DEU NO JORNAL

JUSTIÇA BANÂNICA

Tribunal de Justiça do DF afirma que candidata negra foi rejeitada em cota de concurso por ser “bonita”

Rebeca Mello passou em concurso do Ministério Público da União, em 2018, mas foi desclassificada pela banca organizadora

* * *

Pela jurisprudência da Justiça do DF, negra só pode ser enquadrada na cota racial se, além de negra, for tipo lobisomem assombroso.

Ou seja, se tiver alguma parecença com Benedita.

Bonita nem pensar.

É pra arrombar a tabaca de Xolinha!!!

Rebeca e Benedita: uma neguinha bonita não tem direito a cota

A PALAVRA DO EDITOR

UM MILHÃO DE LEITORES

O sonho de todo escritor é conquistar um acentuado número de leitores. Acontece de essa dádiva ficar reservada, comumente, para aqueles que melhor sabem adequar as ideias e os pensamento na dita palavra escrita.

Dentre os escritores brasileiros mais lidos no mundo estão Machado de Assis, Clarice Lispector, Jorge Amado, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos e Carlos Drummond de Andrade. Entretanto, nenhum deles chega sequer ao rastro de Paulo Coelho, com 210 milhões de livros vendidos em 150 países, cabendo ao O Alquimista, segundo o Guinness Book, na condição de livro mais traduzido do planeta (69 idiomas).

A Bíblia Sagrada é imbatível no comparativo de maior número de edições produzidas mundo afora. Seguem-na O Peregrino, do pastor batista John Bunyam; O Livro Vermelho, de Mao Tsé-Tung e Agatha Christie – ícone dos best-sellers.

Como se tornar um bom escritor? Ah, essa é uma pergunta que não quer calar. São muitas hipóteses e conclusões à disposição do candidato a escritor. Algumas irrefutáveis, como: “Gostar de ler e escrever”. As mais comuns são: “Escrever é um dom” ou “Escrever é uma arte” e, ainda, “Aprende-se a ler e a escrever, lendo e escrevendo”.

Conta-se uma história atribuída ao escritor e crítico inglês John Ruskin (1819-1900), que exemplifica a arte da boa escrita num conto antológico. Trata-se do encontro de um feirante, com um amigo, num porto britânico:

O homem chega à feira, no cais do porto, e encontra seu amigo feirante arrumando os peixes num tabuleiro de madeira. O feirante está contente com o sucesso de seu pequeno negócio. Em poucos meses já pôde até comprar um quadro-negro para divulgar o produto.

Atrás do balcão está escrito à giz, no quadro-negro, a mensagem: HOJE VENDO PEIXE FRESCO. O visitante ouve do amigo, então, a seguinte pergunta: – Você acrescentaria algo mais a mensagem?

O homem leu o anúncio, mas calou-se. Ante a insistência do feirante para opinar sobre o texto, ele falou:

– Você notou que todo dia é sempre hoje? – e apontando para o anúncio sugeriu:

– Esta palavra está sobrando.

O feirante, consciente da opinião, apagou o advérbio e o anúncio ficou mais enxuto: VENDO PEIXE FRESCO.

– Se o amigo permite – tornou o visitante – aqui nesta feira existe alguém dando peixe de graça? Feira é sinônimo de venda. Se a banca fosse minha eu apagaria o verbo.

Assim o anúncio encurtou para PEIXE FRESCO.

– Diga-me uma coisa: por que apregoar que o peixe é fresco? – questionou o homem, já justificando – O que traz o freguês ao cais do porto é a certeza de que todo peixe, aqui vendido, é fresco.

E lá se foi o adjetivo. O anúncio ficou reduzido a uma palavra: PEIXE.

Ainda assim o homem pondera que não deixa de ser um menosprezo à inteligência da clientela anunciar que o produto ali exposto é peixe. Até um cego percebe, pelo cheiro, que se trata de pescado.

O substantivo foi apagado. Sumiram o anúncio e o quadro-negro. O feirante vendeu toda a mercadoria, e ainda aprendeu uma preciosa lição: ESCREVER É CORTAR PALAVRAS.

PENINHA - DICA MUSICAL