CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

O CIRCO CHEGOU

Minhas memórias me levam aos bons tempos em que o circo era encantador…..

Quando chegava Um circo em Caucaia, mexia com toda população. Geralmente ficavam no terreno da estação aonde hoje funciona uma concessionária de motos. Começavam a chegar os carros com as parafernálias e a garotada já ficava rodeando para ver o que tinha. Rapidamente eles levantavam a Lona e em seguida promoviam um desfile de seus grandes artistas. O palhaço ia na frente, mexendo com todo mundo. Nos carros abertos , vinham as rainhas e as bailarinas, todas bem pintadas e usando um belo maiô.

O dono do circo vinha com um microfone anunciando e apresentando seus artistas. Todos tinham nomes Espanhóis, mas na realidade eram todos Brasileiros, nascidos por aqui mesmo. A população lotava a Rua Cel. Correia. Era como se fosse desfile cívico. A meninada se encantava com as meninas do circo, as mocinhas se engraçavam com os bailarinos e os velhos gaiatos, não paravam de olhar para as moças que vinham de maiô.

Na estreia era uma festa. Gente de todo canto do município. Mães arrastando os meninos que tinham medo de palhaço, meninos querendo passar por debaixo da lona sem pagar, outros na entrada esperando uma boquinha. A acomodação era feita de tábuas. Tinha a parte alta chamada de poleiro, com entrada mais barata, mas também tinha as cadeiras especiais que ficavam no picadeiro, reservadas a quem tivesse mais grana para pagar. A pipoca, o algodão doce e o dindim , eram preferidos pela garotada. A banca de bolo com café, preferida pelos mais adultos. Outros que gostavam de uma pinga, ficavam no bar do Zé Edson, bebendo e observando de longe.

O começo do espetáculo, sempre tinham os artistas musicais, geralmente composto de um guitarrista e um baterista, tocando todos os dias, as mesmas músicas…. ” O Milionário” era certo ser tocado.

Era engraçado ver aquele carro velho explodindo; dava arrepio ver aqueles trapezistas voando sem cordas e sendo acolhido por outro que vinha do outro lado; a emoção aumentava quando aqueles motoqueiros corajosos entravam no globo da morte e se entrelaçavam na mente da plateia; Causava grande expectativa ver aquele homem atirando facas, fechando os olhos dos mais medrosos. E aquele bode que subia escadas? E o mágico que fazia seus truques sem causar suspeitas?

Ah, que legal era participar desse evento.

Quando o circo partia, ficava um vazio na cidade. Aquele terreno que era cheio de alegrias, naquele momento, parecia triste. Só ficaram seus coqueiros altos, e o campinho, aonde os meninos costumavam jogar. A rotina ia voltar. Seu Manuel, mestre de linha voltaria a correr atrás dos meninos que jogavam pedras no trem e tentar tomar a bola do racha.

O vazio ficava, era verdade, mas também ficava a certeza que em breve outro circo apareceria e novos artistas “Espanhóis” estariam enchendo nossos olhos de alegrias.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *