O advogado Cristiano Zanin, que defende o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou em entrevista coletiva nesta sexta-feira (18), em Curitiba, que informará à Justiça Federal que o petista não aceitará o pedido de progressão de pena para o regime semiaberto feito pelo Ministério Público Federal.
Visita à Casa da Cultura, onde existe um arquivo dedicado aos meus livros. E também visita ao histórico Cinema Apolo.
Dei três entrevistas em diferentes estúdios, com muita conversa mole e remeximento de lembranças.
Fiquei muito feliz mesmo com a tietagem do público jovem, uma coisa que me surpreendeu demais. Não sabia que a meninada já estava curtindo bestagens.
O dia foi coroado com uma palestra que fiz no Rotary Club local, a elite da terra reunida na sua sede pra ouvir conversa fiada.
Ô povo pra gostar de besteiras!!!
Falei pra mais de uma hora e respondi muitas perguntas.
E, pra completar o dia, fizemos uma farra arretada no Bar Japaranduba, com um monte de amigos enchendo a cara de cerveja e de aguardante, tirando gosto com camarão, declamando poesias, falando da vida alheia, contando histórias dos velhos tempos e fazendo fuxicos.
E eu só tomando água mineral e enchendo a boca d’água ao espiar cada uma das lapadas que meus amigos bebiam…
Fui pro hotel depois da meia-noite e, hoje pela manhã, já estava de volta ao Recife.
Uma maratona bem puxada.
Oportunamente publicarei alguns vídeos desse desmantelo.
Já ouvi e assisti muitas disputas na estrada da vida.
Não falo de jogo de futebol, ou corrida de cavalos, são opiniões divergentes que afetam o nosso dia-a-dia. Além do campo político, tem os contra e a favor do aborto, contra ou a favor das drogas, etc. Num País que se diz democrático é normal opiniões diferentes.
Hoje deparei com uma notícia intrigante que também tem os “Contra e A Favor” transcrevo abaixo:
– 70% dos brasileiros são a favor de prisões em 2ª. Instância, diz pesquisa Veja/FSB.
Observem o resultado geral:
70% a favor.
21% contra.
9% indecisos.
Num País com altos índices de violência e corrupção, qual será o motivo para 21% de cidadãos preferir criminosos condenados em DUAS INSTÂNCIAS, continuem soltos?
O ser humano sempre gostou de mandar e de modificar o mundo à sua vontade. Nos tempos de hoje, ficou mais fácil, pela invenção dos mundos virtuais: mundos que existem na internet, no facebook, no instagram. E ao contrário de outros tempos, onde as pessoas se orgulhavam de ser fortes e dominadoras, a humanidade hoje tem como meta um mundo fofinho.
O mundo fofinho tem muitos gatinhos e cachorrinhos fofos, óbvio. Todo mundo faz coraçãozinho com as mãos e usa a fitinha do outubro rosa e o arco-íris da causa LGBTQ. No mundo fofinho, todas as coisas de que gostamos aparecem do nada: basta pronunciar as palavras mágicas “eu tenho direito”. No mundo fofinho, supostamente prevalece a paz e a justiça social (seja lá o que isso signifique). Todos os habitantes do mundo fofinho pertencem a alguma minoria, e todos estão o tempo todo falando para os outros sobre a importância desta sua minoria ser “reconhecida”, “valorizada” e “empoderada”.
A principal preocupação do fofinho é mostrar ao mundo suas preocupações. Isso não significa que ele faça algo de concreto a respeito ou sequer aponte soluções. Sua preocupação, repito, é mostrar como ele é importante, inteligente, engajado, consciente, simpático, bacana, bonito, charmoso, elegante, sustentável, sem glúten e sem lactose. Isso significa postar muitas fotos e textos alheios, vestir camisetas com frases de efeito e tuitar bastante. Aliás, quando o habitante do mundo fofinho declara estar “indignado” com alguma coisa, seja a poluição dos rios da Cochinchina ou a falta de atendimento veterinário gratuito no Sri Lanka, ele exige que todo o planeta preste atenção à sua indignação e às suas exigências, que são, sem sobra de dúvida, as coisas mais importantes do mundo.
Esporadicamente os habitantes do mundo fofinho saem de suas redes sociais para “interagir” com o mundo de verdade. Em outras palavras, o fofinho irá escolher uma causa (geralmente ligada à Cochinchina, ao Sri Lanka ou qualquer lugar bem distante, porque falar dos problemas locais é chato e sem graça) e inventar um jeito de mostrá-la da forma mais escandalosa, de preferência atrapalhando a vida do máximo de pessoas que for possível, para deixar bem claro que o fofinho e seus problemas estão muito acima das demais pessoas. Um fofinho jamais manifesta sua indignação na praça em frente à prefeitura, por exemplo. Ao invés disso, vai obstruir uma rua importante, no horário mais movimentado, ou invadir um local e promover um quebra-quebra.
Uma coisa extremamente clara na mente do fofinho é o seu direito de ser tratado com todo o carinho, respeito e delicadeza: o mesmo carinho, respeito e delicadeza que ele jamais mostra para com os outros. O fofinho está sempre pronto a xingar e desrespeitar todos à sua volta, mas vê como o fim do mundo se alguém comete a ousadia de questioná-lo. Um fofinho que quebra ou destrói o que é dos outros está apenas “exercitando sua cidadania”, mas se alguém encosta um dedo no fofinho comete uma violência inaceitável. No mundo fofinho, violentos são sempre os outros.
Seria exagero dizer que todo criminoso é fofinho, mas os valores do mundo fofinho gozam de excelente acolhida entre estes. Exemplo prático: um assaltante invadir uma casa, fazer os moradores de reféns, ameaçá-los, e roubar o que deseja é normal, afinal as verdadeiras causas da criminalidade são a desigualdade e o capitalismo. Já o morador da casa usar uma arma para reagir e evitar o assalto é uma “reação desproporcional”, uma “atitude violenta” que deve ser castigada. Da mesma forma, invadir e depredar propriedades é apenas “direito legítimo de manifestação”, mas ser contido pela polícia é “violência policial” e uma “truculência” digna de “regimes autoritários” – regimes não-autoritários são os que mandam a polícia escoltar os fofinhos para que estes possam perturbar a vida dos outros sem se preocupar.
Se a idéia lhe interessou, não perca tempo! Escolha uma causa (os cachorrinhos abandonados, a opressão sofrida pelos camponeses do Butão, o fim dos canudinhos plásticos ou a desigualdade de gênero nas bandas de heavy-metal) e seja fofinho você também!
Moacir Laurentino e Sebastião da Silva glosando o mote:
Sinto a última esperança se queimando Na fogueira da seca nordestina.
Sebastião da Silva:
Outro mote bonito aqui está, Vem falando de crise e sequidão E nessa seca que há no meu sertão, Piauí, Pernambuco, Ceará, Não se ouve o cantar do sabiá, Do canário de crista da campina, E a cigarra também não faz buzina, Não tem ave do campo mais cantando. Sinto a última esperança se queimando Na fogueira da seca nordestina.
Moacir Laurentino:
Essa dura e cruel situação, Da maneira que muita gente está Paraíba, Sergipe e Ceará, Rio Grande, Alagoas, Maranhão, Tá despida toda vegetação, Não tem mais folha verde na campina, Essa seca cruel e assassina, Com sol quente que vêm lhe sapecando. Sinto a última esperança se queimando Na fogueira da seca nordestina.
Sebastião da Silva:
Na fogueira tremenda do verão, No sertão está tudo esturricado, Está magra a criação de gado, Está morta a nossa plantação, Acabou-se a nossa produção, Que a seca pra nós é assassina, Eu espero uma luz da mão divina, Que só DEUS é quem pode estar ajudando. Sinto a última esperança se queimando Na fogueira da seca nordestina.
Moacir Laurentino:
No sertão é um grande desafio, Não tem pássaro mais cantando na mata, Não tem água descendo na cascata, Está seco do jeito de um pavio, Falta água em represa lá do rio, Não tem água de fonte cristalina, O problema da seca contamina, E o fantasma da fome rodeando. Sinto a última esperança se queimando Na fogueira da seca nordestina.
Sebastião da Silva:
Paraíba que é tão rica e boa Tá passando a maior dificuldade, Está seco em Mari e Soledade, Cajazeiras, Pombal e João Pessoa, Não caiu mais no chão uma garoa, Nem em Patos, Teixeira nem Campina, Só no vale da linda Petrolina É que a água ainda está passando. Sinto a última esperança se queimando Na fogueira da seca nordestina.
Moacir Laurentino:
O sertão vive hoje nu e cru, Sertanejo não tem mais vez nem voz, Está seco demais o nosso Orós, Onde passa tristonho o boi zebu, Vi a seca perversa em Iguatu, Aveloz, Castanhal, Araripina, Até mesmo o espaço de Campina Não tem nuvem pesada desfiando. Sinto a última esperança se queimando Na fogueira da seca nordestina.
Sebastião da Silva:
Nosso povo padece, sofre tanto, E pra que venha uma chuva pra o sertão, Muita gente inda faz uma oração, Inda reza uma prece no recanto, Inda faz a promessa e rouba santo, Para ver se essa seca se termina, Mas a seca é cruel e assassina, Cada dia, ela vai contagiando. Sinto a última esperança se queimando Na fogueira da seca nordestina.
Moacir Laurentino:
No sertão só tem nuvem de poeira, “redemoinho” por toda tardezinha, Não tem porco, guiné e nem galinha, Pelo mato só tem muita caveira, Vejo o povo matuto lá na feira, Em cidade maior ou pequenina, Um matuto se escora na esquina, Com o outro tristonho lastimando. Sinto a última esperança se queimando Na fogueira da seca nordestina.
Sebastião da Silva:
É devido essa seca tão ruim, Fica o povo enfrentando sofrimento, Falta pasto pra o bode e pra o jumento, Nosso gado não come mais capim, Todo verde que tinha levou fim, O saguim já não come mais resina, Tem somente uma ave de rapina E a fome no campo se alastrando. Sinto a última esperança se queimando Na fogueira da seca nordestina.
* * *
Cícero Moraes glosando o mote
Tudo que há de beleza Deus colocou no sertão.
A suprema divindade Caprichou no seu trabalho Não deixou serviço falho Fez com grandiosidade Construiu com qualidade Retocou com perfeição Quem quiser diga que não Mas afirmo com certeza Tudo que há de beleza Deus colocou no sertão.
Se a seca nos traz penar Por vermos mata cinzenta O sertanejo se aguenta Sabe como se virar Come o que tava a guardar Derradeira produção E o seu silo de feijão É sua maior riqueza Tudo que há de beleza Deus colocou no sertão.
Quando chove em minha terra A natureza se agita Cria uma imagem bonita Matuto o feijão enterra Planta lá no pé da serra Porque é de barro o chão E ali, a produção Será maior na grandeza Tudo que há de beleza Deus colocou no sertão.
Cobra, sapo e caçote Aparecem na invernia Eles não têm simpatia Porque a cobra dá bote Se correr ou der pinote Ela pega à traição Faz de sua refeição O pequeno sem defesa Tudo que há de beleza Deus colocou no sertão.
Um céu bonito estrelado Que não há noutro lugar Quem observa o luar Fica logo encantado Um vaga-lume amostrado Completa a orquestração Da bela composição Do quadro da natureza Tudo que há de beleza Deus colocou no sertão.
Desde ontem, 15/10/19, não sou mais colaborador da revista “Veja”, na qual entrei em 1968, quando da sua fundação, e onde mantinha uma coluna quinzenal desde fevereiro de 2008. A primeira foi publicada na edição de 13/02/2008. A partir daí a coluna não deixou de sair em nenhuma das quinzenas para as quais estava programada.
Na última edição, com data de 16/10/19, a revista decidiu não publicar a coluna que eu havia escrito. O artigo era sobre o STF, e sustentava, como ponto central, que só o calendário poderia melhorar a qualidade do tribunal — já que, com a passagem do tempo, cada um dos 11 ministros completaria os 75 anos de idade e teria de ir para casa. Supondo-se que será impossível nomear ministros piores que os destinados a sair nos próximos três ou quatro anos, a coluna chegava à conclusão que o STF tende a melhorar.
A liberdade de imprensa tem duas mãos. Em uma delas, qualquer cidadão é livre para escrever o que quiser. Na outra, nenhum veículo tem a obrigação de publicar o que não quer. Ao recusar a publicação da coluna mencionada acima, “Veja” exerceu o seu direito de não levar a público algo que não quer ver impresso em suas páginas. A partir daí, em todo caso, o prosseguimento da colaboração ficou inviável.
Ouvimos, desde crianças, que não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe. Espero que esta coluna tenha sido um bem que não durou, e não um mal que enfim acabou. Muito obrigado.
Antônio tem casa de praia, onde costuma descansar nos finais de semana. Para ele, não existe nada melhor nesse mundo, do que poder relaxar na praia, deitado numa confortável rede, sentindo o cheiro de maresia e o barulho do mar. Diz sempre que sua esposa, Marlene, sua alma gêmea, também adora relaxar na praia, e é com muita satisfação que ela se encarrega da enorme feira semanal, para abastecer a geladeira e o “freezer”, para os fins de semana na praia. Quase sempre, o casal recebe a visita de amigos, como também do filho, com a nora e dois netos.
Seu fim de semana na praia é sagrado. Na sexta-feira à noite, o casal organiza as coisas que tem que levar para o fim de semana, e os dois arrumam na caminhonete. Marlene se encarrega de preparar petiscos e quitutes à vontade. Antes do amanhecer, o casal já está na estrada. Uma hora depois, os dois já estão na casa da praia, descarregando a camionete.
O marido abastece o “freezer” e a geladeira e depois vai verificar se a bomba está funcionando, para encher a caixa d’água. Sempre encontra vazamento em alguma torneira, bronca pequena, que ele aprendeu a resolver.
Por sua vez, Marlene se instala logo na cozinha, para preparar um reforçado café da manhã. Em seguida, a mulher se encarrega de varrer e arrumar a casa, sacudir os colchões, forrar as camas e lavar os banheiros. Depois, começa a preparar o almoço, que sempre é uma feijoada, um cozido ou um peixe com pirão,
Antônio varre os alpendres e arma as redes. Depois, sozinho, vai dar um mergulho no mar e caminhar um pouco pela praia. Mas não se demora, pois o sol já está bastante quente.
Depois do almoço, Antônio se aboleta numa rede, mas não consegue dormir. Tem que consertar o chuveiro, ajeitar o ferrolho do portão da garagem e colocar “spray” contra ferrugem nas dobradiças e fechaduras das portas.
Marlene, depois de lavar a louça do almoço, também se deita numa rede e adormece.
A noite chega e eles jantam. Depois, assistem os noticiários na televisão, numa imagem péssima, sinal de que há algo errado com a antena.
Antônio espalha inseticida pela casa, para matar baratas e mosquitos. Os maruins e muriçocas não deixam ninguém em paz.
Acordam cedo, com a chegada do filho, a nora e os dois netos. Marlene prepara o café da manhã e põe a mesa, com bolo, pão, queijo e presunto. Faz cuscuz e tapioca, frita ovos, e todos comem à vontade.
Marlene aguardava uma nativa que sempre lhe ajuda, nos fins de semana. Mas, dessa vez, a moça mandou um recado dizendo que não poderia ir, pois estava doente.
Após o café da manhã, Antônio foi fazer sua caminhada matinal pela praia, para levar sol e dar um mergulho no mar. Marlene não pôde sair da cozinha. Estava terminando de preparar o almoço e uma sobremesa.
Antônio chegou da praia e ficou no terraço com o filho, tomando uma cerveja. Marlene, com ar de cansada e suada, pôs o almoço na mesa.
Todos almoçaram e depois procuraram se deitar nas redes, exceto Marlene, que permaneceu na cozinha, lavando pratos e panelas, e organizando o que era preciso levar de volta. A mulher arrumou tudo na camionete e depois acordou o marido. para pegarem a estrada. A nora arrumou as crianças e juntou as roupas molhadas para lavar em casa. Elas acharam o dia maravilhoso. Antônio, o filho e a nora de Marlene, também.
Chegaram em Natal à noitinha, pois o trânsito estava congestionado. Antônio tomou um banho reconfortante e, exausto, adormeceu na sua confortável cama box, só despertando no dia seguinte, quase na hora de ir trabalhar. Marlene descarregou a camionete, guardou o que precisava, tomou banho e, exausta, também atirou-se na cama, adormecendo imediatamente.
No dia seguinte, no trabalho, Antônio, com ar de cansado, gaba-se aos colegas de que não troca o seu descanso na praia, nos finais de semana, por nada neste mundo.
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