PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

RENÚNCIA – Manuel Bandeira

Chora de manso e no íntimo… Procura
curtir sem queixa o mal que te crucia:
o mundo é sem piedade e até riria
da tua inconsolável amargura.

Só a dor enobrece e é grande e é pura.
Aprende a amá-la que a amarás um dia.
Então ela será tua alegria,
e será. ela só, tua ventura…

A vida é vã como a sombra que passa…
Sofre sereno e de alma sobranceira,
sem um grito sequer, tua desgraça.

Encerra em ti tua tristeza inteira.
E pede humildemente a Deus que a faça
tua doce e constante companheira…

Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho, Recife-PE (1886-1968)

DEU NO X

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

CARLOS DOMINGUES – CURITIBA-PR

É prá tirá, meu velho !

Publique aí.

Bom domingo, forte abraço aqui de Curitiba, num domingo maravilhoso, cheio de esperança que um dia meus netos vivam num país no mínimo decente.

R. O cabra é bom de conta.

O redator do G1 da Globo de Rondônia noticiou o fantástico aumento de contaminados de 1 pra 6 naquele estado.

Dá 500% mesmo.

Uma verdadeira multidão de infectados, do jeito que a grande mídia banânica espera e vive torcendo.

Uma pajaraca bem grossa no furico desses porras ainda é muito pouco.

Bom domingo também pra você e pra toda patota fubânica de Curitiba, meu caro.

Apesar das zisquerdas e do rombo que o PT deixou, também tenho esperanças de que meus netos e bisnetos vivam num país decente.

DEU NO JORNAL

BOLSONARO NÃO PRESTA E TEMOS QUE CONVERSAR COM LULA?

Rodrigo Constantino

O jornal Estadão em seu editorial nesta sexta recomenda política como vacina para a polarização de hoje. Há, segundo o jornal, um grande vilão que impede um debate civilizado: Jair Bolsonaro. Ele é o veneno da política, sem ele haveriam apenas conversas civilizadas em um chá das cinco entre Lula, Doria, entre outros.

O jornal começa invertendo as coisas, dizendo que é Bolsonaro quem dissemina o medo do caos, sendo que o presidente reclama justamente da histeria de todos defendendo a volta à normalidade o quanto antes, o que consideram irresponsável. Diz o jornal que o risco não é desprezível, a ala Bolsonarista, com o próprio Bolsonaro à frente, se dedica diariamente a atacar as autoridades que assumiram a responsabilidade de enfrentar a epidemia com medidas duras de restrição econômica e isolamento social.

A intenção é disseminar o medo do caos, a criar uma atmosfera favorável, a soluções liberticidas. Mas não é Bolsonaro quem diz que não pode vetar o cidadão de ir na praia, trabalhar, isso não é uma ditadura? Não são Doria e Witzel que adotaram medidas muito mais drásticas e autoritárias, sem o discurso de que sem elas vai ter o caos? Como liberticida é aquele que quer liberar as pessoas de circular e não os que desejam impor um confinamento compulsório pleno e até prender um pequeno comerciante que tenta sobreviver? Mas falta diálogo, articulação, diz o jornal. Como exemplo de mudança positiva, eis que o editorial cita o afago entre Lula e Doria. Isso mesmo, o Bolsonaro não presta, é o capeta em pessoa, um autoritário incivilizado. Temos que conversar com Lula, que roubou o país, nos levou na direção da Venezuela e cujo ditador ele defende até hoje. Vamos deixar ideologia de lado, desde que seja para atacar Bolsonaro.

Rogério Marinho, Tarcísio, Mandetta, Moro, Guedes, Tereza Cristina, Pontes, são representantes do obscurantismo. Boulos, Lula, Freixo, Ciro, Jandira Feghali, Gleisi, são iluministas seculares. E os isentões acabem ficando com o segundo grupo. O editorial fala em estimular as forças democráticas liberais, social democratas e da esquerda moderadas a encontrarem um eixo programático de articulação.

Todos, pelo visto, até Lula, Ciro, são muito bem vindos nessa articulação, com o intuito de eliminar o único veneno da política: Jair Bolsonaro. Sem ele, teríamos um Congresso decente, sem mensalão, voltado para os interesses do povo. Trocas de amor e não de farpas entre Lula e Ciro, Lula e Doria, Doria e Ciro. Eliminar Bolsonaro, eis a solução. Isolar Bolsonaro não basta, é preciso desmoralizar a ideologia deletéria que o sustenta, prega o jornal. Parece coisa de advogado esquerdista ou centrão fisiológico, que defende a tal direita permitida, que na prática é ou esquerda, ou corrupto.

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

MAURI – SÃO PAULO-SP

Olá Luiz Berto

O teu site é uma ilha de bom senso e lucidez neste mar de idiotice que estamos mergulhados.

Quando fico aporrinhado de ler as besteiras científicas e outras análises econômicas e políticas, mudo para o JBF para rir um pouco o que me ajuda e enfrentar este tsunami de besteirol que está passando pelo mundo.

Tento mostrar para o pessoal que a análise dos “especialistas” não tem embasamento matemático nenhum tudo é calculado usado o método de Cálculos Hipotético Universal de Tentativa e Erro(C.H.U.T.E).

O mundo todo está usando com base os cálculos de um matemático londrino que errou na epidemia da vaca louca (disse que 500.000 ingleses iriam morrer do mal, e na realidade foram só 200), ele também errou na projeção da peste dos ovinos e mataram 6 milhões de ovelhas, acabaram com as fazendas e faliram os criadores para depois descobrirem que a conta estava errada.

Conforme a projeção deste matemático era para ocorrer mais de 50 mil mortes no Brasil até o final de março, graças a Deus que o vírus não lê estas besteiras que a Globo e Folha mostram.

Acho que o pessoal está usando como régua a pajaraca do Polodoro e comparam com a deles, a diferença é usada como multiplicador nos cálculos para apavorar o povão.

Em outras palavras quanto menor o pinto maior é o erro.

Abraços

R. Meu caro, fiquei ancho que só a porra com a generosidade de sua apreciação sobre esta gazeta escrota.

Chamar este antro pernicioso de “ilha de bom senso e lucidez” foi uma tacada que me fez ganhar o dia.

Brigadão mesmo!!!

A força de vocês leitores é que faz esta gazeta ficar avuando pelos ares do mundo todo.

E, já que você fechou sua mensagem falando de Polodoro, ele vai fechar esta postagem agradecendo com o seu antológico relincho a sua gentileza de citar o nome dele.

Polodoro vai relinchar com a pajaraca devidamente preparada pra rebentar as pregas, sem cuspe e sem vaselina, do batalhão de jornalisteiros canalhas que atualmente infesta as redações da grande mídia banânica.

Rincha, Polodoro!!!

JOSÉ DOMINGOS BRITO - MEMORIAL

OS BRASILEIROS: Graciliano Ramos

Graciliano Ramos de Oliveira nasceu em Quebrangulo (AL), em 27/10/1892. Escritor, jornalista e tradutor. Aos 2 anos, a família mudou-se para Buíque (PE), onde realizou os primeiros estudos. Em 1904, muda-se para Viçosa (AL), continua os estudos e cria um jornalzinho “O Díluculo”, dedicado às crianças. Em seguida passa a redigir outro jornal “Echo Viçosense”. Depois a família mudou-se para Maceió e, em 1909, passou a colaborar no “Jornal de Alagoas” usando pseudônimos diferentes para poesia e prosa. Em 1910, mudou-se para Palmeira dos Índios (AL) e continua suas colaborações com o “Correio de Maceió” e a revista “O Malho”, do Rio de Janeiro.

Concluído o 2º grau, em 1914, mudou-se para o Rio de Janeiro, e passa a trabalhar como revisor nos jornais “Correio da Manhã”, “A Tarde” e “O Século”, enquanto mantém a colaboração com o “Jornal de Alagoas”. Em setembro de 1915, ocorreu uma epidemia de peste bubônica em Palmeira dos Índios e vitimou 3 de seus irmãos e um sobrinho. O fato fez com que voltasse àquela cidade, onde passou a viver como jornalista e comerciante junto com o pai. No mesmo ano casou-se com Maria Augusta de Barros, que veio a falecer 5 anos depois, deixando-lhe 4 filhos.

Passou a ficar conhecido na cidade; entrou para a Política; foi eleito prefeito em 1927 e exerceu o cargo até abril de 1930. Realizou uma grande reforma no ensino público e soltava os presos para construírem estradas. Tendo que prestar contas ao governador Álvaro Paes, enviou um “Resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928”, que foi publicado pela Imprensa Oficial de Alagoas. O texto do relatório revela a verve do escritor ao abordar assuntos rotineiros. No ano seguinte, envia outro relatório com texto mais apurado. Os relatórios chamaram a atenção de Augusto Frederico Schmidt, editor carioca que o animou a publicar seu primeiro romance, Caetés (1933), um livro que vinha escrevendo desde 1925. Em seguida, renunciou ao cargo e passou a viver em Maceió, nomeado diretor da Imprensa Oficial. Aí encontrou mais tempo para se dedicar a literatura e também para namorar e casar com Heloisa Medeiros.

O “Mestre Graça”, como era conhecido, não era de “esquentar cadeira”. Logo após o casamento, pediu demissão e voltou a morar em Palmeira dos índios. Criou uma escola na sacristia da Igreja Matriz e iniciou os primeiros capítulos do segundo romance – São Bernardo -, publicado em 1934. Quando estava para sair o terceiro romance, foi preso em março de 1936, acusado de participar da “Intentona Comunista de 1935”. A prisão durou 10 meses e foi profícua em termos literários. Ali foram gestados o livro Angústia, seu romance mais profundo; o conto Baleia, que daria origem ao romance Vidas Secas, seu livro mais conhecido e sua obra autobiográfica Memórias do Cárcere, publicado postumamente em outubro de 1953. Trata-se do mais contundente relato das violências ocorridas nas prisões da ditadura Vargas.

Nelson Pereira dos Santos, que já havia filmado Vidas Secas em 1963, fez um levantamento de nada menos que 237 personagens, com os quais ele dividiu celas no navio-prisão “Manaus”, com destino ao Rio de Janeiro; na Colônia Correcional de Ilha Grande e na Casa de Detenção. O levantamento foi utilizado para a filmagem de Memórias do Cárcere, em 1984, uma das obras primas do cineasta. São 237 nomes de presos políticos e comuns retirados do anonimato. O livro chegou a causar problemas com a cúpula do Partido Comunista, cujo relato expunha alguns procedimentos não recomendados praticados pelo “partidão” e teve a interferência da família para manter a obra tal como foi escrita pelo autor.

Solto em 1937, passou a viver no Rio de Janeiro, publicou Vidas Secas (1938) e voltou ao magistério como inspetor federal de ensino. Trabalhou também como copidesque em alguns jornais do Rio de Janeiro. Em maio a “Revista Acadêmica” dedicou-lhe uma em edição especial (ano 3, nº 27) com 13 artigos. No mesmo ano recebeu o prêmio “Literatura Infantil”, do Ministério da Educação, com o livro A terra dos meninos pelados. Em 1940, entrou em contato com o Partido Comunista, através da revista “Diretrizes”, junto com Álvaro Moreira, Joel Silveira e José Lins do Rego. Em 1942, o romance Brandão entre o mar e o amor, escrito em parceria com Jorge Amado, José Lins do Rego, Aníbal Machado e Rachel de Queiroz, foi publicado pela Livraria Martins. No mesmo ano, reaparece o memorialista com o lançamento do livro Infância. Por essa época, Antônio Cândido publicou uma série de 5 artigos sobre sua obra no jornal “Diário de São Paulo”, obtendo uma resposta do autor. O material transformou-se no livro Ficção e confissão: ensaios sobre Graciliano Ramos.

Em 1951 foi eleito presidente da UBE-União Brasileira de Escritores e, no ano seguinte, junto com a esposa, empreende uma viagem pela Europa, que se estende até a Rússia. Tais viagens foram relatadas no livro de crônicas: Viagem, publicação póstuma da Ed. José Olympio em 1954. Em seguida viajou até Buenos Aires, onde foi submetido a um tratamento de pulmão. Foi operado, mas os médicos não ficaram otimistas com o resultado. O aniversário de 60 anos foi lembrado em sessão solene da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, onde foi representado por sua filha Clara Ramos. Em janeiro de 1953, foi hospitalizado e veio a falecer em 20 de março. Mestre Graça recebeu muitas homenagens e prêmios postumamente. Vale destacar: Prêmio da Fundação William Faulkner (EUA), tendo Vidas Secas, como livro representativo da literatura brasileira contemporânea (1962); Prêmios “Catholique International du Cinema” (Paris) e “Ciudad de Valladolid (Espanha), concedidos a Nelson Pereira dos Santos, pela adaptação do romance (1964); Personalidade Alagoana do Século XX (2000); Prêmio Nossa Gente, Nossas Letras (2003) e em 2013 foi escolhido pelo Governo Federal para O PNBE-Programa Nacional Biblioteca da Escola, com o livro Memórias do Cárcere.

Ainda em 2013, em comemoração os 120 anos de nascimento, a Editora Record publicou toda sua obra e um livro inédito: Garranchos, com mais de 80 textos produzidos entre 1910-1950. Ao mesmo tempo, a editora realizou, em São Paulo, Belo Horizonte e Recife, seminários sobre o autor. No ano seguinte, a mesma editora publicou o livro Conversas, com 45 entrevistas, enquetes, ”causos” e depoimentos do autor, permitindo uma visão de outro Graciliano Ramos, para além da imagem de um homem sisudo e avesso ao convívio social. No mesmo ano, foi o autor homenageado na FLIP-Festa Literária Internacional de Parati

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

JOSÉ TADEU FIRMINO – PETROLINA-PE

Caro Editor,

Em abril de 2009, o então presidente Lula fez esta declaração:

“Uma gripe, num cabra mofino, ele fica de cama; num cabra macho, ele vai trabalhar e não perde uma hora de serviço”

Isto é mesmo a cara dele, não é?

Publique no nosso jornal, por favor.

Obrigado.

R.. Caro leitor, esta gazeta escrota prima pela verdade dos fatos.

Esta informação que você nos mandou vai passar pelo crivo do nosso especialista em mentiras e notícias falsas (que os muderninhos chamam de “fake news“…).

Vamos aguardar o pronunciamento do incansável e futucador Ceguinho Teimoso.

Ele nos dirá se realmente o ex-presidiário falou isto e se realmente foi publicado na revista Veja.

Nos últimos dias Ceguinho tem trabalhado intensamente pra provar que o PT não quer o comunismo pro Brasil. Que um nada tem a ver com o outro.

A cada 10 minutos, Ceguinho escreve uma nota dizendo que são idiotas estes que tem medo do comunismo.

Ainda ontem ele escreve esta irada frase:

“A bobice da ameaça comunista já torrou o saco.” 

Ceguinho garante que o PT não quer o comunismo pro Brasil.

O PT quer pra nós um regime bacana, aberto e democrático, assim feito o da Venezuela, uma pátria rica, progressista, cujo regime mora na estima de Ceguinho. E que nada tem a ver com comunismo.

De modo que você aguarde um pouco, caro leitor.

Espere até Ceguinho dar uma pausa nessa luta incessante contra os idiotas que enxergam comunismo em tudo que as zisquerdas fazem.

E aí Ceguinho vai nos dizer se realmente o ex-presidiário Lula cagou este tolôte oral e se este tolôte foi mesmo publicado na revista Veja.

Aguardemos.

JOSÉ RAMOS - ENXUGANDOGELO

RECORRENDO À PSICOLOGIA

O banho dos primos

Era um sábado, lembro bem, embora já se tenham passado mais de 60 anos. No que poderia parecer um cenário teatral, eu acabara de almoçar e resolvi descansar um pouco. Não queria dormir, pois, se assim quisesse armaria uma rede.

Peguei um cambito que Vovô tirara do jumento Moreno, peguei a sela que era usada na montaria do cavalo Salú, arrumei as duas peças de modo a me oferecer apoio e conforto, sentei e me pus a olhar na linha do horizonte. Como se estivesse no deserto do Atacama, na primavera. Me pus a “matutar”, como dizemos naquelas paragens.

Um filme que eu jamais vira, estava passando na minha mente, em “slow motion”. Dava para contar as pessoas, os objetos, e, tudo que enfim, compunha as imagens da fita. Eram imagens policrômicas, que sequer existiam – para os apaixonados, a vida é sempre em policromia, e as paisagens são sempre as mais belas.

Cambito que auxilia às montarias no interior

Eis que, um movimento diferente do que “passava na fita mental” me chamou a atenção. A porteira, que ficava numa distância de uns 40 metros de onde eu estava sentado, me chamou a atenção. Mas, dava perfeitamente para perceber o rabo do cachorro Babalu balançando, frivolamente – a alegria do animal era visível, e eu pude deduzir que ele estava alegre pela aproximação de alguém.

E era mesmo. E estava mesmo. Dois meninos caminhavam ao tempo que também brincavam na frente de um comboio de jumentos conduzidos pelo nosso vizinho Zé de Augusta que, naquele instante transportava a farinha para entregar na manhã seguinte, no comércio do Seu Horácio. Os dois meninos brincavam na frente dos animais, e aquilo alegrava Babalu, que até davas cambalhotas.

Passada aquela aparente festa canina, permaneci sentado onde estava, e não percebi que o tempo passara, que a escuridão da noite mandava torpedos e mais torpedos, avisando sua chegada. Era a noite que se aproximava.

Mas, algo estranho continuava acontecendo, pois Babalu, passada aquela alegria pela passagem dos meninos, continuava na porteira. Vigilante, como sempre fora. E, de repente, começou latir. E latia cada vez mais. Mas, era um latido sem raiva, sem agressividade. Como se pretendesse avisar que alguém de casa se aproximava. E era verdade.

Era Anunciada, minha prima mais velha. Naquele tempo, aparentando 25 anos de idade. Apressada e cabisbaixa, caminhava na direção da nossa casa e mais apressada ainda ficou, quando de longe avistou Vovó. Ofegava. Causava ansiedade em quem viera saber algo na sua chegada.

Babalu o “vigia” da nossa porteira

Com dificuldade de falar, tomada pela emoção dos fatos, Anunciada agarrou-se à Vovó, e fez esforço para anunciar com voz trêmula, e copiosas lágrimas:
– Vó, mamãe tá desesperada! Zildinha acabou de falecer!

Aquele anúncio chocou os que ouviram a triste novidade. A mim, foi como uma facada penetrante na carótida. Eu tinha naquela época um envolvimento muito forte com Maria Zilda, a Zildinha. Namorávamos escondido, por sermos primos – e a gente do interior não aprovava muito naqueles tempos.

Lembro que nos encontrávamos para o banho no açude, nus. Descobrimos e mantivemos por longos tempos, um local só nosso. Nos beijávamos, nos acariciávamos – mas nunca ultrapassamos os limites que a criação daquela época nos impunha.

Vovó decretou silêncio e luto total na casa. Fomos ao velório na mesma noite, e permanecemos para o dia seguinte.

Foi aquela, a minha primeira grande emoção na vida. Passava dias e noites relembrando os bons momentos, as carícias que trocávamos. Zildinha se desenvolvia fisicamente. Ainda não era “uma mulher feita”. Seios crescendo, coxas longas ficando arredondadas e pelos começando aparecer nos devidos lugares do corpo.

Passados todos esses anos, graças à Deus, sem sequelas, recorro à Psicologia dos que lêem essa “gazeta escrota” (fala do próprio Editor), para uma explicação. Se possível pedagógica.

Qual é o comportamento do cérebro e dos demais órgãos que compõem as emoções humanas, numa situação que começou com o descanso conciso e necessário a partir do sentar no cambito; no olhar a emoção do cachorro em dois momentos e com ele compartilhar; no ouvir e participar do anúncio do indesejado da morte da prima amada; no féretro, onde foi enterrada parte emocional de mim; e na volta solitária aos banhos no local onde vivemos bons momentos.

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

CARLOS EDUARDO – OLINDA-PE

EQUIPAMENTO CURIOSO

Como certos termos atualmente estão muito repetidos na mídia, ventilador é a palavra está em moda, por causa dos aparelhos de ventilação que estão sendo usados nos hospitais.

Assim, me vem à memória uma historieta que me foi contada pela Primeira Dama do Teatro Pernambucano – Geninha Rosa Borges – com quem trabalhei no Rio de Janeiro, na peça “Sangue Velho, do catendense Aristóteles Soares.

Ela havia promovido, numa cidadezinha do interior de Pernambuco, u’a festa tipo quermesse. E na hora de entregar os brindes, Seu Manezinho, morador da zona rural, foi um dos sorteados.

Coube-lhe a escolha de um dentre os vários objetos que estavam na mesa e já haviam funcionado para fins de mostrar aos participantes para que serviam.

Todos atentos e meio encabulados; aliás, comportamento normal de matuto quando vê alguma coisa funcionar pela primeira vez.

Lá estavam esperando pelos donos: uma cafeteira, um liquidificador, uma panela de pressão e um ventilador de cabeceira. Geninha botou todas as modernidades para funcionar e foi explicando pra que serviam.

Ao ser indagado qual desejava levar, o velhote afirmou que gostaria de ser dono do “curioso”, pra deixar bem fresco o quartinho onde ele se “ajeitava” com sua véia.

Não sabendo qual era, a atriz pediu explicação:

– É aquele que fica girando, refrescando e olhando de um lado pra outro, feito um curioso.

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

JORGE C. SILVA – RIO DE JANEIRO-RJ

Berto,

fico me perguntando se devo continuar recluso já que meus avós se foram há muito tempo (tenho 87).

Depois de ter lavado minhas velhas mãos com um sabonete danado de cheiroso dado por minhas netas, mando-lhe meu afetuoso abraço, como sempre bem de longe.

R. Retribuo seu carinhoso abraço, meu estimado leitor.

Também de longe…

Uma boa e tranquila quarentena pra você e pra todos que você ama.

Brigadão pela força e pela audiência.