CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

PEDRO MALTA - REPENTES, MOTES E GLOSAS

UM MOTE BEM GLOSADO E UM DOCUMENTÁRIO

João Paraibano e Severino Feitosa glosando o mote:

Não conheço político que não mude,
quando pega nas rédeas do poder.

João Paraibano:

Vem um tema do nosso José Costa,
seu pedido está mais do que bem feito,
disse a mim que o político quando eleito,
vai fazer só as coisas que ele gosta,
quem escreve pra ele, é sem resposta,
que ao invés de ajudar, faz esquecer,
no começo foi tanto prometer,
mas depois vai faltando a virtude.
Não conheço político que não mude,
quando pega nas rédeas do poder.

Severino Feitosa:

O político que ganha a preferência,
se elege com o voto do povão,
o transporte que usa é avião,
e o espaço é a sua residência,
esquecendo até da presidência,
nem ligando se o povo vai sofrer,
inda manda um ministro esconder
todas as verbas pra área de saúde.
Não conheço político que não mude,
quando pega nas rédeas do poder.

João Paraibano:

Se viu Lula pregando pelas ruas,
prometendo enricar trabalhador,
falou tanto do seu antecessor,
garantindo impedir as falcatruas,
para 20 viagens, faltam duas,
e a pobreza é quem paga sem querer,
tanta gente sem ter o que comer,
precisando que o mesmo lhe ajude.
Não conheço político que não mude,
quando pega nas rédeas do poder.

Severino Feitosa:

No início ele é muito valente,
não tolera receita e desacato,
vai na frente demais do sindicato,
pra poder defender a nossa gente,
veja aí esse nosso presidente,
que lutou muitas vezes pra vencer,
mas agora só pensa em esquecer
que já foi um torneiro “chei” de grude.
Não conheço político que não mude,
quando pega nas rédeas do poder.

João Paraibano:

Quem não lembra de Lula em Caetés,
um torneiro mecânico em São Bernardo,
convidava a ajudar levar o fardo
desse povo que está andando a pés,
Lula fez de viagem mais de dez,
num jatinho a subir e a descer
e a pobreza deixando a padecer,
sem poder residir na terra rude.
Não conheço político que não mude,
quando pega nas rédeas do poder.

* * *

DOCUMENTÁRIO: LITERATURA DE CORDEL


COMENTÁRIO DO LEITOR

A CASA E O PÉ DE MANGA

Dois comentários sobre a postagem COCO DO PÉ DE MANGA

Silas Chaves:

Perguntar não ofende:

meu caro Jessier – Artista com A maiúsculo! – será que a casa onde você mora não está ocupando o lugar de um pé de manga que foi cortado para construí-la?

* * *

Jessier Quirino:

Ôpa! Meu cumpade Silas

Alegria!

Boa pergunta. Até pra gente refletir sobre o cerne do tronco das árvores e da questão.

Depois que publiquei o livro “Papel de bodega” com o respectivo Coco do pé de manga, recebi uma mensagem em expressão de dor, enviada por alunos de uma

Escola do Cariri pernambucano, denunciando a arrancada de três mangueiras “inda jovens” localizadas defronte ao tal estabelecimento de ensino.

Uma operação feita pela prefeitura da cidade com justificativa de uma obra. A denúncia veio acompanhada de um vídeo, mostrando um tratorzão de esteira,

arrastando com uma corrente parruda as três pobres árvores. Na plateia, os professores e alunos protestando inutilmente.

Mandei, por escrito minha solidariedade para com a Escola, e a partir daí, comecei a receber outras abordagens da mesma pisadinha, só que, de outras regiões.

Conclusão: fiquei feliz por ter feito, com arte, um abrir de rosca de debate, sobre o preservar de um pé de pau, que é remédio de grande valimento.

Minha casa em Itabaiana PB é antiga (mais de cem anos), e já assistiu a derrubada de inúmeras árvores da própria avenida. Hoje a cidade é quente feito braguilha de ferreiro, e as “arturidades” de plantão ameaçam cobri-la com o escarro do progresso: o famoso asfalto.

Só há um remédio: investir na educação dos nossos netos.

Isto posto, fico a mercê do cumpade e, acunhe! Que o negócio é sério.

Na floração do jambeiro lá de casa, me assino:

JESSIER

* * *

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

ARAEL COSTA – JOÃO PESSOA-PB

Caríssimo Berto

Recebi esta mensagem por WhatsApp e confesso que fiquei abismado.

Abstraindo o fato de que ela pode ser “fake”, se a considerarmos verdadeira, somos levados a uma situação de estupor pelo seu conteúdo, que, de certa forma, desmonta sem sombras de dúvidas, a narração mitológica que se construiu em torno dessa “santinha”, que o desenrolar dos acontecimentos parece vão revelar que é “do pau ôco.”

Até bem pouco mostrada por nossa preclara imprensa como um paradigma de virtudes, imolada no altar da pátria dado o seu comportamento público que a transforma em uma Joana D’Arc suburbana, a provável imagem verdadeira da protomártir carioca começa a emergir dos escaninhos por onde circulava com desenvoltura.

Como diziam experientes investigadores, para descobrir a autoria de quase todos os crimes cometidos nesta nossa sociedade dita civilizada basta seguir o dinheiro, que é, quase sempre, a razão desses crimes ou, pelo menos, de muitas desavenças, como essa que se propala manifesta.

Então, pergunte-se: que herança é essa???

Ajude-nos a descobrir, pois se for cultural, será bastante valiosa para toda a sociedade, que decerto enriquecerá com sua divulgação.

Abraços respeitosos,

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

CARMEM LUCENA – CURITIBA-PR

Caro Editor,

Ontem, dia 21 de março, foi o aniversário do Presidente Jair Bolsonaro.

Ele completou 64 bem vividos anos, e muito ainda viverá para engrandecer o nosso Brasil.

Por favor, publique esta linda homenagem que foi feita pelas crianças o Balé Bolshoi da cidade de Joinville.

Um grande abraço.

VIOLANTE PIMENTEL - CENAS DO CAMINHO

UMA VACA PARIDA

Desde criança, em Nova-Cruz (RN), eu era acordada por Dona Lia, minha mãe, às 5 horas da manhã, para tomar leite cru no curral de seu Leó. Depois, passamos para o curral de Seu Manoel Silvestre, onde o ordenhador avisava:

– Leite com “dote” é mais caro, porque não faz espuma.

Ele queria dizer “Toddy”, um dos achocolatados mais antigos do Brasil, e, na época, o mais usado. Meu copo de 500 ml era de alumínio e eu o tomava completamente cheio. E sem “dote”. Gostava do leite com açúcar e muita espuma.

A Toddy foi fundada em 1916 pelo porto-riquenho Pedro Santiago.

Em 15 de março de 1933, Pedro Santiago obteve licença do governo provisório de Getúlio Vargas, para comercializar o produto no Brasil.

Vim para Natal, aos 15 anos, para estudar na Escola Normal. Trouxe comigo, entre as minhas saudades, a saudade do leite cru da minha infância, tomado na companhia da minha mãe e irmãs. Perdi, para sempre, o convívio com aquela folia gostosa do curral, quando tomava leite cru, tirado diretamente do “peito da vaca”, em ordenha manual..

Esse afastamento faz parte das minhas lembranças e das minhas perdas. Parece infantilidade, mas não é. Com a minha vinda para Natal, distanciei-me de um dos melhores costume da minha terra, que era essa ida ao curral todas as manhãs, quando o sol estava raiando.

Mesmo passando as férias escolares em Nova-Cruz, a vida foi mudando seu rumo, e o rumo foi mudando a minha vida. Nas férias escolares, cheguei a ir algumas vezes ao curral de Seu Miguel Silvestre, mas sem a mesma euforia do meu tempo de criança.

Meu plano era terminar o curso pedagógico e voltar para Nova-Cruz, para exercer o magistério. Mas a roda-viva do cotidiano mudou tudo. Casei-me aos 18 anos e continuei morando em Natal.

Meu marido tinha um irmão, que morava, e ainda mora, em São Paulo, e é proprietário de uma chácara no município de Pereiras, a duas horas da capital paulista. Logo que casamos, fomos a São Paulo, juntamente com a minha sogra, visitar esse seu irmão. No fim de semana, fomos a Pereiras, conhecer a chácara. .

Minha surpresa foi grande, quando chegamos nesse local abençoado. Eu não sabia que na chácara do meu cunhado havia algumas cabeças de gado, incluindo uma vaca parida. À tardinha, ele nos convidou para tomar leite cru, e eu me esbaldei. Matei a saudade do leite cru de Nova-Cruz, do curral de Seu Leó e do curral de Seu Miguel Silvestre. Lembrei-me do aviso do ordenhador, palavras que nunca esqueci:

– “LEITE COM “DOTE” É MAIS CARO”! Porque “Dote”, não deixa o leite espumar!”

Em Pereiras, eu, meu marido, minha sogra, meu cunhado e sua namorada tomamos leite-cru até topar.

Foi gratificante o meu reencontro com o leite cru, tirado “do peito da vaca”, na hora. Leite puro, sem ser “batizado” com água, e sem aditivos químicos para conservá-lo., como acontece com o leite atualmente. O leite “ in natura” é inigualável. Por mais cara que seja a marca do leite pasteurizado e industrializado, nenhum tem o seu sabor..

O progresso modificou tudo, trazendo danos à saúde do consumidor e aumentando o lucro do produtor. Prejudicou o povo com os aditivos químicos e hormônios, que complementam a ração do gado, mas provocam doenças da moda, como “intolerância à lactose”.

Para quebrar a harmonia do fim de semana em Pereiras, assustei-me com os gritos de pavor da namorada do meu cunhado, dono da chácara, que estava tomando banho e saiu do banheiro toda molhada e enrolada na toalha, chorando, como se tivesse visto uma assombração. A moça, criada na capital, aterrorizou-se com a presença de uma inofensiva rãzinha, agarrada à parede do banheiro. Não estava acostumada com sapos, rãs, grilos e outros bichinhos que vivem no mato..

Minha sogra, mais que depressa, preparou-lhe uma garapa, para que se acalmasse.

Eu, acostumada com os sapos e enormes Cururus de Nova-Cruz, quando entendi do que se tratava, tive uma crise de riso, no que fui acompanhada por meu marido. Saímos da sala e fomos rir bem distante da casa.. Nunca tinha visto tanto “fricote” na minha vida, como diria minha mãe..

O tempo passou e hoje, quando ouço pessoas amigas, falando em comprar apartamentos novos, carros importados, IPHONE e IPAD, fico rindo e confesso que o meu sonho de consumo continua sendo uma vaca parida, para eu poder tomar leite cru à vontade.

PENINHA - DICA MUSICAL