-lhe que não é nem um pouco fácil. Quando tinha alcançado somente 27,4% da rapadura já lhe saiam lágrimas dos olhos e engulhos povoavam sua goela.

Também não sei se foi essa a causa, mas meu irmão nunca mais comeu nenhuma rapadura na vida.

BERNARDO - AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS

COMENTÁRIO DO LEITOR

INFANTARIA: A RAINHA DAS ARMAS

Comentário sobre a postagem PEDRO MALTA – RIO DE JANEIRO-RJ

Roque Nunes:

Eita…

Até me arrepiou….

Lembranças de meu tempo como soldado infante do Décimo Sétimo Batalhão de Caçadores na fronteira com a Bolívia, no oeste deste nosso imenso Brasil.

“És a nobre Infantaria
Das armas a rainha
Por ti daria
A vida minha
E a glória prometida
Nos campos de batalha
Está contigo ante o inimigo
Pelo fogo da metralha”