JOSÉ PAULO CAVALCANTI - PENSO, LOGO INSISTO

HISTORINHAS DE NOSSO HINO

Ainda é carnaval. O ano só começa na segunda. E, já que na semana passada falei sobre nosso hino, aproveito e conto algumas historinhas sobre ele.

1. Nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, a organização determinou que as delegações deveriam entrar no estádio entoando o hino de seus países. História contada por Waldemar de Almeida. Problema é que, salvo um único e solitário atleta nosso, mais ninguém conhecia toda a letra. Fez-se uma consulta para encontrar, no grupo, música que todos conhecessem. Havia só uma. E de carnaval. Razão pela qual nossa brava delegação entrou no estádio, sob o ritmo solene das marchas, cantando: “O teu cabelo não nega, mulata, porque és mulata na cor”. Os alemães não entenderam nada. Bateram palmas. E nossa delegação, nem aí. Viva o Brasil.

2. Outra, quase igual. O encouraçado Minas Gerais estava ancorado em New York. História contada por Antônio Sérgio Ribeiro. Em solenidade no Cordigal Hotel, os anfitriões entoaram o hino dos Estados Unidos. Depois, as fanfaras tocaram a introdução de nosso hino. Que deveria ser cantado pelos marinheiros presentes. Um certo Bernardo, mestre de bordo, passou rapidamente recado a seus subordinados. Que cantaram, com caras sérias, “Laranja da China/ laranja da China/ laranja da China/ Abacate, limão doce, tangerina…” E por aí foi. Por incrível que possa parecer, tudo acabou num grande sucesso.

3. Em 1867, Machado de Assis, com 28 anos, escreveu letra para música que acabaria mais tarde sendo nosso hino. Tudo esclarecido pelos imortais Geraldo Holanda Cavalcanti e Antônio Carlos Secchin. Por conta de notícia do jornal O Constitucional, de Florianópolis. Passada a primeira estrofe, ele começava assim: “Das florestas em que habito/ Solto um canto varonil/ Em honra e glória de Pedro/ O gigante do Brasil”. Uma letra ruim o bastante para que Machado tivesse o pudor de não a incluir em suas Obras Completas. Ainda bem.

4. Transmissão de posse para o novo Ministro da Justiça (1986), o gaúcho Paulo Brossard. Segundo Brizola, um “Rui Barbosa em compotas”. Brizola sabia ser maldoso. Fernando Lyra dava suas últimas instruções, como Ministro da Justiça que se despedia. E determinou, ao cerimonial, tocar o hino nacional cantado por Fafá de Belém. Quem viveu a morte de Tancredo se lembra da emoção na sua voz. Ela quis por em disco e a censura não deixou. Por conta da Lei 5.700/71, que autorizava execução apenas “em andamento metronômico de uma semínima igual a 120, em tonalidade de si bemol” (art. 24) e mais outras exigências. Dei parecer autorizando aquela execução, que só seria obrigatória em “Sessões Cívicas” (art. 25). Sem problemas para se ouvir em disco, que acabou dedicado a mim. Obrigado, Maria de Fátima.

Ponderei a Fernando que seu último ato, como Ministro de Justiça, não poderia ser uma ilegalidade. Que a posse era uma “Sessão Cívica”. Enquadrada na bendita Lei. Não podia usar aquela gravação. Só uma com “andamento metronômico”. Fernando disse “É danado. Você dizendo sempre que não pode”. E, em sequência, “Deixe comigo”. Tentei ponderar. E ele insistiu no “Deixe comigo”. Início do evento com o responsável pelo cerimonial formando a mesa: Presidente da República, Ministro que sai, Ministro que entra, por aí. Foi quando, seguindo as instruções de Lyra, o cidadão disse: “Formada a mesa, e ANTES de começar esta Sessão Cívica, vamos ouvir o Hino Nacional cantado por Fafá de Belém”. Palmas. E ele, depois: “Começa, agora, a cerimônia de posse”. Saudades de Fernando Lyra. E de um tempo em que política ainda se fazia com humor e arte.

COMENTÁRIO DO LEITOR

BOLSONARO LIVRE!

Comentário sobre a postagem BOLSONARO CONTRA 000

Mauro Pereira:

“A unica coisa que prospera na esquerda é a bolsonarofobia. Principalmente na mídia militante.

Qualquer declaração do presidente é encarada como tosca e, por isso, tem de ser distorcida. Tem crises histéricas quando batem de frente com um outro tipo de presidente, que tem a ousadia de não usar a mídia tradicional, e militante, para revidar aos ataques e se comunicar com os brasileiros através das redes sociais.

Hoje Jair Bolsonaro comemora 48 dias no exercício do cargo de presidente do Brasil. No entretanto, a mídia, militante, e a esquerda desvairada têm certeza de que foi o capitão quem assumiu a presidência da República no dia 1.º de janeiro de 2003. Então, todo o mal por ele praticado contra o povo brasileiro durante esses 16 anos tem que ser castigado.

Ainda não ousam dizer publicamente, mas, se não reagirem à contaminação da bolsonarofobia que as consome, não demorarão muito tempo para que cedam à ânsia de “lacrar” e passem a verbalizar a crença de que foi Bolsonaro quem quebrou o Brasil. Que o apartamento na praia é do Bolsonaro. Que o sítio em Atibaia é do Bolsonaro. Que foi Bolsonaro quem assaltou a Petrobras. Insatisfeitos, se mostrarão indignados com os 000 que saíram da insignificância econômica para se transformarem em exemplos de empreendedores de sucesso.

Nada mais justo então, que Bolsonaro continue preso em Curitiba.

BOLSONARO LIVRE!”

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

JOSÉ DE ANCHIETA – RIO BRANCO-AC

Mote:

– Passa o tempo pregando honestidade,
Todo mundo sabendo que é ladrão.

Diz que é servo de Deus, mas o demônio
Deve ser o seu guia e companheiro..
Do Tesouro, roubou muito dinheiro,
Garantindo este enorme patrimônio…
Debaixo da camada de ozônio,
Não existe um sujeito mais vilão,
Procurar outro igual será em vão,
No grande lamaçal da improbidade:
– Passa o tempo pregando honestidade,
Todo mundo sabendo que é ladrão.

No domingo o safado está na Missa
Como um anjo aos pés do Criador,
Faz ofertas também a algum pastor,
Diz que a Deus sua alma é submissa,
Prega paz, prega amor, prega justiça,
Prega tudo o que traz a salvação,
Diz que Cristo foi sua redenção
E que vive na luz e na verdade:
– Passa o tempo pregando honestidade,
Todo mundo sabendo que é ladrão.

É comprando seus votos que é eleito,
E assim, nunca perde o seu mandato.
O safado é ligeiro igual a um rato,
E na arte do roubo ele é perfeito,
Pois aí ele encontra sempre um jeito
De burlar os caminhos da prisão.
Não vai longe uma só acusação…
“É coisa de inimigo, é só maldade!”
– Passa o tempo pregando honestidade,
Todo mundo sabendo que é ladrão.

É por isso que nossa humilde gente,
Sem remédio, sem médico, sem leito
Nos hospitais mendiga seu direito,
Mas só vê o coveiro lá na frente…
E este bandido zomba impunemente
Da indigência da população…
Que sem comida, emprego e habitação
É por ele assaltada sem piedade…
– Passa o tempo pregando honestidade,
Todo mundo sabendo que é ladrão.

Porém Deus que não tem olhos fechados
E não deixa um pecado sem cobrança…
Vai fazê-lo subir numa balança,
Pra medir quanto pesam seus pecados…
Os tostões, um por um, serão cobrados…
Eu não sei de que jeito, mas serão!
Roubar do povo é crime sem perdão,
Pois só os pobres sofrem de verdade…
– Passa o tempo pregando honestidade,
Todo mundo sabendo que é ladrão.

PENINHA - DICA MUSICAL

ALCEU VALENÇA

De sua autoria junto com Vicente Barreto, Alceu Valença interpreta seu grande sucesso de 1982, “Tropicana“.