CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

Boa noite Caro Berto.

Mais um caso sucedido na comunidade acadêmica da Escola de Agronomia da universidade federal da Bahia, nos idos de 1972, em Cruz das Almas, recôncavo bahiano.

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BODE PRA VEREADOR

Saul é mineiro da pequena cidade de Serra dos Aimorés, na divisa entre a Bahia e Minas Gerais, próximo a Nanuque. De família ligada ao meio rural, veio estudar o cientifico em Salvador no Colegio Central.

Dedicado aos estudos passou de primeira no vestibular para Agronomia da UFBA, e largou o velho pensionato onde morou por três anos na rua do Sodré, no largo 2 de julho, e foi morar em Cruz das Almas, mais precisamente na Tabela na pensão de Seu Nelson –cozinheiro da Escola-, juntamente com Bananão; Xexeú; Abilio quarentão; João seboso;Camaleão e outros que batiam diariamente canela logo cedo para assitirem as aulas. Logo que chegou o calouro recebeu a contragosto o apelido de “Bode”, colocado por Reinaldo Carniça, quartanista de agronomia e apelidador-mor.

Como inicialmente não admitiu a alcunha, então o apelido pegou pra valer, e ficou a partir daí, conhecido como animal adorado pelos criadores do semi-arido nordestino. Era metido a paquerador, embora não fosse nenhum Tom Cruise, conquistou algumas garotas na região da Tabela e Baixinha da Vitória, para desgosto de muitos pais, que não admitiam que suas filhas namorassem com estudantes, não sem razão, porquanto muitos e muitos casos sucederam em perda de tempo, pois alguns malandros eram noivos em suas origens, e em verdade só queriam passar tempo com as nativas.

Nosso personagem não era diferente, porquanto deixou namorada em Minas, e alguns pais prometeram inclusive dar-lhe uma bela coça se insiste em namorar suas filhas. No ano das eleições de prefeito e vereador em Cruz – ano de 1972-, Bananão e Camaleão, não se sabe como, conseguiram uma foto 3 por 4 de Bode, e ao chegarem em Salvador para passar o final de semana, foram a uma gráfica pertencente a um amigo e conseguiram ampliar dita fotografia para tamanho utilizado por pretendentes a cargo eletivo, e candidatando Saul Bode para Vereador.

Mandaram fazer cerca de 500 propagandas deste tipo, e ao chegarem na segunda-feira, sem comunicar a ninguém, esperaram chegar meia noite e com a colaboração de Pneu, um morador vizinho à pensão, saíram a percorrer toda os pontos da cidade, com balde, cola e escada, colocando a propaganda eleitoral de Bode pedindo voto para vereador, no topo dos postes de iluminação publica, nos bares de tonha gorda, barrão, jucelio, na pergola, em antão, enfim em todos os lugares mais visíveis da cidade.

O certo é que no outro dia a cidade acordou com Bode pra vereador, e os cruzalmenses indagando-se que era aquele personagem, porquanto desconhecido da maioria da população. Outros indagavam a que partido pertencia se Arena 1; arena 2 ou arena 3, tendo inclusive, o conhecido Carrapeta ido perguntar a Carmelito quem era o tal do Bode, de que qual lado era, se dos Passos ou dos Guerra. Enfim todos se surpreenderam com o aparecimento de dita propaganda antecipada.

Bode sem saber de nada, após as aulas do período vespertino, resolveu ir ao centro da cidade quando então se deparou com o seu retrato em todos os lugares; pretendia ir ver uma galeguinha que estava querendo paquerar, mas diante dos fatos, bateu em retirada, contratou um morador local, e munido de uma vassoura, saiu pela cidade a retirar os panfletos, o que resultou em mais de dois dias de trabalho, porque como dito anteriormente os quatro cantos da cidade estavam infestados com seu retrato de candidato.

Não conseguiu retirar todos, porem teve sucesso nos locais mais visíveis, e após descobrir os responsáveis pela feitura, levou uns bons dias sem dirigir-lhes a palavra. Portanto foi a viúva Porcina das eleições daquele ano, ou seja, o que foi sem nunca ter sido. Hoje Saul, é servidor da EBDA, em Itambé, se já não aposentado, e reconhecido como um competente profissional.

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