PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

AO DIA DO JUÍZO – Gregório de Matos

O alegre do dia entristecido,
O silêncio da noite perturbado
O resplendor do sol todo eclipsado,
E o luzente da lua desmentido!

Rompa todo o criado em um gemido,
Que é de ti mundo? Onde tens parado?
Se tudo neste instante está acabado,
Tanto importa o não ser, como haver sido.

Soa a trombeta da maior altura,
A que a vivos e mortos traz o aviso
Da desventura de uns, d’outros ventura.

Acabe o mundo, porque é já preciso,
Erga-se o morto, deixe a sepultura,
Porque é chegado o dia do juízo.

Colaboração de Pedro Malta

A PALAVRA DO EDITOR

MEU AMIGO NATANAEL, O GENERAL-PRESIDENTE

Final da semana passado encantou-se um grande amigo meu, uma figura humana extraordinária, um sujeito excepcional.

Foi em Brasília, onde ele morava e onde começou a nossa amizade.

Passei a semana me lembrando dele e dos excelentes momentos que vivemos juntos.

Só hoje, uma semana após a sua partida, é que resolvi escrever sobre ele.

José Natanael Rodrigues de Moraes, o Natan, era uma figura que fazia parte da minha vida e pertencia ao seleto círculo de amigos que moram na minha estima e na minha benquerença.

Encantou-se jovem, com apenas 80 anos, e partiu com a mesma aparência jovial de quem sempre amou a vida e viveu intensamente.

Há 37 anos, em novembro de 1982, o grande artista Natan fez a capa do meu primeiro livro, A Prisão de São Benedito e Outras Histórias:

Na parte de baixo da capa, aí do lado direito, está a assinatura dele:

De lá para cá, o livro já teve várias outras capas, conforme escolhidas pela direção da Bagaço, que viria a se tornar a editora exclusiva da minha obra.

Em janeiro de 1983, quando comecei a escrever O Romance da Besta Fubana, me apropriei do seu nome e da sua naturalidade, abusando da nossa amizade, e coloquei-o como personagem principal do livro: General-Presidente Natanael, natural de Ingá do Bacamarte, Paraíba.

Um grande líder que viria a ser tornar o chefe inconteste da República Rebelada dos Palmares, conforme consta do meu romance.

E aprofundando ainda mais esta mistura de realidade com ficção, foi o próprio Natanael que fez, a meu pedido, as ilustrações que constam do livro, como grande artista gráfico que ele era.

Ilustrações que são partes integrantes e indissociáveis do enredo de O Romance da Besta Fubana.

Ele foi assim como que um co-autor do livro. Eu botei palavras e ele botou imagens.

Numa das ilustrações, Natanael, desenhado por ele mesmo, aparece ao lado de outra das personagens principais, a rapariga Amara Brotinho.

Os dois devidamente engalanado, ele como Chefe de Estado e ela como Primeira Dama do país dentro do qual acontece toda a trama do meu enredo.

A primeira edição d’O Romance da Besta Fubana foi publicada em 1984.

Já lá se vão 35 anos…

Leitor incansável, com uma fome insaciável de conhecimentos, Natanael dava conta da literatura do mundo todo e tinha em sua estante as obras dos grandes nomes da literatura do Brasil e do exterior. 

Um dia ele que me presenteou com os sete volumes de Em Busca do Tempo Perdido, e foi assim que fiquei conhecendo a obra do genial escritor francês Marcel Proust.

Éramos ambos, eu e Natan, cachacistas militantes, companheiros de copo e parceiros de vida.

Farreamos muito juntos, tomamos porres homéricos e juntos fizemos muitas presepadas em Brasília.

A foto abaixo é de maio de 2008, quando eu já morava no Recife e passei uns dias na capital federal, visitando meus filhos.

A última vez que nos encontramos pessoalmente foi em março de 2009, quando Natanael veio rever o nordeste e passou aqui no Recife.

Na foto abaixo, ele aparece na sala aqui de casa, brincando com o João, que tinha então 2 anos de idade.

Encantou-se um sujeito que vive lá dentro do meu coração e nas minhas boas lembranças.

Descanse em paz, seu cabra safado!

Um dia a gente volta a tomar umas bicadas aí num recanto do infinito.

* * *

Fecho esta postagem com um texto que foi escrito por um amigo comum, o Eduardo Monteiro, e que foi publicado na página Notibras

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NATAL, IRREVERENTE, FOI MORAR COM SÃO PEDRO – Eduardo Monteiro

Natal na sua prancheta de trabalho

Brasília e o Brasil acabam de perder uma daquelas pessoas que só o tempo poderá lhe trazer os louros merecidos. O paraibano de Ingá do Bacamarte, José Natanael Rodrigues de Moraes, o popular Natal, foi reconhecidamente o que se pode chamar de artista plural. Com formação em desenho clássico, Natal transitava com desenvoltura e naturalidade desde a charge e a caricatura à mão livre, até complexos desenhos industriais, passando por técnicas como o bico de pena, aquarela e óleo sobre tela, com o mesmo indefectível talento.

Em seus 80 anos bem-vividos, dos quais 26 dedicados à Infraero, empresa administradora dos principais aeroportos brasileiros que viveu seus dias de glória até o final da década de 1990, Natal deixou sua marca. Nesse período ele desenvolveu inúmeros projetos na área de Comunicação Visual, Marketing Aeroportuário e Comunicação Social, sendo inclusive o responsável pelo desenvolvimento da logomarca original da empresa.

Intelectual polivalente, era capaz de emocionar uma plateia tanto dissertando sobre a obra de Machado de Assis ou Camões, como falando sobre as criações de Assis Valente, Vinicius de Morais ou ainda contando causos dos humoristas Geraldinho ou Mução.

O jeito nordestino ganhou tonalidades de carioca, resultado de seu estágio no Rio de Janeiro, em meados da década de 1950, quando morou na lendária Ilha de Paquetá e serviu, como militar da Força Aérea Brasileira, na Base Aérea do Galeão, e depois no antigo Ministério da Aeronáutica, localizado no Centro do Rio de Janeiro, então capital do país.

Nessa época, em suas andanças conheceu e chegou a frequentar a escola de Samba Mangueira, ocasião em que viu de perto nomes como Nelson Cavaquinho, mestre Delegado, Cartola e Jamelão, este seu companheiro eventual na barca que fazia a travessia do Rio até Paquetá, cantando a plenos pulmões sambas antigos da Verde e Rosa.

A Lapa, Cinelândia e Feira de São Cristóvão eram igualmente paradas obrigatórias em seus roteiros pelo Rio Antigo. O espírito de gozador inveterado, contrastava com a polidez de seu texto irrepreensível. Natal foi durante anos o editor do periódico Infra Informe, além de escrever artigos, editar jornais e revistas e ilustrar livros, como o consagrado Romance da Besta Fubana, de seu amigo pernambucano Luiz Berto. Ele também teve participação ativa nos três volumes do livro Memórias da Infraero, de autoria de Ottacillius Amazonas.

De gosto artístico bastante eclético, Natal lia e relia da Odisseia de Homero a Grande Sertão Veredas; ouvia de Rachmaninoff a Jackson do Pandeiro; e assistia e revia de Casa Blanca às comédias do Mazzaropi. Para completar sua polivalência, na gastronomia também não hesitava em saborear com o mesmo afinco, tanto uma suculenta rabada, como uma tradicional macarronada com frango.

Além dos livros, discos, pincéis e lápis, outro instrumento inseparável era o taco de Sinuca, seu esporte preferido – odiava quando se referiam à Sinuca como passatempo.

Quando ia a São Paulo, não deixava de dar uma passada pelo salão do mais famoso jogador brasileiro do esporte, Rui Chapéu, que em 1986 e em 1987, venceu o inglês Steve Davis, então campeão mundial de sinuca.

Natal com o campeão de sinuca Rui Chapéu

O mestre Natal, cujo corpo foi cremado nesta sexta, 30 de agosto, em Valparaíso de Goiás, deixará muitas saudades, tanto por sua irreverência e senso de humor, como pela sua incontestável bondade em repartir de graça o seu grande conhecimento em diversas áreas.

DEU NO X

SE AMOSTRANDO PRA UM PÚBLICO BESTA

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A Folha deu destaque a este lance acontecido no desfile de hoje de manhã, 7 de setembro em Brasília.

O jornal disse que o presidente colocou em risco a vida de uma pobre criança inocente.

Sujeitinho irresponsável e amostrado é esse capitão.

Gleisi Amante Hoffmann já declarou que o PT, por ordem de Lula, vai processar Bolsonaro por atentado violento ao pudor cerimonial.

DEU NO X

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

ARAEL COSTA – JOÃO PESSOA-PB

Boa tarde, estimado Berto

Conforme nossa prática, estou passando a suas mãos cópia da contribuição destinada ao reforço do suprimento alcoólico da Chupicleide e rações para Polodoro e Xolinha.

Abraços

R. Gratíssimo pela generosa doação, meu caro.

A quantia já está no cofre do Complexo Midiático Besta Fubana.

Vocês leitores é que sustentam esta gazeta escrota nos ares.

Quanto ao trio que você citou, Chupicleide, Polodoro e Xolinha, os três ficaram na maior alegria, se rindo-se, rinchando e latindo.

A zuada foi grande aqui na redação.

Chupicleide já comprou uma garrafa de cachaça e meia dúzia de piabas fritas pra tira-gosto.

Aproveito a oportunidade pra também agradecer as doações, neste começo de agosto, dos leitores José Claudino, D.matt, Sérgio Marchio, Armando de Almeida e Hélio Araújo.

Muito obrigado a todos vocês!!!!

DEU NO JORNAL

BANDIDOS TERRORISTAS ATUANDO NO PARÁ

A Polícia Civil do Pará fez o flagrante de “nefasto cenário de queimadas e crimes ambientais” no município de Redenção (PA), “provocados pelos integrantes do acampamento sem-terra”.

Os invasores de duas fazendas chamaram a polícia para “denunciar” supostos crimes ambientais dos proprietários. Chegando ao local, a polícia viu que era tudo mentira, e identificou “prática de crimes bárbaros” dos sem-terra.

A Polícia Civil concluiu que as queimadas foram provocadas pelos sem-terra para impedir reintegração de posse ordenada pela Justiça.

Em vídeo um sem-terra admite à polícia que a queimada era para tentar impedir a reintegração. E que pagou pixuleco de R$ 20 a cada invasor.

Um líder sem-terra, Divino Souza foi preso pela tentativa de homicídio qualificado de policiais militares que atuaram no caso.

Relatório Circunstanciado da Delegacia de Conflitos Agrários atribui a sem-terras diversos crimes: de cárcere privado a porte ilegal de armas.

Os sem-terra contaram à polícia que tocaram fogo na floresta para dificultar a ação policial de apoio à reintegração de posse – (Foto: Polícia Civil do Pará.)

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Uma milícia terrorista, comandada nacionalmente por um vagabundo lulo-pretralha do porte do Stédile, é capaz de qualquer insanidade.

Cacete no lombo desses bandidos!!!

Arroche, Ministro Sérgio Moro!!!

Parabéns pra Polícia Civil do Pará que desmascarou estes criminosos.

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

PEDRO MALTA – RIO DE JANEIRO-RJ

Berto,

Mesmo sabendo que irei contar com a discordância de muitos leitores dessa gazeta da bixiga lixa, creio que encontrei a melhor, perfeita, justa e merecida homenagem a todos os biriteiros fubânicos.

Confira e dê a sua opinião.

R. No presente caso, discordância só de quem tem mau humor.

Como os leitores do JBF são todos bem humorados, não haverá discordância, tenho certeza.

Os fubânicos, tanto os que bebem, quanto os que não tomam nada, irão concordar que este cabra que aparece no vídeo que você nos mandou é um poeta arretado!

Apreciemos a arte!

Na qualidade de cachacista em abstinência compulsória, confesso que chega assuspirei de emoção e o meu peito se encheu-se de saudades.

DEU NO X

CARLITO LIMA - HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA

A MANICURE

– Depois de velho você ficou relaxado, coisa feia! Não corta o cabelo, unhas grandes, vou contratar manicure. Se eu morrer você vai virar lobisomem. – Vivia reclamando Dona Sílvia aos ouvidos de Fonseca.

Certo sábado, pela manhã, apresentou-se no apartamento uma morena sorridente, Aparecida, manicure. Dona Sílvia tirou o marido da leitura dos jornais na varanda, hora de fazer as unhas. Ele levantou-se, mais para livrar-se da insistente mulher. Sentou-se na poltrona, cumprimentou a manicure, acionou o controle remoto da televisão. Colocou os pés numa bacia de água quente para amolecer as unhas. Dona Sílvia deixou o marido entregue à manicure, foi às compras, sábado é dia de Shopping, encontro de amigas, só retornaria na hora do almoço.

Durante o cortar das unhas, Aparecida alisou a mão de Fonseca de uma forma suave, ele sentiu uma sensação gostosa, carícia no toque de mãos. Olhou para manicure e ficou inquieto ao perceber o generoso decote, seios duros, empinados. Há tempos não se excitava só em olhar uma mulher. Puxou conversa.

– Você é a boa manicure, sabe cortar com suavidade, onde aprendeu essa delicadeza?

– Eu precisava de uma profissão, ganhar dinheiro para me sustentar, tenho uma filha. Uma amiga me ensinou e fiz um curso no SENAC, hoje tenho bons fregueses, não paro de cortar unhas, os clientes gostam. Ser manicure foi muito bom para mim. O que ganho está dando para sobreviver.

– E seu marido, pai de sua filha, não lhe ajuda?

– Tenho marido não. Namorei um vizinho, ele me engravidou, eu era ainda menina, tinha 15 anos. O desgraçado danou-se para o Rio de Janeiro, sonhava ser cantor de rádio e televisão. Há mais de cinco anos não tenho notícias do vagabundo, me disseram que é traficante no morro. Eu moro com minha mãe.

Conversaram bastante. Aparecida contou sua vida, semelhante às jovens da periferia do Nordeste. Ao terminar, ele olhou os pés, as mãos, admirou as unhas simetricamente cortadas, perfeitas. Perguntou o preço do serviço, pagou R$ 35,00, cinco a mais do valor pedido. Aparecida agradeceu, guardou o material. Fonseca ficou encantado com o rebolar do corpo moreno dentro do vestido branco, quase transparente. Ela despediu-se perguntando quando retornava.

– Venha no próximo sábado. – Fonseca disse com entusiasmo.

Na hora do almoço Dona Sílvia inspecionou as mãos, os pés, do marido, aprovou, perguntou se havia gostado da manicure, Fonseca fez-se indiferente, entretanto, a jovem não saía da cabeça.

Fonseca alimentou-se de fantasia, sonhava com a morena acariciando seus pés. Ficava feliz desde sexta-feira. Em conversas enquanto cortava unhas, tornaram-se amigos, íntimos, certa vez ela confessou ter sido garota de programa, não gostou. Numa manhã de sábado, ao pagar a manicure, Fonseca encorajou-se, alisou o pescoço da jovem e deu-lhe um beijo na testa. Ela reclamou baixinho, com ar de cumplicidade: “Não Seu Fonseca, não…” Ele a trouxe num abraço apertado, beijou-lhe a boca. Deitaram-se no tapete comprado na Capadócia, fizeram amor pela primeira vez.

Dona Sílvia ao chegar notou a cara de felicidade do marido tomando uma cervejinha, cantando na varanda, achando o mar e a vida bonita. Convidou a esposa para almoçar fora, variar de comida, de tempero, foram à Barraca Pedra Virada na orla da Ponta Verde, encontraram amigos, passaram uma tarde maravilhosa conversando, uísque de combustível. Ao chegar em casa amaram-se como nunca mais tinham amado. Dona Sílvia, antes de adormecer, conseguiu perguntar: – O que houve com você, hoje?

No sábado seguinte Fonseca conversou sério com a manicure, não ficava bem fazer amor dentro de sua casa, era falta de respeito. Marcou, estabeleceu com Aparecida. Uma vez por semana, eles se encontram para uma deliciosa tarde de amor num motel. Dentro do apartamento nunca mais aconteceu. Afinal Fonseca é um cidadão de respeito.

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

PAULO BARBALHO – JOÃO PESSOA-PB

Berto, 

Vamos divulgar a grande campanha petista para o dia 7 de setembro.

Todos de Preto na Rua.

Eu diria mais: de preto e branco.

Quero estar lá só pra ver.

Vai ser lindo!!!