DEU NO X

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CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

MERCEDITA – PELOTAS-RS

Uma Carta de Mercedita

 

Ontem à noite, yo, María de Las Mercedes Buenaventura de Léon, tive o prazer de conviver com este bando de velhos tarados do JBF.

Mercedita quer registrar que alguns dos ‘velhinhos’ são muito guapos e que Mercedita pegaria qualquer um deles. A noite foi tão intensa que Mercedita teve sueños molhados e pornográficos com muitos dos velhinhos e novinhos desta Gazeta Maravilhosa.

Claro que los ojos experientes de Mercedita perceberam que muitos dos ali presentes são da “tchurma”, se fizerem o Teste da Farinha não vai aparecer nenhuma prega, mas o mundo é assim mesmo.

Mercedita está a disposição para fazer a iniciação das frangas fubânicas que quiserem aderir a irmandade, com direito a Certificado de Conclusão do Curso, Dupla Cidadania Carioca-Gaúcha e uma festa de formatura de arrebentar as pregas do furico.

Ai! Ai! Mercedita está ficando excitada de novo. Mas quero registras que nós da ala feminina do JBF, Violante, Mercedita, Sancha e Margot, estamos muito felizes com o nível respeitoso das poesias da noite de ontem. A melosidade dos recitais chegou a dar tesão em Mercedita.

Por fim um agradecimento ao barbudinho grisalho lindo, o Maurício. Mercedita é muito agradecida pelo teu apoio, quando te pegar vou te encher de beijinhos.
Mercedita pede a Sancha que nos envie o segredo de sua maquiagem linda! Babei! Guapíssima!

Mercedita já comprou uma caixa da cachaça ‘Coice nos Peitos’, agora se prepare, vou tomar umas lapadas e fazer uma visita noturna ao Zoiudinho do Berto. Mercedita vai introduzi-lo nas ciências furicais.

E por último, ai…que emoção! Que emoção! Mercedita ficou toda molhadinha de novo. Reencontrei Margot. Margot, que aqui no Brasil responde pelo alter ego de Goiano, mas em Paris, ah! Em Paris, solta a franga, a papagaia e a periquita. Margot…Margot só nosotras sabemos o que fizemos na Champs Elysees. Y sabemos, nosotras: Margot Cariño, Siempre teremos Paris!

Después, apenas después um agradecimento de Mercedita viejos fubânicos.

UM BEIJINHO NO OMBRO E UMA FUNGADA NO CANGOTE DE TODOS!

Com Amor,

Mercedita.

OS: Mi Hermano Rodrigo caiu da moto, deve estar concluindo que, como eu disse, dar a bunda doía menos.

Beijos Berto Zoiudinho.

PEDRO MALTA - REPENTES, MOTES E GLOSAS

POETA PEDRO BANDEIRA, UM GÊNIO DA CANTORIA

Encantou-se na última segunda-feira (24), o poeta paraibano Pedro Bandeira de Caldas, aos 82 anos, vítima de uma parada cardíaca.

Pedro Badeira era natural de São José de Piranhas e faleceu em Juazeiro do Norte, onde morava.

Na Nação Nordestina, Pedro Bandeira ostentava o título de “Príncipe dos Poetas Populares”

Pedro Bandeira de Caldas (1938-2020)

* * *

Pedro Bandeira

O sopapo do meu braço
Todo cantador respeita
Do lado esquerdo espatifo
Lasco da banda direita
Aonde eu baixo a munheca
A bagaceira está feita.

* * *

* * *

Pedro Bandeira – Jesus – Meu galope na beira do mar

Jesus – esperança da voz do perdão
Divino cordeiro, poeta e pastor
Juiz infalível do código do amor
Estrela cadente da constelação
Nascente perene do ventre do chão
Painel que reflete na luz do luar
O mundo é pequeno pra te comparar
Perpétuo socorro dos desiludidos
Farol que ilumina os barcos perdidos
Cantando galope na beira do mar.

Jesus – padroeiro do homem de fé
Cometa visível do largo horizonte
Pedaços de pétalas que descem da fonte
Deixando perfume no igarapé
Estátua sagrada que tem como sé
Um adro, uma igreja, um santo, um altar
Piso envergonhado no teu patamar
Gemendo, vergado no peso das culpas
Orando, chorando, pedindo desculpas
Cantando galope na beira do mar.

Jesus – o refúgio de nós pecadores
Autor da orquestra do som dos arcanjos
Poema evangélico do coro dos anjos
Maestro do palco dos bons cantadores
Canário que trina no leque das flores
Artista das almas, que vive a cantar
Lanterna profética do topo do altar
Libélula que pousa no dorso da malva
O homem é quem peca, Você é quem salva
Cantando galope na beira do mar.

Jesus – oceano completo de encantos
Angico frondoso coberto de ninhos
Preserva a vivenda de seus passarinhos
Com sopros de vida por todos recantos
Lençol perfumado, consolo dos prantos
Da alma penada que vive a chorar
Nos teus lindos olhos quem bem reparar
Vê duas lanternas nas noites de inverno
Criança sorrindo no colo materno
Cantando galope na beira do mar.

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DALINHA CATUNDA - EU ACHO É POUCO!

PEDRO BANDEIRA

Uma pequena homenagem a meu amigo Pedro Bandeira, com quem estou na foto abaixo, e que foi para outra dimensão no começo da semana.

Pedro, bardo renomado,
Bandeira nesse universo,
Tremulou em cada verso,
O príncipe coroado.
Teve um bonito reinado
Disseminando alegria,
Nos palcos da Cantoria.
Hoje a viola plangente
A falta de Pedro, sente
No repente há nostalgia.

CARLITO LIMA - HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA

ÀS OITO DA MANHÃ

George foi convidado para trabalhar como Chefe de Gabinete de amigo eleito deputado federal em 1950. Viajou de malas e bagagens com esposa e as filhas, Karina 16 anos e Karla 14. Ele alugou um apartamento em Copacabana perto da residência do deputado. A família ficou encantada com o Rio de Janeiro, a capital do Brasil. As filhas logo ganharam amigas e amigos, gente bonita de Copacabana, o bairro de melhor qualidade de vida do país. O deputado foi reeleito mais três vezes. George e família se acostumaram na Cidade Maravilhosa. A esposa e as filhas, ao completarem 18 anos, ganharam emprego efetivo na Câmara de Deputados, com direito a frequentar faculdade e a vida social intensa, principalmente a noturna. Em plena época da bossa nova e no cinema novo, o Rio era a capital cultural do país. Poetas, artistas, escritores, atores, sonhavam morar no Rio, mostrar e viver de sua arte. As filhas de George e as do deputado frequentavam altas rodas.

Certa vez, um diplomata apaixonou-se por Karina na Boate Vogue, um templo da boemia do Rio que se incendiou, uma tragédia para a vida noturna da cidade. Pouco tempo depois, Vicente, o diplomata, casou-se com Karina, foram trabalhar em Roma. Karina morou dois anos na cidade eterna, vivia viajando com as amigas, conhecendo cidades da Europa. Até que num retorno de viagem encontrou seu lindo diplomata com um pareia em sua cama. Foi um trauma. Vicente tentou convencê-la que o relacionamento era só sexo, ele era bissexual, muitos casais modernos aceitavam aquela maneira de viver. Mas a alagoana não aceitou, deu-lhe maior desprezo e retornou ao Rio onde reassumiu seu bom emprego, comprou um apartamento em Ipanema e continuou fazendo o que mais gostava: a boemia; adorava as noitadas cariocas.

Karina estava há três anos sem ver sua terra, deu-lhe saudades. Nas férias de verão tomou um avião, pousou em Maceió e hospedou-se na casa do Tio Aderbal, construída em frente à praia de Ponta Verde. Fizeram uma festa em sua chegada. Karina encantou-se com a nova urbanização da cidade e com o jovem primo Aderbalzinho, bonito aos 17 anos, corpo de atleta, jogava voleibol no CRB. A prima tomou-o como acompanhante nos passeios na Lagoa Mundaú, Bica da Pedra, Catolé, nas praias, sempre havia uma programação. Aonde Karina chegava os homens ficavam fascinados pela carioca, moderna, usando biquíni, Ela fustigava fantasias na mente masculina. Altamente paquerada, recebeu muitas cantadas. Entretanto, o melhor programa era o mergulho na praia de Ponta Verde, água morna, um azul-esverdeado. Ao chegar à praia estendia a toalha, abria a sombrinha, deitava-se queimando a pele. Aderbalzinho jogava futebol com os amigos encantados com aquela figura feminina, depois se deliciavam homenageando o Deus Onã.

Na casa do Tio Aderbal havia sempre hóspedes no mês de janeiro, os quartos eram improvisados, Dona Milu tinha maior prazer em receber os parentes na casa nova da Ponta Verde. A hora do jantar era uma festa. Karina sempre ao lado dos primos se divertindo.

Certa noite Aderbalzinho acordou-se com vontade de fazer xixi, de pijama foi ao banheiro, atravessou o primeiro quarto onde jovens dormiam em colchões, ao atravessar o segundo quarto, tomou um susto, Karina deitada de bruços, apenas de calcinha preta. Ele diminuiu os passos apreciando a maravilha, foi ao banheiro, retornou mais devagar, deu vontade de cair sobre o corpo perfeito, iluminado pela fresta da janela. Foi difícil dormir.

Pela manhã, na hora do café, Karina cochichou no ouvido de Aderbalzinho: ela tinha visto o primo à noite, quando passou para o banheiro lhe olhando, lhe tarando. Ele ficou vermelho com a história. Naquele momento Karina convidou-o para um mergulho, adorava o mar logo cedo, a água morna. Desceram os dois à praia, correram e mergulharam, brincaram de jogar água um no outro. Karina se aproximou do primo, abraçou-o, passou a mão por baixo, ele já estava excitado. Ato contínuo, ela tirou o biquíni, colocou no ombro. Fizeram amor dentro d’água tendo apenas como testemunhas alguns peixinhos nadando entre o casal. Raras pessoas andavam pela praia àquela hora. No dia seguinte repetiram, Aderbalzinho levou uma boia para facilitar. Até o final das férias, Karina e o priminho não perderam uma manhã de amor nas águas tranquilas da praia de Ponta Verde.

Muitos anos se passaram. Hoje Aderbalzinho, oitentão, mora num edifício construído onde foi sua casa. Ele não se lembra do nome de sua primeira namorada, nem do primeiro beijo. Entretanto, nunca esqueceu os banhos de mar alucinantes com a priminha às oito da manhã.

DEU NO X

DEU NO JORNAL

LADROAGEM FLUMINENSE

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou, nesta sexta-feira (28), o afastamento imediato, inicialmente por seis meses, do governador Wilson Witzel (PSC) do cargo por irregularidades na saúde.

A decisão ainda proíbe o acesso de Witzel às dependências do governo do estado e a sua comunicação com funcionários e utilização dos serviços.

O governador e outras oito pessoas, incluindo a primeira-dama Helena Witzel, também foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção.

* * *

O eleitorado fluminense tem um altíssimo grau de conscientização política.

Mata de inveja o eleitorado subdesenvolvido e ignorante daqui do nordeste.

Só elege gente ética e do mais alto padrão de incorruptibilidade.

Witzel, Pezão, Cabral, Rosinha, Benedita, Garotinho…

Uma tradição que vem desde os tempos de Brizola e Moreira Franco.

Agora, só falta botarem o Freixo ou Lindebergh no Palácio Guanabara, com o indispensável apoio dos traficantes e milicianos das “comunidades” cariocas.

JOSÉ PAULO CAVALCANTI - PENSO, LOGO INSISTO

O COMISSÁRIO

Em 5/6/1989, na Praça da Paz Celestial (Beijing), um pacifista se postou em frente a tanque chinês Type 59. Pouco se conhece dele, além das fotos que correram mundo. Seria, especula-se, Wang Weilin. Um estudante de 19 anos. O “Rebelde Desconhecido”, segundo a Revista Time, por ela incluído na lista das “100 pessoas mais influentes do século”. Agora, morando no interior da China. Ou em Taiwan. Ou, talvez, nem vivo esteja mais. Ocorre que ele nunca seria capaz de parar um tanque. Isso, poderia fazer apenas quem o dirigia. O que não se diz é que esse militar, de quem sequer se conhece o nome (o governo chinês, apesar de instado, jamais revelou), desobedeceu as ordens de avançar sobre o rapaz que protestava. Preferiu seguir sua consciência. Evitou uma morte. E, no dia seguinte, acabou fuzilado. Como dizia Albert Schweitzer (De Minha Vida), “só há heróis de renúncia e sofrimento”.

O fato é lembrado em Riccardino – derradeiro livro de Andrea Camilleri. com o comissário Salvo Montalbano. E seus exóticos assistentes – Catarella, Fazio, Mimi Augello. Em Vigata (no mundo real Porto Empedocle, cidade bem no sul da Itália). Maior sucesso editorial do país, 20 milhões de exemplares vendidos e traduzido em 30 idiomas. O livro, de 2005, foi reescrito pelo autor, já cego, em 2016. Com recomendações, ao editor, de ser publicado só após sua morte. O que acabou acontecendo apenas em 16/7 último. Destaque, no Brasil, para a magnífica tradução do Ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, do STJ. No gênero, sem dúvida, hoje o melhor tradutor do país.

Curioso, no livro, é uma sucessão de passagens que, referindo-se à Itália daquele tempo, lembram nosso Brasil de hoje. A arte, de vez em quando, parece imitar a vida. Cito algumas: “O Bispo Partanna é um vivaldino. Eu não tenho esse defeito. Ou essa virtude, dados os tempos que correm”. “Hoje, aos olhos de opinião pública, infelizmente, dizer que uma pessoa é investigada significa que já é condenada”. “O sujeito, em vez de estar na cadeia, estava é no governo”. “O mundo político se afogou numa onda anômala de prisões, de condenações por propinas, subornos, corrupções, concessões e mamatas”. “Escapou fedendo de 3 processos, sempre por prescrição superveniente”. Para terminar, um amigo pergunta ao comissário, em caso de corrupção, “Você está certo de que poderia levar a término uma investigação assim, hoje em dia?” Considerando nosso atual Supremo, de Toffoli (Deus nos proteja), alguém responderia sim?

MARCELO BERTOLUCI - DANDO PITACOS

PARA QUE SERVE A ANVISA?

Você sabe o que é Lenalidomida? Eu desejo que você nunca precise saber: lenalidomida é um medicamento usado para combater um tipo de câncer chamado mieloma múltiplo. Foi aprovado nos EUA em 2005, e é utilizado em mais de 70 países, mas não no Brasil: a ANVISA negou duas vezes o pedido de registro. Não deixa de ser interessante notar que a OMS, que muitos hoje consideram uma fonte de sabedoria divina (pelo menos no que diz respeito ao COVID), não apenas reconhece a eficácia da lenalidomida como a inclui em sua “Lista de remédios essenciais”, considerada referência para políticas públicas de saúde em todo o mundo. Mas por aqui quem têm mieloma múltiplo precisa recorrer a um contrabandista que traga o medicamento do exterior ou tentar conseguir uma liminar na justiça que permita importá-lo legalmente.

A lenalidomida é apenas um exemplo aleatório entre as centenas ou talvez milhares de casos de remédios que são utilizados por todo o mundo, mas são proibidos no Brasil por essa entidade chamada ANVISA. Para citar uma situação mais genérica: se você precisa de um exame de raio-x, tomografia, ressonância magnética ou outro qualquer, você gostaria de usar o equipamento mais moderno e avançado possível, certo? Errado: o prazo médio para a ANVISA aprovar a venda de equipamentos médicos no país é de quatro anos. Em outras palavras, um hospital ou clínica no Brasil só consegue comprar um equipamento quando ele já está quase fora de linha em outros países.

Por que uma aberração como essa existe? Pelo mesmo motivo que existem todas as outras aberrações criadas pelo governo: as pessoas acreditam cegamente que órgãos criados pelos políticos e que empregam pessoas indicadas pelos políticos são perfeitos, honestos, imaculados e existem para nos proteger dos empresários malvados e do capitalismo selvagem. Claro que a realidade é exatamente o contrário: a ANVISA, assim como as demais agências e órgãos reguladores do governo, zela pelo interesse das empresas amigas e do próprio governo, e não dá a mínima para o interesse da população.

A população também não ajuda: qualquer político que defender a redução do poder da ANVISA será xingado e escrachado como “inimigo do povo”. O povo brasileiro adora que existam órgãos do governo proibindo-o de ter acesso às coisas que existem em outros países. Essa adoração não vê problema nenhum em ser contraditória, como aconteceu quando nossos deputados decidiram passar por cima da ANVISA e liberar na marra um medicamento duvidoso chamado fosfoetanolamina, que foi carinhosamente apelidado pelo povo de “fosfo”. Neste caso específico, a maioria da população defendia que o remédio fosse liberado, mesmo sem nenhum estudo científico que mostrasse sua eficácia, mas ninguém lembrou de expandir o argumento para os outros medicamentos que a ANVISA proíbe. Aliás, arrisco dizer que a maioria dos defensores da “fosfo” acha certo que a ANVISA proíba os outros remédios – mas não peça uma explicação racional.

Duas políticas orientam as decisões da ANVISA: a primeira, como já disse, é defender as grandes corporações amigas do governo, bloqueando a concorrência. Ao impedir a venda dos remédios mais modernos, ela obriga a população a usar os remédios mais antigos, menos eficazes, mas que trazem lucros muito maiores para os seus fabricantes. O maior custo de um remédio é a fase de pesquisa. Depois de aprovado e lançado, boa parte do preço de um remédio serve para repor o dinheiro investido em seu desenvolvimento, e depois que este desenvolvimento está amortizado, a margem de lucro cresce muito.

A segunda política que norteia a ANVISA serve como remendo para outra política infeliz do governo: a idéia que remédios devem ser pagos com dinheiro público. Dizer que o governo deve bancar (com nosso dinheiro) qualquer tratamento que alguém necessite é música para os ouvidos das indústrias farmacêuticas. Como o governo não têm a coragem ou a inteligência de explicar que o dinheiro público não é infinito nem nasce em árvores, usa-se o quebra-galho de alegar que o medicamento não está aprovado como desculpa para não pagá-lo. Claro que tudo acaba na justiça, e como não podia deixar de ser, os pobres é quem saem perdendo. Os ricos podem pagar advogados caros, que têm acesso aos tribunais superiores, sempre mais generosos, e conseguem que os impostos de todos banquem seus tratamentos superfaturados.

Para encerrar, volto à lenalidomida com uma informação interessante, vinda do sistema de saúde britânico, que é totalmente estatal e consequentemente adorado por todos os brasileiros fãs de governos grandes: Em 2013, o NICE, órgão do ministério da saúde inglês, vetou o seu uso em casos de síndrome mielodisplásica da medula (MDS), argumentando que (tradução literal) “o fabricante não apresentou evidências suficientes que justifiquem o custo de 3780 libras por mês da lenalidomida para o tratamento de MDS”. Repetindo: o governo inglês não disse que o medicamento não funciona, ou que têm efeitos colaterais. Disse, com todas as letras, que o remédio “não justifica o custo”.

Convém lembrar disso sempre que ouvirmos o governo (ou a ministra Carmem Lúcia) dizendo que “saúde não é mercadoria” e que o SUS protege os pobres dos capitalistas malvados.