DEU NO JORNAL

COMBOIO FLUVIAL DE ANTAS VERMÊIAS-ISTRELADAS

Petistas comemoram aniversário de Lula com barqueata no Recife.

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O amontado de tabacudos embarcados passou aqui no fundo do apartamento onde moro, por onde corre serenamente o Rio Capibaribe.

A placa que pintei “Lula tá preso, babacas” dava pra ser lida nitidamente lá embaixo pelas antas vermêias.

Acendi 13 velas na intenção de que afundassem nas águas escuras e poluídas, para que ficassem todos lambuzados de lixo e de bosta.

Se não for atendido agora, espero ser atendido mais à frente.

No Oceano Atlântico, onde o Capibaribe despeja, e que está cheio do petróleo venezuelano.

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

ABRIGO CELESTE – Cruz e Sousa

Estrela triste a refletir na lama,
Raio de luz a cintilar na poeira,
Tens a graça sutil e feiticeira,
A doçura das curvas e da chama.

Do teu olhar um fluido se derrama
De tão suave, cândida maneira
Que és a sagrada pomba alvissareira
Que para o Amor toda a minh’alma chama.

Meu ser anseia por teu doce apoio,
Nos outros seres só encontra joio
Mas só no teu todo o divino trigo.

Sou como um cego sem bordão de arrimo
Que do teu ser, tateando, me aproximo
Como de um céu de carinhoso abrigo.

Colaboração de Pedro Malta

DEU NO X

DEU NO JORNAL

A PALAVRA DE UM SAFADO

Bomba nas redes sociais trecho do livro “Curso de Direito Constitucional“, de Gilmar Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco, em defesa da prisão após condenação dos meliantes em segunda instância.

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Gilmar Boca-de-Buceta é, entre outros, uma das grandes vergonhas da Suprema Bosta Federal.

Palavra de Gilmar, escrita ou falada, é igual peito em homem: num serve pra nada.

JOSÉ RAMOS - ENXUGANDOGELO

O TREM QUE TRAZIA – E O ÔNIBUS QUE LEVAVA

O trem avistado desde a Estação Barracão

Quando chegava o mês de dezembro, os alunos que compunham a série do curso ginasial se alvoroçavam. Uns, vibravam de alegria pela aproximação das provas finais do ano letivo e o início das férias escolares, outros, que haviam estudado pouco ou quase nada aprendiam, ficavam apavorados com possíveis reprovações. Provas escritas e orais, exigiam o somatório da média 5. Abaixo disso, era “reprovação consumada” e a certeza da repetição de tudo no ano seguinte. Nunca repeti e sempre alcancei nota acima da média. Mas, muito longe de ser “top” entre os melhores alunos da classe.

A última prova oral do ano letivo, tinha ares de verdadeiro “chute na bunda” e, em seguida, pernas para que te quero.

Neste exato momento, quando estou escrevendo este texto (dia 25 de outubro de 2019), me veio à lembrança uma dúvida: não lembro se, naquele tempo o meu pai se dirigia ao colégio “para renovar a matrícula”, como é feito hoje. A “rematrícula” era automática, diferente das muitas inovações imprestáveis dos dias atuais.

No dia seguinte era fazer a pequena mala de madeira forrada e coberta com papel parede, colocar a escova de dentes, o creme dental Eucalol, a baladeira, o pião e o bornal de carregar pedras, uma latinha de Vick Vaporub e uma “roupa de ir à missa aos domingos”, comprar o bilhete do trem e esperar aquele maravilhoso apito da partida. Os trilhos, mesmo existindo algumas paradas programadas ou desvios, só levavam à um destino: a Estação de Barracão, lugar que jamais será apagado da memória de muita gente.

Estação Barracão em abandono após anos de utilização

Quando a máquina que conduzia os oito vagões de carga e passageiros se aproximava da estação, longe ainda, mas na última curva antes dos duzentos metros de reta, muitos punham as cabeças para fora das janelas na tentativa de identificar a parentada que, atônita, esperava na estação. Acenos mil, beijos muitos.

A alegria da chegada era transformada naquele “ruge-ruge” de abraços e encontros com bagagens e fardos de encomendas para esse ou para aquele. Um momento ímpar de alegria e contentamento pelo reencontro – ainda que por apenas dois meses das férias escolares.

Hoje, lembro bem, a ansiedade que enfrentávamos quando faltavam três ou quatro dias para o início das férias, fazia a demora parecer um século – e era diferente, também, com a duração dos dois meses de férias que, parecia ser menos de uma semana.

Baladeiras, passarinhos, banhos no açude, assar castanhas de caju, defecar trepado na mangueira ou cajueiro, tudo contava pontos naquela curta vivência das férias. Quando menos esperávamos, faltava menos de uma semana para o final daquele período marcante.

As aulas recomeçavam sempre numa segunda-feira (por que????) e, no sábado já tínhamos que estar de volta em casa para a preparação da volta às aulas: cortar o cabelo, provar e aprovar o fardamento se fosse novo, e encapar os livros e cadernos novos.

A sexta-feira, ainda no interior, era estafante e cansava mais que os quase dois meses de brincadeiras. Caminhar até o rodovia para tomar o ônibus que levava de volta à casa.

O ônibus da volta das férias era um verdadeiro luxo

Sem muita reclamação, a rotina das aulas no início do ano não mostrava diferença. Só mesmo nas caras dos professores, ou nas matérias que mudavam a cada ano. Química e Física só estudávamos a partir da terceira série ginasial e no científico. Antes, era Ciências Naturais. Cada final de mês, provas escritas. Provas orais só no final de cada ano, sempre após as provas escritas. E assim, aparentemente, tudo era igual até o final do ano. Exceção às férias do meio do ano, sempre em julho.

A ÚLTIMA: Minha santa Avó não era puta. É, puta, aquela que “renova o óleo masculino num cabaré” ou intramuros de quatro paredes. Mas, também não tinha nenhuma aproximação com a agora Santa Dulce dos Pobres. Mulher liberal e liberada antes mesmo do nascimento de Leila Diniz. E minha falecida e santa Avó tinha uma característica que, quiçá nunca tivesse sido só dela – ela, vovó, nunca usou calcinha, tampouco calçola. E, tirada da cabeça dela, tinha uma explicação para esse comportamento:

– “Calcinha ou calçola é algo que “guarda”. E por que diabos a gente tem que guardar alguma coisa que gosta e sente prazer em dar?”

DEU NO X

RELEMBRANDO O ASSASSINATO COMETIDO PELO PT

JOSÉ DOMINGOS BRITO - MEMORIAL

AS BRASILEIRAS: Bertha Lutz

Bertha Maria Julia Lutz nasceu em São Paulo, em 2/8/1894. Bióloga, advogada, política, feminista e pioneira na luta pelo direito de voto da mulher. Filha de Adolfo Lutz, cientista e pioneiro da Medicina Tropical e da enfermeira inglesa Amy Fowler. Ainda adolescente, foi completar os estudos na Europa, onde entrou em contato com a campanha sufragista inglesa pelo direito das mulheres ao voto. Formada em ciências naturais, pela Faculdade de Ciências de Paris (Sorbonne), em 1918, com especialização em anfíbio anuro.

De volta ao Brasil, prestou concurso para bióloga do Museu Nacional, em 1919, onde passou em primeiro lugar. Foi a segunda mulher brasileira a ingressar, por concurso, no serviço público. No mesmo ano, criou a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher e deu inicio ao movimento pelo direito ao voto das mulheres no País. Em 1922 viajou para os EUA para participar da Assembleia Geral da Liga das Mulheres Eleitoras, e foi eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana. Em seguida, batalhou pela criação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, fundada no mesmo ano. Ainda em 1922, como delegada do Museu Nacional ao Congresso de Educação, garantiu o ingresso de meninas no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro.

Em 1929, lutou pela criação da União Universitária Feminina. Logo, foi uma das primeiras “feministas” do País. Três anos após, criou a Liga Eleitoral Independente e a União das Funcionárias Púbicas. Por esta época passou a estudar Direito e formou-se advogada em 1933, pela atual UFRJ, e tentou ser professora com a tese “A nacionalidade da mulher casada” perante o Direito Internacional Privado”, em que abordava a perda da nacionalidade feminina quando a mulher se casava com um estrangeiro. Não conseguindo o intento, publicou o livro A nacionalidade da mulher casada. No mesmo ano, representou o Brasil na Conferência Interamericana de Montevidéu, marco do início de seu trabalho diplomático pelo país, continuado posteriormente em representações na Conferência Internacional do Trabalho, realizada nos EUA em 1944, e, posteriormente, como militante nas conferências mundiais realizadas pela ONU.

Após duas tentativas como candidata, foi eleita suplente para deputada federal em 1934, Dois anos depois, assumiu o mandato na vaga deixada por Cândido Pessoa. Suas bandeiras de luta parlamentar eram mudanças na legislação do direito feminino ao trabalho; contra o trabalho infantil; direito a licença maternidade e a equiparação de salários e direitos entre homens e mulheres. Além disso, atuou na defesa da pesquisa científica, da proteção à natureza e conservação da fauna e da flora brasileira. Como se vê, foi também uma pioneira do movimento ecológico. Em 1937, com o golpe do Estado Novo, retomou sua carreira como chefe do Setor de Botânica do Museu Nacional, que ocupou até aposentar-se, em 1965.

Em 1945, integrou a delegação do Brasil na Conferência de San Francisco (EUA), convocada para a criação da ONU. Durante a reunião, se empenhou para assegurar que a Carta da ONU fosse revista periodicamente, mas seu grande feito foi o trabalho de apoio político ao delegado da África do Sul, General Smuts, a fim de que o preâmbulo da Carta fosse redigido mediante o compromisso com a igualdade, entre homens e mulheres e entre as nações. Dois anos após, trouxe para Brasil o Movimento Internacional Soroptimista, integrado por mulheres pioneiras e empreendedoras. O nome “soroptimista” significa “o melhor para as mulheres”. Por tal iniciativa foi eleita “Mulher das Américas” pela União das Mulheres Americanas, em 1951.

Devido a sua participação na criação da ONU, foi convidada pelo Itamaraty a integrar a delegação brasileira na 1ª Conferência Internacional da Mulher, realizada no México, em junho de 1975. Nesta Conferência foram criados o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM) e o Instituto Internacional de Treinamento e Pesquisa para a Promoção da Mulher (INSTRAW), “constituindo o quadro institucional para a investigação, formação e as atividades operacionais na área de mulheres e desenvolvimento.”

Esta foi sua última participação pública. Não se casou, talvez devido a dificuldade de conciliar tantas atividades com os compromissos de um casamento. Faleceu em 16/9/1976 e seu nome passou a denominar um anfíbio que ela descreveu em 1958: “Paratelmatobius lutzii”. Descobriu uma dezena de espécies anfíbias, dentre elas o “sapo-boi”, que recebeu o nome “Eleutherodactylus hoehnei Lutz”. Em 2017 recebeu uma homenagem póstuma com a nomeação de uma espécie rara de perereca: “Aplastoduscus lutzorum”.

Além das homenagens científicas, em 2001 o Senado Federal criou o “Diploma Mulher Cidadã Bertha Lutz”, outorgado anualmente, no Dia Internacional da Mulher, a cinco destacadas mulheres. O Diploma foi criado a partir de uma Resolução apresentada pela Senadora Emília Fernandes. Atualmente não vejo o movimento feminista brasileiro falar de seus feitos e contribuições à causa, mas a comunidade científica tratou de erigir um museu virtual, dedicado à sua atuação política e científica. Trata-se do “Museu Bertha Lutz”, desenvolvido na Universidade de Brasília, com apoio do CNPq.

DEU NO X

PENINHA - DICA MUSICAL