CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

RÔMULO SIMÕES ANGÉLICA – SANTA MARIA DE BELÉM DO GRÃO PARÁ

Como a palavra “Democracia” foi jogada na lama pela esquerda

Ontem saímos para jantar no nosso bar preferido, próximo do antigo prédio em que moramos, local esse que já foi ponto de agradáveis encontros deste grupo.

De repente, vimos adentrar no recinto, o Pró-Reitor de Assuntos Ex-Querdistas da Universidade Federal da Pá Virada, também conhecida pela sigla UFPA.

Não foi surpresa, pois havíamos acabado de falar sobre essa possibilidade, já que este é um lugar que sabíamos também ser da sua preferência, além de outros esquerdistas conhecidos da cidade.

Ele nos viu, seguramente, mas não cumprimentou, passando direto, ao lado da nossa mesa, dirigindo-se ao outro salão, contiguo ao que nos encontrávamos.

Na saída, para nossa surpresa, ele resolveu percorrer o caminho de volta, dentro do restaurante, para sair pela porta por onde entrou. Ou seja, no salão onde nos encontrávamos, já que ele poderia, facilmente, ter saído pela porta do outro salão onde estava sentado.

O propósito foi, ao passar, novamente, ao lado da nossa mesa, agora sim, nos cumprimentar, recitando nossos nomes, um a um, e dizer, em volume elevado da sua voz:

– “Viram lá o resultado?”, com o polegar em riste.

E quando já havia aberto a porta, praticamente com o corpo todo para fora, complementou, falando ainda mais alto:

– “A democracia venceu”, curvando-se, ligeiramente, na nossa direção.

E a porta se fechou, sem a possibilidade de ouvir a minha resposta:

– “É….., pena que a lista tríplice foi fraudada”.

E assim é o conceito de democracia para essa gente maligna e farsante. Depois de manipular todo o processo, enfiar dois laranjas na lista tríplice que não participaram do processo eleitoral prévio e de mentir descaradamente para a sociedade, ainda ter a coragem de falar em democracia.

Não é curioso, como justamente os que mais assassinam a democracia, são os que mais precisam falar dela, incessantemente, com uma necessidade doentia de afirmar que são democratas?

Já pararam para pensar, que o nome da antiga Alemanha Oriental (DDR, Deutsche Demokratische Republik), significa República Democrática da Alemanha; e que o nome oficial da Coreia do Norte, é República Popular Democrática da Coreia ?

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

CIDA PEDROSA – RECIFE-PE

* * *

Quando eu digo que nesta gazeta escrota existe de tudo e mais alguma coisa, tem neguinho que não acredita.

Um editor reacionário feito eu, ter uma amiga comunista,  militante e nome de destaque no PCdoB daqui do Recife.

Além de mandar material de sua campanha pra ser publicado no JBF, Cida Pedrosa me mandou também uma mensagem pedindo que eu gravasse um vídeo apoiando a candidatura dela!

Na última eleição ela veio aqui em casa e eu gravei o vídeo.

Resultado: ela não foi eleita…

Vou torcer pra que isto não se repita, querida amiga.

Tomara que você consiga uma vaga na Câmara de Vereadores e arranje um patrocínio da prefeitura do Recife pro nosso jornal, que vive em petição de miséria e com as contas sempre no vermelho (êpa!).

Qualquer verbinha pública municipal, por mais mixuruca que seja, será muito bem vinda e fará nossa secretária Chupicleide relinchar de tanta alegria.

Taí o seu material publicado neste espaço aberto e democrático, minha querida amiga.

Disponha sempre.

Um xêro e sucesso na cata de votos!

DEU NO JORNAL

ACHARAM UM NO CANADÁ

Menino de 12 anos descobre esqueleto raro de dinossauro no Canadá

Com apenas 12 anos de idade, Nathan Hrushkin passou por uma experiência que muitos não terão na vida: encontrou um fóssil de dinossauro de 69 milhões anos.

Ele estava passeando com o pai em um parque na província de Alberta, no Canadá, quando viu ossos próximos a uma pedra.

* * *

Putz!

É de lascar.

Tem esquerdista em tudo quanto é canto deste mundo.

Até no subsolo do Canadá!!!

A PALAVRA DO EDITOR

URGENTE! BOLETIM DA GUERRA FRIA CULTURAL

Minha geração viveu o inteiro período da Guerra Fria (1947-1991). Foram os longos anos do conflito Leste-Oeste, da geopolítica definida pelas duas trincheiras opostas, da corrida espacial e dos arsenais repletos de artefatos nucleares suficientes para destruir diversas vezes o planeta azul. Não preciso, então, que algum rapazinho barbudo me venha contar a Guerra Fria que menciono na abertura do filme “1964 o Brasil entre armas e livros”, produzido pelo Brasil Paralelo.

Quando ela acabou, já estava encarniçado o conflito em outro teatro de guerra, também ela fria. Refiro-me ao teatro interno de uma disputa travada nos espaços que cada nação dedica à Cultura, à Educação, à Comunicação Social e ao papel das religiões.

A guerra cultural atinge, principalmente, as nações livres e precisa ser identificada em suas manifestações, assumida como um dado da realidade mundial e empreendida de modo realista, não poético nem estético, para que se possa conservar fria. Trava-se em praticamente todos os países do Ocidente, entre conservadores/liberais e revolucionários. E vamos tomar esta última palavra pelo seu sentido comum, que talvez fique mais bem definido quando pensamos no Fórum Social Mundial e seu impreciso “Um outro mundo é possível”. Não hesito em afirmar, sob as luzes da história vivida, que o outro mundo possível é um mundo totalitário porque sempre é aí que chega a esquerda revolucionária quando conquista o poder.

É bom lembrar: o Brasil saiu dos governos militares e caiu nas mãos dos seus adversários. Os revolucionários dominaram os quatro palcos da guerra: Cultura, Educação, Comunicação e Igreja. Nas últimas décadas, os conservadores perdiam por WO. Sem adversários, o PT discutia consigo mesmo através de suas tendências. Nossos autores conservadores ou liberais eram poucos e mantidos ocultos nas universidades: João Camilo de Oliveira Torres, Otto Maria Carpeaux, Gustavo Corção, Meira Penna, Antonio Paim, Ives Gandra, Eugênio Gudin, Roberto Campos, Olavo de Carvalho.

Nada do que está em curso no Brasil deixa de ter relação com a realidade aqui mencionada. Durante meio século, a esquerda revolucionária se instalou nos meios culturais, ganhou autonomia nas universidades federais e busca o mesmo objetivo em todo o sistema de ensino. Ela abasteceu as prateleiras e diversificou seus modos de financiamento e atuação, sempre tendo como objetivo sufocar o conservadorismo, seu desatento adversário.

Favorecido com isso, o do esquerdismo revolucionário dominou o ambiente cultural e passou a jogar afinado com Foro de São Paulo. Foi nesse braço de mar que o desajeitado e rude Bolsonaro, lançou a rede e fez sua pesca foi milagrosa.

Falta-nos, agora, praticamente tudo para recuperar tempo e terreno perdido. E aí estão as dificuldades do governo. Embora o conservadorismo reconheça a importância do consenso, as trincheiras da guerra cultural e as forças que em virtude dela se aglutinam não podem ser desconhecidas porque o conservadorismo é realista. Conservadores não devem adotar conduta que favoreça as ações do adversário, devem se empenhar para retomar posições perdidas. O que nestes dias se discute sobre a nomeação de reitores das universidades federais tem absolutamente tudo a ver com o que aqui descrevo. Visto de longe parece burrice, visto de perto é guerra fria.

DEU NO X

DIFERENTE DE LÁ

* * *

Na Itália aconteceu a Operação Mãos Limpas.

Já em Banânia, tivemos operação Cu Sujo.

Cada país tem a operação que merece.

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

JACOB FORTES – BRASÍLIA-DF

A CEGUEIRA DO CONFORTO

“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”, Saramago

O conforto consegue olhar tudo que se passa ao seu redor, mas dificilmente repara em quem precisa de tão pouco, um pão.

O conforto, mais das vezes, se presta ao papel de regueira do egoísmo.

Defensor estrênuo da caridade, o poeta João de Lima, por meio da sua verve poética, não se cansa de estimular práticas caritativas; na essência, sua literatura personifica a comunhão:

“Se um dia chegar no seu abrigo
Um pobre pedinte de esmola
Com a bolsa na mão ou a sacola
Não indague a vida do mendigo
Dê um quilo da massa do seu trigo
Que Deus lhe dará um armazém
Não critique nem mangue de ninguém
Tenha fé, esperança e caridade
Se quiser alcançar felicidade
Esqueça do mal e faça o bem. ”
“Contemple nos outros a beleza
Se seus olhos são limpos e perfeitos
Não enxergue somente os defeitos
Nem aumente nos tristes a tristeza
Faça sempre um gesto de nobreza
De virtude, amor e igualdade
Espalhando a semente da bondade
Nesta terra tão santa e dadivosa
Seja puro e meigo como a rosa
Perfumando a ingrata humanidade”.

DEU NO X

CARLITO LIMA - HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA

CONTINUA NO RAMO

Há alguns anos apareceu na província de Maceió, um cidadão bem falante, terno impecável, roupas de grife, cabelos bem cortados, era conhecido pelo sobrenome, Karafiol. O distinto senhor montou uma empresa de consultoria dirigida especialmente aos grandes empresários, usineiros e companhias. Ele propunha negócios com vantagem inimagináveis em baixar impostos nas transações de importações de maquinarias e equipamentos. Os empresários logo se interessaram na possibilidade de baixar impostos contrataram a empresa de consultoria, “Marilda Karafiol”. Os resultados foram os melhores possíveis, Karafiol conhecia os tapetes, os bastidores de Brasília, dos impostos de importação, conseguiu baixar alguns impostos com malandragem, legislação duvidosa, propina e mulher. Tornou-se herói entre os abastados, os donos das Alagoas. No primeiro ele deu muito lucro às empresas. Karafiol frequentava a mais alta roda da cidade, seja em clubes, restaurantes ou alcovas, seu nome era sempre lembrado como cidadão de altos negócios. Um cara que consegue baixar imposto nesse país merece prêmio. Ele amava a vida entre os socialites, gostava também de um carteado, sempre jogava nas rodas particulares, as melhores e bem frequentadas mesas de baralho. Tinha uma compulsão pelo jogo, vício, jogava alto.

No segundo ano abriu uma empresa de taxi com um amigo alagoano muito conhecido e conceituado, na época era a melhor frota de taxi na cidade. Karafiol, exemplo de empresário e honestidade se dizia alagoano por opção, proclamava aos berros o amor a essa cidade. Um vereador chegou a propor o título de cidadão de Maceió, ganhou o prêmio de empresário do ano, em troca de algum valor ao cronista que organizava esse prêmio. Certo partido político convidou-o a se filiar, teria uma vaga garantida na Assembleia Legislativa, com o apoio dos empresários; ele ficou de pensar, era uma boa oportunidade.

No final do terceiro ano de consultoria, apareceu uma oportunidade de reduzir custos de imposto adquirindo uma maquinaria especial, diminuindo a mão de obra. Os empresários foram visitados por Karafiol que mostrava como poderia reduzir custos. Ele fez cálculos de redução de impostos, o custo do investimento compensava essa redução. Karafiol foi de empresário em empresário, mas precisava ter uma boa quantidade em dinheiro em mãos para propinas e outros custos costumeiros nas transações em Brasília. Nas suas visitas arrecadou U$ 300 mil de um, U$ 400 mil de outro, mais U$ 200 mil de outro, há quem diga que Karafiol arrecadou em torno de U$ 8 milhões de dólares das empresas alagoanas e pernambucanas. Ele havia comprado 20 Chevrolet OPALA na concessionária, aumentando a frota de taxi de sua empresa, uma mostra que ele estava cada vez mais arraigado à terra.

Na véspera de ele viajar para Brasília e Rio de Janeiro a fim de resolver o mais alto negócio dos empresários nordestinos, ele compareceu à casa de um amigo para alta jogatina de pôquer. Às três horas da manhã Karafiol havia perdido mais de R$ 20.000,00. Como tinha que embarcar no avião às oito horas, precisava de dinheiro vivo, passou um cheque de R$ 20 mil saldando a dívida do jogo e outro de R$ 10 mil arrecadando o dinheiro que havia na mesa dos parceiros, ele precisava do dinheiro para viajar. Todos aceitaram sorrindo a troca dos dois cheques, ninguém jamais suspeitaria, desconfiaria que os cheques daquele homem extraordinário não tinham fundos.

Na segunda-feira o dono da casa que bancava o jogo ao depositar o cheque no mesmo banco, teve a triste notícia que não havia fundo para cobrir os cheques, e que Karafiol havia raspado todo dinheiro da conta. Foi um Deus nos acuda. Houve uma reunião urgente dos empresários. Nunca mais Karafiol pisou em Alagoas, aquela noite do jogo, foi a última vez que o viram. Embolsou todo dinheiro, até hoje está desaparecido. Os magnatas alagoanos foram à polícia, contrataram detetives em Maceió, Brasília, Rio e São Paulo, gastaram uma enormidade em passagens e hospedagens, ninguém até hoje conseguiu uma pista sequer, foi o maior golpe até agora dado em dinheiro privado. Corre uma versão que Karafiol fez uma cirurgia plástica no rosto. Dizem que está irreconhecível, se candidatou, gastou uma grana, elegeu-se Deputado Federal por São Paulo, quer dizer, continua no ramo.

DEU NO JORNAL

BANDIDOS NA TELA

A soltura do super-traficante serviu para reforçar a glamourização de criminosos, tão ao gosto da imprensa brasileira, do Bandido da Luz Vermelha a líderes do “PCC”.

É questão de (pouco) tempo um cineasta oportunista transformar em filme a vida do bandidão André do Rap.

* * *

Tem filme com bandido pra todos os gostos.

Até com o ex-presidiário Lula já fizeram um.

MARCELO BERTOLUCI - DANDO PITACOS

POR QUE SOMOS POBRES?

Antigamente, no tempo dos neandertais, todo mundo era pobre. Ninguém tinha carro, smartphone ou casa própria (no máximo, uma caverna). Mas o homo sapiens aprendeu que unindo trabalho e inteligência, é possível produzir coisas, e que estas coisas melhoram a vida, e que por isso são chamadas coletivamente de “riqueza”.

Mas olhando o presente, não é difícil perceber que alguns lugares são mais ricos e outros são mais pobres. Especificamente, nós brasileiros somos mais pobres do que os moradores de vários países. Por quê?

1. PORQUE SOMOS BURROS

Essa não precisa explicar muito, é só olhar nossos números em qualquer ranking internacional. Acontece que nossa cultura (herança ibérica) enxerga os diplomas como um equivalente moderno dos antigos títulos de nobreza, e os acadêmicos e bacharéis são valorizados não pelo que sabem, mas pela quantidade de títulos e diplomas que ostentam. A missão de nosso sistema educacional não é produzir ou transmitir conhecimento, mas separar nobres dos plebeus, ou seja, definir quem pertence à classe que só tem privilégios e quem pertence à classe que só tem obrigações.

O resultado é óbvio: sem estudar português, somos deficientes em escrever e interpretar textos, o que dificulta a transmissão do conhecimento. Sem estudar matemática, não sabemos usar raciocínio lógico para resolver problemas e não sabemos avaliar idéias e propostas de forma objetivamente (o tal do “povo cordial”, que pensa com o coração e não com o cérebro). Sem estudar história, não entendemos o mundo em que vivemos e continuamos a acreditar em utopias e repetir erros que já foram cometidos muitas vezes. Sem estudar ciências, não sabemos produzir coisas, o que nos torna meros consumidores daquilos que povos mais inteligentes produzem.

2. PORQUE NÃO TEMOS CAPITAL

Bens de capital são coisas que facilitam nosso trabalho e aumentam a produtividade. Quem tem um trator produz mais alimentos do que quem só tem uma enxada. Quem tem uma máquina de costura produz mais roupas do que alguém que costura à mão. E assim por diante.

Um exemplo prático: uma pessoa que mora em um país rico chama alguém para consertar um vazamento ou uma porta emperrada. O profissional chegará de botas, capacete, e com tantas ferramentas penduradas no cinto que parece uma árvore de natal. Graças a estas ferramentas (e ao seu conhecimento) ele fará o serviço de forma rápida e bem-feita. Na mesma situação no Brasil, o “profissional” (aspas obrigatórias) chegará de camiseta e havaiana, trazendo uma chave de fenda espanada e um martelo com o cabo frouxo. E, portanto, o serviço vai demorar mais e talvez não fique bom.

Porque não temos capital? De certa forma, é um círculo vicioso: a pessoa produz pouco porque não pode comprar ferramentas, e não pode comprar ferramentas porque produz pouco. Mas há um elemento externo nesse círculo: de tudo que a pessoa ganha, o governo fica com uma parte, e na hora de comprar a ferramenta, a pessoa tem que pagar uma ferramenta para ele e outra para o governo. Aí fica difícil. (A tarifa média de importação no Brasil é a maior da América Latina, dados do Banco Mundial. Em todo o mundo, ficamos atrás apenas de Camarões, Etiópia e Chade, pelo critério da média simples/não-ponderada. Já falei sobre as consequências do protecionismo: não podemos comprar produtos bons, e os fabricantes locais não precisam se esforçar nem reduzir preços, já que não têm concorrência.)

3. PORQUE MUITO DAQUILO QUE PRODUZIMOS É DESPERDIÇADO

Em lugares pobres, as coisas são feitas sem planejamento. Muitas vezes, de improviso. Quase sempre atendendo a alguma necessidade específica e urgente ou a algum interesse pessoal. Claro que o resultado é desperdício.

Em países de “primeiro mundo” a pavimentação das rodovias é projetada para durar cinquenta anos. Aqui, ano após ano joga-se asfalto sobre uma base inadequada apenas para vê-lo ir embora na primeira chuva. Países ricos planejam a longo prazo, países pobres como nós empilham um “quebra-galho” em cima de outro. Se é necessário fazer uma obra de cem milhões, corta-se vinte porque o orçamento sempre está curto. O resultado são oitenta milhões jogados fora, porque o problema continua, e logo em seguida começa-se a planejar gastar mais cinquenta para remendar a obra inadequada onde economizaram vinte.

Vou contar uma historinha que ouvi de um fornecedor de minha ex-empresa. Ele estava em outro cliente, onde a equipe de manutenção estava sofrendo para trocar uma peça de difícil acesso em uma máquina de um milhão de dólares. Na hora de remontar a peça, ao invés de recolocar os cinco parafusos, colocaram só quatro. Esse meu conhecido estava observando junto com um funcionário de outro setor, que estava indignado: “bando de incompetentes! Se os alemães colocaram cinco parafusos, é porque precisa de cinco parafusos!”. Mas como não era assunto do setor dele, não podia fazer nada. Trocada a peça, colocaram a máquina para funcionar. Duas horas depois, a peça recém-trocada quebra e danifica várias outras. Máquina parada por dois dias, dez mil reais em peças, perda de faturamento estimada em mais de cem mil reais, fora a insatisfação dos clientes com os pedidos atrasados. Por um parafuso que “dava muito trabalho” para recolocar.

4. PORQUE ENQUANTO OS OUTROS ESTÃO TRABALHANDO NÓS ESTAMOS PARADOS NA FILA

Isso é algo que me intriga desde meus dezoito anos, quando abri minha primeira conta no banco. A quantidade de pessoas que passam horas e mais horas sem produzir nada porque estão paradas em uma fila é um incrediente importante da nossa pobreza. O tempo não é infinito. Cada hora que uma pessoa perdeu em uma fila é uma hora improdutiva que jamais será recuperada. Pior ainda é pensar que boa parte destas filas é inútil, serve apenas para cumprir uma obrigação completamente dispensável que alguém (geralmente o governo) inventou. Pelo que me lembro, meu recorde pessoal aconteceu a muitos anos atrás, para conseguir uma segunda via de um documento no detran: foram nove filas e três horas e meia de espera para conseguir um papelzinho que a rigor nem precisaria existir.

Enquanto em outros países as pessoas usam seu tempo para produzir riqueza, nós usamos nosso tempo para cumprir rituais que não sabemos por que ou para que existem. Enquanto eles estão construindo máquinas, fazendo projetos, pesquisando tecnologias, nós estamos preocupados em “pagar uma guia”, “pegar um carimbo”, “pedir um alvará”, “dar entrada num requerimento”, “conseguir autorização”, “reconhecer firma”, “tirar certidão”, “protocolar a solicitação” e “anexar cópia autenticada do rg, cpf e comprovante de endereço”.

5. PORQUE QUANDO ALGUÉM DIZ ONDE ERRAMOS, AO INVÉS DE PARAR DE ERRAR PREFERIMOS FICAR OFENDIDOS COM QUEM DISSE