Cantador Valdir Teles, um dos maiores nomes da poesia nordestina na atualidade
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Valdir Teles glosando o mote:
Quando chega o inverno Deus coloca Mais fartura na mesa do roceiro.
A matuta faz fogo de graveto Ferve o leite que tem no caldeirão Bota sal na panela do feijão E assa um taco de bode num espeto Onde a música do sapo é um soneto Mais bonito da beira de um barreiro Não precisa zabumba nem pandeiro Que o compasso da música é Deus que toca. Quando chega o inverno Deus coloca Mais fartura na mesa do roceiro.
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Júnior Adelino glosando o mote:
Sobre os trabalhos da obra Tudo eu sei ninguém me ensina.
No ramo da construção Faço ponte, creche e praça Com tijolo, cal e massa Eu ergo qualquer mansão Levanto em cima do chão Parede bem grossa ou fina Torre que não se inclina Que não se quebra nem dobra Sobre os trabalhos da obra Tudo eu sei ninguém me ensina.
Com o prumo e a colher Lápis ,régua, espátula e rolo Cimento, areia e tijolo Faço o que o dono quiser Sobrado, muro ou chalé Do tamanho de uma colina Ser pedreiro é minha sina Tenho talento de sobra Sobre os trabalhos da obra Tudo eu sei ninguém me ensina.
Nasci com a vocação E aprendi de longa data Que o alicerce e a sapata São partes da fundação Numa grande construção As ferragens predomina Que a faculdade divina Me dá aula e nada cobra Sobre os trabalhos da obra Tudo eu sei ninguém me ensina.
Eu sei dizer que o concreto É quem garante o sustento Com pedra, areia e cimento Começo qualquer projeto Nunca fui um arquiteto Nada disso me domina Construo com disciplina Qualquer coisa com manobra Sobre os trabalhos da obra Tudo eu sei ninguém me ensina.
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Pedro Ernesto Filho glosando o mote:
Cada um tem seu valor, Precisa é ser descoberto.
O pequeno sanfoneiro Com arte desafinada Que de calçada em calçada Vive a ganhar seu dinheiro, Não é Alcimar Monteiro Nem Gonzagão, nem Roberto, Porém deixou boquiaberto O povo do interior. Cada um tem seu valor, Precisa é ser descoberto.
O sertanejo frustrado Vítima da sociedade, Somente vai à cidade Quando se vê obrigado, Falando pouco e errado Porque vive no deserto, Mas se houvesse escola perto Talvez que fosse um doutor. Cada um tem seu valor, Precisa é ser descoberto.
A prostituta de bar Tem na consciência um farne, Negocia a própria carne A fim de se alimentar, O bom conceito de um lar Foi pela sorte encoberto, Talvez que até desse certo Se tivesse havido amor. Cada um tem seu valor, Precisa é ser descoberto.
O bom vaqueiro voraz No mato faz reboliço, Desenvolvendo um serviço Que acadêmico não faz; Coveiro é útil demais Quando um túmulo está aberto Rico não se torna esperto Para fazer o favor. Cada um tem seu valor, Precisa é ser descoberto.
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Louro Branco e Zé Cardoso glosando o mote
Não existe mais respeito Nos namoros de hoje em dia.
Louro Branco
Rapaz que tem companheira Não leva Salve Rainha Mas leva uma camisinha Escondida na carteira Tira a roupa da parceira Mama chega o peito esfria Chupa na língua macia Como quem chupa confeito Não existe mais respeito Nos namoros de hoje em dia.
Zé Cardoso
Vi um casal na calçada Ela com ele abraçado Ele na boca colado Ela na língua enganchada Uma velha admirada Dizia: “Vixe Maria!” E com tristeza dizia: “Eu nunca fiz desse jeito” Não existe mais respeito Nos namoros de hoje em dia.
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Mariana Teles glosando o mote:
Um café com pão quente às cinco e meia Deixa a casa cheirando a poesia.
Quando o sol se despede da campina E a textura da nuvem muda a cor O alpendre recebe o morador Regressando da luta campesina Entre os ecos da casa sem cortina Corre um grito chamando por Maria… E da cozinha pra sala a boca esfria O mormaço da xícara quase cheia Um café com pão quente às cinco e meia Deixa a casa cheirando a poesia.
Meia hora antecede a hora santa Às seis horas da virgem concebida E o cálice que serve de bebida Desce quente nas veias da garganta Já o trigo depois que sai da planta Faz o pão quando a massa fica fria E o tempero da cor do fim do dia Tem mistura de terço, fé e ceia Um café com pão quente às cinco e meia Deixa a casa cheirando a poesia.
Os números no quadro aí embaixo estão no Twitter da UNE, a União Nacional dos Estudantes. (Sim, ela ainda existe!!!)
Uma instituição muito séria, que é mais conhecida pela sigla UNE-QNE – União Nacional dos Estudantes Que Não Estudam.
Vejam só o que eles postaram:
São números de indicam a quantidade de vagabundos estudantis que participaram da zona realizada nas ruas de algumas cidades no dia de ontem.
Dos 5.570 municípios do Brasil, um expressivo percentual, bem uns 13, levou a efeito movimentadas e alegres puxações de fumo ao ar livre.
Como a UNE é uma entidade respeitável e de alta confiabilidade, comandada e dirigida por intelequituais zisquerdistas, vocês podem acreditar nas centenas de milhares que estão na tuitada do órgão.
Eles só erraram no que se refere aqui ao Recife.
Calcularam uma passeata com 100 mil desocupados.
Mas o Departamento da Estatísticas do JBF estimou em mais de 3 milhões de desordeiros a turba que impedia o transito no final da tarde e atanazava a vida das pessoas que queriam voltar pra casa depois de um dia de trabalho.
Escrito desse jeito, têm-se um um pedido para que Bolsonaro fique, já que esse “fora” aí colocado, sem o uso de uma vírgula que o transformaria em um vocativo, torna-se um advérbio.
A leitura correta então seria, “com exceção de Bolsonaro”.
Agora se os analfabetos que produziram esse arremedo de papel higiênico quisessem dizer que eles querem Bolsonaro fora do governo, deveriam ter escrito FORA, Bolsonaro! com uma vírgula após a locução verbal e uma exclamação após o substantivo.
Mas isso é complexo demais para esse povo que só tem um neurônio impregnado das sandices dito pelo santo de bordel que eles veneram: o Luladrão.
– Às vezes me dá vontade de trair o Zeferino. Sinto uma dor no peito, raiva, pela moleza de meu marido. Tenho vontade de sair por aí, transar, sou a mulher mais carente e idiota do mundo. Confessava Eugênia à amiga Gabriela.
– Até que entendo sua vontade, mas esse negócio de trair, na maioria das vezes dá o arrependimento, piora a depressão. Faça as coisas que o coração mandar, porém, tenha calma, reflita para depois não se arrepender. Aconselhou Gabriela.
– Você condena essa vontade de eu trair?
– Quem sou eu para julgar? Para condenar alguém. Como amiga posso dar uma opinião, apenas isso. É uma situação passageira, por isso aconselho pensar, o travesseiro noturno ou uma volta na orla contemplando o mar, refletindo, acalma o coração, faz bem a depressão.
– Gabriela, o problema maior é o meu desprezo pelo Zeferino, nunca pensei, ele é um cara fraco, perdedor, desde que foi despedido do emprego há mais de sete meses, vive dentro de casa, esperando um trabalho cair do céu. Todo dia é uma desculpa ou uma mentira de promessa de emprego, culpando o governo. Eu sustento a casa, comida, água, luz, telefone, o colégio do Carlinhos, tudo com o trabalho de cabeleireira no meu salão de beleza. Não tenho descanso nem aos domingos, para sustentar a casa. O Zeferino nem aí, só sai para o botequim, chega na hora do jantar, o português da bodega já não vende fiado. É uma tristeza. Minha única reação é não transar quando ele se achega querendo coisas. Uma noite me pegou a pulso, não sei mais o que fazer. Que ele merece um chifre, merece. Tenho um cliente, coroa alinhado, elegante, faz cabelo e unhas toda semana, olha demais para mim, conversamos muito, eu deixo meu decote bem aberto ele fica contemplando, mas é um homem sério. Da última vez que ele foi ao salão, estava lendo numa revista uma reportagem sobre mulheres e sexo. Eu sorri perguntando se ele gostava da fruta. O coroa deu uma gargalhada, respondeu-me na hora: “gosto e é bom.” Apesar de ele ter chegado aos sessenta anos, tenho certeza, se eu quiser, sai comigo.
– Eugênia veja o que vai fazer. A melhor solução para briga ou desentendimento é o diálogo. Faça uma força, fale francamente, com o Zeferino, diga tudo que pensa, pressione para ele arranjar um emprego, nem que seja de varredor, não é desonra alguma.
Eugênia foi para casa, tirou o fim-de-semana para refletir. Sábado ao entardecer foi contemplar o mar azul-esverdeado da praia de Jatiúca. Pensou bastante nas palavras da amiga Gabriela, psicóloga. Consultou seu coração e à mente, pensou no Zeferino, no Carlinhos e no sessentão cheiroso. Quando retornou em casa teve uma conversa franca com o marido naquela noite.
– Que ares de felicidades são esses? Perguntou- lhe Gabriela, dias depois. Vejo que resolveu seus problemas, gostei dessa transformação jovial, acabou-se a tristeza, a depressão, voltou sua alegria.
– Minha amiga, tudo começou com o contemplar do belo verde mar, me senti bem, pensei no que meu coração queria. A primeira decisão foi ter uma conversa aberta com o Zeferino, disse que estava a fim de me separar, fui franca, critiquei as grossuras dele comigo, a preguiça de arranjar trabalho. Finalmente acertamos outra chance no casamento, eu ajudaria a procurar-lhe emprego. As coisas foram se arrumando, estamos vivendo melhor, ele agora tem um emprego arranjado por mim, ajuda no sustento da casa e sua autoestima melhorou.
– Ainda bem que você apagou a ideia, a vontade de trair com o coroa elegante. Disse Gabriela sorrindo.
– É o que você pensa. O coroa elegante chama-se Francisco, com ele arranjei um trabalho de almoxarife para o Zeferino. O Doutor é engenheiro, tem uma construtora. Homem generoso e discreto. Aqui para nós, satisfiz minha vontade. Apesar da idade, o coroa ainda é ótimo, suas invencionices na cama me deixam louca.
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