Veja, nobre leitor, o lirismo do texto, CARTA À LUA, aliás, correlativo aos tempos tecnológicos e espaciais, que brotou do imaginário, fecundo, do literato Professor Holanda, meu confrade do quadro de escritores do jornal O BINÓCULO, de Fortaleza.
Nestes dias em que o cotidiano brasileiro é por demais carrancudo, o texto chega trazendo a leveza de uma cantiga de ninar, a gracilidade de uma flor, enfim, um brinde aos românticos.
* * *
CARTA À LUA
Lua, em 1969, o homem pisou teu solo, saltitou sobre tua face; outros também foram explorar-te, bisbilhotar-te, à procura de gente, de algum lunático.
Lunáticos fomos nós, humanos, em lá chegando, quebramos teu encanto. Onde estás tu, não irei. Sabes por quê? Quero ver-te sempre brilhando. Transmitindo aos enamorados sonatas de amor. Não irei onde tu estás, porque não quero tirar-te o sossego. Não te visitarei porque desejo continuar vendo São Jorge, montado no cavalo branco, esmagando, com seu tridente, o dragão.
Quero ver a lua das serenatas; quero contemplar a lua que esparge seu brilho sobre suaves e bravios mares.
Adoro quando tu não te escondes, quando tu apareces cheia. Aí tu brilhas intensamente. Adoro lua cheia, porque me sinto mais perto de ti.
Lua, não aceites casar-te com humano! Ele vai querer-te como posse dele e tu, lua bonita, tu és a eterna enamorada de todos nós.
Prof. Holanda